quarta-feira, 25 de julho de 2018

Reação: após remoção do Facebook, cúpula do MBL troca WhatsApp por Telegram e prepara ofensiva


Pessoa olhando o celular no metrôDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionFacebook argumenta que só removeu páginas e perfis que quebraram suas regras de funcionamento
Na manhã desta quarta-feira, os responsáveis pelo Facebook anunciaram a remoção da rede social de 196 páginas e 87 perfis de cunho político, principalmente ligados à direita. A lista dos usuários atingidos não foi divulgada pela empresa, mas várias das páginas afetadas eram relacionadas ao Movimento Brasil Livre (MBL). O grupo ativista de direita teve participação significativa nas manifestações pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), em 2016.
Em comunicado divulgado na manhã de hoje, o Facebook afirma que a remoção do conteúdo é "parte de nossos esforços contínuos para evitar abusos", e que a empresa agiu após uma "rigorosa investigação". As páginas e perfis removidos fariam "parte de uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo, com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação".
Após a ação, o MBL lançou uma campanha contra a medida em diversas redes sociais - incluindo o próprio Facebook e o WhatsApp, que também pertence à empresa americana.
Página do MBL no Facebook
Image captionAo longo do dia de hoje, a página do MBL no Facebook dedicou-se a denunciar a suposta 'censura' do Facebook | Imagem: Reprodução/Facebook
"É ação coordenada. Estão censurando em camadas. Completamente orwelliano", escreveu um dos coordenadores do movimento em mensagem à BBC News Brasil pelo WhatsApp. A referência é ao escritor britânico George Orwell (1903-1950). No livro "1984", Orwell descreve uma sociedade totalitária, na qual os cidadãos são controlados por uma mistura de propaganda, revisionismo histórico, vigilância e censura.
Ao longo da quarta-feira, a cúpula do movimento começou a estudar formas de responder ao que consideram um ataque do Facebook. Políticos simpáticos ao grupo no Congresso Nacional foram acionados para rechaçar a medida e o grupo estuda a possibilidade de mover ações judiciais contra o Facebook, além de cogitar a realização de manifestações. Ao mesmo tempo, um procurador da República em Goiás, Ailton Benedito, requisitou à empresa a lista de páginas e perfis removidos.
A cúpula do MBL também tomou hoje uma medida de segurança: os coordenadores nacionais do grupo passaram a usar o Telegram, aplicativo de mensagens de origem russa considerado uma alternativa ao popular WhatsApp. É que este último pertence ao Facebook. "Não confio (no WhatsApp)", justificou um coordenador.
Notificação do Telegram mostrando a entrada dpo vereador Fernando Holliday (DEM-SP) e de Renan Santos, ambos líderes do MBL
Image captionNotificações do Telegram mostram a entrada do vereador Fernando Holliday (DEM-SP) e de Renan Santos, ambos líderes do MBL
No mundo político, a medida do Facebook foi comemorada por representantes da esquerda. O candidato do PSOL à Presidência da República, Guilherme Boulos, classificou o MBL de "rede criminosa de calúnias e fake news". "Agora é preciso investigar quem financiou e financia esta turma", escreveu ele no Twitter. Também pelo Twitter, o senador Humberto Costa (PT-PE) disse que o MBL "foi pego pelo Facebook por manter uma rede de páginas e contas falsas com a finalidade de propagar mentiras".
O comunicado do Facebook é assinado por Nathaniel Gleicher, identificado como líder de Cibersegurança da empresa. "Nós estamos agindo apenas sobre as páginas e os perfis que violaram diretamente nossas políticas, mas continuaremos alertas para este e outros tipos de abuso, e removeremos quaisquer conteúdos adicionais que forem identificados por ferir as regras", diz o texto.
Um dos coordenadores do MBL, Pedro D'Eyrot, diz que o Facebook está promovendo "uma cruzada" contra o grupo. "O que nós temos agora é uma empresa estrangeira interferindo na política brasileira, sob a desculpa esfarrapada de tentar proteger as eleições (de notícias falsas)", diz ele. "A partir do momento que eles começam a agir politicamente, a conversa (com a empresa) é outra", diz.
Em março deste ano, o jornal O Globo publicou reportagem apontando a suposta ligação do MBL com a página Ceticismo Político, que, na ocasião, divulgou o posicionamento de uma desembargadora carioca relacionando a vereadora assassinada Marielle Franco (PSOL) ao tráfico de drogas no Rio de Janeiro. O MBL nega ligação com a página - que foi derrubada nesta quarta-feira.

