quinta-feira, 24 de maio de 2018

‘Estoquem comida, abasteçam seus carros’: notícias falsas alimentam pânico em meio à greve de caminhoneiros



Consumidores em supermercado, em foto de arquivoDireito de imagemTANIA REGO/AG BRASIL
Image captionConsumidores em supermercado, em foto de arquivo; já há áudios falsos de WhatsApp sugerindo 'corrida' às compras por causa da greve de caminhoneiros

Os quatro dias consecutivos de greve de caminhoneiros não apenas dominaram a pauta do governo em Brasília, mas também provocaram uma corrida aos postos de gasolina e temores de desabastecimento em supermercados.
A crise é terreno fértil, ainda, para boataria e notícias falsas difundidas por redes sociais e aplicativos de mensagens. No WhatsApp, gravações de áudio que circulam em grupos já sugerem às pessoas que "se previnam".
"Olá, pessoal, aqui quem fala é o presidente do Sindicato dos Caminhoneiros do Brasil. Quero falar para vocês se prevenirem, avisem suas famílias, vão no mercado, comprem comida, abasteçam seus carros, se previnam. Vai trancar tudo. (...) A guerra está começando. Greve já", diz uma gravação que tem circulado pelo aplicativo de mensagens.
Trata-se de uma notícia falsa: não existe um "Sindicato dos Caminhoneiros do Brasil" e, embora a greve de fato afete momentaneamente a distribuição de combustível e produtos, não há, segundo especialistas ouvidos pela BBC Brasil, a menor necessidade de estocar alimentos para o longo prazo, como para semanas ou para mais de um mês.
"É impensável pensar num prazo desses no Brasil", diz Maurício Lima, sócio-diretor da consultoria Ilos, especializada em logística e distribuição. Segundo ele, o fornecimento em grandes cidades como São Paulo tende a se normalizar muito rapidamente depois da greve.
Hoje, a distribuição de alimentos nas cidades funciona com as próprias empresas de varejo tendo seus centros de distribuição regionais, que fazem a entrega para as lojas com frequência diária ou semanal.
"O estoque não fica mais na loja. Então, uma falta de combustível pode gerar uma certa escassez momentânea, mas assim que a greve acabar, o retorno dos produtos às gôndolas também é imediato, porque não depende da indústria. O estoque já está lá", explica Lima.
O fornecimento de perecíveis é um pouco mais afetado e pode gerar alguns prejuízos, mas nada que prejudique a distribuição no longo prazo e justifique a montagem de um estoque em casa.

Fila em posto de combustível em Brasília nesta quinta-feiraDireito de imagemMARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Image captionFila em posto de combustível em Brasília nesta quinta-feira; efeito manada em momentos críticos pode intensificar a escassez

E uma corrida a supermercados e postos de gasolina acaba, inadvertidamente, piorando a situação dos próprios consumidores: infla os preços e piora a escassez, segundo Otto Nogami, professor de economia do Insper.
"As pessoas têm uma capacidade de se contagiar muito fácil e muito grande, gerando uma ansiedade e um medo que não correspondem ao problema real", diz ele.

'Profecia autorrealizável'

"É uma profecia autorrealizável. Se todo mundo quiser fazer uma estoque em casa com medo de falta de produtos, vai provocar uma escassez que normalmente não haveria", afirma Lima.
Se muitas pessoas correm a um supermercado ao mesmo tempo, é maior a chance de um desabastecimento realmente acontecer, assim como a corrida desenfreada a um banco por temor de ele quebrar pode fazer com que o banco de fato quebre, porque não haverá dinheiro suficiente para suprir a demanda "surpresa".
É o que economistas chamam de "a tragédia dos comuns". Nas circunstâncias em que todos compartilhamos dos mesmos recursos, pessoas agindo racionalmente em interesse próprio acabam tendo um comportamento coletivo irracional e que prejudica a todos - esgotando os recursos comuns.
"A ameaça de um furacão nos EUA também leva as pessoas a correrem aos supermercados. Chamamos isso de 'prova social'", diz à BBC Brasil o economista Robson Gonçalves, coordenador do curso de Neurobusiness da FGV-SP.
"Se você passar na rua e vir todo o mundo olhando para o céu, fará o mesmo, com medo de perder algo. Se todo mundo no seu trabalho participar do bolão da loteria, você participará também, com medo de ficar de fora. É um comportamento comum em momentos críticos."
Esse "medo de ficar de fora" também é um dos fenômenos que explicam as bolhas econômicas: muitas pessoas embarcam em uma tendência de compra de ações sem avaliar os riscos, só porque os colegas então comprando, o que acaba gerando uma supervalorização de um ativo que não tem tanto valor e causando a bolha.

