domingo, 27 de outubro de 2019

João Lira faz mistério sobre Secretaria de Educação de Bom Jardim


O prefeito João Lira (PSD), ainda não fez o anúncio de quem assumirá  o comando da Secretaria de Educação do Bom Jardim. Na quinta-feira, 24 de outubro 2019, após chegar de Brasília,  divulgou para sua vice-prefeita, Ivonete Ivo e para o secretário de administração Lúcio Mário Cabral,  a necessidade de exonerar o secretário João Neto.  De imediato, o prefeito solicitou que fosse redigida a Portaria de Exoneração. Em seguida, determinou que fosse entregue ao ex-secretário o comunicado oficial.

A medida agradou uns e desagradou outros. O motivo é insatisfação, insegurança, ceticismo exagerado, eleições 2020. Houve até quem soltou fogos para comemorar o fato. Na verdade, todo Bom Jardim já esperava, curtia tal situação desde 2018.  Todos os envolvidos ficavam  esperando um pela decisão, atitude de coragem do outro. Descontentamentos de ambos os lados eram percebidos desde o ano passado. A "novela" anunciava,  previa para todo final do mês, este capítulo, "separação política".

O próximo capítulo é: Quem vai assumir a Secretaria de Educação do Bom Jardim? Será um técnico da equipe? Será a diretora de educação? Será a sobrinha do prefeito? Será uma ex-diretora da escola estadual? Será uma indicação política? Será um secretário de outra pasta? Será alguém de outro município? Será um ex-aliado político? Será uma ex-secretária de outra cidade? Será a diretora? Será homem ou mulher? Será que vai ser um sucesso ou um fracasso? Será que entende mesmo de educação, gestão, políticas públicas? Será que será? Será que conhece de fato o que é educação? Será que "terá carta branca"?  Será que a educação municipal irá ganhar com essa situação? Será que será? 

A política mexe com educação e educação mexe na política. Por enquanto, a falação é grande nos grupos das redes sociais, nas conversas de todos os lugares. A campanha de prefeito já começou em Bom Jardim, Pernambuco, Brasil. Há muitos debates, discussões, propagandas nas redes sociais, carros que faz praça, conversas de amigos e adversários.

Este é um bom momento para o prefeito João Lira tomar uma decisão acertada, rever ações, metodologias e medidas administrativas para o bem da educação do povo bonjardinense. É hora de pensar com calma, pensar um projeto com medidas bem estruturadoras, inovadoras, sustentáveis com a participação de todos pelo bem da educação. 

Confira as falas de João X João:

"Amigos bonjardinenses, diante dos fatos, atos e direitos garantidos a todos os brasileiros, que todos que tiver em pleno exercício dos direitos políticos, é garantido pela CF de VOTAR e ser VOTADO, e respeitado a vontade do Sr. João Neto, achamos prudente, coerente e até cordial, baixar Portaria Exonerando do Cargo de Secretário de Educação do nosso município, o Senhor João Neto para que o mesmo sinta-se bem mais à vontade para conduzir sua pré-campanha a prefeito no próximo ano, como assim também e à vontade e desejo de alguns eleitores. Na oportunidade quero agradecer ao nobre ex-Secretário pelo período que passou a frente da Secretaria de Educação, deseja-lhe sucesso na sua nova trajetória". *João Lira, o prefeito. (Facebook)






"Hoje pela noite recebi em minha casa o Secretário de Administração e amigo Lúcio Mário Cabral com uma carta me informando que eu havia sido exonerado do cargo de Secretário de Educação do município de Bom Jardim, mediante este fato queria tão somente expressar meu sentimento de gratidão e encerrar um ciclo iniciado em janeiro de 2017, quando fui empossado como Secretário de Educação da nossa amada Bom Jardim. Despeço-me tomado por um sentimento muito forte e muito representativo destes quase 03 anos que marcaram a minha passagem pela Secretaria Municipal de Educação: A GRATIDÃO.
Nesse breve espaço de tempo, procurei focar numa educação de qualidade para os estudantes e para os nobres colegas professores, valorizando o trabalho daqueles que se empenharam de forma extraordinária e jamais vista para mudar a realidade educacional do nosso município.
Diante de todas os avanços e vitórias obtidas, afirmo que estou com a sensação de dever cumprido, pois tenho a certeza de que minha gestão foi permeada pela união de esforços, pela humildade e principalmente pelo amor à causa da educação.
Dessa forma, venho aqui agradecer aos gestores escolares pelo apoio e dedicação inestimável, a todos que fazem e fizeram parte da “casa de educação” por todo o empenho e comprometimento na execução de suas tarefas, a todos os professores e funcionários por acreditarem e colaborarem no sonho de fazer da nossa Educação uma referência para a região. Tenho orgulho de ter feito parte dessa equipe!
Enfim, não poderia deixar de agradecer a minha família e amigos pela paciência, pois sempre estiveram ao meu lado me apoiando nos momentos de alegria e de angústia e trabalhando junto. O apoio e a parceria de todos foi fundamental para conseguirmos chegar tão longe e mudar a realidade educacional desse município tão promissor.
Meus desejos sinceros de que a nossa Educação continue a avançar, a prosperar, a formar e preparar a nossa juventude para um futuro que eles e Bom Jardim merecem, sempre próspero.
Recebam um forte abraço!
*João Neto - Janjão, ex-secretário. (Facebook)


