domingo, 24 de fevereiro de 2019

João Lira:'transporte escolar será normalizados depois do carnaval"


O começo do ano letivo da Rede Municipal de Ensino do Bom Jardim - PE, em  2019, tem sido marcado por polêmicas: Transporte para estudantes, pintura de escolas, uso de quadra escolar pela comunidade.
No tocante ao transporte escolar, estudantes de muitas comunidades vêm sendo prejudicados. Chegou o primeiro dia de aula e os carros contratados para o transporte do estudante não estava à disposição do alunado. A expectativa de algumas crianças foi frustada. Mães fizeram depoimentos nas rede sociais relatando as queixas,  outras postaram vídeo para sensibilizar os gestores municipais e ao mesmo tempo protestar contra a situação.

Acesse aqui o vídeo:/www.facebook.com/telma.aguiar.581/videos/2322606694687967/? 


O prefeito João Lira afirma que não tem culpa e divulgou uma Nota Oficial  explicando a situação.  Confira o texto abaixo:


"Senhores pais, prezados alunos;:

Através da presente nota, venho esclarecer a todos interessados, principalmente aos alunos que a rede municipal de ensino está deixando de fornecer a quantidade de transporte escolar indispensável aos alunos por não ter tido resultado satisfatório por parte da empresa vencedora da licitação dos transportes escolares. Esclareço ainda que durante estes dois anos de gestão os quatros processos de licitações que a prefeitura fez, todas foram fracassadas, pois as empresas que vencem o certame não cumprem as exigências da Lei de Licitações. Ainda esclarecendo, informamos a todos que todos  estes processos são enviados ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas do Estado para que os órgãos fiscalizadores tomem as providências, no sentido de punir as empresas que participaram das Licitações e descumprem a Lei.  Na próxima quarta-feira estarei em reunião com os técnicos da Inspetoria do TCE em Surubim em busca de soluções para em regime de urgência normalizar os serviços de transportes escolares".
O prefeito afirmou ao blog professoredgarbomjardim-pe.blogspot.com/ que: " lamenta a situação, disse  não ser relapso  com a educação municipal. A gestão fez tudo certo,  infelizmente não teve sorte quanto ao processo licitatório. São as exigências da Lei 8666. Temos que cumprir para que depois o município e o gestor não venham a ser penalizados. Lamentavelmente a  empresa vencedora não cumpriu com as regras estabelecidas, não tinha o quantitativo de veículos  necessários para atender a demanda municipal. Estou em permanentemente contato com o Tribunal de Contas e o Ministério Público. Mostro as dificuldades e peço orientações. Quero solucionar o problema o mais rápido possível conforme os trâmites e prazos legais. Quero tranquilizar a população que até a primeira semana pós  carnaval tudo será normalizado. O TCE já autorizou fazer uma nova dispensa para contratação dos transportes. Peço aos munícipes um pouco mais de paciência,  tudo será normalizado, declarou, João Lira".

A cidadania bonjardinense perde neste jogo burocrático.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Domingo de frevo para comemorar os 25 anos do Frango da Madrugada



O Bloco Frango da Madrugada comemora seus 25 anos de desfile no carnaval bonjardinense. A Concentração é na casa de um de seus fundadores, Mário Cabral, bem na frente do clube Varonil. Como manda a tradição às 12 horas começa a festança. Os participantes se deliciam de feijoada, cantam, bebem batida de maracujá, ficam conversando sobre a cidade, o futebol, o carnaval, a reforma da previdência...  O desfile acontece às 16 horas ao som de orquestra de frevo.   

Venha participar deste festa. Viva a alegria do Carnaval Levino Ferreira 2019. Brinque na paz!
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Jogos de guerra... posicionando o peão no jogo de xadrez.