Qual a reação do MBL contra o Facebook?

O grupo cogita uma manifestação contra o Facebook nos próximos dias. Também deve ingressar com ações judiciais contra a empresa - o argumento é o de que o Facebook teria rompido o artigo 14 do Código de Defesa do Consumidor, pois algumas das páginas removidas tinham dinheiro aplicado para impulsionar (aumentar a visibilidade) de suas publicações.
Pessoas usando celularesDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionAlgumas das páginas derrubadas tinham dinheiro aplicado para ampliar seu alcance, argumenta o MBL
Ao longo da quarta-feira, o grupo acionou congressistas de direita para falar contra a suposta "censura" do Facebook - o deputado federal Jerônimo Goergen (PP-RS) chegou a dizer que iria estudar a possibilidade de coletar assinaturas de seus colegas, com o objetivo de instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara.
"Acredito que o melhor ambiente para estes esclarecimentos seja no Congresso, com a instalação de uma CPI. Uma empresa com o tamanho e o alcance do Facebook pode influenciar na tomada de decisões dos eleitores", disse o deputado. Goergen fez a ressalva de que uma eventual coleta de assinaturas só poderia ocorrer depois do fim do recesso parlamentar.
Em outra ponta, o procurador da República em Goiás Ailton Benedito requisitou à rede social que apresente em até 48 horas a relação das páginas removidas e uma justificativa para a retirada de cada uma delas. À BBC News Brasil, Ailton disse que a requisição tem por objetivo obter dados para uma outra investigação em curso, que visa apurar se o Facebook está "impondo censura de natureza discriminatória ao usuário brasileiro".
Segundo Ailton, que é o atual chefe do MPF em Goiás, o objetivo é proteger "o direito constitucional à liberdade de informação e opinião".
"O fato de ser empresa privada não a exclui da obrigação de fornecer essas informações. Sendo um provedor de aplicativo de internet, deve estar de acordo com o Marco Civil da Internet. A internet é um serviço de natureza social e pública", argumenta o procurador.

Quais páginas foram removidas?

Na manhã de quarta, o Facebook tirou do ar páginas ligadas a células do MBL em São José dos Campos (SP) e em Taubaté (SP). Também removeu páginas de militantes como Renato Battista e Thomaz Henrique Barbosa. Outra página removida foi a do Movimento Brasil 200, uma campanha de empresários pró-liberdade de mercado capitaneada por Flávio Rocha, dono da rede de lojas Riachuelo. Até meados de julho, Rocha era pré-candidato à Presidência pelo PRB, e contava com o apoio do MBL.
O empresário Flávio Rocha em ato no MBLDireito de imagemREPRODUÇÃO/MBL
Image captionO empresário Flávio Rocha num ato do MBL em São Paulo, em abril deste ano
No Twitter, Rocha disse que a exclusão da página era "inaceitável" e "uma violência". "Conclamo a bancada do Brasil 200 no Congresso Nacional a tomar posição sobre essa arbitrariedade. Nem no tempo da ditadura militar se verificava tamanha arbitrariedade", escreveu ele.
Também foram excluídas páginas mantidas por apoiadores do candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), mas não perfis oficiais ligados ao capitão da reserva.
Esta não é a primeira vez que o MBL reclama de ter seu conteúdo removido pelo Facebook. No começo de julho, a rede social tirou do ar por duas vezes uma popular página de memes de política, a Corrupção Brasileira Memes (CBM) - a página divulgava conteúdo de humor, ideologicamente associado à direita, e a maioria de seus administradores era de integrantes do MBL. A página tinha mais de um milhão de seguidores. Uma outra página de militantes do MBL no Rio de Janeiro também foi removida na mesma época.
*Colaborou Rafael Barifouse, da BBC News Brasil em São Paulo
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 24 de julho de 2018

Bom Jardim Arte - Mostra de Cultura Popular PE recebe visita de estudantes bonjardinenses

Uma garotada super esperta  das escolas São Francisco de Assis e ETB esteve visitando a Bom Jardim Arte - Mostra de Cultura Popular PE, nesta terça(24), na sede do projeto www.culturapopularpe.com.br. em parceria com o Museu de Bom Jardim. A exposição  que é um experimento no formato Bienal de Arte, fortalece a identidade cultural de Pernambuco, por meio da valorização e visibilidade da diversidade artística. 