Professor Edgar Bom Jardim - PE

Gravação indica que Domingos Brazão mandou Marielle

Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro. Foto: Mário Vasconcellos/CMRJ
MARIELLE FRANCO, VEREADORA ASSASSINADA NO RIO DE JANEIRO. FOTO: MÁRIO VASCONCELLOS/CMRJ

A vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes foram mortos a mando do político Domingos Brazão, que pagou por 500 mil reais pelo crime. É o que afirma o miliciano Jorge Alberto Moreth, durante uma conversa telefônica com o vereador Marcello Sicilliano (PHS), segundo documentos do Ministério Público Federal (MPF) obtidos pelo portal UOL.
Raquel Dodge, quando ainda ocupava o cargo de procuradora-geral da República, apresentou ao Superior Tribunal de Justiça denúncia por obstrução no caso Marielle.
Na gravação, o miliciano aponta os três verdadeiros assassinos da vereadora: Leonardo Gouveia da Silva, o Mad, Leonardo Luccas Pereira, o Leléo, e Edmilson Gomes Menezes, o Macaquinho.
Os indivíduos citados são matadores de aluguel do Escritório do Crime e chefiam uma milícia no Morro do Fubá, na zona norte do Rio de Janeiro, indicam investigações da Polícia Civil.
De acordo com Moreth, um dos líderes da milícia em Rio das Pedras – onde Brazão tem grande influência eleitoral -, o crime teve o comando de Ronald Paulo Alves Pereira, major da Polícia Militar (PM) e o apoio do major Ronald Paulo, que estava em outro carro no momento do assassinato.

A ligação, encontrada no celular de Sicilliano pela Polícia Federal, ocorreu em 8 de fevereiro de 2019. Na época, o vereador e o miliciano Orlando Araújo eram suspeitos de envolvimento no crime.
Moreth está preso desde maio.
Também estão detidos o PM da reserva Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio Vieira de Queiroz. Para a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro, eles são os assassinos da vereadora. Ambos negam participação no caso.
Diálogos
Na gravação, Sicilliano pergunta a Moreth quem era o mandante do crime. O miliciano responde que havia sido Brazão, adversário eleitoral do vereador. “Os moleques foram lá, montaram uma cabrazinha, fizeram o trabalho de casa, tudo bonitinho, ba-ba-ba, escoltaram, esperaram, papa-pa, pa-pa-pa pum. Foram lá e tacaram fogo nela [Marielle].”
O assassinato custou 500 mil e teria sido intermediado pelo ex-PM Marcus Vinicius Reis dos Santos, o Fininho, também membro da milícia de Rio das Pedras.
Moreth: Sim. Tu não conhece o “Fininho” não cara, que trabalha pro Brazão aqui no Rio das Pedras não? (…) Ele fez esse contato, o bagulhinho foi quinhentos conto, irmão, pra matar aquela merda, quinhentos cruzeiros. Cada um levou uma pontinha, o carro saiu realmente lá de cima do Floresta [um clube na zona oeste do Rio], eles foram lá, tiraram foto, câmera, ba-ba-ba, só que o carro era um doublé e o carro já acabou, a arma já acabou. Um dos moleques já está foragido por outras coisas, eles têm pica pra caralho. De todos esses caras que morreram eles têm pica. Quem empurrou foi os três moleques a mando de Sr Brazão, simples.
Na conversa, Moreth diz não saber a motivação do crime. “Agora, a motivação do Brazão, se foi por motivo torpe, ou por ganância, ou por raiva da mulher, por qualquer coisa … porque eles não acharam que ia dar essa repercussão toda, chefe!”
Carta Capital
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 26 de outubro de 2019

