quinta-feira, 7 de março de 2013

Não há silêncio definitivo na aldeia global

Por Antônio Rezende/ Astúcia de Ulisses

Bento XVI não desistiu da renúncia. Nem sei se poderia desistir. Há incertezas persistentes na Igreja Católica. Ela precisaria de mudanças radicais, para recuperar a credibilidade perdida. No entanto, o jogo de poder ataca também as religiões. Fazem ruídos, relativizam crenças, disputam lucros. O envolvimento das instituições com as aventuras do capitalismo é antiga. Não há como pensar diferente. O sagrado se mistura com o profano. Quem supõe generosidades absolutas desconhece as rotas da história. As religiões comprometem-se com as ambições, com os projetos dos governos, com as artimanhas das TVs, com as seduções dos partidos políticos. Portanto, as frustrações se acumulam e a ética não consegue muito espaço num mundo de paraísos e orações.
O tempo passa e barbárie, lembrando Benjamin, não se afasta da cultura. Há quem não acredite em fronteiras entre a verdade e mentira. As sociedades não constroem sua convivência sem estimular negócios com graus refinados de esperteza. Existem máscaras preciosas e não é incomum transformações em discursos, sem arrependimentos. Quem se coloca no poder central não abandona o delírio. Querem o máximo, intimidam e exigem admiração. Sempre foi assim? Não há como socializar, atiçar a solidariedade? Se não se fabricassem saídas a apatia desfazia o ânimo. Os ruídos não exprimem, necessariamente, sinais de rebeldia. São usados para permitir o silêncio e a reflexão.
Até mesmo o vocabulário cotidiano ganha singularidades. A violência não da pauta da imprensa. É interessante que muito se fala de crime organizado e torcida organizada. Será que não se formam também grupos organizados com o objetivo de reclamar e e desfiar o manto da corrupção? Percebe-se uma insegurança. Na política, predomina o exibicionismo. Nada de cuidar da manutenção das escolas, dos hospitais. O importante é espalhar novidades. O objetivo é iludir cinicamente. Mas a seca não se foi, se mantém e mata. Falta água, sobram seminários para lançar candidatos e preservar minorias.
Tudo muito próximo engana e aumento o fogo da propaganda. Nunca apareceram tanto socialistas ou defensores da ecologia. O verde é a cor da moda. Há pergunta que incomoda : o que é socialismo? É debate complexo e não produz encontros. É melhor reforçar a sigla e adivinhar que o futuro trará benefícios. O individualismo invade os planejamentos. Há pressa e cuidado em preparar a sepultura dos outros. Bento XVI, na sua santidade, observou que o balanço das vaidades cria síndromes terríveis. Ele é um bom exemplo? Merece a exaltação ou mostrou que a chave da porta está perdida?
Aqueles que se banham nas águas do desenvolvimentismo não se cansam. Dançam todos os ritmos e possuem milhões de amigos. Não sei como suportam tantas tensões. Pouco se importam com a história. Curtem a diversão com quebra-cabeças simples, mas que tragam resultados. Tiririca está cheio de ser deputado. Não tem o fôlego de Sarney. A decepção tomou conta do seu cotidiano. Talvez, nem recorde que  teve uma votação extraordinária. Os estranhamentos se multiplicam, pois as novidades garantem audiências. É precioso mover-se para não cair na rede dos espetáculos egocêntricos.
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