O pintor Sandro Roberto Leite, conversou com estudantes sobre suas pinturas, técnicas  e deu dicas sobre o material utilizados em cada quadro exposto na mostra. O produtor e curador da exposição, professor Edgar Severino dos Santos, faz  a monitoria e orientações para estudantes das escolas visitantes. Este é também um importante momento para divulgar o site culturapopularpe.com.br , projeto que teve aprovação do FUNCULTURA e Fundarpe.

A exposição acontece na Rua Manoel Augusto, 26 - B, Centro de Bom Jardim. As escolas devem agendar data e horário das visitas com o professor Edgar.


Professor Edgar Bom Jardim - PE

Direção nacional do PP definiu que, para atingir os 30% exigidos, os homens abrirão mão de uma parte que seria deles.


Na resolução entregue ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em que especifica como será a distribuição dos recursos do fundo eleitoral entre seus candidatos, o Partido Progressista Nacional(PP) estipulou que os homens indicarão as candidatas mulheres que desejam beneficiar.

O novo fundo eleitoral, de R$ 1,7 bilhão, foi criado para financiar as campanhas depois que as doações de empresas foram proibidas. A única exigência objetiva do TSE é que os partidos destinem, no mínimo, 30% do que receberem para candidaturas de mulheres.
A direção nacional do PP definiu que, para atingir os 30% exigidos, os homens abrirão mão de uma parte que seria deles. Assim, um candidato homem vai indicar a candidata mulher que ele quer que receba a parte subtraída da dele.

Dois especialistas ouvidos pela reportagem sob condição de anonimato disseram que esse critério, que subordina a mulher ao homem, subverte o objetivo da regra, que era fomentar a participação feminina na política.

O ideal, para um dos especialistas consultados, era que os partidos repassassem os 30% para o movimento de mulheres, e elas decidissem como usar o recurso.

O tesoureiro do PP, deputado Ricardo Barros (PR), afirmou que a opção do partido, na verdade, privilegia as mulheres. Segundo ele, uma candidata a deputada, por exemplo, receberá sua parte do fundo, como qualquer outro postulante à Câmara, e mais o que os candidatos homens lhe repassarem.

A sigla decidiu que vai dar R$ 2 milhões para os deputados federais, de qualquer gênero, que forem tentar a reeleição.

O PP é um dos 12 partidos que já remeteram ao TSE seus critérios de distribuição interna do "fundão". Faltam 23 partidos submeterem a documentação à corte eleitoral, exigência para que recebam o recurso público. A campanha eleitoral começará em 16 de agosto.
Com informação de Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

"Por que fizeram isso com ela? Quero justiça", diz mãe de estudante morta na Nicarágua


Foto: Facebook/Reprodução (Foto: Facebook/Reprodução)
Foto: Facebook/Reprodução
O pai da estudante Raynéia Gabrielle Lima, Ridevando Pereira, contou que soube da morte de sua filha por meio de uma ligação da Embaixada brasileira em Manágua. Estudante universitária, a brasileira foi morta a tiros na noite desta segunda-feira (23) em Manágua, capital da Nicarágua.

Segundo ele, a família tem poucas informações e ainda não sabe sob quais circunstâncias Raynéia morreu. "Estamos em contato com a embaixada para saber alguma coisa", disse.

As autoridades brasileiras já notificaram o governo de Daniel Ortega sobre o caso e pediram explicações. A embaixadora nicaraguense em Brasília também deve ser convocada pelo governo, segundo uma diplomata brasileira em Manágua ouvida pelo Estado de S. Paulo.

Entrevista concedida ao Diario com a mãe de Raynéia

Chorando muito ao telefone, a mãe de Raynéia, a enfermeira aposentada Maria José da Costa, 55 anos, conversou com o Diario. Segundo ela, a filha tinha se mudado para a Nicarágua em 2013, depois de tentar medicina duas vezes em faculdades públicas de Pernambuco. Medicina era o grande sonho de Rayneia, que estava terminando a residência e voltaria para o Brasil no começo do próximo ano. 

Rayneia, segundo a mãe, passou dificuldades para terminar o curso e chegou a vender brigadeiro para custear a vida na Nicarágua, para a qual também recebia ajuda financeira dos ex-sogros. A última vez que Maria José e Rayneia se falaram foi na manhã de segunda-feira (23), quando a estudante afirmou que estava de plantão e que, ao chegar em casa, à noite, ligaria para a mãe.

