“A vida melhorou, tem mais facilidade. Conseguimos a casa própria, com todos os eletrodomésticos e acho que conseguimos dar uma vida melhor para a nossa filha”, fala Jerison, ressaltando que a menina tem um quarto só pra ela, com um conforto que os pais não tiveram. Esse padrão, completa Solanielly, veio também com o uso do “dinheiro de plástico”. O casal usa o cartão de crédito para a maioria das despesas e costuma parcelar em até 10 vezes. Só a alimentação é paga à vista.
O perfil no qual se enquadram Jerison e Solanielly foi apresentado ontem pela Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), da Presidência da República, no estudo A nova classe média em números, dentro do seminário “Políticas Públicas para a Nova Classe Média”. Os dados servirão para a construção de uma política pública voltada para este segmento da população.
Jovens, com idade média entre 35 e 54 anos (27,6%), moradores de zonas urbanas, a maior parte no Sudeste (48%), e média de 11 anos de escolaridade, a nova classe média tem predominância de mulheres (51%), casadas (74%), com pelo menos um filho (78%), ocupadas (60%), com carteira assinada (42%). O Nordeste tem 21% da população nesta faixa de renda; 48% ainda estão concentradas na baixa renda.
Com renda média familiar na casa dos R$ 2.295, segundo o Instituto Datapopular, a nova classe média representa, em 2011, um espectro de 104 milhões de brasileiros, com massa de renda total estimada em R$ 815 bilhões e expectativa de consumo na casa de R$ 1 trilhão. Desde 2003, a renda deste segmento da população teve um incremento de 40% e hoje representa 50,5% da população.
Um aspecto relevante desta ascensão social é a importância dada à educação dos filhos. Entre as crianças e adolescentes desta faixa de renda, 99% frequentam a escola; 89% acreditam que estudar é o meio mais seguro para alcançar um bom futuro; 66% colocam a educação como prioridade; e 57% acham que a escola pública vem piorando de qualidade.
Também integrantes desta nova classe média, as professoras Luciana Amaral Melo (30 anos), Fernanda Oliveira (32 anos) e Ivanilda Alves Ferreira (53 anos) representam outro lado desta realidade. Casadas, com um ou dois filhos, sem a renda dos companheiros, dizem, não seriam enquadradas nesta faixa de renda. “Só com o salário de professora a vida seria muito difícil.
A realidade é de vários trabalhos e remuneração baixa”, atesta Fernanda Oliveira, que assim como a autônoma Solanielly, parcela as compras no cartão de crédito. “Acima de R$ 50, eu já divido”. Mesmo com as dificuldades e o trabalho em excesso, elas acreditam que a vida melhorou e conseguem incluir no orçamento despesas com lazer.
Por Juliana Cavalcanti, da equipe do Diario