Chile:um povo unido contra a mentira e a exploração do capitalismo




Chile, 2019. Mais de um milhão de manifestantes em Santiago.
Sexta-feira, 18 de outubro - Começa um protesto contra o aumento do bilhete de metrô, que passou de 800 para 830 pesos (depois de outro aumento de 20 pesos em janeiro). A população ficou revoltada depois de uma onda de aumentos em diferentes setores.
O prédio da empresa de energia elétrica ENEL e uma filial do Banco Chile, ambos no centro, são incendiados, assim como várias estações de metrô, enquanto confrontos entre manifestantes e policiais aconteciam em diferentes partes da cidade.
À noite, o presidente Sebastián Piñera decreta estado de emergência em Santiago e estipula toque de recolher.
Sábado, 19 de outubro - Milhares de pessoas protestam contra injustiças sociais em Santiago e entram em confronto com militares. Os manifestantes lutam contra o aumento nos preços de combustíveis, remédios, alimentos, e também da água, que é completamente privatizada. Sem sistema de previdência pública, o Chile teve número recorde de suicídios entre idosos, por conta de não conseguirem custear remédios, alimentação, e moradia.
Pela primeira vez desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), milhares de soldados são enviados para as ruas, e o toque de recolher se dá de forma extremamente violenta.
Domingo, dia 20 de outubro - Os tumultos continuam, com novos confrontos no centro de Santiago. Pelo menos 78 estações de metrô sofrem depredações. Algumas delas foram completamente destruídas.
O estado de emergência se estende a nove das 16 regiões do país, e um toque de recolher é anunciado para a noite.


O presidente Piñera dá uma declaração: “Estamos em guerra contra um inimigo poderoso (povo) e implacável, que não respeita nada, nem ninguém, e está disposto a usar a violência e o crime sem qualquer limite".
Segunda, dia 21 de outubro - Quase todas as escolas e universidades da capital suspendem as aulas. O transporte público segue mas ainda bastante alterado. Longas filas se formam em postos de gasolina e supermercados. Piñera convoca uma reunião para o dia seguinte com os partidos políticos, para tentar alcançar um "pacto social".
Terça-feira, dia 22 de outubro - Apesar do pedido de "perdão" do presidente e do anúncio de um pacote de medidas sociais – aumento das pensões mais baixas, congelamento das tarifas de eletricidade –, a insatisfação social não diminui. Os principais sindicatos e movimentos sociais do país convocam uma greve geral.
Quarta-feira, dia 23 - Primeiro dia de greve, as manifestações continuam em várias cidades do Chile. Milhares de pessoas ocupam as ruas de Santiago, exigindo o fim das medidas de exceção e que "os militares voltem para o quartel". A multidão também exige respostas para a pior crise social do país em 30 anos.
O movimento é acompanhado pelos poderosos sindicatos das minas de cobre – o Chile é o principal produtor mundial desta commodity –, do pessoal da saúde e do setor portuário.
O governo apela à reserva militar e solicita mais 20.000 homens para “manter a ordem” nas ruas.
Fim do toque de recolher
Quinta-feira, dia 24 de outubro - As greves e manifestações continuam. Piñera anuncia um plano para encerrar o toque de recolher e pôr fim ao estado de emergência.

Desde o início do movimento, 19 pessoas morreram, incluindo uma criança de 4 anos, e 584 ficaram feridas, como resultado dos distúrbios que também levaram a centenas de detenções, de acordo com relatório do Instituto Nacional de Direitos Humanos.
Com Quebrando o TabuProfessor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Umari triste com a morte de João Pedro, filho do vereador Lenílson do Posto



Faleceu na manhã desta sexta-feira, em Recife, o garoto João Pedro de Souza Lima, aos 6 anos de idade, filho do casal Lenílson Lima e Joselany, ele vereador do município do Bom Jardim-PE.  O corpo de  João Pedro está sendo velado na residência dos seus pais na Vila Umari (sede do 4º Distrito do Bom Jardim-PE) e será sepultado neste sábado (26) no Cemitério de Surubim, às 16 horas. 

O garoto era aluno da Escola Monsenhor Jonas Menezes e Silva, em João Alfredo.