Como vocês ficaram sabendo do ocorrido?

Hoje (terça-feira) pela manhã, por volta das 7h30, meu ex-sogro me ligou. Neste momento, deu um aperto no meu coração. É difícil ele me ligar e quando vi a chamada imaginei que houvesse acontecido algo com a minha filha. Foi quando ele disse que ela tinha levado vários tiros e que não resistiu. Até agora, não sei mais de nada. Ainda não recebi ligação da embaixada.

Como era a rotina dela na Nicarágua?

Era de casa para o hospital. Ela tinha terminado a faculdade em dezembro e estava agora apenas na residência. Queria muito voltar ao Brasil. Tinha ido para lá porque, na época, o ex-sogro era engenheiro da Odebrecht. Assassinaram a minha filha sem motivo algum. Ela nunca foi de fazer manifestação, não era de acordo. Por que fizeram isso com ela? Quero justiça.

Ela já havia chegado a comentar dos protestos que estavam acontecendo na Nicarágua?

Já faz uns seis ou sete meses que ela comentou desses protestos. Disse que o país estava em conflito, que estava um caos. A primeira vez, ela contou: "já faz 10 anos que o governo está no poder e ninguém quer ele, mãe. Chega policial ferido, gente ferida, o tempo todo no hospital". Eu dizia para ela ter cuidado ao sair de casa e voltar, para não ir sozinha. Ela tinha medo, dizia que era mais seguro ficar no hospital do que em casa. Ontem, disse de novo para ela ter cuidado. Mas na volta do plantão aconteceu isso.
Com informação de diario de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Eleições 2018: Por que as próximas duas semanas serão cruciais para Bolsonaro, Marina, Ciro e Alckmin

Composição com os rostos de Jair Bolsonaro, Ciro Gomes, Geraldo Alckmin e Marina SilvaDireito de imagemAGÊNCIA BRASIL, CNI E GOVERNO DE SP
Image captionPretensões presidenciais ganharão força ou sofrerão abalos nos próximos dias
"Guerreiros vitoriosos vencem antes de ir à guerra", escreveu o general e filósofo chinês Sun Tzu (544 a.C. - 496 a.C). No Brasil de 2018, as campanhas políticas não tomam decisões baseadas em livros como A Arte da Guerra, escrito por Sun. Mas para quem pretende se eleger presidente da República é crucial chegar ao começo da propaganda eleitoral, em 31 de agosto, com o apoio do maior número possível de partidos. Nos próximos 15 dias, Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) farão de tudo para fechar alianças com o maior número possível de legendas.
O calendário traçado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para as eleições de 2018 determina que as legendas realizem suas convenções partidárias no período entre a sexta-feira passada, 20, e 5 de agosto. É nas convenções que os partidos devem tomar a principal decisão da campanha: se vão disputar com candidato presidencial próprio, apoiar um nome de outro partido, ou se permanecerão neutros.
Junto com o apoio dos partidos vêm o tempo de TV e rádio; o dinheiro dos fundos Eleitoral e Partidário e a "máquina" das legendas - governadores, prefeitos, cabos eleitorais etc.. É com essas armas que os candidatos começam a ganhar a eleição antes da abertura oficial da disputa.
Nesta quinta-feira, o grupo de partidos conhecido como "centrão" deve oficializar o apoio ao candidato do PSDB ao Planalto, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin. São cinco partidos: DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade. Juntos, os partidos somam 164 deputados federais (número usado no cálculo do tempo de TV e rádio), R$ 440,4 milhões no Fundo Eleitoral e 1.221 prefeitos eleitos em 2016.
A pré-candidata presidencial Marina SilvaDireito de imagemANDRÉ CARVALHO / CNI
Image captionMarina Silva será oficializada candidata em 4 de agosto, em evento em Brasília
No dia 1º de agosto, o PCdoB da pré-candidata Manuela D'Ávila realiza sua convenção em Brasília. A candidatura da deputada gaúcha ao Planalto corre risco: dirigentes do partido estão conversando tanto com Ciro Gomes (PDT) quanto com o PT. Neste fim de semana, a cúpula do partido se reuniu em São Paulo para debater a conjuntura eleitoral - e o encontro terminou com a presidente do partido, Luciana Santos, fazendo um apelo pela unidade dos partidos de esquerda.

