sábado, 10 de novembro de 2018

Por que suas mensagens no WhatsApp poderão ser apagadas para sempre na 2ª feira

Logo do WhatsAppDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionA partir de 12 de novembro, usuários do WhatsApp no sistema Android poderão perder todos os arquivos antigos caso não tenham feito backup
Você usa WhatsApp e tem o sistema operacional Android no seu celular? Então, é melhor fazer uma cópia de segurança das suas mensagens o quanto antes.
O Android é o sistema operacional da maior parte dos celulares Samsung, por exemplo.
A partir do dia 12 de novembro, todas as mensagens de WhatsApp que não estejam guardadas serão apagadas para quem não usa o sistema operacional da Apple, o iOS.
O anúncio se deve a um acordo feito entre o WhatsApp (que pertence ao Facebook) e o Google para permitir que todas as conversas, fotos e vídeos enviados pelo aplicativo possam ser armazenados no Google Drive, o serviço de hospedagem de arquivos do buscador, sem consumir espaço da conta do usuário.
A má notícia é que, se você não fez uma cópia de segurança das mensagens nos últimos 12 meses, o WhatsApp apagará todas as suas mensagens antigas, assim como todos os vídeos e fotos. Em muitos celulares, as mensagens são armazenadas de forma automática, periodicamente.
Em um comunicado na página do WhatsApp na internet, a empresa explicou que "para evitar a perda destes dados, recomendamos que se faça uma cópia de segurança dos seus dados no WhatsApp antes do dia 12 de novembro de 2018".
A mudança só afetará usuários de Android, pois o WhatsApp já tem acordo com a Apple para que os usuários de iPhone possam guardar seus dados na nuvem iCloud.
WhatsAppDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionAs fotos e vídeos também podem ser perdidos, se não forem guardados
"Você pode guardar suas mensagens e arquivos multimídia no Google Drive e, caso mude para outro telefone Android, poderá recuperar os arquivos", disse o WhatsApp a respeito do acordo com o Google.
A empresa recomenda, ainda, que se conecte o telefone a uma rede Wi-Fi antes de fazer a cópia de segurança no Google Drive, uma vez que "o arquivo pode variar de tamanho e consumir uma grande quantidade de dados móveis, gerando cobranças por parte da operadora de telefonia".
Rayita

Como criar uma cópia de segurança do Google Drive

  1. Abra o WhatsApp
  2. Clique em "Menu" (os três pontinhos acima das conversas); depois em "Configurações"; depois em "Conversas"; e depois em "Backup de conversas".
  3. Clique em "Fazer Backup". Note que, logo abaixo, há uma série de opções a serem configuradas pelo usuário. Você pode decidir a periodicidade destes backups, e se quer incluir vídeos.
  4. Na maioria dos casos, a sua conta do Google já aparecerá no campo "conta". Se você não tiver conta, ou se esta não aparecer, clique em "adicionar conta".
Fonte: WhatsApp
Rayita
Mulher usando celularDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionDados armazenados nos celulares são parte cada vez mais importante de nossas vidas

Sem encriptação

Poder guardar seus dados sem usar espaço do telefone é uma boa notícia, mas alguns analistas criticaram a solução oferecida pelo WhatsApp.
É que, enquanto as conversas do WhatsApp são protegidas por um sistema de criptografia de ponta a ponta, as cópias de segurança do Google Drive não são.
Isso não significa que a informação se tornará pública, mas a falta da criptografia ponta a ponta torna as mensagens guardadas na nuvem mais suscetíveis de serem roubadas por pessoas e softwares mal-intencionados.
Sede do GoogleDireito de imagemANDRÉ SHALDERS / BBC NEWS BRASIL
Image captionO Android, representado pelo robôzinho verde, é o sistema operacional desenvolvido do Google
A solução proposta pelo WhatsApp é redobrar os cuidados com sua senha do Google Drive.
É preciso considerar, porém, que desde 2015, ano em que surgiu a possibilidade de fazer backups de mensagens do WhatsApp no Google Drive, não houve nenhum incidente de roubo de mensagens, segundo a empresa.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Rec'n'Play aproxima as mulheres da tecnologia

Quando Manuela Liera, 28 anos, foi convidada por um amigo para ser DJ em uma festa, há pouco mais de três anos, de imediato ela enxergou a oportunidade de empoderar-se em um espaço, quase sempre, dominado por homens. E especialmente por ser negra e mulher, o desejo de dar certo no comando ‘das pistas’ ganhou mais impulso e ‘Manu Liera’ – como é conhecida quando está à frente das batidas musicais – se profissionalizou. 