Greve de caminhoneiros na fronteira Brasil-Uruguai nesta quarta-feiraDireito de imagemMARCELO PINTO/APLATEIA
Image captionGreve de caminhoneiros tem prejudicado o abastecimento de insumos

É o mesmo movimento que explica a queda de 14% nas ações da Petrobras de quarta para quinta-feira, segundo Otto Nogami, do Insper.
"Não haveria razão para um queda tão significativa. À medida que a Petrobras admite que vai reduzir os preços e fica a impressão de que o governo vai interferir na estatal, algumas pessoas são levadas a vender os papéis. Quando várias pessoas começam a seguir essa tendência, há um efeito cascata", diz Nogami.

Prejuízo

Além disso, reações de consumo impulsivas e irracionais podem por vezes beneficiar mais o vendedor do que o comprador.
"Quando você vai comprar uma passagem aérea na internet e lê que 'só há mais duas passagens disponíveis para esse voo', desperta em si um processo de medo e defesa (que a faz comprar)", prossegue Gonçalves.
Esse é outro ponto a se pensar antes de correr a postos e mercados: vendedores com frequência se aproveitam disso para vender mais e mais caro, sabendo que a demanda irracional pagará o que for pedido.
Ao estocar um produto em alta de preços nesse momento de pânico, o consumidor pode pagar mais caro por algo que dali a alguns dias já teria uma distribuição regularizada e um preço normal.
Ações irracionais e seus impactos no comportamento socioeconômico das pessoas são há tempos estudadas pelos economistas e psicólogos.

Redução no abastecimento da Ceasa do Rio de JaneiroDireito de imagemTOMAZ SILVA/AG BRASIL
Image captionRedução no abastecimento da Ceasa do Rio de Janeiro por causa da greve; consumidores podem aproveitar o momento para refletir sobre suas prioridades

O psicólogo israelo-americano Daniel Kahneman, por exemplo, ganhou o prêmio Nobel de Economia de 2002 por seus estudos mostrando que tomamos decisões com base em um processamento limitado das informações disponíveis, por conta de vieses cognitivos, incluindo nosso interesse próprio, confiança excessiva ou experiências prévias, além da incapacidade do cérebro em lidar com múltiplas variáveis ao mesmo tempo.

Como reagir?

Mas, então, como responder de modo mais eficiente a crises como a greve atual?
Pessoas que tenham urgência para viajar ou precisem de um determinado insumo podem não ter como escapar de determinadas filas nos postos ou preços elevados.
Mas, ao público geral, a recomendação de Gonçalves, da FGV-SP, é justamente racionalizar em momentos críticos - e priorizar. Ao enfrentar uma escassez momentânea, pensar em quais produtos essenciais podem acabar em sua casa no curto prazo, mas evitando fazer estoques desnecessários.
"Com falta eventual de determinado produto, buscar um substituto", diz Nogami, do Insper.
"Em um mundo com excesso de opções de consumo, não estamos mais acostumados a priorizar", diz Gonçalves. "Mas podemos aproveitar momentos como este para refletir: o que é realmente prioridade e quais as consequências de nossas escolhas? O foco nessas horas vai ajudar a tornar as decisões mais racionais."
Mauricio Lima afirma que, mesmo que a greve continue, as empresas serão forçadas a buscar uma solução. "Nem que seja pressionando por um acordo entre os grevistas e o governo."
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Corrupção?Advogado de Trump 'foi pago pela Ucrânia' para viabilizar reunião entre os presidentes americano e ucraniano

