quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

BBC:Quem é Braga Netto, general que assume a Casa Civil do governo Bolsonaro. Que filme é esse?



Braga Netto em foto de fevereiro de 2018, na ocasião da intervenção federal na segurança do Rio, no governo TemerDireito de imagemMARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Image captionBraga Netto em foto de fevereiro de 2018, na ocasião da intervenção federal na segurança do Rio, no governo Temer
O general de Exército Walter Souza Braga Netto, que comandou em 2018 a intervenção federal do governo Michel Temer na segurança pública do Rio de Janeiro, foi anunciado como novo ministro chefe da Casa Civil do presidente Jair Bolsonaro, no lugar de Onyx Lorenzoni.
O anúncio foi feito por Bolsonaro no Twitter na tarde desta quinta-feira (13/02). A troca dá mais poder à ala militar do governo, grupo que havia perdido espaço para a ala mais ideológica ao longo do ano passado.
Lorenzoni, que está afastado do seu madato deputado federal (DEM-RS), vai continuar na Esplanada dos Ministérios, assumindo o comando da pasta da Cidadania, no lugar de Osmar Terra, também deputado gaúcho, mas pelo MDB.
Tradicionalmente, a Casa Civil é um dos ministérios mais importantes, atuando na coordenação das demais pastas e na articulação com o Congresso Nacional. No entanto, o órgão vinha sendo esvaziado no governo Bolsonaro desde junho, quando a responsabilidade pela negociação política foi transferida para a Secretaria de Governo, comanda pelo ministro general Luiz Eduardo Ramos.
No início desse mês, a Casa Civil também perdeu para o Ministério da Economia a coordenação do PPI (Programa de Parcerias e Investimentos), responsável por impulsionar obras de infraestrutura por meio de concessões à iniciativa privada.
O esvaziamento da pasta deixou evidente o enfraquecimento de Lorenzoni, que no início era homem forte do governo, tendo inclusive chefiado a equipe que coordenou a transição entre a administração Temer e a gestão Bolsonaro.
Ele perdeu prestígio devido ao desempenho considerado ruim na articulação política com o Congresso, mas o desgaste se intensificou no fim de janeiro, quando Vicente Santini, então secretário-executivo de Lorenzoni, usou um avião da Força Aérea Brasileira para ir da Suíça à Índia, para acompanhar viagem oficial de Bolsonaro — enquanto outros membros da comitiva optaram por voos de carreira. Santini foi exonerado do cargo.
Cerimônia, em setembro de 2018, em que Exército condecorou militares mortos em intervenção no RioDireito de imagemTOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL
Image captionNos pouco mais de dez meses em que o general Braga Netto comandou a segurança pública fluminense, o Estado registrou queda de roubos e aumento das mortes provocadas pela polícia
Já Osmar Terra também sofreu desgaste depois que reportagens recentes do jornal O Estado de S. Paulo revelaram que o Ministério da Cidadania, sob seu comando, contratou serviços da empresa de tecnologia Business Technology (B2T), que é investigada pela Polícia Federal por supostos contratos fraudulentos com o governo federal entre 2016 e 2018, quando Temer (MDB) era presidente.

General 'durão'