De:Mais Geografia
www.facebook.com/muitomaisgeografia/
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Baile Municipal anima prévias em Bom Jardim

Carnaval 2019. Veja fotos da animação
                                     






Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

'Todos os meus sonhos ruindo': o drama dos metalúrgicos com fechamento de fábrica da Ford em SP


Metalúrgicos da Ford, em protesto na frente da empresaDireito de imagemADONIS GUERRA/SMABC/DIVULGAÇÃO
Image captionTrabalhadores da Ford iniciaram uma paralisação depois do anúncio de fechamento da fábrica de São Bernardo do Campo
"Quando você entra na Ford, você realiza um sonho que tinha desde criança. Pronto, você entrou, virou um metalúrgico, como o seu pai. É um sonho realizado que vai te ajudar a atingir outros sonhos: ter uma casa, ter uma família, fazer faculdade, comprar um carro. Então, você me perguntou o que eu senti ontem. Senti como se todos esses sonhos estivessem ruindo."
Em um bar ao lado da Ford, em São Bernardo do Campo, o metalúrgico Gustavo Alves, de 30 anos, fala com a BBC News Brasil enquanto seus colegas conversam sobre o futuro incerto que todos ali devem enfrentar nos próximos dias.
A Ford mudará a decisão de fechar a fábrica na cidade conforme anunciou na terça? E se houver mobilização dos trabalhadores? O sindicato vai conseguir negociar? A greve continuará? O governo pode ajudar? E se nada der certo, até quando eles terão emprego? Como ficarão os benefícios?
Não é que eles não soubessem que algo poderia acontecer na companhia, pois os rumores de que a unidade poderia fechar já circulavam havia algum tempo em virtude dos prejuízos da empresa na América do Sul. Nos últimos anos, os funcionários se acostumaram aos cortes de benefícios, congelamento de salários, demissões e redução de jornada de trabalho.
A unidade montava principalmente caminhões, mas vinha operando bastante abaixo da capacidade. Em 2018, por exemplo, a fábrica produziu apenas 19% dos 89 mil caminhões que é capaz de montar, segundo dados da empresa. Por causa disso, um acordo reduziu a jornada dos empregados – eles estavam trabalhando apenas três dias por semana.
Gustavo Alves, de 30 anos, funcionário da Ford
Image captionGustavo Alves, de 30 anos, começou a trabalhar na Ford em 2014, indicado por seu pai, que se aposentou pela empresa
"Quando entrei, em 2014, essa fábrica tinha 7 mil trabalhadores", diz Gustavo, mais tarde, enquanto abre as portas de seu Fiesta, carro Ford. Hoje, ela opera com 2,8 mil funcionários diretos, de acordo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Todos serão demitidos com o fechamento da unidade.
Segundo o sindicato, o anúncio deve impactar cerca de 24 mil empregos diretos e indiretos - entre terceirizados e fornecedores. Além disso, bares e restaurantes do entorno devem ser afetados com a saída da massa de funcionários.
A notícia do fechamento da fábrica, no entanto, surpreendeu os trabalhadores na terça-feira, logo após o almoço. "Ninguém esperava que fosse assim. Depois de uma reunião, nossos representantes pararam a produção e avisaram sobre o anúncio", diz Gustavo, montador de painéis de caminhões. "Foi um choque."
Em seguida, os trabalhadores entraram em greve atrás de um acordo para evitar o encerramento das atividades. No entanto, não há informação de que isso possa ocorrer, pois a decisão foi tomada pela cúpula da empresa.

