segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Milhares marcham em Portugal contra plano de austeridade

Portugal em protesto contra medidas de austeridade. Foto José Manuel Ribeiro / Reuters

LISBOA - Dezenas de milhares de pessoas marcharam em Lisboa e no Porto neste sábado para protestar contra medidas de austeridade impostas sob os termos de um pacote de resgate do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia, os primeiros protestos de peso desde que um governo de centro-direita assumiu o poder em Portugal em junho.
O maior sindicato, o CGTP, que organizou as manifestações, pediu por mais protestos e uma ação trabalhista na semana de 20 a 27 de outubro "contra a pobreza e a injustiça e contra a agressão do Fundo Monetário Internacional".
O líder do CGTP, Manuel Carvalho da Silva, disse que 130.000 pessoas participaram da marcha em Lisboa, onde os manifestantes lotaram a Avenida Liberdade. A polícia não divulgou uma estimativa do tamanho da multidão.
O imposto sobre as contas de energia e gás aumentou para 23 %, ante 6%, no sábado para ajudar a conter o déficit orçamentário do país. Silva não chegou a pedir uma greve geral como a que o país testemunhou em novembro passado. Portugal tenta evitar chegar ao destino da Grécia, onde uma crise da dívida deixou o país à beira da bancarrota.
Ao contrário da Grécia e de outros países europeus que vem sendo cenários de protestos violentos contra medidas de austeridade, as manifestações em Portugal costumam ser pacíficas e a de sábado não foi exceção.
Sob os termos do pacote de resgate de 78 bilhões de euros (US$ 104 bilhões), Portugal precisa aumentar os impostos, cortar os gastos, aplicar reformas estruturais, principalmente no mercado de trabalho, e privatizar propriedades estatais para reduzir o déficit orçamentário. Estima-se que as medidas provocarão uma recessão profunda neste e no próximo ano, e um aumento no desemprego do atual nível de mais de 12%, que já é o maior em três décadas.
- Quando analisamos os primeiros 100 dias do novo governo, é uma desgraça... a direita e a extrema direita não têm solução para os problemas do país, nenhum desenvolvimento econômico. Quando eles atacam nossos direitos, quando a pobreza e a injustiça estão crescendo, então nossa luta tem que ser generalizada, tem que ser a luta de todos - disse Carvalho da Silva aos manifestantes.
A coalizão do governo de centro-direita assumiu em junho, apoiada por uma sólida maioria parlamentar depois do colapso da administração socialista. O novo governo prometeu atender a qualquer custo as metas impostas para o déficit de orçamento do pacote.
Os sindicatos reagiram à tentativa inicial de austeridade no ano passado com uma greve geral, mas desde então recorreram a greves setoriais menores. Analistas dizem que os conflitos sociais podem se intensificar a medida em que os impostos mais altos surgirem e conforme avançam as privatizações em empresas como a operadora de energia REN e a companhia aérea TAP.

Fonte: g1.globo.com

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