Colegas de Braga Netto definem o novo ministro como respeitado pela tropa, "durão" e experiente. Quando foi nomeado para comandar a intervenção no Rio, Braga Netto passou a controlar a Polícia Civil, a Polícia Militar, os bombeiros e administração penitenciária do Estado. Naquele momento, ele era líder do Comando Militar do Leste (CML).
A intervenção foi anunciada em fevereiro de 2018 pelo então presidente Temer sem planejamento prévio, o que gerou resistência mesmo dentro das Forças Armadas. Nos pouco mais de dez meses em que o general comandou a segurança pública fluminense, o Estado registrou queda de roubos e aumento das mortes provocadas pela polícia.
A intervenção acabou em 31 de dezembro de 2018 sem que fosse solucionado o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), executada em março daquele ano.
"Fizemos uma choque de gestão muito baseado na meritrocracia. Eu praticamente não aceitei pedidos políticos. Se a pessoa tinha mérito, eu colocava no cargo. Se não tinha mérito, eu não colocava no cargo", disse o general em janeiro de 2019, em entrevista à TV Aparecida, sobre seu período no comando da intervenção.
Na ocasião, o general argumentou que houve aumento do "número de pessoas mortas em confronto com a polícia" porque criminosos reagiam às operações policiais, em vez de se entregar.
"Não é que nós demos autorização para matar, nada disso, simplesmente foi a metodologia empregada. Nós passamos a realizar os patrulhamentos em cima das manchas criminais. Um exemplo: eu sabia muito bem que quarta-feira, (às) tantas horas, aumentava o número de roubo de carro, ou roubo de carga, em determinado lugar, havia essa mancha (de crimes recorrentes). Aí você fazia uma operação conjunta (das polícias estaduais e Forças Armadas)", disse ao canal católico.
Braga Netto em junho de 2018Direito de imagemFERNANDO FRAZÃO/AGENCIA BRASIL
Image captionAntes de assumir a intervanção no Rio, o próprio Braga Netto (acima, em 2018) disse que via 'com reservas' a atuação das Forças Armadas na segurança pública urbana
"O que ocorre é que o bandido no Rio tinha uma política de enfrentamento irracional. Ele estava às vezes cercado, com armamento pesado, e buscava o confronto. Mas a tropa estava adestrada e tinha muita tropa no local, Polícia Militar, Polícia Civil, o que fosse. Nessa postura irracional do bandido, se ele não se entregava, ele acabava morrendo. Essa (categoria de morte) aí realmente aumentou", completou.
Ao entregar o comando da segurança do Rio, Braga Netto deixou um plano de transição de seis meses para o novo governador do Estado, Wilson Witzel (PSC).
Na avaliação do Observatório da Intervenção, iniciativa do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes (CESeC/Ucam), a atuação das Forças Armadas não trouxe melhorias estruturais para a segurança pública do Rio.
"Durante esses dez meses de 2018, não foram feitos investimentos significativos no combate aos grupos de milícias e à corrupção policial. A modernização da gestão das polícias também não foi priorizada — a renovação se restringiu à compra de equipamentos", destaca relatório do Observatório ao final da intervenção.
"Ao mesmo tempo, práticas violentas da polícia fluminense continuaram e se agravaram. Em vez de modernizar, reformar ou mudar, a intervenção levou ao extremo políticas que o Rio de Janeiro já conhecia: a abordagem dos problemas de violência e criminalidade a partir de uma lógica de guerra, baseada no uso de tropas de combate, ocupações de favelas e grandes operações", diz ainda o documento.
Antes de assumir a intervenção, o próprio general Braga Netto disse que via "com reservas" a atuação das Forças Armadas nos esforços de estabilização da segurança pública urbana.
Durante uma palestra em agosto de 2017 no Centro Cultural Justiça Federal, o militar afirmou que as operações do tipo Garantia de Lei e Ordem (GLO) têm alguma eficácia, mas um alto custo financeiro, social, logístico e até mesmo psicológico para as Forças Armadas, e seriam desnecessárias se os Estados tivessem políticas de segurança pública mais eficientes, segundo reportagem veiculada no portal do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2).
Jair Bolsonaro com Onyx Lorenzoni em janeiro de 2019Direito de imagemALAN SANTOS/PR
Image captionJair Bolsonaro com Onyx Lorenzoni em janeiro de 2019; ministro já vinha perdendo poderes há meses