Nesta sexta-feira (9), ao lado de Anderson Oliveira (DJ Big), ela auxiliou na Oficina de DJ para Mulheres, uma das atividades voltadas para o público feminino integrante da programação da segunda edição do Rec’n’Play, que acontece até este sábado (10), em espaços e ruas do Bairro do Recife, e oferece uma série de atividades gratuitas. 

“Em universos culturalmente masculinos, cada vez mais as mulheres estão conquistando espaços e se mostrando profissionalmente. A ideia de ter uma mulher no comando da pista não pode mais ser ‘vendida’ como novidade, embora ainda tenha muito preconceito. O propósito de oficinas como a de DJ para mulheres é, exatamente, mostrar que nós estamos atentas na conquista de novos espaços”, ressaltou Liera.
A oficina, ministrada no Paço do Frevo, contou com mais de quinze meninas interessadas em conhecer um pouco mais sobre o universo da reprodução de discos.  “Sempre gostei de música e me inscrevi por curiosidade em saber como funciona a mesa de som, como ela é manipulada. Além da interação com outras pessoas que estão o tanto quanto, querendo aprender sobre o trabalho de um DJ”, contou a estudante de design Lívia Pastichi, 25 anos.
Lívia Pastichi (à esquerda), foi uma das inscritas na oficina de DJ
Lívia Pastichi (à esquerda), foi uma das inscritas na oficina de DJ - Foto: Germana Macambira/Folha de Pernambuco
Assim como as aulas de DJ, outros espaços e atividades ofereceram palestras com temáticas voltadas para o universo feminino. A exemplo da Oficina de Design de Set para Mulheres e da palestra Awake: mulheres e tecnologia, ambas na programação desta sexta (9) por Juliana Alencar, consultora do Sebrae. “Estamos vivendo uma forte transformação digital e a mulher tem um papel fundamental, porque carrega diversidades que lhe são inerentes e, por isso mesmo, dão fluência aos negócios. O mercado da tecnologia tem espaço para a profissional mulher, que precisa ter coragem em seguir os seus instintos e encarar os desafios”, frisou Juliana.
Para a engenheira de produção Kallyne Mendes, 25 anos, que participa pela primeira do Rec’n’Play, eventos com atividades direcionadas ao público feminino, deveriam ser mais recorrentes para atender a necessidades de encorajar mulheres que desconhecem, por vezes, a força que têm. “Estou aqui para aprimorar o conhecimento na área e lamento por não participar de mais atividades desse tipo. São iniciativas como essas que fazem com que a mulher acredite em sua capacidade de estar onde quiser, fazendo o que quiser”.
MINAs
Lançado pelo Porto Digital, o programa Mulheres em Inovação, Negócios e Artes (MINAs), busca aproximar mulheres do mundo da tecnologia, uma realidade ainda distante quando se fala em ‘equidade de gêneros’ na temática da Ciência e Tecnologia – um mercado, no país, ocupado por 20% de mulheres.
No entanto, a programação desta edição do Rec’n’Play, trouxe um maior número de propostas com atividades com foco na participação de mulheres como público-alvo principal. Um fato que anima a coordenadora do programa, Natália Lacerda, que participou da proposição de atividades para o festival, voltadas para o público feminino.
Natália Lacerda, coordena o programa MINAs
Natália Lacerda coordena o programa MINAs Foto: Divulgação
“O festival demonstrou um cuidado maior com a inclusão de mais espaços para a participação da mulher. O MINAs deu sugestões, mas percebemos que a programação já estava contemplando coisas boas para esse público. A perspectiva é de que continuemos avançando, inclusive com o desejo de mais oportunidades de ações como as que estão sendo contempladas pelo Rec'n'Play”, ressaltou Natália.
ProgramaçãoA exposição fotográfica 'Identidade Feminina da Comunidade do Pilar', da fotógrafa Thamires Lima, traz mulheres moradoras do Bairro do Recife, boa parte delas mães solo, que precisam de esforços redobrados para conseguir o sustento da família. Laços afetivos com a família e com animais de estimação, retratam na mostra os sentimentos de mulheres como Fátima, Lurdes, Maria, Vilma, Priscila e Vera - representantes da Comunidade do Pilar.

A exposição acontece na SinsPire, localizada na Rua da Guia, em cartaz até este sábado (10), das 8h às 19h. Para visitação é necessário realizar a inscrição no site do Rec'n'Play. Vale ressaltar, no entanto, que a entrada no espaço está condicionada à ordem de chegada e lotação da sala.