'Ele nos encolhe e nos envergonha'

Outro que enfrenta alguma resistência dentro do próprio partido para concorrer é o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Nesta segunda feira, ele foi ao Paraná pedir votos dos delegados que decidirão seu destino no encontro do MDB - o diretório do MDB no Estado, sob influência do senador Roberto Requião, é um dos cinco onde há objeções à candidatura de Meirelles, junto com Sergipe, Alagoas, Pernambuco e Ceará.
"Não podemos permitir que o MDB se preste a servir de legenda de aluguel para a anticandidatura de Henrique Meirelles (...). Com menos de 1% nas pesquisas e uma agenda contra o povo, ela nos encolhe e envergonha", escreveu o senador emedebista Renan Calheiros (AL), numa carta enviada na última sexta-feira aos votantes da convenção do MDB, marcada para o dia 2 em Brasília.
Na mensagem, Calheiros pede que o partido libere seus quadros e negue legenda a Meirelles. Este tem o apoio do senador Romero Jucá (RR), do presidente Michel Temer e de outros caciques da sigla - o cálculo da cúpula do partido é o de que Meirelles tenha 443 dos 629 votos na convenção. O partido tem a segunda maior bancada na Câmara (51 deputados) e a maior fatia do Fundo Eleitoral: R$ 234 milhões.
A BBC News Brasil procurou a campanha de Meirelles, mas ele preferiu não responder diretamente às críticas de Calheiros.

Desafios dos candidatos em Pernambuco

Para Ciro Gomes, a definição mais importante será a do PSB. No dia 30, o partido fará uma reunião de seu Diretório Nacional, em Brasília, que na prática definirá quem a legenda apoiará (a convenção oficial será em 5 de agosto). Os socialistas têm a oferecer uma bancada de 26 deputados e R$ 118 milhões no Fundo Eleitoral. Para comparação, o PDT de Ciro tem R$ 61 milhões neste fundo.
O presidente do PSB, Carlos Siqueira, está apoiando abertamente Ciro. O pedetista também conta com o apoio público do governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg.
A principal resistência a Ciro no PSB está em Pernambuco. O Estado nordestino é o "berço" da legenda, e o diretório local defende que o partido fique neutro. O atual governador, Paulo Câmara, quer o apoio do PT local para tentar a reeleição - ou pelo menos que o partido retire a candidatura estadual de Marília Arraes, prima do ex-governador e candidato pelo PSB em 2014, Eduardo Campos (1965-2014).
"A nossa posição é tentar a aliança com o PT em Pernambuco. E eles (PT) têm dito que só admitem apoiar as nossas candidaturas se houver aliança nacional. O nosso interesse é esse, mas Pernambuco não resolve as coisas sozinho", admite o deputado Tadeu Alencar (PSB-PE).
Ciro Gomes no lançamento de sua candidatura presidencialDireito de imagemMARCELO CAMARGO / AGÊNCIA BRASIL
Image captionCiro se lançou candidato pelo PDT na última sexta-feira, em Brasília

Para que serve uma coligação?

Segundo a cientista política Lara Mesquita, pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas (FGV), uma coligação grande traz três vantagens importantes para o candidato presidencial: mais tempo de propaganda eleitoral, estrutura partidária com abrangência nacional maior e uma imagem de maior capacidade de governar caso eleito.
As coligações também são fundamentais para aumentar a capilaridade da campanha - devido às dimensões continentais do Brasil, é difícil que os candidatos presidenciais consigam percorrer todo o país durante a campanha. Com uma aliança ampla, o concorrente presidencial terá mais candidatos desses partidos em todo o país pedindo votos em seu nome.
Mesquita ressalta que a proibição das doações de empresas para campanhas aumentou ainda mais a relevância das máquinas partidárias. "O único apoio dos partidos que muitos candidatos a deputado recebem é o material impresso para campanha. Esse santinho do candidato já virá com o nome do candidato presidencial que a coligação está apoiando", exemplifica a pesquisadora.

Qual candidato sai na frente com o cenário atual?