Com informações de Dimas Santos

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Bioética:Essenciais para o planeta, manguezais no Nordeste são 'sufocados' por petróleo



Praia de TamandaréDireito de imagemCLEMENTE COELHO JÚNIOR
Image captionManguezais no nordeste são atingidos por petróleo que assola costa brasileira há quase dois meses
O petróleo que há quase dois meses atinge a costa brasileira no maior acidente ambiental do país em extensão e duração chegou aos manguezais —e isso é grave.
Primeiro, porque os manguezais são "ecossistemas essenciais" para o planeta, como são unânimes em descrever os especialistas. Segundo, porque é praticamente impossível retirar o petróleo dessas regiões.
O óleo chegou a manguezais em pelo menos três Estados. Em Pernambuco, atingiu pelo menos sete rios. Também chegou a áreas de mangue em estuários de Sergipe e da Bahia.
Manguezais são ecossistemas costeiros, de transição entre a terra e o mar, que ficam em regiões tropicais e subtropicais do planeta. É ali onde ficam aquelas plantas retorcidas por cima da lama escura que, de acordo com a maré, ora ficam cobertas pela água salgada do mar, ora ficam expostas com as raízes fincadas na água que se mistura à dos rios.
Peixes, camarões, moluscos, caranguejos e outros organismos habitam esses ecossistemas.
O Brasil tem quase 14 mil quilômetros quadrados de áreas de manguezais, segundo o Atlas dos Manguezais do Brasil, um documento produzido pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) publicado em 2018.
Além disso, o país tem a maior extensão contínua de manguezais do mundo, e fica em segundo ou terceiro lugar entre os países com maior área de manguezal — a classificação muda de acordo com a metodologia aplicada.
Rio Massangana, PEDireito de imagemCLEMENTE COELHO JÚNIOR/DIVULGAÇÃO
Image captionManguezal é considerado um ecossistema essencial para o planeta: é berçário da vida marinha e contribui para o combate do aquecimento global
"Meu medo é que a gente dê muita atenção para a praia e se esqueça de olhar para o manguezal, onde tem o berçário das espécies. Isso vai ter impacto a médio e longo prazo muito grande", diz à BBC News Brasil Marcio Alves-Ferreira, professor do Departamento de Genética da UFRJ que pesquisou o impacto de petróleo em plantas de mangue.
E por que os manguezais são tão importantes para a natureza?
Eles prestam uma série de "serviços", de acordo com a professora do Instituto Oceonográfico da USP, Yara Schaeffer Novelli, e o biólogo e oceanógrafo Clemente Coelho Júnior, professor da Universidade de Pernambuco que está participando do trabalho de retirada de petróleo das praias. Ambos são fundadores do BiomaBrasil, instituto que dá capacitações formal e informal sobre conservação da biodiversidade.
Eles citam algumas dessas funções dos manguezais:
1. Berçário natural: de 70% a 80% das espécies de importância econômica passam pelo menos uma fase da vida nos sistemas de manguezal, o que faz com que os mangues sejam conhecidos como os "berçários naturais" da vida marinha.
Ali, os filhotes ficam em seus primeiros estágios de desenvolvimento, aproveitando o ambiente mais calmo, onde as raízes das árvores dão proteção e eles. Como é um ambiente cheio de nutrientes, os filhotes também têm alimentação ali. Depois, migram para o mar aberto.
2. Protege de processo natural de erosão: o mangue atenua o processo de erosão costeiro, protegendo todo litoral. A pressão e energia do mar que atingiriam a costa são dissipadas no mangue.
"O manguezal protege as costas das ações de ressacas, de tsunamis. Isso foi bem provado no tsunami de 2004, no dia 26 de dezembro em Sumatra [Indonésia]. Onde ainda havia manguezal, as comunidades que estavam por trás dessa barreira natural foram menos prejudicadas que aquelas comunidades que já haviam substituído os manguezais por resorts, plantações de arroz e outros", lembra Schaeffer Novelli.
Plantas no mangue em Rio Massangana, Suape (Pernambuco)Direito de imagemCLEMENTE COELHO JÚNIOR/DIVULGAÇÃO
Image captionOs manguezais também promovem um filtro biológico e retêm sedimentos de rios antes de seu desague no mar; na foto, rio Massangana, em Pernambuco
3. Filtro biológico: a floresta tem capacidade de "digerir" matéria orgânica e absorver muitos nutrientes. Se esgoto é lançado no rio, por exemplo, os mangues filtram isso, retendo as substâncias, absorvendo nutrientes e acumulando em sua biomassa.
4. Retenção de sedimentos: os rios correm arrastando solo e sedimentos, e quando chegam no estuário as partículas se acumulam nas raízes do mangue. Isso significa que o mangue cuida do leito do rio, assoreando, retendo os sedimentos antes de chegarem ao mar, garantindo uma água mais limpa na zona costeira.
5. Combate ao aquecimento global: dentro dos ecossistemas, as florestas de mangue são as que mais sequestram carbono da atmosfera. Isso significa que o mangue ajuda a combater o aquecimento global. "O manguezal tem importância nesse contexto moderno das mudanças climáticas por ser muito eficiente fixador e acumulador de carbono", diz Schaeffer Novelli.
6. Importância cultural e cênica: em muitas regiões as áreas de manguezal são tidas como sagradas. Além disso, sua beleza cênica é importante para o turismo.