Trajetória no Exército

No Exército desde 1975, Braga Netto atuou no Rio durante grande parte da sua carreira. Entre 2002 e 2004, ele foi comandante do 1º Regimento de Carros de Combate, quando o batalhão ainda estava instalado em solo carioca.
Em seu último ano no comando, foi iniciado o processo de transferência do grupo para Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Fora do Rio, Braga Netto comandou, também, a 5ª Brigada de Cavalaria Blindada, em Ponta Grossa, no Paraná.
Nascido em Belo Horizonte, o novo ministro de Bolsonaro é visto entre seus pares como um nome de "forte liderança" e "bem articulado". Parte da articulação pode ser atribuída aos "estágios" na área diplomática feitos pelo militar.
Quando ainda era coronel, Braga Netto ocupou o cargo de adido militar do Brasil na Polônia, entre os anos de 2005 e 2006. Depois, foi promovido a general de divisão ainda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em novembro de 2009.
Em 2012, passou a ocupar a aditância militar nos Estados Unidos e Canadá — enquanto exercia o cargo em Washington, foi promovido a general de Exército. Pouco depois da promoção, em 2013, foi exonerado para, em maio, assumir a função de diretor de Educação Superior Militar, no Rio de Janeiro.
No mesmo ano, por decreto assinado pela então presidente Dilma Rousseff, o general recebeu o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito Militar.
Ainda no Rio, Braga Netto foi o responsável pela segurança dos Jogos Olímpicos de 2016, antes de ser nomeado para assumir o Comando Militar do Leste.
Um oficial que serve no Rio descreveu Braga Netto à BBC News Brasil como um militar rígido, mas que não compartilha o pensamento "linha dura" de outros generais como Sérgio Etchegoyen, que chefiou o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência durante o governo Temer, ou Carlos Alberto dos Santos Cruz, que foi ministro de Bolsonaro até junho e hoje é rompido com o presidente.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Lula: “Volto ao Brasil com a mesma disposição do Papa para brigar por um mundo melhor”




Lula e o Papa Francisco (Foto: Ricardo Stuckert)
Diretamente do Vaticano, onde se encontrou na manhã desta quinta-feira (13) com o Papa Francisco, o ex-presidente Lula fez um depoimento, divulgado nas redes sociais, sobre sua conversa com o sumo pontífice.
De acordo com o petista, os principais temas do encontro foram o combate às desigualdades sociais e defesa de uma boa política ambiental.
“Todo mundo sabe que o mundo está ficando mais desigual. Todo mundo sabe que na maioria dos países os trabalhadores estão perdendo direitos. As conquistas do passado estão sendo derrubadas pela ganância dos interesses empresariais e financeiros”, disse Lula, relembrando de reuniões que participou do G20 quando ainda era presidente.
“Todas as decisões que nós tomávamos, para que houvesse protecionismo, nada disso aconteceu”, revelou.
De acordo com o ex-presidente, a decisão de Francisco de reunir milhares de jovens para debater uma “nova economia para o mundo” é “alentadora”. “Quem é que vai pagar o salário dos trabalhadores? Quem é que vai cuidar das pessoas que nem emprego tem?”, questionou.
O ex-presidente disse ainda que uma das colocações de Francisco que mais o tocou foi quando disse que, na idade dele, com 84 anos, ainda quer “fazer coisas que sejam irreversíveis, que fiquem para sempre no seio da sociedade”.
“Isso deve servir de exemplo”, pontuou Lula.
Sobre a agenda ambiental discutida com o Papa, Lula revelou que ambos conversaram sobre o fato de que, “apesar dos discursos, não há interesse por parte dos governantes em mudar as matrizes energéticas”.
“Se a gente não cuidar da preservação do planeta, é preciso lembrar que um dos principais animais em extinção é o ser humano, sobretudo o pobre”, alertou o ex-presidente.
Ao final de seu discurso, Lula disse que ficou “satisfeito” com a visita ao Papa. “Amanhã retorno ao Brasil com a mesma disposição do Papa Francisco para brigar por um mundo melhor”, finalizou.
Assista.

revistaforum.com.br/
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Guedes defende dólar alto: “Era empregada doméstica indo pra Disneylândia. Uma festa danada”, disse o rico



