domingo, 21 de novembro de 2021

Domingo é dia de Feira Cultural no Museu de Bom Jardim


Feira Cultural - Consciência Negra - Museu de Bom Jardim - Coletivo do Artesanato


CONVITE O Museu de Bom Jardim, por meio do Coletivo do Artesanato, convida tod@s para participarem de mais uma edição da Feira Cultural. em homenagem ao Dia da Consciência Negra, neste domingo, dia 21 de novembro 2021. Início: 16 horas Local: Rua Manoel Augusto - Centro, Bom Jardim - PE Vamos participar desta festa de arte, cultura e paz! A festa é nossa, a festa é sua, a festa é para todos nós. Traga sua família, use máscara. Classificação livre. Evento comunitário, aberto ao público, gratuito.
Maracatu do Congo · Orquestra Afrosinfônica ( divulgação)


Programação:
Feira de Artesanato
Exposição de Artes Integradas do Museu de Bom Jardim
Bingo beneficente - CARTELA R$ 5,00
Apresentação do Maracatu Afro de Brejinhos - João Alfredo - PE
Show Musical com Manezinho do Forró e Orquestra do Museu de Bom Jardim
Desfile e Papai Noel.

#UseMáscara


Apoio Cultural: Vital Cordeiro, professor Jerônimo Galvão,
ONILMÓVEIS - Farmácia Santa Luzia em Bom Jardim e Encruzilhada,
Mercadinho Central, J A Bebidas, 
Prefeitura de Bom  Jardim. CULT FM

Realização: Museu de Bom Jardim - Coletivo do Artesanato do Museu de Bom Jardim,
Professor Edgar (EASSESSORIA CULTURAL)
Feira Cultural, arte, diversão e cultura garantida para todos.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

Após dois anos do golpe, Temer deixa um Brasil destroçado

História: Governo Michel Temer

O saldo do governo Temer dos últimos dois anos é resumido no desemprego e corte de direitos trabalhistas e sociais

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
 
Michel Temer sairá do poder com a marca de presidente mais impopular da história democrática brasileira
Michel Temer sairá do poder com a marca de presidente mais impopular da história democrática brasileira - Mauro Pimentel / AFP

O dia 31 de dezembro marcará o fim de um governo histórico para o Brasil. Michel Temer sairá do poder com a marca de presidente mais impopular da história democrática brasileira. No início deste mês, pesquisa Ibope mostrou que 74% da população considera o governo Temer (MDB) ruim ou péssimo e outros 88% desaprovam a maneira como o presidente governa o país. 

Parte dos caminhos que levaram Temer de vice à presidência da República foram expostos em maio de 2016, em áudio gravado de uma conversa entre o ex-senador Romero Jucá (MDB) e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado. No áudio, eles falam que a “saída mais fácil” para “estancar a sangria” no país seria colocar Michel Temer na presidência, em um “grande acordo nacional”, “com Supremo, com tudo”. Naquele mesmo ano, a presidenta eleita Dilma Rousseff (PT) foi impeachmada e seu vice-presidente, Temer, alçado ao poder.

Se estancou a sangria da classe política que articulou o golpe de Estado, o acordo serviu também como navalha na carne da população brasileira. Desde que entrou na presidência, Temer sangrou direitos trabalhistas e sociais, limitou os investimentos públicos pelos próximos 20 anos, aproximou o Brasil de volta ao mapa da fome. 

Sob a justificativa de modernização das leis trabalhistas e criação de novos postos de trabalho, Temer sancionou, em 2017, a terceirização para todas as atividades e a Reforma Trabalhista, alterando a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em pontos como jornada, plano de carreira, remuneração e férias. O então ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, dizia que a Reforma Trabalhista geraria seis milhões de empregos no Brasil. No entanto, foram gerados, de fato, pouco mais de 700 mil postos formais de trabalho. 

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), nesses dois anos de governo Temer, o desemprego passou de 11,2% (em maio de 2016) para 13,1% (em abril de 2018), chegando a 11,7% (no trimestre fechado em outubro). Atualmente, 12,8 milhões de brasileiros estão desempregados. 