Poroshenko cumprimenta TrumpDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPoroshenko se encontrou com Trump na Casa Branca em junho de 2017.
O advogado pessoal de Donald Trump, Michael Cohen, recebeu secretamente um pagamento de ao menos US$ 400 mil (R$ 1,45 milhão) para viabilizar uma reunião entre o presidente da Ucrânia e o presidente americano, segundo fontes em Kiev próximas aos envolvidos no caso.
O pagamento foi feito por intermediários que agiam em nome do líder ucraniano, Petro Poroshenko, segundo estas fontes, ainda que Cohen não estivesse registrado como um representante da Ucrânia, como exige a lei americana.
A reunião ocorreu na Casa Branca em junho passado. Pouco depois do presidente ucraniano voltar para casa, a agência anticorrupção de seu país interrompeu uma investigação sobre o ex-coordenador de campanha de Trump, Paul Manafort.
Um oficial de inteligência do alto escalão do governo de Poroshenko descreveu o que ocorreu antes da visita à Casa Branca.
Cohen foi envolvido na questão, ele disse, porque os lobistas ucranianos registrados e a embaixada do país em Washington não conseguiriam para Poroshenko muito mais do que um breve encontro em que os dois presidentes poderiam ser fotografados juntos. O líder ucraniano precisava de mais. Ele desejava uma ocasião que poderia ser descrita como uma reunião, com maior duração.
O oficial diz que Poroshenko decidiu, então, estabelecer um canal secundário de comunicação com Trump. Essa missão foi conferida a um ex-assessor, que pediu ajuda a um parlamentar ucraniano leal ao governo.
O parlamentar usou contatos pessoais em uma organização de caridade do Estado de Nova York, a Port of Washington Chabad, o que acabou levando ao contato com Michael Cohen.
Não há qualquer indício de que Trump sabia do pagamento feito a seu advogado.
Michael Cohen deixa tribunal em Nova YorkDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionMichael Cohen (ao centro) é alvo de uma investigação criminal nos Estados Unidos.

Tráfico de influência

Uma segunda fonte em Kiev deu os mesmos detalhes, mas divergiu quanto ao valor pago, afirmando que seria de US$ 600 mil (R$ 2,17 milhão).
Michael Avenatti, um advogado americano que teve acesso a detalhes das finanças de Cohen, corroborou essa versão. Ele representa uma atriz pornô, Stormy Daniels, em um processo contra Trump.
Avenatti disse que relatórios de movimentação suspeita sobre a atividade bancária de Cohen, enviados pelo banco do advogado de Trump ao Tesouro americano, mostram que ele recebeu dinheiro de "fontes ucranianas".
Contatados pela BBC, Cohen e dois ucranianos que teriam viabilizado o canal secundário de contato com Trump negaram as alegações.
O oficial de inteligência em Kiev também disse que Cohen foi auxiliado por Feliz Sater, um ex-mafioso condenado pela Justiça que já foi sócio de Trump. O advogado de Sater negou as acusações. O presidente ucraniano se recusou a comentar.

Encontro marcado

Assim como foi amplamente noticiado em junho passado, Poroshenko ainda não sabia quanto tempo teria com Trump ao voar para Washington.
A programação da Casa Branca apenas indicava que o ucraniano o faria uma rápida visita ao Salão Oval em um intervalo das reuniões do presidente americano com sua equipe.
Isso foi organizado por meio de canais oficiais. O valor pago a Cohen foi para que Poroshenko tivesse a oportunidade de ter mais do que alguns poucos minutos com Trump, suficientes apenas para uma troca de cumprimentos e algumas palavras triviais.
As negociações continuaram até as primeiras horas do dia marcado para a visita. O lado ucraniano estava insatisfeito, disse o oficial, porque Cohen havia recebido "centenas de milhares" de dólares deles para algo que ele aparentemente não conseguiria concretizar.
Até o último momento, o líder ucraniano não tinha certeza se ele conseguiria evitar o que via como uma humilhação. "O círculo mais próximo de Poroshenko estava chocado por quão sujo era todo esse combinado [com Cohen]."
Poroshenko estava desperado para se encontrar com Trump devido ao impacto causado por informações sobre a campanha presidencial americana.
Em agosto de 2016, o jornal The New York Times publicou um documento que mostrava que o gerente de campanha de Trump, Manafort, havia recebido milhões de dólares de fontes pró-Rússia na Ucrânia.
Era uma página do chamado "livro negro" do Partido das Regiões, um partido pró-Rússia que contratou os serviços de Manafort quando ele tinha uma consultoria política na Ucrânia.
A página aparentemente vinha do Bureau Nacional Anticorrupção da Ucrânia, que estava investigando o coordenador de campanha. Após a divulgação das informações, ele renunciou ao cargo.
Paul ManafortDireito de imagemREUTERS
Image captionApós encontro entre presidentes, investigação na Ucrânia sobre Paul Manafort foi encerrada.