'Como é que vai ficar a situação para quem vive só da pesca?'

A chegada do petróleo tem um impacto não apenas no ecossistema como também na renda de quem depende dele para sobreviver.
"Aqui no nosso estuário de Rio Formoso nós infelizmente já demos de cara com esse óleo. Tivemos sorte porque foi uma maré pequena. Mesmo assim, chegou a afetar os manguezais. Pouco, mas afetou", diz Francisco Assis, de 65 anos, pescador e secretário da colônia de pescadores de Rio Formoso, a 88km do Recife (PE).
Ele faz parte de um grupo de pescadores e voluntários que têm se empenhado para limpar os manguezais.
petróleo na Praia de TamandaréDireito de imagemCLEMENTE COELHO JÚNIOR/DIVULGAÇÃO
Image captionPetróleo visto na praia de Tamandaré, em Pernambuco; pescadores serão afetados pela redução de pescado e organismos contaminados
Ali, ele diz, há famílias inteiras que vivem da pesca. A colônia que representa tem cerca de 300 pescadores, mas ele estima que no município todo cerca de 2 mil pessoas trabalhem com a pesca, ganhando cerca de um salário mínimo (R$ 998) por mês, às vezes trabalhando com o corte de cana-de-açúcar de dia e a pesca à noite.
"Lá dentro é onde estão os moluscos, onde as marisqueiras... O sururu, o marisco, a ostra, aratu, caranguejo. Com a penetração desse óleo, vai comprometer todos esses seres vivos. Tudo isso é complicado para nós, pescadores. Sem contar a grande contaminação no peixe. Já encontramos peixe mortos no estuário. Isso dificulta para muito pescadores", lamenta. "Como é que vai ficar a situação para quem vive só da pesca?"
Ele faz uma pausa na entrevista à BBC News Brasil para conversar com outros pescadores que o procuravam. Ele conta o que disseram: "Uma pescadora comeu um peixe e depois passou mal. E depois outro pescador foi para a cidade vender os peixes. Chegando lá, eles estavam todos podres, sem condições de venda".
Esse impacto do petróleo nos manguezais é o mais próximo dos humanos. Mas por trás dele há todo um processo que afeta as plantas e os organismos, de forma imediata e depois de forma crônica.

Manguezal 'sufocado'

Ao chegar ao manguezal, o petróleo primeiro provoca um impacto agudo, diz Coelho Júnior à BBC News Brasil. Dependendo da maré, pode recobrir as raízes das plantas de mangue, o caule das árvores e os organismos que vivem ali.
Quando plantas de manguezais são atingidas por petróleo, elas sofrem o que se chama de "estresse". "As plantas são acostumadas a ficar sem água ou a ficar na água com sal. Mas elas não estão adaptadas a lidar com esse tipo de estresse do petróleo. Elas sofrem", diz Ferreira, o professor do Departamento de Genética da UFRJ. Ele é autor de um estudo publicado em 2018 que avaliou o que acontece geneticamente com as plantas expostas a petróleo.
Petróleo no rio Massangana, SuapeDireito de imagemCLEMENTE COELHO JÚNIOR/DIVULGAÇÃO
Image captionEspecialistas dizem que é praticamente 'impossível' retirar o petróleo do mangue
Ele diz que a reação das plantas observadas em sua pesquisa foi a seguinte: hipóxia, que é a falta de oxigênio e que impede que a planta respire, e estresse por calor, já que o petróleo impede a transpiração da planta para diminuir sua temperatura. Cobertas, as árvores também podem deixar de executar a fotossíntese e morrer.
Com a planta sob estresse, "o bioma passa a sofrer por conta de seu estado". Isso porque as plantas vão cessar sua atividade de crescimento e deixar de se reproduzir, sem produzir flores e sementes. Também não produzem novas raízes ou folhas, de onde animais se nutrem e se alimentam.
Segundo Ferreira, com a ausência dessa produção, os animais vão deixar a região, e em curto prazo será possível notar uma redução do pescado. Isso atrapalha toda a cadeia alimentar. Além disso, não haverá plantas novas para substituir as que morreram.
Depois, há um impacto crônico. Quando o petróleo começar a se decompor, vai liberar moléculas que podem ser nocivas. Os animais que entrarem em contato com as moléculas dissolvidas podem ter respostas de deformação de tecidos e órgãos, levando até à morte.
E, se não morrerem, isso pode ser transferido na cadeia alimentar para aves que os consomem, por exemplo, e inclusive para humanos, que também consomem esses animais.
Mapa dos Manguezais do Brasil produzido pelo IbamaDireito de imagemIBAMA
Image captionMapa dos Manguezais do Brasil produzido pelo Ibama mostra quantidade de ecossistema na costa brasileira
"Participei como perita judicial no caso de derramamento de óleo de 1983 no canal da Bertioga, que atingiu área muito grande de manguezal. Esse óleo impregnou no manguezal. As árvores perderam suas folhas, galhos, troncos", relata Schaeffer Novelli, da USP. "Matou todo o bosque, e esse óleo até hoje continua aprisionado no substrato daquele manguezal."
Todos os pesquisadores concordam que é muito difícil tirar o petróleo dos manguezais. Não existe protocolo no mundo sobre como fazer isso. É muito difícil tirar o petróleo incrustado nas raízes e troncos, e não dá para salvar os animais expostos, como os caranguejos, por exemplo, como é possível com tartarugas.
"Na praia é relativamente fácil para limpar, até. Quando chega no mangue, o petróleo cobre as raízes das plantas, e as plantas são especiais. Sufoca o manguezal. Não tem como tirar isso de maneira simples como se faz na praia. É dramático", diz Alexandre Soares Rosado, professor titular da UFRJ, do Instituto de Microbiologia. "Eu diria que é impossível", afirma Schaeffer Novelli, da USP.