A navalha de Temer feriu também a realidade da juventude brasileira, com a Reforma do Ensino Médio, que, entre outras alterações, propõe a diminuição de conteúdos obrigatórios de ensino e extingue a necessidade de diploma técnico ou superior em área pedagógica para contratação de professores. No novo Ensino Médio, apenas Português e Matemática serão ministrados obrigatoriamente nos três anos de formação. As demais disciplinas - como filosofia, sociologia, artes, história, geografia - poderão ser distribuídas ao longo dos anos, de acordo com a definição curricular de cada estado brasileiro.   

Nestes dois anos, a população brasileira sentiu os cortes em investimentos em programas sociais, como Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e o Programa Universidade para Todos (ProUni). Em 2016, o governo Temer cortou 80 mil bolsas integrais oferecidas pelo ProUni, para diminuir gastos públicos. No Minha Casa Minha Vida, de 2015 para 2016 houve uma redução de 94,9% no valor investido no programa, caindo de R$23,55 bilhões para R$1,2 bilhão. Em agosto deste ano, no orçamento enviado ao Congresso, o presidente prevê que os recursos para o Bolsa Família estejam garantidos até junho de 2019, apenas. 

Além do desmonte em programas sociais, assombra também a população brasileira o crescimento da fome. Conforme levantamento do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e da ONG ActionAid Brasil, baseado em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente, 11,7 milhões de brasileiros passam fome, o que corresponde a 5,6% da população total. 

O cenário de terror desenhado pelo governo Temer tende a ser agravado com a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241/55, que propôs teto para investimentos públicos pelos próximos 20 anos. Há dois anos em vigor, os efeitos da “PEC do teto” já ficaram nítidos na queda de 3,1% nos investimentos do governo federal em saúde e educação, segundo dados da Confederação Nacional dos Municípios. Em números, os investimentos de 2016 a 2018 nessas áreas praticamente ficaram congelados: saíram de R$ 191,2 bilhões para R$ 191,3 bilhões. 

Encerrando seu governo, Temer ainda deixa para seu sucessor um pacote que prevê a privatização de 75 projetos e empresas estatais, entre eles a Eletrobras, a Casa da Moeda, a Lotex - Loteria Instantânea Exclusiva, aeroportos, ferrovias, rodovias, blocos de petróleo e áreas de pré-sal.  

Em pronunciamento de Natal, no último dia 24, Michel Temer fez uma avaliação positiva de seu governo, dizendo deixar o poder com a “alma leve e tranquila e a consciência de dever cumprido”. Segundo o presidente, ele não poupou “esforços nem energia” para entregar “um Brasil muito melhor do que aquele” que recebeu. Para a população brasileira, Temer diz deixar “as reformas e os avanços, que já colocaram o Brasil em um novo tempo”.

Edição: Tayguara Ribeiro

Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 9 de novembro de 2021

Não ao cambalacho: STF forma maioria contra 'orçamento secreto' da Câmara



A ministra do STF Rosa Weber

CRÉDITO,FELLIPE SAMPAIO / SCO/ STF

Legenda da foto,

Com placar parcial de 6 a 0, a Corte manteve decisão liminar da ministra Rosa Weber


O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria nesta terça-feira (9/11) para barrar repasses às emendas de relator, também conhecidas como "orçamento secreto" da Câmara dos Deputados.

A decisão representa uma derrota para o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que tem usado esses recursos para garantir o apoio de parlamentares do Centrão. A informação foi revelada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

O governo sempre negou haver qualquer direcionamento das emendas para angariar apoio.

Na tarde desta terça-feira, o placar no STF chegou a 6 a 0, consolidando a formação de maioria.

Uma liminar suspendendo as emendas de relator foi concedida pela ministra Rosa Weber na sexta-feira (5/11). Além da relatora, votaram contra as emendas: Cármen Lúcia, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes.


A votação continua até as 23h59 da quarta-feira (10/11), no plenário virtual. Até o fim deste prazo, os ministros ainda podem alterar seus posicionamentos, pedir vista ou destaque do tema para o plenário físico. Se houver pedido de vista ou destaque, será preciso marcar nova data para retomar a análise.

A formação de maioria no STF foi comemorada por deputados de oposição na Câmara.

Entenda o 'orçamento secreto'


Para entender o esquema do "orçamento paralelo" de Bolsonaro, primeiro é preciso compreender como funcionam as emendas do Orçamento federal.