Já a Mesa: Mulheres Negras na Literatura Pernambucana, com palestras de Adélia Oliveira, Kemla Baptista e Roma Julia, realizadas no Paço do Frevo/Sala Capiba, das 16h40 às 18h deste sábado (10), versará sobre a arte e cultura, especificamente no campo da literatura como formação crítica de pessoas.
O recorte do encontro falará sobre a participação da mulher negra na literatura, em especial na pernambucana. Aos interessados que desejarem participar, a inscrição pode ser feita no site do Rec'n'Play e, da mesma forma que as demais atividades, a entrada na atividade está sujeita à ordem de chegada e à lotação da sala. 
Com informações de Folha de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

A dança da política destrói confianças


Resultado de imagem para danças

Jair busca construir um ministério dentro das promessas da sua campanha. Seus eleitores deliram com a aceitação de Moro, o herói festejado. É uma grande armadilha. Não me surpreendi. A vaidade é sedutora, segue articulando desejos e enganando ingenuidades. Muitos consideram Jair um messias. Já ouvi pessoas dizerem que é um enviado. Coloque sua escuta para funcionar. Preste atenção às conversas nas filas de banco, nas paradas, nas reuniões familiares. O encanto traz risos e esquece que a tortura foi celebrada nos discursos de Jair. Como festejar a tortura? E a crucificação foi o quê?
A política não é horizontal, nem possui  uniformidade. É um jogo forte, sobretudo num país viciado em cantar as vitória do mercado. Portanto, a memória vacila e a verdade não se fixa. Tudo é feito por planejamentos sutis. É o territórios das ilusões. O capitalismo se nutre da exploração, porém há assalariados que não percebem. Esperam a magia, as falcatruas, acreditando na força divina de alguns políticos. É preciso compreender que as religiões servem ao poder com espertezas incríveis. O chefes do templos navegam em riquezas incomuns. Como explicar?
Vivemos uma época de acrobacias programadas. Há uma carência de responsabilidade. A maioria lança suas esperanças nas mãos de uma minoria. A quem Moro irá satisfazer? O que Guedes promete? Teremos medidas que machucará profissões e inquietarão quem crer em milagres. As notícias correm enlouquecidas. O baile de máscaras continua e Trump é o exemplo mais comum. Tudo se resolve com tiros, gargalhadas diabólicas, ressentimentos de tradições patriarcais. Gira a cabeça ou o corpo febril esquenta o medo?Você se ilumina?
Com quem está o confiança? Qual é mesmo a escolha mais celebrada? Não adianta tremer e entregar os pontos. Se há quem se entusiasma, é fundamental que surja a crítica e a reflexão. O mundo está numa alucinação fantástica. Veja como se comportam os sofridos refugiados, os preconceitos contra os negros, a morte constante tomando conta do cenário urbano. Nesses momentos, desbotam-se as cores e muitos fogem para seus esconderijos prediletos. Não é à toa que os ídolos consomem as energias dos tolos. A corda se parte quando mesmo se aguarda.
A astúcia de Ulisses
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Brasil:Conheça as mulheres convidadas para a equipe de transição do governo Bolsonaro


Imagem mostra fotos lado a lado da economista Clarissa Gandour, da tenente-coronel do Corpo de Bombeiros do DF Márcia da Cunha, da tenente da reserva Liane Fernandes Costa Silva e da tenente Silvia Nobre Waiãpi: As quatro devem integrar o governo de Jair BolsonaroDireito de imagemREPRODUÇÃO FACEBOOK E YOUTUBE
Image captionDa esquerda para a direita: a economista Clarissa Gandour, a tenente-coronel do Corpo de Bombeiros do DF Márcia da Cunha, a tenente da reserva Liane Fernandes Costa Silva e a tenente Silvia Nobre Waiãpi: Quarteto foi convidado para o governo e aguarda nomeação
Após um primeiro anúncio de 28 nomes para a equipe de transição de governo em que constavam apenas homens, o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) convidou quatro mulheres para compor o time.
Três delas têm experiência na carreira militar e uma é economista com especialização em meio ambiente. As nomeações ainda não foram publicadas no Diário Oficial e a assessoria da equipe de transição não confirmou como elas atuarão e se terão remuneração.
Segundo apuração da BBC News Brasil, a economista Clarissa Gandour atuará como voluntária, enquanto a tenente-coronel do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal Márcia Amarílio da Cunha Silva ficará cedida pela corporação, mantendo seu salário atual.
Na quarta-feira, Bolsonaro anunciou também a primeira mulher que será ministra de seu governo. A deputada Tereza Cristina (DEM-MS) comandará a pasta da Agricultura, que não deve mais incorporar o Ministério do Meio Ambiente, como originalmente anunciado.
"Não estou preocupado com a cor, sexo ou sexualidade de quem está na minha equipe, mas com a missão de fazer o Brasil crescer, combater o crime organizado e a corrupção, dentre outras urgências", escreveu o presidente eleito em seu Twitter.
Presidente eleito do Brasil, Jair BolsonaroDireito de imagemREUTERS
Image captionBolsonaro: 'Não estou preocupado com a cor, sexo ou sexualidade da minha equipe, mas com a missão de fazer o Brasil crescer'
Nesta quinta, a assessoria da equipe de transição divulgou foto de uma reunião geral em que havia apenas homens, entre eles os futuros ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Paulo Guedes (Fazenda) e Sergio Moro (Justiça).
A expectativa é de que mais mulheres sejam anunciadas para a equipe de transição. Confira abaixo o perfil das quatro primeiras.