Se o quadro atual se mantiver, o grande beneficiado é o candidato do PSDB, Alckmin.
O apoio do "centrão" - DEM, PP, PR, PRB e SD - foi definido na última quinta-feira. A aliança foi selada após um café da manhã na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) em Brasília, seguida de uma reunião à tarde no bairro dos Jardins, em São Paulo.
O deputado Efraim Filho (DEM-PB) diz que o grupo "até fez um esforço" para fechar com Ciro Gomes (PDT), mas a falta de identidade ideológica com o pedetista acabou falando mais alto. "A posição de Ciro é mais à esquerda do que aquilo que o centrão desejava", diz ele. "No fim, optou-se pela alternativa que gera o menor ruído", disse Efraim à BBC News Brasil na noite da quinta-feira.
Em troca do apoio, Alckmin teria se comprometido com algumas demandas do "centrão": apoio a alguns candidatos do grupo nos Estados; suporte à candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) ao comando da Câmara dos Deputados em 2019; e a vaga de vice-presidente na chapa para o empresário mineiro Josué Alencar (PR).
O presidente da República Michel Temer (esq.) e o ex-ministro Henrique Meirelles (dir.)Direito de imagemFILIPE CARDOSO
Image captionMeirelles terá de enfrentar resistências dentro do MDB para oficializar sua candidatura
No fim da semana passada, o tucano também recebeu promessas de apoio do PTB, do PPS e do PSD. Com o PSDB, o grupo de nove partidos soma 275 deputados federais, mais que a metade dos 513 integrantes da Câmara - o número de deputados é o que determina o tempo de TV de cada candidato.
A super-aliança de Alckmin também controlaria R$ 829 milhões de R$ 1,7 bilhão do Fundo Eleitoral - 48% do total. Além disso, os partidos elegeram 2.933 prefeitos em 2016: uma multidão de possíveis cabos eleitorais para o ex-governador paulista.
Para Deysi Cioccari, cientista política da PUC-SP, a ampla aliança construída por Alckmin lhe dá "uma possibilidade concreta de estar no segundo turno".
Na sua avaliação, embora as redes sociais tenham relevância crescente como meio de informação, elas ainda não terão peso determinante na eleição, porque boa parte da população brasileira vive em pequenas cidades ou no meio rural, onde o uso da internet não é tão intenso.
"No interior, muitas pessoas só ouvem rádio, veem TV. Não tem Twitter, Facebook", ressalta. Cioccari acredita que o tempo amplo de propaganda eleitoral pode ser uma oportunidade para Alckmin recuperar parte dos votos, de um eleitor mais conservador de direita, que perdeu para Bolsonaro.
Geraldo Alckmin fala pelo microfoneDireito de imagemAFP
Image captionPara a cientista política Deysi Cioccari, ampla aliança construída por Alckmin lhe dá 'uma possibilidade concreta de estar no segundo turno'

O que Marina e Bolsonaro podem fazer sem aliados?

Apesar do tempo de propaganda ser importante, nem sempre ele é definitivo para a vitória eleitoral. Lula, por exemplo, venceu as eleições de 2002 e 2006 mesmo não sendo o candidato com mais tempo de rádio e TV.
Nas últimas duas semanas, Jair Bolsonaro (PSL) falhou em construir alianças com o PR e, mais tarde, com o nanico PRP. Já Marina Silva tenta alianças com partidos pequenos, como o PROS, o PMN, o PHS e o PPL (este último indica que lançará como candidato presidencial João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart).
O pré-candidato Jair BolsonaroDireito de imagemREUTERS
Image captionNas últimas semanas, Bolsonaro teve dificuldade em formar alianças
Para Lara Mesquita, da FGV, candidatos com pouco tempo de propaganda, como Marina Silva (Rede) e Jair Bolsonaro (PSL) podem se beneficiar caso o voto de oposição ao governo atual prevaleça nessa eleição.
"Bolsonaro e Marina não foram atingidos pela Lava Jato. Se o fator anticorrupção for importante na definição do voto do eleitor, isso pode beneficiá-los", lembra ainda Mesquita. A reportagem da BBC News Brasil procurou as campanhas dos dois candidatos, mas não houve resposta.

Como são as regras para a formação de alianças?