Filho de metalúrgico, metalúrgico é

Gustavo entrou na Ford depois de uma indicação do pai, Armezino, que se aposentou pela empresa depois de 30 anos de trabalho como ponteador de peças. Conhecido por Tucano, o metalúrgico foi sindicalista e participou das históricas greves em fábricas do ABC, movimento que lançou Luiz Inácio Lula da Silva como uma figura política importante e popular entre as camadas mais pobres.
"Sempre quis ser metalúrgico da Ford, porque eu acompanhava meu pai desde moleque. Ele me trazia aqui, me levava no sindicato, eu via como era aquela vida de luta", diz o jovem. "O que agora me deixa mais triste é que a gente se sacrificou pela empresa, cedendo benefícios, deixando de receber aumento real. E agora, ela nos deixa na mão."
A história familiar de Clayton Diogenes da Silva, de 43 anos, também se confunde com a Ford - a fábrica em São Bernardo existe desde 1967. Entre os colegas, ele é conhecido por Risadinha (o sorriso fácil, mesmo quando fala de coisas tristes, talvez explique o apelido).
Clayton Diogenes da Silva, 43, funcionário da Ford
Image captionClayton Diogenes da Silva, 43, e seu pai Antonio Carlos trabalharam por décadas na Ford em São Bernardo do Campo
"Foi na Ford que meu pai criou cinco filhos e que eu criei meus dois", diz o inspetor de processo, há 23 anos na fábrica. "Entrei com 19 anos, e ainda trabalhei um ano com meu pai aqui."
O pai, Antonio Carlos da Silva, ficou 25 anos na unidade, parte deles como inspetor de qualidade de motores. "Em 1971, quando entrei como chão de fábrica, a gente fazia Maverick, Belina, Landau", diz Antonio, mais tarde, por telefone.
Já seu filho, o Risadinha, passou pelas fases Escort, Verona, Ka, Fiesta. "Nossa família se formou na Ford, primos e tios também trabalharam aqui, temos um apreço muito grande pela empresa", afirma. "Só compramos carros da Ford. Se um parente aparece com um Volks, a gente exclui da família", brinca.

O que diz a Ford?

A montadora americana afirma que vai encerrar as atividades da fábrica em São Bernardo ao longo deste ano, acabando com o setor de caminhões e transferindo a montagem do modelo Fiesta para outras unidades no país. Um acordo entre a companhia e o sindicato prevê estabilidade dos trabalhadores até novembro.
Em nota, a Ford explica que a decisão de deixar o mercado de caminhões "foi tomada após vários meses de busca por alternativas, que incluíram a possibilidade de parcerias e venda da operação. A manutenção do negócio teria exigido um volume expressivo de investimentos sem, no entanto, apresentar um caminho viável para um negócio lucrativo e sustentável".
A empresa prevê um gasto de R$ 1,7 bilhão com "compensações de funcionários, concessionários e fornecedores."
"Sabemos que essa decisão terá um impacto significativo sobre os nossos funcionários de São Bernardo do Campo e, por isso, trabalharemos com todos os nossos parceiros nos próximos passos", disse Lyle Watters, presidente da Ford América do Sul.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, criticou o anúncio e disse que os trabalhadores vão se mobilizar. "Nossa decisão é de resistência, nós não vamos aceitar. O que vamos fazer? Tudo, tudo o que aprendemos no movimento sindical. Se tiver que fazer greve, vamos fazer. Ou acampamento. Se tiver que negociar, vamos negociar", afirmou à BBC News Brasil.
O prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), mostrou indignação com a decisão da montadora americana. "Não aceito a forma que está sendo feito. Não considero correto, acho um desrespeito com os trabalhadores e com a cidade", disse, em um vídeo nas redes sociais.
Entrada da Ford em São Bernardo do Campo, SPDireito de imagemREUTERS
Image captionFord afirma que vai acabar com setor de caminhões, em São Bernardo do Campo

E o futuro dos metalúrgicos?

