segunda-feira, 1 de outubro de 2018

Política:Brasil precisa de políticos que cumpram a Constituição, não que queiram trocá-la, diz ministro do STF



Marco AurélioDireito de imagemNELSON JUNIOR/STF
Image caption'Precisamos de homens que cumpram e amem mais a Constituição, que tenham apego pelo que está estabelecido e cumpram o que está estabelecido'

Às vésperas de completar 30 anos, a Constituição Federal se tornou alvo das duas candidaturas à Presidência que lideram as pesquisas de intenção de voto.
Enquanto o programa de governo do candidato do PT, Fernando Haddad, propõe a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, o candidato a vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), general Hamilton Mourão, defende a convocação de uma comissão de "notáveis" para reescrever a Constituição.
Em entrevista à BBC News Brasil o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello criticou essas propostas. Para ele, o objetivo dos políticos deveria ser cumprir a Constituição que existe, e não substituí-la.
"O que precisamos é de homens públicos que observem a ordem jurídica constitucional. Temos um documento básico na República que é menosprezado. Por isso é que se fala tanto em redigir-se outra Constituição", disse o ministro ao ser perguntado sobre as propostas de Haddad e Mourão.
"Precisamos de homens que cumpram e amem mais a Constituição, que tenham apego pelo que está estabelecido e cumpram o que está estabelecido."
Especialistas em política e Direito Constitucional ouvidos pela BBC News Brasil afirmaram que, num momento de divisão e polarização do Brasil, a Constituição é uma garantia de que os direitos do grupo derrotado na futura eleição não serão atropelados.

ConstituinteDireito de imagemSENADO
Image captionPara ministro Marco Aurélio, ideia de nova Constituição é 'faz de contas' de que problemas do Brasil serão solucionados com novas leis

"Você tem um país polarizado, conflagrado, não é um momento de consenso. Abrir um processo constituinte nesse momento traz a possibilidade de um resultado não democrático", avalia o diretor da Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Oscar Vilhena.
"Nós tendemos a associar a Constituição com o regime em vigor. E há uma grande correlação entre democracia e a Constituição de 1988. Se você faz uma Assembleia Constituinte, você estará de certa forma argumentando por uma ruptura", completa o cientista político Timothy J. Power, diretor do Programa de Estudos Brasileiros da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

'Faz de contas'

A Constituição Federal foi elaborada após a ditadura militar por uma Assembleia Nacional Constituinte e promulgada em 5 de outubro de 1988. Os próprios deputados e senadores eleitos em 1986 tiveram o papel de elaborar a Carta Magna entre 1987 e 1988, e depois cumpriram o restante dos mandatos.
Chamado de "Constituição cidadã", o documento é reconhecido por consagrar uma série de direitos individuais e sociais, como direito à igualdade, à liberdade, à moradia e à saúde. Por outro lado, o texto é constantemente criticado por ser extenso e prolixo, e já foi emendado quase 100 vezes em 30 anos.
Mas, para Marco Aurélio, os políticos que propõem uma nova Constituição em vez de tentar alterações via emenda constitucional tentam vender um "faz de contas" de que isso resolveria todos os problemas do País.

Assembleia ConstituinteDireito de imagemSENADO
Image captionA Constituição Federal foi elaborada após a ditadura militar por uma Assembleia Nacional Constituinte e promulgada em 5 de outubro de 1988

"Com essas propostas, nós estamos homenageando o faz de contas de que teremos dias melhores a partir de uma nova Constituinte e de uma nova Constituição", disse.
"As mazelas do Brasil, principalmente no campo da corrupção, não são fruto da Constituição. São fruto do desrespeito da Constituição Federal pela administração pública. Estamos vivenciando uma crise em todos os sentidos, principalmente ética e moral."

O que diz a proposta de Haddad sobre a Constituição

Nem Mourão, nem Haddad deixam claro o que pretendem alcançar com uma eventual substituição da Constituição. Jair Bolsonaro não chegou a falar publicamente se concorda ou não com a proposta de seu vice na chapa.
No seu programa de governo, o PT diz que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff gerou um "desequilíbrio" entre os Poderes, dando a entender que Judiciário e Legislativo teriam ganhado preponderância em relação ao Executivo.
"A refundação democrática liderada pela Coligação o Povo Feliz de Novo implicará mudanças estruturais do Estado e da sociedade para restabelecer o equilíbrio entre os Poderes da República e assegurar a retomada do desenvolvimento, a garantia de direitos e as transformações necessárias ao país", diz o texto.
O programa diz que, se eleito, o candidato do PT vai "construir as condições de sustentação social para a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, livre, democrática, soberana e unicameral, eleita para este fim nos moldes da reforma política que preconizamos."