Interferências

Diversas fontes na Ucrânia disseram que Poroshenko autorizou o vazamento do documento, acreditando que a vitória de Hillary Clinton era algo certo.
Se for esse o caso, foi um erro desastroso - a Ucrânia havia apoiado a candidata que acabou derrotada na eleição. Independentemente de como ocorreu o vazamento, isso prejudicou Trump, mas não o impediu de vencer a disputa.
A Ucrânia estava (e ainda está) em guerra com a Rússia e separatistas apoiados pelos russos. O país não podia se dar ao luxo de ter um presidente americano inimigo.
Então, Poroshenko parecia estar aliviado ao se encontrar com Trump no Salão Oval.
Ele se vangloriava de ter se encontrado com o novo presidente dos Estados Unidos antes do presidente russo, Vladimir Putin. Ele se referiu ao encontro como uma "visita substancial". Ele realizou uma coletiva de imprensa triunfante em frente à Casa Branca.
Uma semana depois de Poroshenko voltar a Kiev, o Bureau Nacional Anticorrupção anunciou que não estava mais investigando Manafort.
Na época, uma autoridade me explicou que Manafort não havia assinado o "livro negro" reconhecendo o pagamento do dinheiro. E, de qualquer forma, disse, Manafort era americano, e a lei só permite que o bureau investigue ucranianos.
A Ucrânia não encerrou a investigação sobre Manafort por completo. O caso foi enviado para o Ministério Público, mas não avançou.
Na semana passada, em Kiev, o promotor à frente do caso, Serhiy Horbatyuk, disse à BBC: "Nunca houve uma ordem direta para parar de investigar Manafort, mas, pela forma como a investigação progrediu, ficou claro que nossos superiores estavam tentando criar obstáculos."
Petro PoroshenkoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPoroshenko celebrou bastante sua reunião com Trump.

'Cortesia'

Nenhuma de nossas fontes disse que Trump usou a reunião no Salão Oval para pedir a Poroshenko que desse fim à investigação. Mas, se houve um canal secundário de comunicação entre os dois lados, teria Cohen usado isso para dizer aos ucranianos o que se esperava deles?
Talvez ele não precisasse fazer isso. Uma fonte em Kiev disse que Poroshenko deu a Trump "um presente" - garantir que a Ucrânia não encontraria mais evidências que contribuíssem com a investigação que buscava saber se a campanha do presidente americano havia atuado de forma conivente com a Rússia para influenciar o resultado da eleição.
Poroshenko sabia que fazer o contrário, disse outra fonte, "seria como cuspir no rosto de Trump".
Um relatório de um integrante da comunidade de inteligência de um país ocidental diz que a equipe de Poroshenko acredita que eles estabeleceram um "pacto de não agressão" com Trump.
Com base em fontes de inteligência "sênior e bem posicionadas" em Kiev, o relatório aponta a seguinte sequência de eventos:
"Assim que Trump foi eleito, diz o relatório, a Ucrânica parou de investigar Manafort 'proativamente'.
Um contato com o governo americano foi removido do Bureau Nacional Anticorrupção para um cargo de assessor sênior do governo.
O relatório afirma que Poroshenko voltou de Washington e, em agosto ou setembro de 2017, decidiu encerrar completamente a cooperação com agências americanas que investigavam Manafort. Ele não deu a ordem para implementar essa decisão até novembro de 2017.
O governo americano tomou conhecimento da ordem após visitas programadas por um assessor sênior de Poroshenko a [Robert] Mueller e ao diretor da CIA em novembro e dezembro serem canceladas.
O relatório diz que foi fechado um 'acordo' entre Poroshenko e Trump de que a Ucrânia concordava em importar carvão dos Estados Unidos e assinou um contrato de US$ 1 bilhão de compra de trens americanos a diesel.
A Ucrânia tem sua própria fabricante de locomotivas e suas próprias minas de carvão. Esses acordos só podem ser interpretados como uma compra de apoio americano por Poroshenko, diz o documento.
Em março, o governo Trump anunciou uma venda de 210 itens de artilharia anti-mísseis para a Ucrânia."