O calendário do TSE determina que as candidaturas e coligações devem ser registradas até o dia 15 de agosto.
Segundo o advogado eleitoral Gustavo Guedes, os partidos têm adotado como prática usar as convenções para oficializar só os pontos mais importantes - como as alianças presidenciais e os nomes dos candidatos a governador, por exemplo. Definições menos relevantes (como os candidatos a deputados), costumam ser repassadas para comissões eleitorais ou para as Executivas dos partidos.
"A convenção, via de regra, define só os aspectos mais relevantes", diz Guedes. Para definir o número de candidatos a deputado federal, por exemplo, os partidos precisam saber quantos serão os partidos de sua coligação - portanto, esta decisão só pode ser tomada depois de todos os partidos fecharem uma posição, diz o advogado.
As coligações também vão determinar o tempo de TV e rádio para cada candidato presidencial - o número exato é calculado pelo TSE com base nas bancadas dos partidos da Câmara dos Deputados, considerando quais foram as coligações formadas. Isto porque só o número de deputados dos seis maiores partidos na coligação é considerado para o cálculo do tempo de TV do candidato.
Além disso, em maio, alguns partidos questionaram o TSE e o STF a respeito do critério a ser usado: a bancada eleita pelo partido para a Câmara em 2014 ou a bancada atual das siglas na Casa. O cálculo final do tempo de TV de cada candidato também dependerá desta definição.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

'Golpe':Governo Temer aposta na reforma da Previdência pós-eleição

A frustração em não aprovar a reforma no início deste ano deixou uma lacuna que o governo ainda não conseguiu superar. Foto:  Evaristo Sa/AFP
A frustração em não aprovar a reforma no início deste ano deixou uma lacuna que o governo ainda não conseguiu superar. Foto: Evaristo Sa/AFP
O governo federal está esperançoso com a possibilidade de Geraldo Alckmin, do PSDB, se fortalecer nas eleições com o apoio do centrão. Não por apreço da cúpula governista aos tucanos, que não desejam vincular a imagem com o presidente Michel Temer por considerá-la “tóxica” — e isso, como era de se esperar, desagrada os emedebistas. O único desejo do Palácio do Planalto é aprovar a reforma da Previdência depois das eleições. E a possibilidade disso acontecer ainda este ano é com uma vitória tucana apoiada pelo blocão nas urnas.

A frustração em não aprovar a reforma no início deste ano deixou uma lacuna que o governo ainda não conseguiu superar. Mas isso não significa que jogou a toalha. O grande sonho de Temer continua sendo atualizar as regras para aposentadoria e se consolidar como um presidente reformista que recuperou a economia após dois anos de recessão. Como ele mesmo diz, a “história é que vai dizer” como foi o governo emedebista.

Os sinais de intenção da aprovação da reforma não são recentes. Em diferentes situações ao longo do ano, Temer indicou a possibilidade de se retomar a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) este ano depois das eleições. Em 5 de julho, em uma das últimas cerimônias realizadas no Planalto antes de o governo ficar impossibilitado de fazer propagandas institucionais em função da legislação eleitoral, o emedebista declarou que, após a corrida eleitoral, cria-se um momento propício para todos se unirem em busca do “bem comum”.

“Na vida do Estado, há dois momentos distintos. Um momento chamado político-eleitoral, que as pessoas se contestam, se controvertem, discutem, apresentam planos. Às vezes exacerbam as palavras e temos que compreender isso, mas é um momento pré-eleitoral. Há um outro momento, que é logo depois das eleições do momento político-administrativo, em que todos devem se unir em busca do bem comum”, declarou.

O “bem comum” do governo não é outro além da reforma da Previdência. O Planalto já sinalizou em outras ocasiões a disponibilidade de articular junto ao Congresso a retomada da votação da PEC, caso seja um assunto de interesse expressado pelo próprio vencedor das eleições. As discussões em torno de uma votação ocorrerão depois das eleições, sustenta o deputado Darcísio Perondi (MDB-RS), vice-líder do governo na Câmara.

O governista adverte, no entanto, que a costura depende do resultado. “Só dá para saber depois das eleições. Ninguém vai governar sem a reforma da Previdência. E, se mais cedo (aprovada) for, melhor será para todos os brasileiros”, pondera. Para Perondi, Alckmin é “um bom quadro”, mas garante que o MDB segue disposto a correr nas eleições presidenciais com Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda.

A possibilidade de uma aprovação da reforma da Previdência ainda este ano é bem avaliada pela equipe de Alckmin. Interlocutores ligados à coordenação política do presidenciável ponderam que seria um desgaste a menos para lidar no governo. “Aproveitar um fim melancólico do governo Temer para aprovar algo que o país precisa seria oportuno. Sem a reforma, não tem como governar”, pondera um deles. As próprias negociações para fechar com o centrão podem ajudar no processo. Ele explica que, na visão de Alckmin, tão ou mais importante do que ganhar as eleições é vencer com uma base ampla.

