sexta-feira, 22 de julho de 2011

Aprovado novo pacote de ajuda à Grécia com valor total de 109 bilhões de euros

BRUXELAS - Os líderes europeus aprovaram nesta quinta-feira um novo pacote de ajuda à Grécia, com o valor total de 109 bilhões de euros (R$ 244 bilhões), além dos 110 bilhões liberados há um ano. A cifra inclui recursos da União Europeia, Fundo Monetário Internacional e bancos privados.
Bancos e outros investidores privados contribuirão com cerca de 37 bilhões de euros trocando papéis da dívida grega por novos títulos com juros mais baixos ou vendendo os títulos de volta à Grécia por um valor mais baixo. Além disso, haverá um programa de recompra de dívida, no valor de 12,6 bilhões, o que levará o total do setor privado a 50 bilhões.
A zona do euro irá fornecer alguma forma de garantias para os novos títulos gregos avaliado em "default seletivo", com prazos alterados e perda parcial dos valores.
Os novos títulos gregos terão prazos longos, de até 30 anos e taxas baixas, de acordo com o Institute of International Finance, o grupo que representa os credores do setor privado. As taxas, hoje entre 4,5% a 5,8% ao ano, passarão para 3,5%.
Os líderes dos 17 países da zona do euro também concordaram em fornecer novos empréstimos com prazos de pelo menos 15 anos, com vencimento em até 30 anos carência de 10 anos.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, admitiu que o pacote de resgate pode levar as agências de classificação de risco a declarar a Grécia em "default seletivo" e disse que os países da região estão prontos para proteger os bancos gregos dando garantias de crédito necessárias para tomar empréstimos no Banco Central Europeu.
Embora não haja cálculos oficiais, uma fonte do governo alemão calculou que as perdas dos investidores fiquem em cerca de 20%. E as agências de classificação de risco já haviam alertado que as medidas poderiam ter ação limitada, já que os credores não seriam pagos nos valores e termos integrais. Entretanto, as agências podem ser convencidas a não fazer alterações imediatas no classificação dos países.
- Pela primeira vez desde o início desta crise, podemos dizer que a política e os mercados estão se unindo - afirmou o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso.
Os líderes também reformularam seu fundo de socorro, permitindo-lhe oferecer um "programa de precaução", tais como linhas de crédito de curto prazo. Assim, o fundo será capaz de recapitalizar bancos em países que não tenham sido socorridos.
Ajuda semelhante, com empréstimos a custos reduzidos, seria estendida para Portugal e Irlanda. O governo irlandês, em troca, se compromete a encerrar uma disputa com a França e"participar de maneira construtiva" nas negociações sobre uma base comum para a tributação das empresas na Europa.
FMI pede urgência na implementação das medidas
A gerente-diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, considerou como "importante" os passos dados pelos líderes da zona do euro.
- Essas medidas oferecem um significante suporte para o crescimento e estabilidade financeira na Grécia e da zona do euro" destacou a representante em nota.
Lagarde deu destaque especial ao termos financeiros elaborados pelos Estados da zona do euro e o comprometimento deles em dar suporte aos países incluídos no programa até eles reconquistem o acesso aos mercados.
"Nós estamos encorajados pela vontade do setor privado em dar suporte à Grécia de forma voluntária, o que ajudará a restaurar o crescimento e a melhorar a sustentabilidade da dívida da Grécia."
Lagarde fez questão de ressaltar que, apesar de as medidas serem positivas para a região, é necessário que haja uma implementação "urgente" das mesmas.
A Grécia tem sido forçada a impor duras medidas de austeridade, provocando cenas violentas de protesto, na tentativa de cortar as suas dívidas. Os impostos foram aumentados e empregos públicos cortados. Está também vendendo vários ativos.

Fonte: 
http://oglobo.globo.com/economia/mat/2011/07/21/aprovado-novo-pacote-de-ajuda-grecia-com-valor-total-de-109-bilhoes-de-euros-924955081.asp