HaddadDireito de imagemHEULER ANDREY
Image captionNo programa de governo, o PT diz que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff gerou um 'desequilíbrio' entre os Poderes

Na prática, isso significaria a eleição de um grupo de pessoas para redigir a nova Constituição, que não seriam os deputados e senadores escolhidos na eleição do dia 7 de outubro.
Para Oscar Vilhena, da FGV, o PT quer alcançar dois obetivos com essa proposta: fazer uma reforma política que assegure governabilidade no Congresso e evite o risco de um impeachment como o de Dilma; e reduzir prerrogativas do Ministério Público e do Judiciário, em resposta às investigações que resultaram na prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"De um lado, temos a fragmentação partidária e a heterogeneidade das coalizões que decorrem do sistema presidencialista e que dificultam a vida de qualquer governo. De outro, temos um PT ressentido em relação ao Ministério Público e ao Judiciário", afirma.
Integrantes do PT têm feito críticas ao Ministério Público e ao Judiciário na condução da Operação Lava Jato, e às delações premiadas que embasaram a condenação de políticos.
Mas Haddad foi vago quando perguntado sobre as mudanças pretendidas pelo partido em relação à Constituição. No domingo, durante debate da Record TV entre candidatos à Presidência, o ex-prefeito de São Paulo afirmou que a ideia de convocar uma Constituinte foi de Lula e que a intenção é "criar uma Constituição mais moderna, maix enxuta, com princípios e valores bem constituídos".
Já para o professor Power, da Universidade de Oxford, a proposta teria o objetivo de angariar os votos dos descontentes com o atual sistema político.
"Acho que é um gesto populista com intenção eleitoral. Você está tentando sinalizar ao público que você acha que a democracia atual está moralmente arruinada e que precisa ser substituída. E que a forma de fazer isso é dizer que vai se livrar do que há lá e começar do zero."
"Mas isso tende a reforçar a polarização, porque cada grupo vai achar que o processo levará a um documento que eles não aceitariam."

Nova Constituição como forma de viabilizar propostas

Diferentemente do caso de Haddad, a proposta de nova Constituição não consta do programa de governo de Bolsonaro - foi verbalizada por Mourão, numa palestra em Curitiba no dia 13 de setembro.
Na ocasião, o general da reserva afirmou que uma Constituição não precisa necessariamente ser feita por "eleitos pelo povo" e sugeriu que uma comissão de notáveis elabore o texto, para depois submetê-lo a um referendo popular.
Ele justificou a ideia de fazer uma nova Constituição dizendo que a atual inclui regras desnecessárias que acabam gerando despesas para o país. "Tudo virou matéria constitucional. A partir dela, surgiram inúmeras despesas. A conta está chegando, está caindo no nosso colo. Chegou o momento em que temos que tomar uma decisão a respeito."

BolsonaroDireito de imagemDIEGO VARA/REUTERS
Image captionVice na chapa de Bolsonaro defendeu fazer uma Constituição a partir de um grupo de 'notáveis' que não precisariam ter sido eleitos pelo povo

Para os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil, a intenção dos partidários de Bolsonaro pode ser a de viabilizar a aprovação das propostas de governo sem passar pelo Congresso Nacional. Isso porque o candidato do PSL, se eleito, não teria uma ampla base de sustentação no Legislativo, por ser de um partido pequeno, e precisaria enfrentar uma oposição forte de partidos de centro-esquerda e esquerda, como PT.
"Eu vejo que a base de apoio de Bolsonaro seria mais populista, no sentido de ser baseada na lealdade a uma pessoa em vez de lealdade a um partido. Nesse sentido, ele poderia querer passar por cima do Congresso Nacional e embarcar numa convenção constitucional que solidificaria seu apoio", disse Power.
Oscar Vilhena afirma que o próprio texto da atual Constituição seria um empecilho para que Bolsonaro implementasse parte de seu programa de governo, que inclui a castração química de homens condenados por abuso sexual, a redução da maioridade penal, a flexibilização do acesso a armas e classificar como terrorismo a invasão de proriedades rurais.
"A Constituição Federal tem um viéis progressista em relação a direitos e isso incomoda a candidatura Bolsonaro. Ele olha a Constituição como obstáculo ao modo como ele enxerga o mundo", diz o constitucionalista.