E agora?

Por isso, a palavra que todos os especialistas repetem é "prevenir".
O Estado de Pernambuco colocou barreiras na desembocadura de oito rios. Em Sergipe, o governo federal só colocou barreiras depois de uma decisão da Justiça provocada por um pedido do Ministério Público. O governo argumentou que as barreiras não funcionariam.
"Nos casos em que o óleo derramado é de origem conhecida e sua dispersão é prevista, a instalação de barreiras em águas calmas é tecnicamente recomendável para proteger pontos sensíveis, como manguezais. Contudo, se os manguezais já estiverem oleados, a medida poderá provocar o efeito inverso e impedir a depuração natural do ambiente", disse o Ibama, em nota.
Clemente diz que não funcionam necessariamente 100%, mas já ajudam — ele viu o petróleo sendo retido em um barreira. "A questão agora não é se vai funcionar ou não. Temos que testar tudo o que pudermos. Não sabemos ainda quanto de petróleo vai chegar, então temos que recorrer a todas as coisas possíveis e imagináveis", diz ele, que também ressalta ser importante conter "as grandes manchas ainda em alto-mar".
Para Schaeffer Novelli, depois da contaminação será preciso fazer um monitoramento para entender o quão grave foi a contaminação. E também "um rescaldo, como depois de um grande incêndio: ver quanto custou, qual foi o prejuízo que os pescadores e marisqueiros tiveram, que os que têm jangadas e fazem passeios na zona costeira tiveram", entre outros.
Praia de TamandaréDireito de imagemCLEMENTE COELHO JÚNIOR
Image captionUma possibilidade para a retirada de petróleo dos manguezais a longo prazo é a biorremediação, mas não há garantia de que funcionará
Rosado, do Instituto de Microbiologia da UFRJ, já testou uma solução que normalmente fica restrita a laboratórios.
Em 2010, ele e outros pesquisadores fizeram um teste na Baía de Todos-os-Santos, que estava contaminada com petróleo. O que fizeram se chama biorremediação. O mangue tem bactérias já adaptadas para degradar hidrocarbonetos — e o petróleo é formado por hidrocarbonetos. Então, os cientistas usaram um coquetel de bactérias do próprio manguezal para degradar diferentes partes do óleo.
Como os manguezais não estão preparados para degradar tantos hidrocarbonetos, cientistas entram como médicos, fazem um diagnóstico e balanceiam a "dieta" do manguezal.
O experimento deu certo, mas Rosado diz que não existe fórmula mágica e será preciso avaliar cada contaminação em cada manguezal, já que há diferentes tipos de contaminação e diferentes tipos de manguezais. Não há garantias de que dê certo. Ele também usou a biorremediação na estação brasileira da Antártida, que pegou fogo em 2012 e deixou o solo contaminado com diesel.
Schaeffer Novelli diz esperar que os efeitos dessa contaminação de petróleo nos manguezais no nordeste do Brasil não sejam "tão dramáticos". "O óleo que está chegando é muito denso. Já perdeu grande parte de seus subprodutos químicos", diz ela. Então, o maior efeito desse petróleo pode ser "físico, de recobrir as estruturas".
"Esse óleo não deve penetrar tanto quanto um óleo mais novo, mais recente, mais fino, com componentes mais aromáticos como o de 1983 [do canal de Bertioga, onde ela trabalhou como perita]. Eu quero demais acreditar que o efeito seja mais físico, de recobrimento, ficando mais nas franjas, e que seus efeitos não sejam tão dramáticos."
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Ciência e Tecnologia:A pré-história da internet – e a palavra bíblica que deu seu pontapé inicial