Paulo Guedes (Reprodução/YouTube)

Depois de chamar servidores públicos de “parasitas”, o ministro da Economia, Paulo Guedes, resolveu atacar, nesta quarta-feira (12), as empregadas domésticas.
Em um discurso permeado pelo preconceito de classe, feito no Seminário de Abertura do Ano Legislativo da Revista Voto, em Brasília, Guedes disse que o dólar alto “é bom para todo mundo” e que em outros tempos, quando a economia brasileira estava melhor e o real mais valorizado, era uma “festa danada”, pois empregadas domésticas iam à Disneylândia.
“Não tem negócio de câmbio a R$ 1,80. Vamos importar menos, fazer substituição de importações, turismo. [Era] todo mundo indo para a Disneylândia, empregada doméstica indo para a Disneylândia, uma festa danada”, disparou.
Na sequência, ainda deu uma sugestão de lugares que as empregadas domésticas podem visitar, já que com o dólar R$4,35 – em novo recorde registrado nesta quarta-feira – fica praticamente impossível uma pessoa pobre ou de classe média viajar ao exterior. 
“Vai passear em Foz do Iguaçu, vai passear ali no Nordeste, está cheio de praia bonita. Vai para Cachoeira do Itapemirim, vai conhecer onde o Roberto Carlos nasceu, vai passear o Brasil, vai conhecer o Brasil. Está cheio de coisa bonita para ver”, afirmou. 
Depois, se dando conta de que sua declaração poderia ter repercussão negativa, tentou se corrigir e reestruturar a frase sobre as empregadas domésticas, mas o significado não mudou muito. “Vão dizer ‘ministro diz que empregada doméstica estava indo para Disneylândia’. Não, o ministro está dizendo que o câmbio estava tão barato que todo mundo mundo estava indo para a Disneylândia”, declarou. 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Carnaval de Bom Jardim



Mais de trinta representantes de blocos, troças, encontro e eventos carnavalescos estiveram reunidos nesta terça, dia 11 de fevereiro, no Centro Cultural Marineide Braz, para acertar detalhes da programação do Carnaval Levino Ferreira, neste ano 2020. Os  secretários Lúcio Cabral, Edgar Lira e o diretor de turismo Danilo Aciole comandaram o momento. Venha fazer parte desta festa.
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Estudantes de universidade onde Weintraub se formou pedem sua renúncia


O ministro da Educação, Abraham Weintraub (Foto: Marcos Corrêa / PR)
O MINISTRO DA EDUCAÇÃO, ABRAHAM WEINTRAUB (FOTO: MARCOS CORRÊA / PR)