Para o preparador de máquinas Anderson Viana, de 38 anos, conhecido entre os colegas como Pitchulinha, o desemprego pode significar sérias dificuldades para sustentar seus dois filhos. "Também tenho um irmão deficiente, com paralisia cerebral, que depende de mim. A Ford é meu ganha pão, minha vida digna depende dela", diz.
Quando entrou na empresa em 2010, Anderson pensava que seu bem-estar estava garantido por muito tempo - o salário médio na empresa é de cerca de R$ 6.000. "Achava que eu iria me aposentar aqui, sonhava que meu filho viesse trabalhar na Ford. Mas parece que a empresa não teve pena de ninguém, como se a gente fosse uma mercadoria que se descarta, como se fosse um carro", diz.
Seu colega, o funileiro de produção Sergio Soares, de 50 anos, conta como o emprego na montadora melhorou sua vida. "A Ford significou uma mudança. Você vai subindo na folha, vai melhorando. Compra casa, carro, faz faculdade", enumera.
Ele está há 25 anos na fábrica de São Bernardo, e tem esperança de que o sindicato da categoria consiga reverter o jogo, como tantas vezes conseguiu ao longo de sua história de mobilizações. "Espero que a gente mude essa decisão, porque terá um impacto muito grande na vida das pessoas."
Já Clayton Diogenes da Silva, o Risadinha, não acredita muito no futuro como metalúrgico. "Aqui no ABC, o auge da cadeia produtiva era ser metalúrgico de uma montadora", diz ele, cuja faculdade de tecnologia em processo de produção foi paga pela Ford. "Nós, da área de tecnologia, sabemos quando nossa mão de obra fica obsoleta."
Seu pai, o aposentado Antonio Carlos, é um pouco mais otimista, embora perceba que, dessa vez, o cenário parece pior que o da sua época. "Quando entrei na Ford, em 1971, já tinha um papo de que a fábrica de São Bernardo iria fechar. Mas era só fofoca entre os peões, nunca teve um anúncio como esse", diz.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Pedreiro desafia canalhas covardes


São Paulo – Após o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ,) prometer empenho pela aprovação da reforma da Previdência e dizer que "todo mundo consegue trabalhar até os 80 anos", à Globo News, um ajudante de pedreiro publicou nas redes sociais um vídeo em que desafia o parlamentar, "convidando" Maia a trabalhar um mês ao seu lado.  
"Se você passar 30 dias trabalhando aqui, eu abro mão da aposentadoria. Ele disse que um homem pode trabalhar até os 80 anos, então vem passar 30 dias comigo, comendo marmita e batendo concreto. Se você conseguir, eu trabalho até morrer sem me aposentar", afirma no vídeo, enquanto mistura a massa de cimento, areia e pedras.
O pedreiro protesta contra a proposta de reforma da Previdência  que exige 40 anos de contribuição para que um trabalhador consiga se aposentar com 100% da média dos salários de todo esse período. 
Maia afirmou nesta quarta-feira (20) que a tramitação da reforma da Previdência será iniciada já na próxima terça (26), quando será instalada a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. 
Pedreiro desafia Maia
'Ele disse que um homem pode trabalhar até os 80 anos, então vem passar 30 dias comigo', disse o ajudante de pedreiro
Fonte:redebrasilatual.com.br
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

A memória não se aquieta


Resultado de imagem para fotografias de charles chaplin

Fico pensando nas coisas que aparecem e depois se vão. Há teorias efêmeras, outras fazem sucesso e se fixam como decifradores das histórias. Portanto, a moda acompanha as trajetórias. Nem sempre é a qualidade que dita os rumos. Tudo tem uma complexidade que só aumenta. Muitas culturas se confrontando, muitas tradições sendo ameaçadas pela globalização. O debate sobre a memória assume um lugar especial. Quem lê, sabe que a memória está presente em quase todas as páginas. Na academia, é assunto polêmico, mas, curtido. Surgem as perguntas, as travessias intelectuais, as rivalidades. Quem vou citar: Rancière, Foucault, Castoriadis, Freud?
Na vida, as lembranças nos colocam nostalgias incríveis. Uma conversa traz tempos que pareciam perdidos. Uma aventura de idas e vindas assustadoras e lúdicas. O passado é muito misturado. Há relações escondidas e um inconsciente misterioso. De repente, as cores se desbotam e uma carnaval ,de paixão antiga, se desmancha. A memória brinca, seleciona, distrai. Esquecer tudo é impossível. Há relações nada animadores que se mantêm. Sou avisado sobre escorregões que levei. E os amores que se esgotaram? E as tristezas que não se foram?
O eu se inquieta. Muitas acrobacias atiçam cada sentimento da vida. Os objetos são tocados, mostram vestígios. Ficam marcas, pois os afetos não são simples. Aquela camisa vermelha, aquela romance de Mia Couto, aquela menina travessa. Conceituar a memória não resolve. Quem escreve assume perigo quando formula saídas para definir situações. Há quem confunda, há quem estique sua fantasia, há quem apenas festeje as intrigas mais famosas. Não existem certezas absolutas, porém sem memória a história se arruína. Qual a estrada? Qual a encruzilhada? Qual o corpo? Qual a fascinação? Quem delira? E o perfume que se instalou no lenço azul?
Escuto quem se lança nas recordações. Sei que há  terras para desenhar labirintos. Observo que a lucidez também é um jogo. As regras estão no mundo.Posso simplificar: a memória é uma dança que envolve o esquecer e o lembrar. Quando ela se veste para viver o drama de uma tango?Deixar as perguntas flutuarem movimenta os projetos. Será que eles se impõem? Cultivar o vazio é renunciar as andanças necessárias para inventar o mundo. As palavras ajudam a multiplicar os significados. Por que se afogar nas aflições?O ponto final incomoda. Mas o cais está iluminado, há barcos quebrados, velas rasgadas, ruídos vibrantes A memória é uma navegação abraçada ao passado?

Por Antonio Rezende. A astúcia de Ulisses.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Bebianno exonerado: o que a saída de ministro indica sobre a influência dos filhos de Bolsonaro e das redes sociais no governo

Gustavo BebianoDireito de imagemAGÊNCIA BRASIL
Image captionSaída de Bebianno é resultado de crise de que o PSL direcionou verbas públicas a candidaturas laranjas
O episódio que levou à saída do ex-ministro da Secretaria-Geral Gustavo Bebianno - a primeira baixa entre a equipe de ministros do presidente Jair Bolsonaro - expõe duas importantes características que devem permear todo o mandato do novo presidente. São elas: a influência dos três filhos políticos de Bolsonaro sobre o governo do presidente e o uso das redes sociais até para expor e elevar a temperatura das crises internas.
A decisão de exonerar Bebianno, que era o único nome do PSL no Palácio do Planalto, foi comunicada oficialmente nesta segunda-feira pelo porta voz da presidência, general Rêgo Barros.
"O presidente da República agradece a sua dedicação à frente da pasta e deseja sucesso na nova caminhada", diz a curta nota lida pelo porta-voz.
Rêgo Barros evitou dar mais informações sobre a decisão e se limitou a dizer que o motivo da exoneração do ministro é de foro íntimo do presidente, embora o próprio Bolsonaro tenha compartilhado elementos da crise na sua rede social.
Em vídeo divulgado nas redes sociais pouco antes do anúncio da exoneração, no entanto, o presidente confirmou a saída, mas teceu elogios ao seu ex-ministro e coordenador de campanha. "Comunico que, desde a semana passada, diferentes pontos de vista sobre questões relevantes trouxeram a necessidade de uma reavaliação. Avalio que pode ter havido incompreensões e questões mal entendidas de parte a parte, não sendo adequado pré-julgamento de qualquer natureza", afirmou, no vídeo
"Tenho que reconhecer a dedicação e comprometimento do senhor Gustavo Bebianno a frente da coordenação da campanha eleitoral em 2018. Seu trabalho foi importante para o nosso êxito. Agradeço ao senhor Gustavo pelo esforço e empenho quando exerceu a direção nacional do PSL e continuo acreditando na sua seriedade e qualidade do seu trabalho. Reconheço também sua dedicação e esforço durante o período que esteve no governo", disse o presidente Bolsonaro.

Mais um general na equipe do governo

Com a saída de Bebianno assume o cargo o general Floriano Peixoto, que ocupava a função de secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência, fortalecendo o grupo militar que integra o governo. Em conversas internas, integrantes da ala militar dizem que o presidente precisa ter mais cuidado para controlar a influência dos filhos no governo federal.
A saída de Bebianno é resultado de uma crise que se arrasta desde a semana passada, após a revelação de que o PSL, partido do presidente, direcionou verbas públicas a candidatas laranjas.
Desde que Bolsonaro retornou a Brasília, na quarta-feira, após 17 dias internado em São Paulo devido à cirurgia para retirada da bolsa de colostomia, o assunto dominou as discussões no governo, no mesmo momento em que a nova equipe prepara o envio da reforma da Previdência ao Congresso.
A evidente influência dos filhos no governo e a forma como o presidente reagiu à situação, ao compartilhar mensagem em que Carlos Bolsonaro dizia que Bebianno mentiu, chamou a atenção de especialistas. Cientistas políticos ouvidos pela BBC News Brasil apontam que o presidente fugiu dos padrões ao expor o desentendimento em rede social, em vez de solucioná-lo de forma interna e reservada.

O PSL e as candidaturas laranjas

A Folha de S.Paulo revelou esquema de candidaturas laranjas no PSL, em Minas Gerais e Pernambuco, que direcionou dinheiro público a empresas ligadas ao ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, e a uma gráfica de fachada. Bebianno foi presidente do partido durante a eleição de 2018 e, segundo o jornal, foi responsável pela distribuição de verbas públicas a candidatos nos Estados.
Bebianno também teria autorizado os repasses de R$ 400 mil para uma suposta candidata laranja apoiada pelo atual presidente nacional do PSL e deputado federal por Pernambuco, Luciano Bivar.
Gustavo Bebiano em entrevista para jornalistasDireito de imagemAGÊNCIA BRASIL
Image captionSaída de Bebinao expõe influencia de filhos do presidente nas redes sociais
Na terça-feira, quando rumores sobre uma suposta demissão já circulavam no governo, Bebianno disse que tinha falado com Bolsonaro por meio do aplicativo WhatsApp. "Não existe crise nenhuma. Só hoje falei três vezes com o presidente", disse ele ao jornal O Globo.
Mas, ao longo da quarta-feira, Bebianno foi desmentido em público duas vezes: primeiro, pelo vereador carioca Carlos Bolsonaro (PSL), filho do presidente; e depois pelo próprio Jair Bolsonaro. No Twitter, Carlos publicou uma gravação de áudio em que o pai rechaça um pedido de Bebianno para conversar; a mensagem foi mais tarde reproduzida no perfil oficial do presidente na rede social.
"Gustavo, está complicado eu conversar ainda. Então, não vou falar com ninguém a não ser estritamente o essencial. E estou em fase final de exames para possível baixa (do hospital) hoje, tá ok? Boa sorte aí", diz Bolsonaro no áudio.
Mais tarde na quarta-feira, durante a entrevista à Record, Bolsonaro tratou novamente do assunto. "Se estiver envolvido, logicamente, e responsabilizado, lamentavelmente o destino não pode ser outro a não ser voltar às suas origens (demissão)", disse Bolsonaro.

Vereador ou governo federal?

A cientista política Vera Lucia Chaia, professora da PUC-SP, diz que os filhos de Bolsonaro têm mostrado que desejam controlar o pai e a política.
"A partir do momento em que Carlos não conseguiu um cargo no governo -- o que seria complicado, porque seria uma proposta nepotista --, houve retaliação nesse sentido, de se vingar do Bebianno. A postura que ele assumiu é para dizer: quem manda no pai sou eu e não é você", disse.
Vera Lucia Chaia destaca que, vereador do Rio, Carlos nem mesmo tem uma posição formal no governo federal.
Carlos Bolsonaro, filho do presidente da RepúblicaDireito de imagemREUTERS
Image captionCientista política diz que filhos de Bolsonaro demonstram que querem controlar o pai e a política
"Ele não é deputado federal, não faz parte do governo, e é um filho que está sempre presente, até no desfile de posse, sentado no carro. Mostra uma dependência dele com relação ao pai e do pai em relação ao filho".
Para o cientista político Carlos Pereira, professor da Fundação Getulio Vargas, o episódio da saída de Bebianno não deve ser superestimado.
"Três filhos deles são políticos, vai haver sempre essa tensão constante. Eu não superestimaria o episódio da saída do Bebianno. Ele não é um ministro super importante e o governo está no início. Esse episódio terá baixa capacidade de influenciar na habilidade do governo de governar", disse.
Pereira aponta que o fato de Bolsonaro ter compartilhado publicamente a crítica do filho a Bebianno pode causar insegurança inclusive em outros integrantes do governo.
"O presidente desautorizar um ministro através do Twitter, isso é inimaginável e gera desgaste, gera instabilidade para outros ministros, que ficam em situação vulnerável. O governo vai ter que perceber que, sem maioria estável no Legislativo, a vida será de tormenta", disse o professor da FGV.
Jair Bolsonaro com o vice Hamilton MourãoDireito de imagemREUTERS
Image captionProfessor afirma que que o fato de Bolsonaro ter compartilhado publicamente a crítica do filho a Bebianno pode causar insegurança inclusive em outros integrantes do governo
O cientista político Leonardo Barreto classificou o episódio como "tumultuado" e apontou que Carlos teve uma reação agressiva, que foi confirmada de forma pública pelo pai.
"Bolsonaro fugiu dos padrões de administração de crise, onde via de regra se busca lavar roupa suja dentro de casa, o que leva à hipótese de que o clã Bolsonaro sabe de coisas que vão vir à tona e talvez tenha decidido se antecipar para fazer um controle de danos", afirmou.
Barreto diz que vê três hipóteses que podem explicar a reação de Carlos e do próprio presidente. "A primeira delas é que, ao reagir a esse caso, eles procuram recuperar o discurso ético da campanha, que eles perderam com a situação de Flávio Bolsonaro. A segunda é que eles sabem de coisas que levam a crer que essa crise pode ser maior e estão se antecipando ao se afastar de Bebianno. A terceira tem a ver com disputa interna de poder", afirmou o cientista político.

Construir relação com o Congresso

Advogado de formação, Bebianno atuou como presidente interino do PSL durante o período da campanha eleitoral de 2018. Naquele período, ele acumulou diversas funções dentro do partido - inclusive a de liberar repasses de recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC) para as candidaturas femininas. Ele também era um dos principais interlocutores do Executivo com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ). É o presidente da Câmara quem decide quando - e de que forma - o projeto da reforma da Previdência será levado a votação na Casa.
Para Pereira, da FGV, a capacidade de Bolsonaro governar dependerá da forma como estará organizado o apoio dos parlamentares.
"Essas crises vão se suceder enquanto o governo não construir coalizão majoritária, proporcional e homogênea no Congresso que sirva de escudo protetor para o governo. Para um governo ter condições de governabilidade, é fundamental que ele seja amparado e suportado por uma base sólida de apoio no legislativo para que denúncias ou problemas entre grupos do mesmo governo sejam sanados dentro do governo e não com esse grau de exteriorização, de exposição na mídia social", afirmou.
Leia a íntegra do pronunciamento de Bolsonaro sobre Bebianno, divulgado em vídeo:
Comunico que, desde a semana passada, diferentes pontos de vista sobre questões relevantes trouxeram a necessidade de uma reavaliação. Avalio que pode ter havido incompreensões e questões mal entendidas de parte a parte, não sendo adequado pré-julgamento de qualquer natureza.
Tenho que reconhecer a dedicação e comprometimento do senhor Gustavo Bebianno a frente da coordenação da campanha eleitoral em 2018. Seu trabalho foi importante para o nosso êxito. Agradeço ao senhor Gustavo pelo esforço e empenho quando exerceu a direção nacional do PSL e continuo acreditando na sua seriedade e qualidade do seu trabalho. Reconheço também sua dedicação e esforço durante o período que esteve no governo.

Professor Edgar Bom Jardim - PE