sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Mãe defende médico cubano


Em nota, Secom de Feira de Santana afirma que não houve erro.
Profissional foi ouvido por uma comissão na tarde desta quinta-feira, na BA.

Através da Secretaria de Comunicação (Secom), a prefeitura de Feira de Santana, na Bahia, anunciou, na noite desta quinta-feira (21), que o médico cubano que receitou uma dose excessiva à uma criança voltará ao trabalho na segunda-feira (25).
Por telefone, o chefe de gabinte da secretaria, Dimas Oliveira, disse ao G1 que o profissional foi ouvido na tarde desta quinta-feira, na Secretaria da saúde do Município, por uma comissão formada por representantes do Ministério da Saúde, da Secretaria da Saúde de Feira de Santana, da Coordenação Estadual do Programa Mais Médico e o tutor do médico cubano.
Ainda de acordo com a nota, a comissão conclui que não houve erro no procedimento adotado pelo médico cubano. Segundo a Secom de Feira de Santana, o médico Washington Abreu, coordenador estadual do Programa Mais Médicos, afirmou que a dosagem indicada pelo médico cubano está correta. Segundo a nota, o coordenador explicou que "as 40 gotas indicadas na receita não eram para ser ministradas em dose única, mas divididas em quatro vezes, a cada seis horas, como consta na receita, desde que a criança sentisse dor ou apresentasse um quadro febril".
A Secom informou ainda que o médico explicou com detalhes à mãe da criança como administrar a medicação e que onde ele trabalhou anteriormente é comum receitar a medicação da maneira que fez, e não fracionada, como é no Brasil. Segundo Washington Abreu, os médicos do Programa Mais Médicos no estado passarão por reforço no treinamento da prescrição dos medicamentos da atenção básica.
Em nota, a Secom afirma que as declarações da mãe da criança, dadas à imprensa, pesaram na decisão de reintegrar o médico à equipe do programa.
receita médico cubano (Foto: Reprodução / TV Bahia)Receita indicava 40 gotas de dipirona
(Foto: Reprodução / TV Bahia)
Mãe defende médico
A diarista Gilmara Santos, que levou o filho até um posto de saúde da cidade de Feira de Santana, distante cerca de 100 km de Salvador, falou nesta quinta-feira (21) sobre o afastamento do médico cubano que atendeu o filho dela. O profissional está sendo investigado por ter receitado uma dose excessiva de dipirona.
"Ele me atendeu muito bem. Ele tratou meu filho super bem, porque tem médico que nem olha na cara da mãe e nem da criança. Ele me explicou direitinho como dar o remédio, disse ainda que a quantidade de gotas é definida a partir do peso da criança. Ele prescreveu 40 gotas, mas foi apenas um erro. Ele me disse exatamente o que eu deveria fazer, que era para dar apenas 10 gotas", disse.
Ela contou que toda essa história veio à tona quando ela voltou ao Posto de Saúde para que o filho fosse atendido pelo médico. "Quando eu voltei, uma outra médica me atendeu. Como eu ando em mãos com todas as receitas que passam para meu filho, eu cheguei a mostrar para essa médica, que chamou outra colega. Aí elas tiraram uma foto e postaram na internet. Foi aí que o vereador ficou sabendo e tudo isso começou", explicou a diarista.
"Acho que isso é uma postura antiética da médica", disse a diarista.
O médico cubano atende no município baiano há uma semana. Ele integra a lista de profissionais do Programa "Mais Médicos", do Governo Federal. Gilmara Santos diz que a denúncia foi feita pelo próprio vereador. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o afastamento do profissional foi uma medida provisória, para a denúncia ser apurada.
Em contato com o G1, a médica pediatra Márcia Porto, que atende em clínicas da capital baiana informou que a dose receitada é "completamente exagerada". "Essa dose é quatro vezes maior do que a indicada. Para uma criança de 10 kg, o ideal era ter receitado 10 gotas. 40 gotas é dose para adulto. Caso a criança tivesse tomado essa dose excessiva, ela podertia ter tido uma hipotermia e uma hipertensão arterial", relata. De acordo com a médica, hipotermia é quando acontece a baixa da temperatura natural do corpo.