Segundo o site do Senado Federal, as emendas do Orçamento "são propostas por meio das quais os parlamentares podem opinar ou influir na alocação de recursos públicos em função de compromissos políticos que assumiram durante seus mandatos, tanto junto aos Estados e municípios, quanto a instituições".

As emendas são de quatro tipos: individual, de bancada, de comissão e do relator.

As emendas individuais são destinadas a cada senador ou deputado. As emendas de bancada são coletivas, de autoria das bancadas estaduais ou regionais. Também são coletivas as emendas apresentadas pelas comissões técnicas da Câmara e do Senado.

Já as emendas do relator (também conhecidas no jargão burocrático pelo código RP9) são feitas pelo deputado ou senador que, num determinado ano, foi escolhido para produzir o parecer final sobre o Orçamento.

Ao contrário das emendas individuais, que seguem critérios bem específicos e são divididas de forma equilibrada entre todos os parlamentares, as emendas de relator não seguem critérios usuais e beneficiam somente alguns deputados e senadores.

Foram essas emendas que possibilitaram a distribuição de bilhões a parlamentares da base do governo.

"Causa perplexidade a descoberta de que parcela significativa do orçamento da União Federal esteja sendo ofertada a grupo de parlamentares, mediante distribuição arbitrária entabulada entre coalizões políticas, para que tais congressistas utilizem recursos públicos conforme seus interesses pessoais, sem a observância de critérios objetivos", escreveu a ministra Rosa Weber em sua decisão.

BBC

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Mão na consciência: PDT muda posição e orienta voto contrário à PEC dos Precatórios

No primeiro turno, liderança da bancada recomendou manifestação favorável à proposta. Carlos Lupi anuncia reversão de 11 votos





Após intensas discussões internas, o PDT formalizou nesta terça-feira que mudou de posição e irá orientar o voto contrário à PEC dos Precatórios na sessão desta terça-feira. Com a decisão, o presidente da sigla, Carlos Lupi, declarou que pelo menos 11 dos 15 parlamentares que se manifestaram favoráveis à medida no primeiro turno irão mudar de voto.

- Não basta dizer que é da oposição, tem que parecer que é da oposição - disse Carlos Lupi em coletiva na sede do partido, em Brasilia. Segundo ele, foi preciso "seis dias" de "muitas palavras, amizade, respeito, convencimento, e unidade partidária" para levar à reversão do voto dos parlamentares. Os quatro que não irão seguir a orientação da bancada estão de saída do PDT, como o deputado Alex Santana que gosta de exibir fotos e vídeos ao lado do presidente Jair Bolsonaro.

Na primeira etapa da votação, realizada na quinta-feira passada, o partido recomendou a posição favorável à proposta, o que abriu uma crise interna entre as lideranças pedetistas na Câmara dos Deputados e o ex-ministro Ciro Gomes. Os 15 votos a favor do PDT foram fundamentais para a aprovação da medida que ocorreu com uma margem apertada de apenas 4 votos a mais do que o necessário para uma emenda à Constituição.

Como forma de protesto e pressão, Ciro anunciou a suspensão da sua pré-candidatura à Presidência enquanto o partido não reavaliasse a sua opinião.

- Isso está superado. A candidatura do Ciro não pertence a ele, mas ao partido. E nós não aceitamos a desistência dele - disse Lupi. O ex-ministro não participou da reunião partidária hoje porque estaria se sentindo mal com os efeitos adversos da dose de reforço da vacina contra a Covid-19 que ele tomou ontem.

Lupi fez o anúncio ao lado do líder da bancada, Wolney Queiroz (PDT-PE), que se declarou favorável à PEC na semana passada. Além da pressão de Ciro, Wolney recebeu uma declaração de repúdio até do pai, o deputado estadual Zé Queiroz, que afirmou ter ficado "contrariado" com a posição do filho e fez um apelo para para que ele "revisasse" o seu voto


Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Reta final do governo Temer: Marasmo, pequenas homenagens e preocupação com a Justiça marcam os últimos dias no cargo

História: Governo Michel Temer

Michel Temer

CRÉDITO,AFP/GETTY IMAGES

Legenda da foto,

Temer chegou à presidência em abril de 2016 após o impeachment de Dilma. Ele deixa o poder em janeiro com 5% de aprovação popular

A quinze dias de passar a faixa presidencial para Jair Bolsonaro, o presidente Michel Temer caminhou alguns passos do gabinete presidencial, no 3º andar do Palácio do Planalto, até a sala de audiências da Presidência da República para receber uma homenagem.

