Ex-ministro foi condenado pelo Supremo por envolvimento com mensalão.
Após clandestinidade na ditadura, ele acumulou poder no governo Lula.
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A história política de José Dirceu de Oliveira e Silva, 66 anos, natural de Passa Quatro (MG), é pontuada por êxitos e reveses políticos.
Depois da clandestinidade e da perseguição pela ditadura militar nos anos 60 e 70, Dirceu se tornou o ministro mais poderoso do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a partir de 2003.
Denunciado no episódio do mensalão, perdeu o cargo de ministro da Casa Civil, teve cassado o mandato de deputado federal e acabou condenado por corrupção ativa pelo Supremo Tribunal Federal, crime que nega ter cometido (leia a reportagem: "STF define pena de José Dirceu: 10 anos e 10 meses de prisão").
Leia abaixo os principais momentos da vida política de José Dirceu.
O início
José Dirceu iniciou a trajetória política no movimento estudantil, no início da década de 60, quando cursava direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Primeiro, exerceu o cargo de vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes na universidade. Depois, foi eleito presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE).
José Dirceu iniciou a trajetória política no movimento estudantil, no início da década de 60, quando cursava direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Primeiro, exerceu o cargo de vice-presidente do Diretório Central dos Estudantes na universidade. Depois, foi eleito presidente da União Estadual dos Estudantes (UEE).
A prisão
A militância de José Dirceu no movimento estudantil coincidiu com um dos períodos mais repressivos da ditadura militar. Na militância contra o regime, passou a integrar também grupos políticos de esquerda que operavam na clandestinidade. Em outubro de 1968, foi preso por participar, junto com dezenas de outras lideranças estudantis, do 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Ibiúna (SP), realizado clandestinamente, sem autorização do governo.
A militância de José Dirceu no movimento estudantil coincidiu com um dos períodos mais repressivos da ditadura militar. Na militância contra o regime, passou a integrar também grupos políticos de esquerda que operavam na clandestinidade. Em outubro de 1968, foi preso por participar, junto com dezenas de outras lideranças estudantis, do 30º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Ibiúna (SP), realizado clandestinamente, sem autorização do governo.
O sequestro e a libertação
Em 1969, grupos ativistas de esquerda sequestraram o embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick. Os sequestradores exigiram a libertação de 15 presos políticos brasileiros em troca da liberação do embaixador. O governo militar cedeu. Entre os 15, estava José Dirceu.
Em 1969, grupos ativistas de esquerda sequestraram o embaixador norte-americano no Brasil, Charles Burke Elbrick. Os sequestradores exigiram a libertação de 15 presos políticos brasileiros em troca da liberação do embaixador. O governo militar cedeu. Entre os 15, estava José Dirceu.
Em Cuba
Depois de banido do Brasil, Dirceu foi para o exílio em Cuba, onde recebeu treinamento militar e fez uma operação plástica no rosto, para que pudesse voltar ao Brasil sem ser reconhecido. Voltou ao Brasil, de forma clandestina, em 1971, quando passou por São Paulo e cidades do Nordeste. Após esse período, em 1972, retornou a Cuba. O segundo regresso clandestino ao Brasil foi em 1974.
Depois de banido do Brasil, Dirceu foi para o exílio em Cuba, onde recebeu treinamento militar e fez uma operação plástica no rosto, para que pudesse voltar ao Brasil sem ser reconhecido. Voltou ao Brasil, de forma clandestina, em 1971, quando passou por São Paulo e cidades do Nordeste. Após esse período, em 1972, retornou a Cuba. O segundo regresso clandestino ao Brasil foi em 1974.
A nova identidadeEntre 1974 e 1979, viveu em Cruzeiro do Oeste, no Paraná, com identidade falsa. Adotou o nome de Carlos Henrique Gouveia de Mello. Levava uma vida comum, como empresário. Na cidade, casou-se, mas não contou a história verdadeira. Só revelou o segredo para a mulher após a anistia política, em 1979.
O PT
No início da década de 80, Dirceu participou da criação e estruturação do Partido dos Trabalhadores. Ganhou a primeira eleição para presidente do PT em 1995 (veja no vídeo ao lado). Depois, foi reeleito mais três vezes. No partido, também foi secretário de Formação Política, secretário-geral do Diretório Regional de São Paulo e secretário-geral do Diretório Nacional.