O Centro Acadêmico Visconde de Cairu, da Faculdade de Economia e Administração da USP, pede a renúncia do ministro da Educação, Abraão Weintraub, que é formado na instituição. Em uma nota divulgada nesta terça-feira 11, os alunos classificam a gestão do ministro como “desastrosa”.
“Weintraub promove uma gestão obscurantista, que tem como foco principal o combate a um suposto marxismo cultural na educação e que promove um ataque sistemático à educação pública, gratuita e universal para todas e para todos, como preconiza a Constituição Federal de 1988”, diz o comunicado.
Junto com a nota, os estudantes criaram um abaixo-assinado para pressionar a saída de Weintraub. “O Ministério da Educação está refém de uma gestão (ou da falta dela) puramente ideológica, que prejudica diariamente brasileiras e brasileiros com suas políticas ineficazes, autoritárias e absurdas e com a descontinuidade e o desmonte de políticas de estado de reconhecido êxito, que perpassam diferentes governos”, diz.
Leia abaixo a nota na íntegra:
“O Centro Acadêmico Visconde de Cairu (CAVC) se posiciona contra a gestão de Abraham Weintraub a frente do Ministério da Educação, no governo Bolsonaro. Ex-aluno, qualificado como persona non grata pelos estudantes da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária da Universidade de São Paulo (FEA – USP), em assembleia realizada no no dia 14 de maio de 2019, Weintraub promove uma gestão obscurantista, que tem como foco principal o combate a um suposto marxismo cultural na educação e que promove um ataque sistemático à educação pública, gratuita e universal para todas e para todos, como preconiza a Constituição Federal de 1988.
Desde sua posse, o ministro protagoniza uma série de episódios que conduzem ao verdadeiro desmonte da educação brasileira. O primeiro ato do ministro, no mesmo mês de sua nomeação, foi a determinação do bloqueio de 30% das verbas do orçamento para custeio das universidades federais, comprometendo cerca de R$ 1,7 bilhão das instituições. Em um primeiro momento, o ministro adotou o critério nada republicano de que o corte seria feito em instituições que não apresentassem desempenho acadêmico esperado e, ao mesmo tempo, estivessem promovendo “balbúrdia” em seus campi. Frente à flagrante ilegalidade e de improbidade que tal critério representaria, Weintraub recuou e ampliou o corte para todas as universidades federais.
Como resultado de sua irresponsabilidade e de suas declarações grotescas e mentirosas, que envolveram inclusive acusações sem provas de que há, nas universidades federais, plantações de maconha e laboratórios de droga, mais de um milhão de pessoas se manifestaram, por todo o país, em defesa da educação. Essas manifestações, as quais ficaram popularizadas como 15M, foram o maior ato de repúdio ao governo Bolsonaro registrado até o momento.
Na pós-graduação, há que se mencionar o corte orçamentário das bolsas de mestrado e doutorado, de R$ 4,25 bilhões em 2019 para R$ 2,20 bilhões em 2020, comprometendo todo esforço de desenvolvimento nacional da ciência, tecnologia e inovação. Na educação básica, a renovação do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica), maior fonte de financiamento da educação brasileira, está paralisada no Congresso Nacional e conta com um ensurdecedor silêncio do governo Bolsonaro e com esse ministro que perdeu qualquer interlocução com o parlamento, como já declarou publicamente o presidente da Câmara dos Deputados.
O programa Future-se, lançado de forma autoritária, sem nenhum diálogo e apresentado como “a maior revolução na área de ensino no país dos últimos 20 anos”, nas palavras do próprio ministro, foi combatido por toda a comunidade acadêmica e fracassou. Além disso, a autonomia universitária, conquista secular de nossa sociedade, está ameaçada com a nomeação de verdadeiros “reitores biônicos”, rompendo com o ciclo virtuoso, que existia até então, do Ministério da Educação optar pela escolha dos reitores mais bem votados por suas respectivas comunidades.
O Ministério da Educação está refém de uma gestão (ou da falta dela) puramente ideológica, que prejudica diariamente brasileiras e brasileiros com suas políticas ineficazes, autoritárias e absurdas e com a descontinuidade e o desmonte de políticas de estado de reconhecido êxito, que perpassam diferentes governos. Não menos grave são os constantes erros, que atropelam o futuro e os sonhos de milhões de estudantes, como foi a gigantesca falha no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a evidência definitiva de uma administração precária, que prejudicou cerca de 6 mil alunos em razão de erros na correção da prova, que deveria ter sido a “melhor de todos os tempos”, comprometendo o Sisu e a expectativa de milhares de jovens na entrada para as mais de 500 universidades públicas e particulares do país, com exceção de um apoiador do governo Bolsonaro, que teve seu direito de revisão da nota assegurado, fora do prazo, pelo próprio ministro no Twitter, em mais um ato cristalino de improbidade administrativa.
As ofensas proferidas pelo ministro, muitas vezes em um péssimo português, são inaceitáveis e dirigidas indiscriminadamente a pessoas ou a entidades por meio do Twitter, de entrevistas a blogs extremistas ou em lives oficiais, demonstrando desrespeito com a população brasileira e irresponsabilidade com a altura e o decoro, exigidos ao cargo de ministro da Educação. Neste particular, não podemos deixar de repudiar veementemente os ataques proferidos por Weintraub diretamente contra educadores, a quem o ministro acusa de serem responsáveis pela “desconstrução da família”, e as constantes agressões contra o patrono da educação brasileira, Paulo Freire, que vilipendiam sua memória e sua obra.
Abraham Weintraub, enquanto ex-estudante da FEA – USP, nos decepciona duas vezes. A primeira, por todos os motivos acima mencionados e a segunda por desrespeitar a imagem e os ensinamentos de nossa Faculdade.
Pedimos a imediata renúncia de Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub por sua inaptidão à condução do Ministério da Educação.
Convidamos todas e todos a assinarem a nota!”