Mas há chances reais de substituir a Constituição?


Hamilton MourãoDireito de imagemBRUNO KELLY/REUTERS
Image captionGeneral Mourão argumenta que a Constituição atual é prolixa e levou país a crise financeira

A Constituição Federal não prevê, no seu texto, a possibilidade de ser "substituída". E emendas constitucionais precisam ser aprovadas por três quintos dos membros da Câmara e do Senado.
Para Marco Aurélio Mello, uma eventual convocação de uma nova Assembleia Constituinte ou de uma "comissão de notáveis" só poderia ocorrer por meio da aprovação de uma emenda constitucional.
É a mesma visão de Timothy J. Power, da Universidade de Oxford, para quem iniciar o processo sem autorização do Congresso seria uma "ruptura da ordem constitucional".
"Esse corpo (Assembleia Constituinte ou grupo de notáveis) não teria legitimidade legal e constitucional. Foi o que Nicolás Maduro (presidente da Venezuela) fez dois anos atrás. Ele perdeu a maioria no Congresso, então, ele criou uma Assembleia Constituinte nova por decreto. Não acredito que o Brasil aceitasse uma circunstância como essa."
E tanto Power quanto Vilhena destacam que, se a convocação da Assembleia Constituinte ou do "grupo de notáveis" tiver que depender do Congresso Nacional, dificilmente Haddad ou Bolsonaro conseguiriam os três quintos dos votos necessários para viabilizar abertura de um processo de troca da Constituição.
"Dificilmente qualquer candidato terá maioria no Congresso para propor uma mudança robusta. Abrir uma caixa de pandora como essa significa que qualquer um pode perder", avalia Vilhena.
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Professor Edgar Bom Jardim - PE

Polícia Federal faz operação contra golpes no INSS em Pernambuco

Policiais reunidos antes de sairem para cumprir mandados de prisão na Operação Garoa. Imagem: PF/Divulgação
Policiais reunidos antes de sairem para cumprir mandados de prisão na Operação Garoa. Imagem: PF/Divulgação

Uma operação para combarter fraudes e golpes contra a Previdência Social é realizada nesta segunda-feira (1°) em Pernambuco pela Polícia Federal. Cinco servidores de duas agência do INSS, uma localizada na capital e outra em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, já foram afastados de suas atividades e estão impedidos de exercer função pública. O afastamento dos funcionários públicos foi uma determinação da 36ª Vara Federal no Recife. Oito mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos no Recife e em Paulista.
De acordo com a PF, além de serem afastados das atividades, os servidores estão impedidos de sair do país. A Justiça Federal também já fez o bloqueio das contas bancárias e dos bens dos suspeitos investigados. Batizada de Operação Garoa, a ação conta com a participação de 43 policiais federais, cinco servidores da inteligência previdenciária. 

A investigação policial teve início em dezembro de 2017 a partir de relatórios do órgão de inteligência da Previdência Social que indicou uma série de irregularidades constatadas em benefícios assistenciais concedidos na Agência de Previdência Social (APS) em Paulista, com possível participação de servidores. Um relatório demonstrou que, no ano de 2016, a referida agência concedeu o montante correspondente a 19% da espécie Amparo Social ao Idoso em nível nacional, enquanto que a média por agência seria 3,21%, isto é, quase seis vezes  mais que a produtividade comum.

Verificou-se que benefícios de Amparo Social ao Idoso estavam sendo concedidos para pessoas cujos processos continham documentos de identificação com fotos idênticas. Com o avanço das análises, identificou-se que após a concessão, os benefícios eram transferidos entre várias cidades, inclusive entre Estados distantes, fato incomum nessa espécie de benefício destinado a idosos cuja condição geralmente não possibilita o deslocamento. Foram identificados casos, inclusive, que geraram a prisão em flagrante de pessoas que estavam se passando por titulares destes benefícios fraudulentos. 