Márcia Amarílio da Cunha Silva

A tenente-coronel do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal Márcia Amarílio da Cunha Silva Amarílio, que foi convidada para integrar a equipe do governo BolsonaroDireito de imagemREPRODUÇÃO FACEBOOK
Image captionA tenente-coronel do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal Márcia Amarílio da Cunha Silva Amarílio, por enquanto, está colaborando com a equipe de transição na área de educação
Primeira mulher convidada para a transição, Márcia Amarílio da Cunha Silva é tenente-coronel do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal. Ela passou a colaborar na construção da candidatura de Bolsonaro há cerca de um ano.
Silva participava das reuniões semanais organizadas pelo general da reserva do Exército Augusto Heleno, que deve assumir o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) no próximo governo. Bolsonaro costumava comparecer até sofrer um atentado em Juiz de Fora (MG), em setembro.
A tenente contou à BBC News Brasil que, nessas reuniões, participou dos grupos de educação, meio ambiente e segurança pública, levantando informações para subsidiar a campanha e o plano de governo.
Com 25 anos de Corpo de Bombeiros no DF, ela hoje comanda o Centro de Ensino de Altos Estudos Oficiais da corporação, que cuida da formação de capitães e coronéis. Tem também vasta experiência na área política, tendo atuado por 15 anos - sete deles como chefe - na equipe de assessoria parlamentar do Conselho Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil.
Ela está, por enquanto, colaborando com a equipe de transição na área de educação e ficará cedida pelo Corpo de Bombeiros, mantendo seu salário atual, sem acumular nova remuneração.
Na sua visão, a imprensa se precipitou ao destacar a falta de mulheres na equipe quando os primeiros nomes da equipe de transição foram anunciados. "Acho importante a participação de mulheres porque o Brasil é feito de diversidade", ressaltou.

Clarissa Costalonga e Gandour

Clarissa Costalonga e Gandour, economista, foi convidada a integrar a equipe do governo BolsonaroDireito de imagemREPRODUÇÃO YOUTUBE
Image captionClarissa Gandour foi convidada para trabalhar na área de meio ambiente durante a transição
Clarissa Costalonga e Gandour é economista especializada em monitoramento da eficácia de políticas públicas para preservação do meio ambiente. Ela tem graduação, mestrado e doutorado na faculdade de economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Atualmente, é analista sênior do escritório carioca do CPI (Climate Policy Initiative), onde coordena o desenvolvimento de projetos estratégicos. Junto com seu professor na PUC-Rio e chefe no CPI, Juliano Assunção, e outros pesquisadores, realizou um estudo que levantou o impacto bem-sucedido de ações de preservação ambiental durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo esse levantamento, políticas públicas como o acompanhamento contínuo do desmatamento via satélite, fortalecimento das operações de fiscalização, criação de novas unidas de preservação e restrição do acesso ao crédito rural por fazendeiros na região amazônica evitaram aproximadamente 62 mil km2 de área desmatada entre 2005 e 2009.
Em vídeo disponível no YouTube, Gandour explica as conclusões do estudo em inglês fluente, em intervalo da conferência da ONU sobre o clima de 2012 em Doha, no Catar.
À BBC News Brasil, a pesquisadora confirmou por email ter sido "convidada a contribuir com a transição em caráter voluntário no grupo de trabalho de meio ambiente".
"Ela é uma economista com treinamento excepcional em avaliação de políticas públicas", afirmou à reportagem seu professor Juliano Assunção.
"Acho que a participação da Clarissa só faz sentido se o governo desejar aprimorar as políticas de combate ao desmatamento, porque todo o trabalho que ela fez ao longo da trajetória profissional dela diz respeito à mensuração do impacto dessas políticas e mecanismos sob os quais essas políticas podem ser aprimoradas", acrescentou.