Dos 12 profissionais do programa na cidade, 11 são estrangeiros. Por conta desse problema, a Secretaria de Saúde Municipal informou que os médicos passarão por novo treinamento no sábado (23) e domingo (24). O médico não foi encontrado para comentar o caso.
Atuação
Os cubanos que atuam na Bahia estão distribuídos nas cidades de Adustina, Araci, Buritirama, Campo Alegre de Lourdes, Cansanção, Carinhanha, Central, Cocos, Coronel João Sá, Correntina, Formosa do Rio Preto, Itiúba, Jeremoabo, Macaúbas, Mansidão, Nova Soure, Remanso, Riacho de Santana, Serra Dourada, Sítio do Quinto, Souto Soares e Tucano. Eles chegaram ao estado no dia 25 de agosto.

Foram cadastradas 317 dos 417 cidades baianas, de acordo com dados informado pelo governo estadual. O número representa 76% do total de cidades. Para o Ministério da Saúde, 264 municípios são considerados prioritários, entre eles, Alagoinhas, Bom Jesus da Lapa, Ilhéus e Lapão. A lista completa pode ser acessada no site da pasta.
Os médicos estrangeiros que atuam na Bahia tiveram aulas sobre a atenção básica no Brasil e também de língua portuguesa, além de aulas de expressões regionais. Os professores que participaram do curso são de universidades como UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana), UFBA(Universidade Federal da Bahia), UNEB (Universidade Estadual da Bahia) e Escola de Saúde Pública da Bahia, da Sesab. O curso foi realizado pela Escola de Saúde Pública da Sesab e coordenado, na parte pedagógica, pelo médico, professor da UFBA e supervisor de Recursos Humanos da Sesab, Washington Abreu.
O coordenador pedagógico do curso para os médicos na Bahia, Washington Abreu, explicou que as aulas de português foram focadas na comunicação dos médicos com os pacientes para que ambos entendam o que for dito. "Primeiramente aprimoramos o vocabulário médico básico para uma consulta, para que eles possam que eles possam se comunicar bem com os pacientes. Fizeram questões de anamnese [entrevista ao paciente], que tem um padrão internacional, mas cada país faz suas adaptações", disse.
Abreu afirma que os regionalismos e também palavras que têm significados diferentes em outros idiomas foram trabalhados em alguns momentos das aulas. "A questão do regionalismo foi trabalhada focada na relação médico-paciente. Como [a maneira] que chamam algumas partes do corpo, como dedo mindinho, algumas doenças, como conjutive, que no interior chamam de 'dordoi'", explicou o coordenador do curso na Bahia.
Programa
Bahia é o estado que mais deve receber profissionais pelo programa "Mais Médicos", de acordo com o Ministério da Saúde. Ao todo, serão 161 médicos direcionados para o estado. Em seguida, estão Minas Gerais (159), São Paulo (141), Ceará (138), Goiás (117), Rio Grande do Sul (107) e Amazonas (73).
No dia 24 de agosto, 206 médicos cubanos chegaram ao Brasil, dos quais 30 desembarcaram no Recife - os outros 176 seguiram para Brasília. Vestidos com jalecos brancos, eles balançaram bandeirinhas brasileiras e de Cuba no saguão do Aeroporto dos Guararapes, na capital pernambucana, e ainda agradeceram às boas vindas de integrantes de diversos movimentos sociais que os aguardavam no local.
Mais Médicos
Foram 1.753 médicos com diplomas de universidades brasileiras selecionados na primeira rodada do processo seletivo. Eles vão atuar nos 626 municípios selecionados nessa fase. 74% dos médicos foram direcionados para a cidade que era a primeira opção entre as seis que poderiam ser escolhidas, por ordem de prioridade. Já os outros 232 profissionais vão poder atuar na cidade que foi a segunda opção.
O Ministério da Saúde informa que, do total de cidades, 375 estão em regiões de extrema pobreza, 159 em regiões metropolitanas, 68 estão em um grupo de 100 cidades com mais de 80 mil habitantes de maior vulnerabilidade social e 24 são capitais. Foram atendidos ainda 23 distritos sanitários indígenas.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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