Além disso, a PF constatou ainda que os benefícios estavam sofrendo alterações pelos servidores investigados, os quais cadastravam o pagamento do benefício em instituições financeiras sediadas em municípios no interior do Estado, distantes até 250 Km de Paulista. Relaciona-se também uma denúncia de que na mesa de trabalho de um dos servidores investigados foram encontrados diversos processos concessórios da espécie de Amparo Social do Idoso, dos quais se analisou uma amostra de 43, apontando-se diversas irregularidades, inclusive o cadastro de pagamento em instituições financeiras distantes.

A invetsigação revelou uma organização criminosa especializada na prática de fraudes à Previdência Social com especial atuação na região Nordeste do país, os quais criam pessoas idosas fictícias, utilizando esse cadastro para obter benefício no INSS em contas bancárias também falsas. A investigação, que ainda deve prosseguir para identificar outros envolvidos e mais benefícios fraudados, já estima que será evitado um prejuízo futuro de mais de 12 milhões de reais. Para se alcançar esse valor foram relacionados apenas 85 benefícios concedidos, analisados individualmente pela Força-Tarefa Previdenciária, podendo a fraude ser ainda maior.

De acordo com a PF, os investigados poderão responder na Justiça pelos crimes de estelionato majorado, formação de quadrilha e inserção de dados falsos em sistema de informação, além de outros crimes a serem revelados com a conclusão da investigação. As penas somadas podem alcançar mais de vinte anos de prisão. Não ocorreram prisões até o momento. 
Diário de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Dani Portela recebe apoio da Rede em pernambuco


Dani recebeu o apoio da Rede pouco mais de uma semana depois de a comissão executiva nacional expulsar por unanimidade o candidato Julio Lóssio, que continua concorrendo por meio de recurso impetrado no Tribunal Regional Eleitoral. “Também compreendemos a necessidade de apresentar uma alternativa para a política de Pernambuco, reafirmando o protagonismo das mulheres nesta disputa. Nossas propostas apontam para caminhos de um regime democrático e igualitário, que se contrapõe à política do ódio que pretendem semear em nossa sociedade. Acreditamos que não há como compreender um projeto de desenvolvimento dissociado da sustentabilidade ambiental e social, e por isso nós colocamos juntos nessa luta”, escreveu Dani.
Com Informação do Diário de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 30 de setembro de 2018

Educação bonjardinense perde a professora Alcilene

Amigos, familiares e colegas de trabalho ficaram chocados com a morte da Professora Maria  Alcilene, no início da noite deste sábado 29 de setembro 2018. O corpo de Alcilene está sendo velado no antigo casarão de Severino Domingos. O sepultamento será na tarde deste domingo em Bom Jardim. Os familiares agradecem a solidariedade e comparecimento de todos.

O ex- aluno  Matheus Souza fez uma justa homenagem em sua  rede social:
Matheus Souza está  se sentindo de coração partido
Foi minha professora na EREM Justulino Ferreira Gomes em Umari do Bom Jardim, iniciando na 4° Série do ensino fundamental no ano de 2008 até a 8 série em 2012. Aprendi muito com seus ensinamentos em sala de aula, a forma como ensinava, o jeito simples de interagir com o Aluno. Certamente, você vai ficar marcada em minha memória, no meu coração para sempre. Gostava muito dela, pois quando nos viamos, seja o lugar onde for, era motivo de festa. E sempre ela dizia: "Vc vai longe, foi um bom estudante". Não há como Conter as lágrimas nesse momento tão difícil onde a família está passando por tão dolorosa perca de uma ente tão querida que foi Professora Alcilene. O importante é que Deus a chamou porque combateu o bom combate e realizou o seu plano aqui na terra e agora passa a desfrutar do gozo espiritual.
Deus a guarde em bom lugar e conceda o descanso eterno. 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Jovens representando milhares de bonjardinenses afirmam: #EleNão

"Sobre consciência social, sobre a luta pelo direito de ser quem somos, e, sobretudo, sobre ter coragem de peitar aquilo que quer nos diminuir. #EleNão "
*Gabriele Fernandes

"Um pequeno grupo e uma grande iniciativa. Isso é liberdade e foi assim que Bom Jardim pôde dizer #ELENÃO #eleNUNCA"
*Mayara Santos


""Democracia é isso, e a nossa ainda é participativa! A intenção nunca foi convocar uma multidão, mas exercer, e acima de tudo reafirmar, nosso direito de liberdade de expressão. Obrigada aos companheirxs que participaram! #EleNão #EleNunca #EleJamais @ Bom Jardim, Pernambuco, Brazil " *Tamires Silveira.



