domingo, 22 de julho de 2018

Nas metáforas de Kafka: o humano de muitas formas


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Quem se prende no homogêneo esgota a imaginação. O sossego é sempre passageiro. A vida contemporânea pede inquietação. Há mistura de formas, o invisível atiça a subjetividade e os dias ganham uma velocidade inesperada. Nem todos percebem. Daí, a história possuir atmosfera de acaso, mas não assombrar os apáticos. Há quem se debruce sobre o passado como algo morto. Não quer a nostalgia, porém resmunga com as intromissões da tecnologia. A literatura ajuda a desfazer o comum. Ela puxa a imaginação, inventa palavras, exalta a heterogeneidade, sacode a memória.
Há escritores que surpreendem, nos deixam extáticos. Quem nunca leu Kafka perde muito das emboscadas da vida. Não estou caindo no negativo, celebrando o pessimismo. Desejo fugir do lugar comum. Leia A metamorfose e pense. Kafka transcendeu seu tempo. Os homens não são sonhos terminados. As metáforas criam significados, vestem roupas fora da moda. De repente, sou um isento.Tenho que abrir outras portas, visualizar pesadelos que pareciam findos, escutar lágrimas e apelos nunca vistos. Sinal fechado? Juízo final?
A vida muda não, necessariamente, nas dimensões corporais. A imaginação nos leva para abismos. Sentimos angústias, nudez dos desamparos, ouvindo ruídos de carros ou conversando com o amigo na esquina. O controle dos atos não é fácil. Desperdiçamos tempos acreditando numa paixão, entramos em avenidas inóspitas, sem observar o que realmente acontece. Kafka não hesitou. Desmitificou, mostrou o humano absorvido em peripécias, desfazendo-se de horrores inutilmente. O mar das incertezas pode inundar seu quarto,  estimular voos.
A morte, talvez, seja o último medo. Não sei, nem a A metamorfose me responde. Uma história são muitas histórias. Não há covardia que silencie o movimento do humano. Ele é teimoso. lança-se em onipotências, não dispensa afetos. A literatura traz espelhos. Se não quiser vê-los, cairá na banalidade. Portanto, corra o risco. O pior é congelar a ansiedade e procurar traçar fronteiras. Elas não existem. Aprenda com Kafka que tudo não é tudo e que nada não e nada. Estique-se fora das previsões. As baratas sobrevivem sem divindades, na danação dos esgotos.
Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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