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Apoio do governo, cotas e festivais: como a Coreia do Sul reinventou seu cinema e fez história no Oscar com 'Parasita'



O diretor Bong Joon Ho ao lado de estatuetas do OscarDireito de imagemREUTERS
Image caption'Parasita', do diretor Bong Joon-ho, ganhou quatro Oscars
Quando o diretor Bong Joon-ho subiu pela quarta vez ao palco do Oscar no domingo (09/02), para receber o prêmio de melhor filme por Parasita (2019), ele sabia que estava fazendo história.
Um filme falado em outro idioma que não o inglês nunca havia ganho o prêmio principal da cerimônia. Foi a consagração final do longa sul-coreano, que já havia vencido outras três das seis categorias em que concorria — diretor, filme internacional e roteiro original.
Mas a coleção de estatuetas de Parasita, o filme mais premiado da noite, tem um significado que vai além deste único filme.
O sucesso passa por uma década de ouro distante, um período de baixa durante a ditadura e um renascimento calcado em apoio do governo, fortalecimento da cultura e investimento de grandes grupos privados.
O cinema sul-coreano não havia recebido até então uma única indicação sequer ao Oscar, apesar de se reinventado a partir dos anos 1990, tornando-se um sucesso de bilheteria e crítica e conquistando prêmios nos mais importantes festivais do mundo.
O Oscar foi a forma de Hollywood, após ter ignorado os filmes da Coreia do Sul por tanto tempo, finalmente reconhecer sua qualidade, diz Marc Raymond, professor do Departamento de Comunicação da Universidade Kawngwoon, em Seul, na Coreia do Sul.
"Parasita é um filme excelente, feito por uma indústria excelente. Era vergonhoso que nenhum filme sul-coreano tivesse sido ainda indicado ao Oscar. E, de repente, veio uma enxurrada de prêmios. Foi um reconhecimento dos trabalhos feitos há quase duas décadas pelo país", afirma Raymond em entrevista à BBC News Brasil.

Ditadura militar e redemocratização

A Coreia do Sul começou a produzir seus primeiros filmes no começo do século 20, diz Raymond, e sua indústria atingiu um ponto de excelência nos anos 1950, que podem ser considerados "uma era de ouro" do cinema no país. Apesar de não ter sido reconhecido internacionalmente na época, o movimento daquela década foi bem sucedido nacionalmente.
Em 1961, um golpe militar deu início a um longo período de ditadura, que durou 26 anos e teve impacto bastante negativo sobre a indústria cinematográfica.
"A censura se instalou. Leis dificultavam a criação de estúdios e restringiam a quantidade de filmes independentes e mais criativos que eram financiados e produzidos. Nos anos 1970, a qualidade caiu bastante, e, nos anos 1980, piorou ainda mais. Os filmes não eram populares nem entre os coreanos, que preferiam os estrangeiros", afirma Raymond.
Cena de 'Parasita'Direito de imagemDIVULGAÇÃO
Image captionLonga sul-coreano foi o primeiro não falado em inglês premiado como melhor filme
Um movimento amparado na crescente insatisfação popular com o regime militar levou à convocação de eleições diretas e na restauração de direitos civis em 1987, quando teve início a redemocratização da Coreia do Sul.
Parte dos integrantes desse movimento pró-democracia e de esquerda passaram a ter mais poder na sociedade e um interesse maior pelas artes e pelo cinema, explica Raymond.
"Estas pessoas tentam criar um novo cinema nacional com filmes que tratam das questões sociais e políticas que ocorrem no país. Assim, o cinema sul-coreano cresceu gradualmente e ser tornou mais respeitado até que, no início do século 21, passou a fazer filmes de sucesso que competiam domesticamente com Hollywood."