“Desde o princípio, trabalham nessa perspectiva para que garantisse governabilidade. A aliança construída entre o blocão e o PSDB aponta para uma união que não é apenas competitiva para assegurar estrutura nos estados e tempo de televisão, mas também para ter governabilidade a ponto de fazer uma discussão até sobre antecipar a reforma da Previdência para este mandato, pois teria os votos necessários. A lógica da formação da chapa sempre foi essa”, sustenta o interlocutor.

Renovação

O deputado Izalci Lucas (PSDB-DF), vice-líder da legenda na Câmara, adverte que o apoio a uma aprovação da reforma da Previdência após as eleições depende da renovação do Congresso. “Pode haver uma mudança grande de reeleição e tudo isso influencia no voto”, pondera. Ele avalia, no entanto, ser difícil aprovar neste governo, que não detém votos e legitimidade. Para ele, é preciso que Executivo e Legislativo federal cortem da própria carne para servir de exemplo à população. “E eu não vejo como isso pode ser feito ainda neste governo.”

A votação da PEC que atualiza as regras de aposentadoria após as eleições não seria uma tarefa simples. A vitória de Alckmin apenas abriria as chances para se votar o texto ainda este ano, avalia o analista político Cristiano Noronha, sócio da Arko Advice. Mas o prazo para se aprovar é pequeno. “Não há muito espaço para se articular a matéria com outros presidenciáveis. E a probabilidade maior não significa facilidade. No melhor cenário, seria aprovada só na Câmara”, alerta.

O provável segundo turno das eleições cairá em 28 de outubro. O recesso parlamentar do fim de ano se inicia em 23 de dezembro. Logo, restaria pouco menos de dois meses para se aprovar. Nesse período, Noronha reforça que há dois feriados em novembro. “No meio de tudo isso terão negociações internas sobre formação do novo governo. É um período muito confuso e curto”, adverte. Ele reforça também que, para se colocar em pauta, seria necessário revogar a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. “Não sabemos como estará a situação no estado.”
Com informações do Diário de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 22 de julho de 2018

Nas metáforas de Kafka: o humano de muitas formas


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Quem se prende no homogêneo esgota a imaginação. O sossego é sempre passageiro. A vida contemporânea pede inquietação. Há mistura de formas, o invisível atiça a subjetividade e os dias ganham uma velocidade inesperada. Nem todos percebem. Daí, a história possuir atmosfera de acaso, mas não assombrar os apáticos. Há quem se debruce sobre o passado como algo morto. Não quer a nostalgia, porém resmunga com as intromissões da tecnologia. A literatura ajuda a desfazer o comum. Ela puxa a imaginação, inventa palavras, exalta a heterogeneidade, sacode a memória.
Há escritores que surpreendem, nos deixam extáticos. Quem nunca leu Kafka perde muito das emboscadas da vida. Não estou caindo no negativo, celebrando o pessimismo. Desejo fugir do lugar comum. Leia A metamorfose e pense. Kafka transcendeu seu tempo. Os homens não são sonhos terminados. As metáforas criam significados, vestem roupas fora da moda. De repente, sou um isento.Tenho que abrir outras portas, visualizar pesadelos que pareciam findos, escutar lágrimas e apelos nunca vistos. Sinal fechado? Juízo final?
A vida muda não, necessariamente, nas dimensões corporais. A imaginação nos leva para abismos. Sentimos angústias, nudez dos desamparos, ouvindo ruídos de carros ou conversando com o amigo na esquina. O controle dos atos não é fácil. Desperdiçamos tempos acreditando numa paixão, entramos em avenidas inóspitas, sem observar o que realmente acontece. Kafka não hesitou. Desmitificou, mostrou o humano absorvido em peripécias, desfazendo-se de horrores inutilmente. O mar das incertezas pode inundar seu quarto,  estimular voos.
A morte, talvez, seja o último medo. Não sei, nem a A metamorfose me responde. Uma história são muitas histórias. Não há covardia que silencie o movimento do humano. Ele é teimoso. lança-se em onipotências, não dispensa afetos. A literatura traz espelhos. Se não quiser vê-los, cairá na banalidade. Portanto, corra o risco. O pior é congelar a ansiedade e procurar traçar fronteiras. Elas não existem. Aprenda com Kafka que tudo não é tudo e que nada não e nada. Estique-se fora das previsões. As baratas sobrevivem sem divindades, na danação dos esgotos.
Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE