sábado, 25 de maio de 2013

As religiões redefinem poderes de convencimento



Antonio Rezende astuciadeulisses.com.br

Quem anunciou o fim das crenças e a vitória da razão científica? A secularização da cultura prometia espaços amplos para a crítica e a reflexão. Nada de dogmas ou de alienações que provocassem ingenuidades diante das armadilhas da vida. No entanto, é preciso sempre lembrar que o controle sobre as andanças do tempo sofre abalos constantes. Movimentos intelectuais defendem novas teorias que buscam práticas sociais. Há mudanças. Novidades conseguem assombrar os tradicionais e celebramos sinais de agitação. Esquecemos que a incompletude nos acompanha e as fragilidades nos assustam. Não separemos o que foi vivido do momento atual. Quando a memória vacila perdemos experiências. Tropeçamos nas pedras que existem no meio do caminho.

A Igreja Católica não tem o fôlego de épocas passadas. A Reforma enfraqueceu suas hierarquias. Houve guerras religiosas violentas, a colonização das terras americanas transformou expectativas e a ética remontou seus princípios. Com a chegada do capitalismo as ansiedades ganharam outras moradias. O vaivém da grana penetrou no sagrado. Surgiram teses para justificar explorações e dignificar riquezas. Surpresas, para muitos, que se angustiam com seus pecados e queriam reconquistar os caminhos da salvação. Não são, apenas, as discussões acadêmicas que movem dissidências. As culpas fazem, sutilmente, parte de discursos de sacerdotes e pastores convictos ou ambiciosos.
As religiões não se foram, nem tampouco abandonaram vinculações com a política. Ressaltamos as histórias do ocidente, fixamos atenção no catolicismo, mas no oriente outras travessias são feitas. Há muitos conflitos, interpretações diferentes dos ensinamentos de Maomé, choques cotidianos, minorias privilegiadas, divisões internas. Não se consolidam uniformidades, mas violências que intimidam. A procura da verdade converte, muitas vezes, seguidores tradicionais influenciados pelas notícias trazidas pela globalização. Tudo se mostra confuso, exige pactos entre governos, mascaram comércios e acumulações de riqueza.
Os meios de comunicação ampliam sua importância. No Brasil, os evangélicos seguem conquistando adeptos. Penetram nos partidos, convencem jogadores de futebol, não dispensam as redes sociais. Transformações inesperadas na política revertem antigas situações do coronelismo estruturado com a ajuda da Igreja Católica. A fé não vive sem suas proximidades com o poder, com a sede de líderes por lugares nos núcleos da política. As acusações não cessam com o objetivo de desmontar pactos. Longe dos templos, os ruídos ecoam, banalizam comportamentos, revalidam cinismos.A modernidade reuniu paradigmas e sacudiu conservadorismos. No entanto, o desgaste histórico, as rebeldias, a falta de compromisso atraem pessoas.
A modernidade não seguiu uma linha reta e o fascinante “progresso” tornou-se um território de contradições A busca da salvação não se diluiu. Há, contudo, quem não acredite nas divindades. Raciocinam acusando os absurdos da religião e suas manobras. As grandes maiorias não desprezam as ações da fé. Elegem exemplos,  ouvem promessas de redenção, ajudam na concentração de benefícios, articulam ações solidárias. A secularização da política é uma idealização. Quando as disputas eleitorais se aguçam, alianças esquisitas se formam. A luta pelo poder seduz. Produz um espetáculo que invade a sociedade. Diminuem os espaços para perdões santificados e as trocas de favores se multiplicam. O movimento da história não perde seu fôlego.

www.professoredgar.com

0 >-->Escreva seu comentários >-->:

Postar um comentário

Amigos (as) poste seus comentarios no Blog