Incentivo público, cotas, investimento privado e festivais

Algumas medidas do governo contribuíram para transformar a produção cinematográfica sul-coreana. Uma das principais políticas foi um sistema de cotas para filmes sul-coreanos nos cinemas do país.
Criado em 1966, ainda durante o regime militar, o programa previa um mínimo de dias de exibição para produções nacionais — a exigência foi progressivamente ampliada até atingir seu pico, de 146 dias, em 1985, dois anos antes do fim da ditadura e mantido neste patamar pelo regime democrático até 2006.
"Depois do período militar, também foram criados um conselho cinematográfico, uma academia de cinema e um arquivo do cinema coreano, como parte uma valorização do cinema por meio do incentivo e financiamento público da produção, distribuição e exibição de filmes do país", diz Josmar Reyes, professor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e pós-doutorando em cinema sul-coreano na Universidade Sorbonne, em Paris.
Cena de 'Oldboy'Direito de imagemDIVULGAÇÃO
Image caption'Oldboy' foi um dos primeiros filmes no cinema sul-coreano a se destacar desde sua retomada
Isso fez parte de uma política mais ampla do país de promover a chamada "onda coreana", ou Hallyu, ao investir em diferentes setores do culturais do país, como música pop, quadrinhos, séries de TV e novelas, além do cinema.
"É uma política de soft power do governo coreano para fazer com que a cultura coreana seja mais conhecida mundialmente e ampliar assim sua influência sobre o que acontece no mundo", diz Cecília Mello, professora de cinema da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (USP).
Reyes também destaca o projeto de reforma educacional promovido pelo governo que, entre outras coisas, incluiu o cinema no currículo escolar. "Os alunos estudam cinema, é um assunto cobrado no vestibular, o acesso dos estudantes aos filmes é facilitado. Isso cria um público para o cinema e as artes em geral", afirma o pesquisador.
A abertura de escolas e cursos de cinema a partir dos anos 1990 também teve um papel importante nesta reinvenção do cinema sul-coreano, ao promover uma mudança geracional na indústria.
"Hoje é mais comum as pessoas saírem dos cursos e já fazerem um filme, em vez de irem galgando postos até se tornarem diretores. Isso rejuvenesceu e revitalizou as produções da Coreia do Sul", diz Mello.
Com a popularização do cinema e o sucesso de bilheteria de alguns filmes, grandes conglomeradores empresariais, como Samsung e Hyundai, passaram a investir em produções cinematográficas ao perceber que eram negócios lucrativos.
Também houve um apoio relevante do poder público e da iniciativa privada para a criação de festivais de cinema locais, como o de Busan, um dos mais importantes da Ásia atualmente.
"Estes festivais deram uma chance para os novos cineastas se desenvolverem e exibirem seus trabalhos e a elevar o patamar do cinema sul-coreano", diz Raymond.

