Os animais cobriram como um tapete a praia de La Caleta Lo Rojas, na cidade de Coronel
Da AFP/ jc
Foto: GABRIELLE RAMIREZ / AFP
Milhões de filhotes de camarões apareceram mortos em uma praia do sul do Chile nesta quarta-feira, pela terceira vez esta semana, sem que se tenha, até agora, certeza sobre o que causou o fenômeno, inédito segundo pescadores da região.
"Apareceram hoje de manhã e ontem. São três vezes já", contou por telefone à AFP o presidente do sindicato de pescadores de La Caleta Lo Rojas, Juan Gutiérrez.
"Na minha vida de pescador nunca tinha visto tanto camarão na baía", acrescentou.
Os milhões de camarões, com menos de um centímetro de comprimento, cobriram como um tapete a praia de La Caleta Lo Rojas, na cidade de Coronel, 500 km ao sul de Santiago.
A brigada de crimes ambientais da polícia de investigações (PDI) investiga a origem do fenômeno e há uma semana coletou amostras da água e dos camarões.
Até agora, a origem do fenômeno é desconhecida. Alguns o atribuem a uma mudança nas correntes marinhas, enquanto outros culpam as termelétricas Bocamina, da empresa Endesa, e Santa María de Colbún, que usam as águas das praias de La Caleta para refrigerar suas máquinas, sugando água do mar e devolvendo-a posteriormente.
"Há claros indícios que apontam que as termelétricas de Coronel teriam responsabilidade direta na morte maciça de caranguejos, camarões e peixes. Sabemos que estas instalações matam estes animais, ao sugar milhões de litros d'água por hora e usar fortes produtos químicos anti-incrustantes ou cloro", destacou em um comunicado o diretor da ONG Oceana, Alex Muñoz.
A companhia elétrica Endesa - dona de Bocamina - admitiu na semana passada que em suas instalações entraram mariscos, peixes e algumas, garantindo que se trata de um "fenômeno externo e incomum", provocado por correntes, marés e ventos.
"Vamos tomar medidas preventivas. A ideia é fazer monitoramentos na região e uma vez que se identifique que vai ocorrer novamente um fenômeno de arrasto de biomassa na corrente, tomar medidas com o fim de evitar a entrada destes corpos nas instalações da usina", disse à rádio Biobío o Gerente de Projetos e Obras da Endesa, Marcelo Álvarez.
Os pequenos camarões servem de alimento para a merluza que é pescada na região. Normalmente os animais vivem a 15 milhas da costa.
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