Negócios inéditos

Mesmo durante o governo Obama, os Estados Unidos não venderam armas para a Ucrânia. Uma figura conhecida em Kiev, hoje aposentada de seu cargo no governo, disse à reportagem que não gostava do que havia ocorrido com a investigação sobre Manafort, mas que, no entanto, a Ucrânia estava batalhando por sua sobrevivência. "Defendo o cumprimento da lei, mas sou um patriota", disse.
Ele afirmou que se manteve em contato com seus ex-subordinados e que ouviu muitos detalhes sobre o "canal secundário de comunicação de Cohen".
Michael Cohen em elevador na Trump TowerDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionMichael Cohen visitou o então recém-eleito presidente americano na Trump Tower em 2016 .
A mesma fonte disse que, se os ucranianos acreditassem que um acordo corrupto havia sido feito quanto a Manafort, "isso poderia destruir o apoio à América".
O serviço doméstico de inteligência, o SBU, fez seu próprio relatório secreto sobre Manafort e apontou que não houve apenas um, mas três "livros negros" e que milhões de dólares a mais do que veio a público foram pagos a Manafort, que nega ter feito algo de errado.
Essa informação foi dada por um policial de alto escalão que teve acesso ao documento. Ele diz que isso não foi passado aos americanos.
* Com reportagem de Suzanne Kianpour

Professor Edgar Bom Jardim - PE

População reclama do aumento abusivo da gasolina em Bom Jardim


Caminhoneiros promovem em todo país uma greve contra a política de  aumento dos combustíveis do governo Temer. O Brasil é um grande produtor mundial de petróleo. Mesmo diante de tanta corrupção na Petrobras não se justifica que a população brasileira pague a conta pela  falta de honestidade dos governantes e dos empresários. Até 2015, o preço da gasolina e do  óleo diesel era controlado pelo governo federal. Desde 2016, quem determina a alta de preço é a variação do mercado internacional e do dólar.

Por causa da paralisação dos caminhoneiros iniciada desde o dia 21 de maio 2018, motoristas formam longas filas nas capitais, nas grandes cidade e também no interior. O desespero desnecessário dos consumidores faz com que o preço aumente muito e de forma abusiva. 

O Governo Federal sem credibilidade, sem  apoio popular, já sinalizou com redução dos preços  nas distribuidoras. Na cidade de Bom Jardim, o litro da gasolina começou o dia ao preço de R$4,39 e foi reajustado para R$ 4,99, segundo apuramos junto aos populares após a investida da polícia ao posto local. "Houve uma reação popular, o povo não aceitou o aumento... Isso é uma covardia com o povo", comentavam os populares. A polícia determinou a redução do preço. Motoristas que compraram mais caros ficaram revoltados. Os policiais ouviram populares e frentistas.  

Em algumas cidades brasileiras já há desabastecimento de combustíveis e alimentos. A população deve ter calma . Fazer compras compulsivas vai ter efeito negativo no bolso. Qual vai ser o preço da gasolina e do diesel amanhã? Quando Temer vai deixar o poder? 



Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 22 de maio de 2018

O candidato oficial de TEMER é tudo para os bancos e desemprego, fome, gás de cozinha caro para o povo