Uma política de sucesso

Desde então, produções como Oldboy (2003), O Hospedeiro (2006), A Criada (2016) e Em Chamas (2018) se destacaram no mercado internacional, conquistaram prêmios e atraíram atenção para o cinema que é produzido na Coreia do Sul.
"Há no cinema sul-coreano uma conciliação entre o cinema mais comercial e aquele dito de autor. O trabalhos de Bong Joon-ho são um grande exemplo disso. Ele e outros cineastas do país conseguem serem apreciados ao mesmo tempo pelo público mais geral e também aquele mais crítico e seletivo", diz Reyes.
Esta reinvenção da indústria cinematográfica foi tão bem sucedida que, em 2006, diante de uma participação de mais de 50% das produções sul-coreanas no total de ingressos vendidos no país — e de uma pressão do governo americano para que houvesse mais espaço para as produções de Hollywood nos cinemas sul-coreanos —, o limite mínimo do sistema de cotas foi reduzido pela metade.
Bong Joon Ho dirige uma cena de parasitaDireito de imagemDIVULGAÇÃO
Image captionBong Joon-ho faz parte de uma leva de cineastas do país que concilia o cinema autoral com o comercial
"Ao menos um filme nacional é lançado por semana. Todos os anos, quando se olha os dez maiores sucessos de bilheteria da Coreia do Sul, ao menos metade são filmes nacionais", diz Raymond.
Atualmente, afirma o pesquisador, a discussão em torno das cotas no país não se dá mais entre filmes coreanos e estrangeiros, mas entre grandes lançamentos nacionais e filmes independentes.
"O objetivo é manter telas livres para produções menores. É uma tentativa da indústria de se regular para garantir que haja diversidade e novos talentos surjam."
Raymond diz que o exemplo sul-coreano deixa clara a importância de um país dar o apoio necessário para que sua indústria cinematográfica se fortaleça e consiga conquistar seu espaço globalmente. No entanto, a Coreia do Sul tem algumas características peculiares que tornam difícil replicar esse esforço.
"Talvez o mais difícil seja criar um público para o cinema. A Coreia do Sul é um país onde as pessoas não vivem em casas grandes e muitos jovens moram com os pais. Por isso, buscam ir para a rua para fazer alguma coisa, e o cinema se encaixa perfeitamente nisso. Não sei se ainda há sede pela experiência do cinema em outros países como aqui."
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Despertencimentos


Se a história anuncia que o tempo não tem paradigma fixo, não é bom se desfazer das aventuras da memória. Pertenço a quem? Sou de que época? Quem me puniu com as alegorias do pecado original? Procuro pertencer a algum tempo ou mesmo sentir que o outro me faz olhar as histórias como ponto de identidade. Mas a multiplicidade se espalha. Posso afirma que Descartes encantou a racionalidades e que Freud trouxe reflexões inesperadas e atordoantes. Você pertence às geometrias de Descartes ou desafia os dogmas religiosos com ironia?
São andanças que não fogem de perguntas. Não eleja a quietude como a vestimenta do cotidiano. Cada dia significa uma explosão e não uma animação do progresso.Marx denunciou, Nietzsche sacudiu os valores, Hitler delirou com a possibilidade do horror. Portanto, achar que tudo se resolve com uma escolha é muito simples. Atravessamos ruas perigosas, mas montamos quarentenas nos quartos escuros de moradias abandonadas.
A quantidade assusta, pois mostra que as divergências não cessam. Quem estimula uma homogeneidade fica tonto, se desengana, acredita que a história termina como juízo final. Conte cada história sem ansiedade. Amanhã é um talvez e as notícias parecem não ter compromisso com a verdade. Tudo é mesmo confuso. A loucura não é o despertencimento. A loucura é uma travessia que não se fixa num ponto final e desconfia de deuses parasitas e distraídos.
Não se nomeie. Imagine que nasceu e não pediu para permanecer num mundo que se estende, porém é invadido pelo anônimo sem cerimônias programadas. A história não é destino, nem os anjos se interessam pelos pecadores ingratos. Há muitas respostas feitas para deixar a vida se enfeitar e evitar que o grito da carnaval seja o anúncio maior de felicidade. A escrita afirma que a palavra traz um azul que dialoga com os quadros de Magritte, O surrealismo muda e se agita o comum. Livre-se da agonia e das certezas seculares.
Por Paulo Rezende

Professor Edgar Bom Jardim - PE