Silvia Nobre Waiãpi

Tenente Silvia Nobre Waiãpi, primeira indígena a ingressar no Exército, foi convidada para integrar o governo de Jair Bolsonaro. Na foto, aparece com dois outros índios em uma canoaDireito de imagemREPRODUÇÃO FACEBOOK
Image captionA tenente Silvia Nobre Waiãpi foi a primeira indígena a ingressar no Exército. Ela é também artista, atleta e fisioterapeuta
A tenente Silvia Nobre Waiãpi, primeira indígena a ingressar no Exército, tem uma história de superação e versatilidade - é artista, atleta e fisioterapeuta.
Entrou para as Forças Armadas em concurso de 2010 e hoje é chefe do Serviço de Medicina Física e Reabilitação em Fisioterapia do Hospital Central do Exército no Rio de Janeiro.
Nascida no interior do Amapá, deixou a aldeia de seu povo, os Waiãpi, para o Rio após ser mãe aos 13 anos.
"Vim sozinha. Não conhecia ninguém, dormi nas ruas por alguns meses. Eu tinha uma pedra, que acreditava que era sagrada, e a vendi para comer. Com aquele dinheiro eu consegui comer uns dois dias. Depois, comecei a vender livros de porta em porta", contou ao portal UOL em 2011.
Ainda segundo essa reportagem, Waiãpi se interessou por poesia ainda adolescente. Depois, passou a escrever e foi premiada com a medalha Cultural Castro Alves, a medalha Monteiro Lobato e também um prêmio de jovem escritora da Academia Literária Feminina do Rio Grande do Sul.
Mais recentemente, atuou na minissérie da Rede Globo "Dois Irmãos", transmitida em janeiro de 2017. Ela interpretou a personagem indígena Domingas, que é tirada de sua tribo para trabalhar como doméstica.
À reportagem do UOL em 2011, Waiãpi contou também ter voltado poucas vezes a sua aldeia. "Quero abrir uma nova ponte para mulheres índias no Brasil, não só nas Forças Armadas, mas em outros segmentos. Já tenho amigas que disseram que agora vão se preparar para entrar nas forças", afirmou.
A coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e candidata à vice-presidente pelo PSOL na eleição deste ano, Sônia Guajajara, disse à BBC News Brasil que a nomeação de Waiãpi não altera em nada sua visão de que o governo Bolsonaro representa uma ameaça aos índios.
"Ela (Waiãpi) tem origem indígena, mas não é uma liderança, nem fala em nome dos povos indígenas. Isso (a nomeação) de jeito nenhum vai significar o apoio dos povos indígenas a esse governo. Somos um dos alvos prioritários", ressaltou.
A BBC News Brasil fez contato com Waiãpi por meio de sua página oficial no Facebook, mas ela disse que não poderia conceder entrevista sem autorização do Exército.

Liane de Moura Fernandes Costa

Liane de Moura Fernandes Costa, convidada a participar da equipe do governo BolsonaroDireito de imagemREPRODUÇÃO FACEBOOK
Image captionLiane de Moura Fernandes Costa foi convidada a prestar assessoria na área ambiental
Liane de Moura Fernandes Costa é mais uma mulher da equipe de transição egressa da carreira militar. Formada em 2007 no curso de Engenharia Ambiental da Fundação Universidade Federal do Tocantins, com especialidade em construções sustentáveis, ingressou em 2009 no Exército, onde atuou na seção de meio ambiente do Departamento de Engenharia e Construção (DEC).
Deixou a instituição há pouco, depois de concluir o tempo máximo de oito anos de serviço nesse tipo de contratação, e está atuando como estagiária na área de engenharia do Ibama. É hoje tenente da reserva.
Costa possui também licenciatura em Educação Profissional pelo Instituto Federal de Brasília (IFB) e já foi professora substituta do Curso Técnico em Controle Ambiental na mesma instituição, ministrando aulas de Tratamento de Água, Introdução ao Controle Ambiental e Gerenciamento de Resíduos Sólidos.
A tenente da reserva costuma participar em Brasília de ações voluntárias de coleta e reciclagem de resíduos. Entre vídeos de Carnaval de rua no interior do Tocantins e sobre práticas ambientais, também curtiu em seu canal no YouTube um registro do ano passado em que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL) rebate fala de uma líder estudantil crítica ao projeto Escola Sem Partido em audiência na Câmara dos Deputados.
Costa atendeu ligação da reportagem, mas explicou que estava orientada a não conceder entrevistas sem prévia autorização. Disse apenas que foi convidada a prestar assessoria na área ambiental.
Professor Edgar Bom Jardim - PE