"Se não nós, quem?! Bom Jardim também diz: #ELENÃO. Um movimento simples, mas de uma importância enorme! @ Bom Jardim, Pernambuco, Brazil"
*Michelly Mota

Professor Edgar Bom Jardim - PE

ELE Não: Como o voto feminino, que pode ser decisivo, virou campo de batalha nesta eleição

Manifestação contra Bolsonaro em Londres
Image captionManifestantes se reuniram em Londres e outras cidades da Europa, como Paris e Lisboa, contra Bolsonaro
eleição presidencial de 2018 é claramente muito diferente das anteriores. Entre as novidades no comportamento dos eleitores, uma tem sido especialmente surpreendente: a enorme diferença que as pesquisas apontam nas intenções de votos entre homens e mulheres.
O fosso que se abriu no comportamento desses dois grupos é inédito em eleições presidenciais, destaca o cientista político Jairo Nicolau, professor da UFRJ. Dados das eleições de 2010 e 2014, por exemplo, mostram que homens e mulheres votaram em proporções similares nos diferentes candidatos.
Quem catalisa esse fenômeno nessa eleição é o candidato presidencial Jair Bolsonaro (PSL) - que se recupera de uma facada de um opositor no início do mês e recebeu alta do hospital neste sábado, 29. Ele lidera a preferência do eleitorado com 27% das intenções de voto, segundo a mais recente pesquisa Ibope, divulgada na quarta-feira. Quando abrimos os números por sexo, no entanto, o levantamento mostra que ele tem apoio de 36% dos homens e 18% das mulheres.
Neste sábado, 29, manifestantes protestaram no Rio e em São Paulo contra Bolsonaro, como parte do movimento #EleNao, organizado por mulheres nas redes. Outros protestos foram registrados em mais de 40 cidades do país e em cidades europeias, como Lisboa, Paris e Londres.
Por outro lado, também houve manifestações pelo país em prol do candidato. No Rio, apoiadores de Bolsonaro se reuniram em Copacabana.
Manifestação contra Bolsonaro no Rio
Image captionDezenas de milhares de manifestantes se reuniram contra Bolsonaro no Rio de Janeiro neste sábado (29) em movimento convocado por mulheres
A diferença entre o apoio de homens e mulheres em relação a Bolsonaro não é vista em nenhuma outra candidatura. Fernando Haddad (PT), por exemplo, candidato que aparece em segundo lugar na pesquisa Ibope com 21%, tem preferência de 20% dos homens e de 21% das mulheres. O terceiro colocado, Ciro Gomes (PDT), com 12%, pontua 11% no eleitorado masculino e 12% no feminino.
"Os números mostram que, se a eleição fosse apenas entre as mulheres, estaria muito mais disputada", observa Nicolau.
Os dados do Ibope revelam ainda que o desempenho de Bolsonaro é mais fraco entre as mulheres de menor renda (até dois salários mínimos) e moradoras da região Nordeste, indicando que aí é onde está a maior resistência ao capitão. É nesses segmentos, também, que Haddad vai melhor.
A resistência feminina ao líder das pesquisas tem sido fortemente explorada por outras campanhas, como a de Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede), principalmente as declarações agressivas de Bolsonaro com mulheres e a defesa de que as trabalhadoras, por engravidar, devem receber menos que os homens.