El Pentágono en los años 60.Direito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO Pentágono nos anos 60; a partir dali, nasceu a rede precursora da internet
Na década de 1960, Bob Taylor, um engenheiro que já havia estudado psicologia, trabalhava no Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos EUA na capital, Washington DC.
Ele ficava no terceiro andar, perto do secretário de Defesa e do chefe de uma agência fundada em 1958 como parte desse setor: a Agência de Projetos de Pesquisa Avançada (Darpa, na sigla em inglês).
Estava agência tinha entrado inicialmente na corrida espacial, mas a Nasa, criada alguns meses depois, a eclipsou.
Tudo parecia indicar que a Darpa não tinha futuro, mas ela se reergueu e teve um papel fundamental em tecnologias transformadoras.
Bob TaylorDireito de imagemGARDNER CAMPBELL/WIKIPEDIA
Image captionTaylor estudou psicologia na universidade antes de trabalhar como engenheiro aeronáutico, passar pela Nasa e chegar à Darpa

Três terminais espalhados pelos EUA

A ressurreição começou em 1966, quando Taylor e a Darpa plantaram a semente de algo grande
Ao lado do escritório do engenheiro, havia uma sala de terminais, um pequeno espaço no qual havia três terminais de acesso remoto com três teclados diferentes, um do lado do outro.
Cada terminal permitia que Taylor emitisse comandos para um computador mainframe (de grande porte, responsável por processar um volume grande de informações) distante.
Um deles estava no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), a mais de 700 km de distância dali.
Outros dois estavam do outro lado do país, na outra costa: um na Universidade da Califórnia e o outro no Comando Aéreo Estratégico de Santa Mônica (também na Califórnia), chamado AN / FSQ32XD1A — ou Q32, para abreviar.
Cada um desses enormes computadores exigia um procedimento de login e uma linguagem de programação diferente.
Era, como definiram os historiadores Katie Hafner e Matthew Lyon, como "ter uma sala lotada de várias televisões, cada uma dedicada a um canal diferente".
Ainda que Taylor pudesse acessar esses computadores remotamente por meio de seus terminais, eles não podiam se conectar facilmente entre si ou com outros computadores financiados pela Darpa nos Estados Unidos.
Era quase impossível compartilhar dados, fazer conjuntamente um cálculo complexo ou até enviar uma mensagem entre esses computadores.

'Comece, você terá US$ 1 milhão a mais'

O próximo passo era óbvio, diz Taylor.
"Tínhamos de encontrar uma maneira de conectar todas essas máquinas diferentes", propôs Taylor.
Taylor falou com o então chefe da Darpa, Charles Herzfeld, sobre seu plano.
"Já sabemos como fazer isso", assegurou ele, embora não estivesse claro se alguém realmente sabia como conectar uma rede nacional de computadores mainframe.
"Ótima ideia!", exclamou Herzfeld. "Comece. Você terá US$ 1 milhão a mais em seu orçamento."
A reunião levou 20 minutos.

Desafio formidável

Ovo com ilustração mostrando rede representando a internet dentroDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionHavia algo nascendo, só talvez não se sabia o quão grandioso
Larry Roberts, do MIT, já havia conseguido que um de seus computadores mainframes compartilhasse dados com o Q-32: dois supercomputadores conversando por telefone.
Chegar a isso foi um processo lento e desafiador.
Mas Taylor, Roberts e seus colegas visionários tinham algo muito mais ambicioso em mente: uma rede à qual qualquer computador pudesse se conectar.
Como Roberts disse na época, "quase todos os elementos concebíveis de hardwaree softwarede computadores estarão na rede".
Foi uma grande oportunidade, mas também um desafio enorme.

Motor de Ferrari para aquecer... um bife?