Michel Temer e o MDB lançaram nesta terça-feira 22 a pré-candidatura presidencial de Henrique Meirelles, ex-ministro da Fazenda. Nos discursos da dupla e no documento que é uma espécie de rascunho da plataforma eleitoral de Meirelles, desenha-se uma campanha baseada na ideia de que é preciso manter a atual política econômica para o País seguir progredindo, em vez de regredir.
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Convencer o eleitorado de que o rumo está certo será um baita desafio para os emedebistas. Há muita gente com motivo para achar que a vida piorou depois da política econômica de Meirelles.
Nos dois anos do governo Temer, o Brasil ganhou 2,3 milhões de desempregados. Eram 11,4 milhões em maio de 2016, agora são 13,7 milhões, segundo o IBGE. O número de cidadãos que desistiu de procurar trabalho, por achar inútil, o chamado desalento, também subiu. De 3,2 milhões no segundo trimestre de 2016 passou a 4,6 milhões no primeiro de 2018, 1,4 milhões a mais.
Os próximos seis meses, tempo restante para o fim do mandato de Temer, não reservam algo lá muito melhor, na percepção dos eleitores. Na última pesquisa CNT/MDA, de 14 de maio, os que acham que a situação do emprego no País vai melhorar caíram para 21% (eram 28% em março). Para 43%, ficará como está (eram 37% em março). Para 31%, vai piorar (índice igual ao de antes).
Entre os brasileiros que conseguiram ter alguma fonte de renda trabalhando em 2017, entrou menos dinheiro no bolso do que em 2016. De um ano a outro, o rendimento médio caiu de 2,223 mil para 2,178 mil mensais, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE.
Com base nessa PNAD Contínua, uma consultoria do “mercado”, a LCA, calculou que 1,5 milhão de brasileiros voltaram para a pobreza extrema de 2016 para 2017. Os miseráveis somavam 14,8 milhões no fim do ano passado, graças, segundo a consultoria, a um crescimento econômico modesto, de 1%, e da geração de empregos precários, sem carteira assinada.
O número de trabalhadores com carteira assinada no fim de primeiro trimestre de 2018 foi o mais baixo registrado nas estatísticas do IBGE. Um total de 32,9 milhões, 493 mil a menos do que no mesmo período de 2017.
Ao filiar-se ao MDB em 3 de abril, Meirelles reconhecia que o mundo real, o da vida dos cidadãos, era um problema para sua ambição eleitoral. “A sensação de bem-estar social ainda não está estabelecida na sociedade”, afirmava.
Naquele mesmo dia, o senador Renan Calheiros dizia à reportagem não entender a entrada do ex-ministro no partido. “Ele não acrescenta nada ao MDB, aprofundou a recessão e o desemprego.”
Não à toa, outro senador do partido, Roberto Requião, mandou, em 16 de maio, um email a 30 mil delegados emedebistas com a proposta de ser ele o candidato a presidente. Na economia, Requião pensa o contrário de Meirelles.
Com esse movimento, diz um interlocutor de Requião, o senador quer tentar matar a candidatura de Meirelles na sigla e afastar o MDB de uma eventual união com Geraldo Alckmin, do PSDB. Se possível, obter até, quem sabe, uma aproximação com o PT, de quem Requião toparia ser vice.
Contra esse plano, que Calheiros apoia e algumas lideranças nordestinas do MDB também, Temer ameaçou: divergências serão resolvidas na Convenção Nacional do partido que oficializará uma posição sobre a eleição presidencial. Quem não apoiar Meirelles na eleição, que saia do partido.
E por que, apesar da vida real do eleitorado e das resistências de setores do MDB, Meirelles acredita ter chances? Pesquisas qualitativas, comentou ele ao lançar sua pré-candidatura.
Segundo o ex-ministro, entrevistados que não o conhecem reagem bem quando apresentados a seu CV. Nesta apresentação, Meirelles lembra que trabalhou no governo Lula, do qual foi presidente do Banco Central.
No discurso desta terça-feira 22, ele disse que “desde 2003, o País mudou”, alusão ao início da gestão do petista. É bem provável que, se sua candidatura emplacar, Meirelles leve para a campanha na TV imagens dele ao lado de Lula.
Entre os pré-candidatos da direita ou da centro-direita, Meirelles é quem tem a menor rejeição, conforme a pesquisa CNT/MDA. Seu índice era de 48%. Temer, que parece enfim ter abandonado o sonho da reeleição, tinha 87%. Marina Silva (Rede), 56%. Alckmin e Rodrigo Maia (DEM), 55%. Jair Bolsonaro (PSL) 52%.
Abaixo dos 50%, como Meirelles, só os presidenciáveis de esquerda ou centro-esquerda, o que sugere uma eleição a ser realizada com um sentimento de “mudança” por parte do eleitorado. Lula, Ciro Gomes (PDT) e Fernando Haddad (PT) tinham 46%.
Na ausência de um candidato presidencial do tipo outsider, como Joaquim Barbosa, do PSB, ou o apresentador global Luciano Huck, Meirelles tentará posar como alguém suprapartidário, capaz de servir tanto ao governo do PT quanto ao de Temer.
Como a disputa parece embolada e provavelmente irão para o segundo turno candidatos com baixa votação no primeiro, algo entre 15% e 20%, será que golpe de marketing dará certo?
Com informação de Carta Capital
Foto: O Globo
Professor Edgar Bom Jardim - PE