Movimento #EleNão

As mulheres que rejeitam Bolsonaro se organizaram em setembro nas redes sociais em torno do movimento #EleNão, que convocou para este sábado protestos contra o candidato em dezenas de cidades do Brasil e também em algumas no exterior. A mobilização - que contou com apoio até de celebridades internacionais, como a cantora Madonna - agrega mulheres de diferentes visões ideológicas.
Analistas políticos ouvidos pela BBC News Brasil divergem sobre o potencial do movimento para impactar a eleição, provocando, por exemplo, uma queda abrupta nas intenções de voto de Bolsonaro. Parte deles, porém, considera que, se a mobilização for grande, pode contribuir para aumentar a rejeição já elevada do militar reformado, dificultando sua vitória num provável segundo turno contra Haddad.
Manifestação contra Bolsonaro em Londres
Image captionPesquisas apontam diferença inédita de intenção de voto entre homens e mulheres nas eleições brasileiras deste ano
Se o duelo final entre o candidato do PSL e do PT se confirmar, a clivagem de gênero deve ser determinante para o resultado da eleição, observa Jairo Nicolau. A tendência, caso Bolsonaro vença, é que o apoio masculino seja decisivo. Caso perca, será culpa da forte rejeição feminina. Uma vitória depende de ele conseguir reverter ao menos parte da antipatia entre as mulheres, ressalta o professor.
"Essa resistência das mulheres ao Bolsonaro cria uma barreira quase intransponível. É muito difícil num país em que elas são 53% dos eleitores, e comparecem mais às urnas que os homens, que um candidato com alta rejeição feminina vença uma eleição de dois turnos", acredita Nicolau.
Ele ressalta que a semana foi de notícias negativas para Bolsonaro, com a divulgação de que sua ex-mulher, Ana Cristina Valle, informou há dez anos atrás, em um processo que discutiam a guarda do filho, que o candidato teria um patrimônio maior que o declarado à Justiça Eleitoral e incompatível com seu rendimentos como deputado federal e militar aposentado.
Manifestação contra Bolsonaro no Rio
Image captionNo Rio, manifestação teve público variado, com a presença de grupos como professores, organizações LGBT, partidos de esquerda e grupos contra tortura
Ontem, em entrevista para José Luiz Datena, da TV Bandeirantes, Bolsonaro se defendeu das acusações dizendo que "em uma separação é comum ter problemas, é litigiosa, as cotoveladas acontecem de ambas as partes". "A própria ex-companheira diz claramente que, de sangue quente, fala-se coisas que não existem", completou o candidato.
"Vejo esse movimento (das mulheres) como uma peça a mais numa onda que começou a se armar na última semana contra ele. É a primeira vez, pelo que eu me lembro, que a sociedade se articula em campanha contra um candidato numa eleição presidencial no Brasil", nota cientista político da UFRJ.
Bolsonaro em reunião com mulheresDireito de imagemREUTERS
Image captionDesempenho de Bolsonaro é mais fraco entre as mulheres de menor renda, aponta Ibope
Já o professor de direito e relações internacionais na Universidade LaSalle, Fabricio Pontin, se mostra cético quanto ao impacto do movimento #EleNão na eleição. Embora ele considere a mobilização importante para aglutinar a oposição ao candidato do PSL, não acredita que será capaz de reverter votos já conquistados por Bolsonaro - as pesquisas mostram um grau alto de convicção entre esses eleitores - ou capturar muitos indecisos para outros concorrentes.
Pontin ressalta que houve movimento semelhante nos Estados Unidos, sob a hashtah #resistance (#resistência, em tradução literal) contra a candidatura de Donald Trump e ainda assim ele venceu a disputa.
"O eleitor que vota em Bolsonaro, assim como o que votou em Trump, já conhece seus problemas, mas considera que ele é diferente da classe política", destaca.
"E eu me pergunto, quanta gente indecisa vai votar? O número de indecisos já caiu muito nas pesquisas, me parece que os que não têm candidato até agora não vão votar ou vão anular", pondera ainda.
Mulheres protestam contra BolsonaroDireito de imagemREUTERS
Image caption'É muito difícil que um candidato com alta rejeição feminina vença uma eleição de dois turnos', avalia cientista político