Os computadores eram raros, caros e frágeis para os padrões de hoje.
Geralmente, eram máquinas programadas manualmente pelos cientistas que as usavam.
Quem convenceria aqueles poucos privilegiados a deixar de lado seus projetos para escrever um código a serviço da troca de dados com outras pessoas?
Era como pedir ao dono de uma Ferrari que desligasse o motor para aquecer um bife que o cachorro de outra pessoa iria comer.
Felizmente, outro pioneiro da computação, o físico Wesley Clark, surgiu com uma solução.
Ilustração mostra foto de Larry Roberts e desenhos feitos por ele em 1969, projetando a Arpanet
Image captionDesenhos feitos por Larry Roberts em 1969 projetando a Arpanet

Novas oportunidades com os minicomputadores

Clark vinha acompanhando o surgimento de uma nova geração de computadores.
O minicomputador era modesto e econômico em comparação com os mainframes do tamanho de uma sala instalados nas universidades dos EUA.
Clark sugeriu a instalação de um minicomputador em cada ponto desta nova rede.
mainframe local, o enorme Q-32, por exemplo, se comunicaria com um minicomputador perto dele.
Foto do PDP-8, o primeiro minicomputador, fabricado pela DECDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO PDP-8, o primeiro minicomputador, fabricado pela DEC
O minicomputador ficaria encarregado de se comunicar com todos os outros minicomputadores da rede. Ele seria responsável também pelo novo e interessante desafio de transportar pacotes de dados de forma confiável para que chegassem a seu destino.
Todos os minicomputadores funcionariam da mesma maneira; portanto, se você escrevesse um programa de rede para um, ele funcionaria em todos.
Adam Smith, o pai da economia, teria ficado orgulhoso da maneira como Clark estava se aproveitando da especialização e divisão do trabalho.
Os mainframes existentes continuariam a fazer o que já faziam bem. Já os novos minicomputadores seriam otimizados para gerenciar a rede de maneira confiável, sem falhas.

À prova de estudantes

A beleza da ideia de Clark era que cada unidade central local tinha que simplesmente se comunicar com a pequena caixa preta ao lado: o minicomputador local.
Essa era a única coisa necessária para conectar-se a toda a rede.
As "pequenas caixas pretas" eram na verdade grandes e cinza e foram chamadas de IMP (Interface Message Processors).
Os IMPs eram versões personalizadas dos minicomputadores Honeywell, que tinham tamanho de geladeiras e pesavam mais de 400 kg.
Outro superlativo: custavam US$ 80 mil cada, cerca de US$ 500 mil em valores de hoje (cerca de R$ 2 milhões).
Os projetistas da rede queriam processadores de mensagens que trabalhassem em silêncio, com supervisão mínima e que resistissem à ação de calor ou frio, vibrações ou oscilações, mofo, ratos e, o pior, de estudantes curiosos armados com chaves de fenda.
Os computadores Honeywell, na época usados pelo setor militar, pareciam um ponto de partida ideal, embora a blindagem das máquinas fosse, talvez, um pouco excessiva.

'Lo!'

Um mapa com pontos, destinos e conexões da Arpanet inicialDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionUm mapa com pontos, destinos e conexões da Arpanet inicial
O protótipo, IMP 0, estava pronto no início de 1969. Mas não funcionou.
Um jovem engenheiro tentou consertá-lo por meses, desenvolvendo e enrolando manualmente fios em torno de palitos de metal separados por uma distância de aproximadamente 1 milímetro.
Somente em outubro daquele ano, é que o IMP 1 e o IMP 2 estavam prontos para uso na Universidade da Califórnia e no Stanford Research Institute, a mais de 500 km de distância um do outro.
Em 29 de outubro de 1969, dois computadores centrais (mainframe) trocaram sua primeira palavra por meio de seus IMPs complementares.
A palavra foi: "Lo", uma interjeição de supresa que significa algo como "veja!" e que aparece em traduções para o inglês da Bíblia.
A verdade é que a intenção inicial do operador era escrever "Login", mas a rede caiu após as duas letras surgirem.
Um começo difícil, mas a Arpanet estava ligada.
Outras redes se seguiram, e o projeto da década seguinte foi interconectá-las em uma rede de redes, ou simplesmente a "internet" — "net" em inglês quer dizer "rede".
Finalmente, os IMPs foram substituídos por dispositivos mais modernos chamados roteadores. No final dos anos 80, aqueles já eram peças de museu.
Mas o mundo que Roberts havia previsto, no qual "quase todos os elementos concebíveis de hardware e software de computadores estarão na rede" estava se tornando realidade.
E os IMPs abriram e mostraram o caminho.
E a Darpa? Graças ao sucesso desta missão, da qualidade de seus funcionários e à confiança em seus projetos, a agência continua hoje tendo papel fundamental no desenvolvimento tecnológico, como na criação do sistema de posicionamento global, o GPS e, mais recentemente, nos carros sem motorista.
Tim Harford escreve a coluna "Economista clandestino" no jornal britânico Financial Times. O Serviço Mundial da BBC transmite a serie 50 Things That Made the Modern Economy. Você pode encontrar mais informações sobre as fontes do programa escutar todos os episodios, ou ainda al seguir o podcast da serie (em inglês).
Professor Edgar Bom Jardim - PE