No início da década de 80, Dirceu participou da criação e estruturação do Partido dos Trabalhadores. Ganhou a primeira eleição para presidente do PT em 1995 (veja no vídeo ao lado). Depois, foi reeleito mais três vezes. No partido, também foi secretário de Formação Política, secretário-geral do Diretório Regional de São Paulo e secretário-geral do Diretório Nacional.
A carreira parlamentar
O primeiro mandato parlamentar de Dirceu foi o de deputado estadual em São Paulo, entre 1987 e 1990. Em 1990, elegeu-se deputado federal. Concorreu ao governo de São Paulo, em 1994, mas ficou em terceiro lugar, atrás do eleito Mário Covas (PSDB) e de Francisco Rossi (então no PDT). Voltou para a Câmara dos Deputados em 1998 e foi reeleito em 2002.
O primeiro mandato parlamentar de Dirceu foi o de deputado estadual em São Paulo, entre 1987 e 1990. Em 1990, elegeu-se deputado federal. Concorreu ao governo de São Paulo, em 1994, mas ficou em terceiro lugar, atrás do eleito Mário Covas (PSDB) e de Francisco Rossi (então no PDT). Voltou para a Câmara dos Deputados em 1998 e foi reeleito em 2002.
Lula presidenteCom Dirceu à frente do PT e da campanha, o partido conseguiu eleger o ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva para presidente em 2002. Dirceu então é convidado por Lula para ocupar o cargo de ministro-chefe da Casa Civil (veja no vídeo ao lado). Nos primeiros anos do mandato de Lula, era visto como o homem forte do governo, quase um “primeiro-ministro”.
O mensalão
Dirceu teve de deixar o governo em junho de 2005, depois que o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) denunciou o mensalão, suposto esquema de compra de votos de parlamentares para assegurar a aprovação no Congresso de projetos de interesse do governo. Jefferson atribuiu a Dirceu o comando do esquema, mas o ex-ministro sempre negou que o mensalão tivesse existido.
Dirceu teve de deixar o governo em junho de 2005, depois que o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) denunciou o mensalão, suposto esquema de compra de votos de parlamentares para assegurar a aprovação no Congresso de projetos de interesse do governo. Jefferson atribuiu a Dirceu o comando do esquema, mas o ex-ministro sempre negou que o mensalão tivesse existido.
A cassação
Ao deixar o governo, José Dirceu retomou as atividades como deputado federal. Mas a crise causada pela denúncia do mensalão custou a ele também o mandato parlamentar. O ex-ministro teve o mandato cassado pela Câmara em dezembro de 2005 e, com isso, se tornou inelegível por oito anos (veja no vídeo ao lado).
Denunciado à Justiça
Em março de 2006, o então procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) 40 pessoas por envolvimento no mensalão. Dirceu era um dos 40. Acusado de corrupção ativa e formação de quadrilha, foi apontado como "chefe da quadrilha" do mensalão.
Ao deixar o governo, José Dirceu retomou as atividades como deputado federal. Mas a crise causada pela denúncia do mensalão custou a ele também o mandato parlamentar. O ex-ministro teve o mandato cassado pela Câmara em dezembro de 2005 e, com isso, se tornou inelegível por oito anos (veja no vídeo ao lado).
Denunciado à Justiça
Em março de 2006, o então procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, denunciou ao Supremo Tribunal Federal (STF) 40 pessoas por envolvimento no mensalão. Dirceu era um dos 40. Acusado de corrupção ativa e formação de quadrilha, foi apontado como "chefe da quadrilha" do mensalão.
A condenação
Em outubro de 2012, em sessão de julgamento do processo do mensalão, os ministros do STF entenderam que Dirceu é culpado e o condenaram pelo crime de corrupção ativa (veja no vídeo ao lado). Dos dez ministros, só dois o absolveram – o revisor Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, que assessorou Dirceu na Casa Civil antes de ter sido indicado ministro do STF por Lula. Em 12 de novembro, o Supremo determinou a pena do ex-ministro: dez anos e dez meses de prisão (que ainda poderia ser modificada até o final do julgamento).
Em outubro de 2012, em sessão de julgamento do processo do mensalão, os ministros do STF entenderam que Dirceu é culpado e o condenaram pelo crime de corrupção ativa (veja no vídeo ao lado). Dos dez ministros, só dois o absolveram – o revisor Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli, que assessorou Dirceu na Casa Civil antes de ter sido indicado ministro do STF por Lula. Em 12 de novembro, o Supremo determinou a pena do ex-ministro: dez anos e dez meses de prisão (que ainda poderia ser modificada até o final do julgamento).
Professor Edgar Bom Jardim - PE
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