Em uma pequena solenidade, fechada à imprensa, o mandatário do país foi agraciado no início da tarde de 17 de dezembro com o título de sócio honorário da Câmara de Dirigentes Lojistas do Distrito Federal, um reconhecimento por medidas de seu governo que beneficiaram o setor e a capital federal.

No discurso, Temer agradeceu "essa delicadeza extraordinária" e aproveitou para citar alguns feitos da sua administração: "Ao longo do tempo, nós conseguimos, e, modestamente, talvez, colocar, na verdade, o Brasil no século 21, porque nós estávamos no século 20", disse, repetindo uma marca comum nos seus discursos, que é exaltar seu trabalho ao mesmo tempo em que ressalta sua humildade.

Pouco depois, ele fez um breve deslocamento até o Palácio da Justiça para receber outra condecoração, dessa vez de seu próprio governo – a Ordem do Mérito do Ministério da Justiça, criada em outubro e concedida pela primeira vez.

Michel Temer

CRÉDITO,ANTONIO CRUZ / AGÊNCIA BRASIL

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O marasmo da agenda de Temer contrasta com os dias finais de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010

Temer – que chegou à presidência em maio de 2016 após o afastamento de Dilma Rousseff e deixa o poder em 1º de janeiro com apenas 5% de aprovação popular – teve seus últimos momentos no Planalto marcados, principalmente por pequenas homenagens como essas e reuniões com membros do seu governo e aliados próximos.

Diferentemente do início de sua administração, quando Temer recebia em seu gabinete grandes lideranças empresariais como a presidente mundial do banco Santander e o presidente mundial da Basf (maior indústria química do mundo), a agenda do presidente não mostra compromissos dessa estatura em novembro e dezembro deste ano.

Nesse período, foram poucas as viagens para outros Estados do país, parte delas também para ser homenageado, incluindo a inauguração na última quarta-feira do Centro de Memória Presidente Michel Temer, na Faculdade de Direito de Itu, no interior de São Paulo, instituição privada onde foi professor de 1969 a 1984.

O local, que abrigará presentes, cartas, álbuns de fotografias e livros que o presidente recebeu em seu mandato, traz também uma linha do tempo de sua vida.

Presidente Michel Temer e Ralph Schweens, Presidente da BASF para o Brasil e América do Sul durante audiência com Kurt Bock, Presidente Mundial da BASF. (Brasília - DF 30/11/2016)

CRÉDITO,FOTO: MARCOS CORRÊA/PR

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No início de sua administração, Temer recebia em seu gabinete grandes lideranças empresariais como o presidente mundial da Basf, a maior indústria química do mundo. Agenda atual não mostra compromissos dessa magnitude em novembro e dezembro deste ano

Denúncia

Um novo fato importante acontecia no mesmo dia em Brasília – a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, apresentava a terceira denúncia criminal contra Temer durante seu mandato, dessa vez por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no inquérito que apurava um esquema criminoso no setor de portos.

O marasmo da agenda de Temer contrasta com os dias finais de Luiz Inácio Lula da Silva, último presidente a concluir o mandato e passar a faixa adiante, no caso para Dilma Rousseff, no primeiro dia de 2011.

O petista, preso desde abril pela operação Lava Jato, vivia então o auge da sua popularidade e passou metade do último mês de governo viajando o país.

No final de dezembro de 2010, foi homenageado com o show "Obrigada, presidente Lula", organizado no Sambódromo do Rio pelo então governador do Estado, Sérgio Cabral, que hoje também está preso por corrupção.

O evento teve Zeca Pagodinho e Martinho da Vila como atrações especiais e foi custeado com R$ 507 mil reais do MDB – era época de vacas gordas nos partidos, com contas alimentadas por doações de empresas.

Presidente Lula e o governador Eduardo Campos (Pernambuco) em homenagem realizada no Marco Zero, de Recife (PE), em 28 de dezembro de 2010

CRÉDITO,RICARDO STUCKERT/PR

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Lula, em dezembro de 2010, em Recife: No auge da sua popularidade, ele passou metade do último mês de governo viajando o país

Risco de prisão?

Quando Lula deixou o Planalto, festejado pela maioria da população e reverenciado internacionalmente, certamente não podia imaginar que estaria oito anos depois detido em uma cela em Curitiba, condenado por ter recebido propina por meio de um imóvel da empreiteira OAS, o que ele nega.

Michel Temer, por sua vez, deixa o governo já com três denúncias criminais para responder na Justiça – todas serão enviadas à primeira instância assim que acabar seu mandato. Além da mais recente envolvendo o setor de portos, as duas primeiras partiram da delação de executivos da JBS e acusam Temer e aliados de receber propinas de empresas beneficiadas por decisões do governo ou contratos públicos.

Michel Temer coordena a última reunião ministerial de seu governo, no Palácio do Planalto

CRÉDITO,ANTONIO CRUZ/ AGÊNCIA BRASIL

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Presidente na última reunião ministerial de seu governo, em dezembro: Ele deixa o governo respondendo a três denúncias criminais

O presidente nega todas as acusações e se diz vítima de uma perseguição. As denúncias ficaram paradas porque a Câmara dos Deputados não autorizou o andamento.

Quando questionado por jornalistas se teme ser preso ao deixar o Planalto e perder as proteções garantidas pelo cargo de presidente, Temer se mostra ofendido.

"Não estou preocupado com esse assunto. Até porque chicotear o presidente é uma coisa. Já o ex-presidente já não vai ter muita graça", disse à revista Época, indicando uma expectativa de que a perda de poder lhe dará mais sossego.

Aliados próximos, porém, reconhecem que o contexto assusta. Diversas pessoas do círculo íntimo do presidente já foram presas provisoriamente, como o empresário José Yunes e o coronel João Baptista Lima, investigados também no inquérito sobre o setor de portos.

Já o ex-ministro Geddel Vieira Lima, que teve R$ 51 milhões em dinheiro encontrado dentro de um apartamento em Salvador, está detido no presídio da Papuda desde setembro de 2017, enquanto o ex-ministro Henrique Eduardo Alves ficou cerca de um ano preso preventivamente e, desde julho, responde a acusações de corrupção em liberdade.

"Lógico que ele tem preocupação. Todo mundo que eventualmente tem algum tipo denúncia (sente preocupação)", disse à BBC News Brasil o deputado federal Beto Mansur (PRB-SP), um dos aliados que manteve visitas ao presidente mesmo no fim do mandato.

"Mas todos nós que trabalhamos na defesa do presidente sabemos que aquelas denúncias, que foram rechaçadas pela Câmara, são completamente inócuas", acrescentou, ressaltando que Temer "não vai sair do país".

Procurada para falar sobre os últimos dias de Temer no governo e suas perspectivas, a Presidência da República não respondeu até a publicação desta reportagem.

'Trama'

Em discursos e entrevistas, Temer tem repetido que foi vítima de uma "trama".

Seu pesadelo começou quando recebeu tarde da noite em março de 2017 no Palácio do Jaburu o empresário da JBS Joesley Batista.

Em gravação feita pelo executivo, o presidente é ouvido falando "tem que manter isso aí, viu?", sobre a boa relação de Joesley com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, que também está preso em Curitiba.

Presidente Michel Temer durante sua posse no Senado Federal (Brasília - DF, 31/08/2016)

CRÉDITO,BETO BARATA/PR

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Temer espera ser reconhecido como um reformista e diz que denúncias contra ele visavam impedir mudanças nas regras da Previdência

O executivo registrou a conversa para usá-la em uma delação premiada, e a Procuradoria-Geral da República acusou Temer de dar aval para uma mesada ao ex-deputado. Depois, a legalidade do acordo de delação foi posta em xeque quando veio à tona indícios de que o procurador da República Marcelo Miller teria orientado as ações de Batista.

O presidente, que espera ser reconhecido como um reformista, tem repetido em discursos e entrevistas que essas denúncias, na verdade, visavam impedir as mudanças nas regras da Previdência. Não há provas de que essa fosse a intenção, mas o resultado é que Temer gastou todo seu capital político para se manter no cargo e sua principal promessa ficou pelo caminho.

Na seara do controle das contas públicas, ele ainda levou uma rasteira no apagar das luzes reveladora do seu enfraquecimento político.

Na semana passada, quando Temer estava no Uruguai para encontro do Mercosul, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, aproveitou a posse momentânea da caneta presidencial para sancionar a flexibilização da Lei da Responsabilidade Fiscal. Na volta, o presidente ressaltou, por meio de nota, que sua intenção era vetar a alteração da lei.

Apesar dos percalços, Temer tem comemorado as conquistas econômicas de seu breve governo – conseguiu reduzir a inflação e os juros e retomar, ainda que lentamente, o crescimento após a forte recessão herdada do governo Dilma.

Exalta com frequência a PEC do Teto – que criou um limite para o aumento dos gastos, mas deve se mostrar inócua sem a reforma da Previdência – e a também controversa Reforma Trabalhista.

Satisfação com Bolsonaro

O presidente está especialmente feliz em passar a faixa para Jair Bolsonaro, e não Fernando Haddad, candidato do PT derrotado no segundo turno – inclusive já revelou publicamente ter votado no vitorioso.

Ele e seus aliados gostam de destacar a continuidade da política econômica e a manutenção de parte da equipe da área pelo futuro ministro Paulo Guedes.

O atual ministro do Planejamento, Esteves Colnago, por exemplo, será o secretário-adjunto da Fazenda. Tarcísio Gomes de Freitas, que faz parte do programa de concessões de Temer, será o ministro da Infraestrutura.

"Foi uma alegria para todos (a eleição de Bolsonaro). Imagina fazer a transição pro governo do desastre? Duplo resultado: impediu que voltasse o governo do descalabro econômico e ético e permitiu que surgisse um outro governo com visão reformista. A equipe de Bolsonaro é mais liberal do que a nossa", afirma o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), fiel escudeiro de Temer nos períodos mais difíceis.

Outro efeito positivo para ele da eleição de Bolsonaro foi o movimento #FicaTemer nas redes sociais. Embora tenha sido criado mais por opositores do atual presidente que gostam menos ainda do presidente eleito, Temer entende ser um reconhecimento por suas realizações.

"Ele ficou feliz (com o #FicaTemer). E a pesquisa da CNT/Ibope que saiu semana passada, se somar o ótimo, bom e regular, está com 25% de aprovação. Olha, é um ótimo índice, para quem estava com 3% antes da eleição", ressalta Perondi, confundindo os resultados da pesquisa.

Temer conclui seu mandato com uma leve melhora em relação ao pico de desaprovação registrada em setembro de 2017, época em que enfrentava a votação das denúncias na Câmara dos Deputados. Tinha então 3% de avaliação "ótimo e bom" na pesquisa CNT/Ibope. Hoje tem 5%. Considerando também quem avalia seu governo como regular, a taxa passou de 19% para 23%.

São Paulo - SP, 17/03/2017 - Reunião do Comitê de Líderes da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI). (E/D) Presidente Michel Temer, Presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

CRÉDITO,BETO BARATA/PR

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Em reunião com empresários em março de 2017: Em setembro do mesmo ano, avaliação 'ótimo e bom' do governo era de apenas 3%

Resultados tão baixos nunca foram alcançados por Dilma, Lula ou Fernando Henrique Cardoso desde 1999, quanto teve início a pesquisa.

O plano do presidente a partir de janeiro é retomar uma atuação eventual como advogado, produzindo pareceres. A expectativa de aliados próximos é que não se ocupará mais de política partidária, por exemplo na rearticulação do MDB, nem causará muito nas redes sociais, como fez durante as eleições, quando postou vídeos no Twitter direcionados às contas dos candidatos Geraldo Alckmin e Fernando Haddad rebatendo ataques e cobrando: "fale a verdade".

"Ele vai se preservar num primeiro momento", acredita Beto Mansur.

  • Mariana Schreiber -
  • Da BBC News Brasil em Brasília
  • 27/12/2018
Professor Edgar Bom Jardim - PE