Disputa nas redes sociais

A movimentação nas redes sociais reforça os sinais de que o debate de gênero ganhou papel de destaque na eleição brasileira. A Diretoria de Análise de Políticas Públicas (Dapp) da FGV, que vem monitorando a movimentação dos internautas, mostrou em relatório recente que o movimento #EleNão impulsionou cerca de 1,4 milhão de menções no Twitter entre 12 e 24 de setembro. Por outro lado, a reação a esse movimento realizou no mesmo período 284 mil usos da hashtag #EleSim.
Já o último monitoramento semanal da Daap sobre eleições, mostrou que entre 19 e 15 de setembro houve 8,8 milhões de tuítes com teor político, sendo que metade dos perfis engajados nesse debate se manifestaram contra Bolsonaro. Segundo o levantamento, nesse grupo houve "várias publicações com a hashtag #EleNão".
Para a cientista social e antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, professora na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e apoiadora do #EleNão, o movimento tem sim capacidade de virar votos contra o líder das pesquisas. Ela diz que o movimento de articulação feminina em massa dentro do processo eleitoral é inédito e está trazendo muitas delas pela primeira vez ao debate público. O grupo "Mulheres Unidas contra Bolsonaro" no Facebook reuniu em menos de três semanas mais de 3 milhões de integrantes.
"O movimento está muito forte. Há um diálogo direto entre as mulheres: é a eleitora que convence a tia, a avó, uma vizinha a não votar no Bolsonaro", exemplifica.
Outra pesquisa realizada pelo Monitor do Debate Político no Meio Digital, projeto do Grupo de Políticas Públicas da USP, também mostra a importância que as questões de gênero ganharam nessa eleição.
Os pesquisadores monitoraram 115 páginas no Facebook de grande alcance que promovem a candidatura do Bolsonaro durante os 40 primeiros dias de campanha (16 de agosto a 25 de setembro) e detectaram que os três temas que mais geraram compatilhamentos pelos seguidores foram: as postagens antissistema e anti-PT (2 milhões); as publicações com críticas a mídia (1,3 milhão); e as mensagens sobre feminismo e mulheres (1,1 milhão).
Essas questões superaram em muito o engajamento com postagens sobre corrupção (338 mil compartilhamentos) e armamentos (229 mil), por exemplo.
Mulher sorri com uma placa junto ao topo da cabeça, com os dizeres "Ele não", em evento de campanha do PT em São PauloDireito de imagemREUTERS
Image caption'O movimento está muito forte. Há um diálogo direto entre as mulheres: é a eleitora que convence a tia, a avó, uma vizinha a não votar no Bolsonaro', diz cientista social
"As questões que envolvem a mulher parecem ser uma obsessão da campanha, já que as mulheres constituem um dos principais grupos demográficos nos quais o candidato tem dificuldade em encontrar adesão", destaca o estudo.
Um dos autores do levantamento, o filósofo Pablo Ortellado, ressalta que a discussão sobre e igualdade salarial entre trabalhadoras e trabalhadores foi o tema relacionado às mulheres que mais gerou engajamento entre os apoiadores de Bolsonaro.
"Acredito que mais importante que os protestos desse sábado é o movimento #EleNão nas redes sociais. O jogo eleitoral desse ano está acontecendo nas redes", destaca.
Os protestos convocados para as ruas, porém, geram preocupação na campanha de Bolsonaro. O temor é que algum conflito que venha a ocorrer nesses atos possa prejudicar o candidato. Nesse sentido, o deputado federal Fernando Francischini, do PSL, encaminhou um requerimento à Polícia Federal para que reforce a segurança durante as manifestações.
Defensorias públicas em diferentes estados anunciaram que farão plantão no sábado para atender eventuais vítimas de agressão. A Rede Nacional de Advogadas e Advogados Populares (Renap) também acompanhará os protestos. 
Com informações de:

Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 29 de setembro de 2018

Mulheres do mundo todo contra Bolsonaro


Procurando garantir a liberdade de expressão e manifestação do pensamento no ato público Mulheres contra Bolsonaro, que ocorre no próximo sábado (29), o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) recomendou à Polícia Militar que o eventual uso da força seja feito "em conformidade com os princípios da legalidade, necessidade, razoabilidade e proporcionalidade". A justificativa, de acordo com o promotor de Justiça Westei Conde y Martin Junior se deve ao acirramento dos ânimos em decorrência à proximidade das Eleições Gerais 2018 e o acirramento de ânimos entre parcelas da população, por conta de suas preferências eleitorais. 

"Deve ser, nos limites da lei, assegurada a todas as pessoas participantes do referido ato público a liberdade de expressão e manifestação do pensamento, sem sofrer nenhum tipo de violência ou embargo perpetrada por particulares e/ou agentes públicos", considerou o promotor de Justiça Westei Conde y Martin Junior.

A recomendação foi acatada pelo Comando Geral da PM  e destaca que, no ato público suprapartidário, os PMs devem, a fim de evitar a consequente responsabilização administrativa, civil e criminal, atuar adequadamente na eventual utilização da força e no emprego de instrumentos de menor potencial ofensivo. 

Professor Edgar Bom Jardim - PE