segunda-feira, 22 de maio de 2017

O mundo da leitura


O estímulo pela leitura deve acontecer nos anos iniciais. E a Semana Literária tem sido importante ferramenta nesse processo. A Narrativa Infantil & Música: Quando nasce um monstro (Se Sean Taylor) aconteceu na Praça Calumbi, com a participação de dezenas de alunos da cidade. A ação em praça pública também motiva os adultos. Isso é Leitura. Isso é João Alfredo formando uma nova geração com mais cultura e um mundo de possibilidades.
Com informações do Governo Municipal.
Publicação de 19 de maio 2017
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 21 de maio de 2017

Redes sociais

A pressa comanda muita coisa. Não é estranho que o trabalho se insira no cotidiano determinando ordens e excluindo prazeres. A sociedade exige que as pessoas se movimentem e busquem a sobrevivência. O importante é se localizar, construir narrativas que mostrem interesses em seguir adiante com projetos de sucesso. Estamos fazendo uma afirmação genérica, mas há quem se encante com a correria e não são poucos. O sistema sabe conduzir seus êxitos. Quem se enquadra, sofre crítica e marginalizações. As formas de rebeldia são , muitas vezes, previstas e não amedrontam os vencedores. Eles refinam suas artimanhas e seus poderes de convencimento.
Com o consumismo atingindo os desejos, as mercadorias ganham espaços privilegiados. Portanto, o mandamento da acumulação mantém sua supremacia. Há quem a confunda a felicidade com a renovação dos objetos que possui. O exibicionismo dispara o uso dos cartões de crédito. A cartografia dos sentimentos se enche de desenhos estranhos e descuidados. O discurso da servidão voluntária invade as relações entre dominantes e dominados. O capitalismo cria meios de sedução, não desprezando a tecnologia que antes significava libertação. Portanto, temos uma sociedade modernizada, porém longe dos valores tão cantados pelo iluminismo.
As análises de Freud e dos pensadores da Escola de Frankfurt não se enganaram ao afirmar que vivemos numa sociedade administrada. Quem controla não poupa ciências, pedagogias, fascínios pela grana. O fluir dos sentimentos fica atrelado ao jogo de perde e ganha dos produtos comerciais. As escolas reverenciam concepções de mundo que marcam o individualismo. Reflexões mínimas, caminhos abertos para chegar à fama, estímulo às espertezas mais sutis.  Não há, certamente, um controle absoluto, pois seria a negação da história enquanto construção da possibilidade. O sonho coletivo persiste, apesar de todos os malabarismos egocentristas.
A renovação da tecnologia  é acompanhada por transformações na cultura. A pressa diminui o cuidado, faz o afeto mergulhar em águas turbulentas. No entanto, nem tudo é um labirinto escuro e sem alternativas. Cabem invenções e outras formas de aproximação. Não dá para expulsar os mascarados, nem sacudir fora as diferenças, Surgem as redes sociais, com todas as simulações, sem,contudo, negar que há condições de não recuar diante das pressões dos monopólios. As brechas permitem que as desobediências não se intimidem. Os contrapontos dão ritmos dissonantes e quebram a apatia conformista.
As redes sociais são territórios de amplos diálogos, de exposçião de imagens pessoais, de consagração de triunfos. Outros cotidianos estão se alargando. Os celulares contribuem para a comunicação com códigos especiais. Cada época reformula cartografias, conversa com as tradições e repensa as cores da felicidade. As cartografias fogem em busca de geometrias, talvez, mais audazes. É difícil se avaliar. A luta política não é  a mesma. Há quem proteste, contaminado pela lógica do capital. O conhecer ajuda a desfazer infortúnios. Não podemos esquecer que a modernidade é também um projeto de exploração, não se rendeu às utopias mais profundas. O utilitarismo justifica desigualdades, pois preserva hierarquias e desmonta solidariedades.


Fanzine, neologismo oriundo da expressão em inglês fanatic magazine, se aplica a jornais e panfletos, escritos à mão ou à máquina de escrever, resultado de montagens com revistas e jornais, ou mesmo textos digitados em computador. Fanzine entre outras coisas é cultura, é arte, é contracultura e subversão.
Um jovem escreve fragmentos de texto. Recorta, cola, mescla com fotos, marca com caneta, complementa. São diferentes cores, e temáticas mais diversas ainda: pedaços de revistas em quadrinhos – seja de heróis das HQs norte-americanas, seja de japoneses com olhos enormes e cabelos coloridos, fotos de artistas de cinema e TV, fragmentos de notícias sobre assuntos diversos. Cultura, arte, protesto, contracultura. Fazem-se cópias em mimeógrafo ou fotocopiadoras, e está pronto. Ou não?
Antes de qualquer coisa, cabe responder a quem pergunta: afinal, o que são fanzines? O termo, um neologismo oriundo da expressão em inglês fanatic magazine, se aplica a jornais e panfletos, escritos à mão ou à máquina de escrever, resultado de montagens com revistas e jornais, ou mesmo textos digitados em computador, com conteúdo mais elaborado. As múltiplas temáticas que se apresentam nessa literatura denotam a criatividade de seus produtores, e as possibilidades de leitura e utilização prática dos mesmos.
Literatura ordinária, porém elaborada
Os fanzines chegam ao Brasil em 1965, com ‘O Cobra’, resultado da 1ª Convenção Brasileira de Ficção Científica, acontecida em São Paulo. Marcados, originalmente, por serem feitos de ‘qualquer jeito’ ou por um conteúdo ‘sem pé nem cabeça’, os fanzines ganham, com o passar do tempo, um caráter de maior elaboração e significado. A presença de computadores, programas de edição de textos e imagens, cria a possibilidade de brincadeiras com marcas, textos clássicos, letras de música, fotografias de celebridades ou de desenhos animados. Dos fanzines escritos à mão e rodados em estêncil, chega-se, nos dias atuais, aos e-zines, produzidos e divulgados em meio virtual. No caminho que leva a essa “evolução” nos meios de se fazer e difundir tal arte houve, na relação entre “zineiros” do Brasil e do mundo, a presença marcantes das caixas-postais, através das quais seus jornais e revistas eram socializados.
Na diversidade de textos componentes dos fanzines, é possível encontrar dos temáticos aos doutrinários. Muitos, marcados por fazer coro à legião de fãs de determinado artista de TV, cinema ou música; ou mesmo a personagens de novelas, seriados, desenhos animados, livros e HQs. Outros, no entanto, cuja principal característica é o conteúdo político-ideológico, e a difusão de uma contracultura, marcada pela negação do sistema. Como afirma o pesquisador Edwar de Alencar Castelo Branco, “o diferencial desses fanzines temáticos, em relação àqueles doutrinários, está principalmente no fato de submeter a noção de autor a um delírio: a partir de um tema, como a insônia, por exemplo, o zineiro força diferentes expressões artístico-literárias a expressarem seu estado de espírito”.
Fanzines na sala de aula? Como?
Resultados, em grande parte, da rebeldia adolescente, os fanzines podem se tornar um importante veículo de comunicação com diferentes segmentos da juventude. Uma das chaves para isso, segundo a pesquisadora Ioneide Santos do Nascimento, é tentar não pedagogizá-los, ou seja, não tentar torná-los veículos de controle, impondo aos seus construtores uma noção de ‘certo’ e ‘errado’, ‘bom’ ou ‘mau’, ‘bonito’ ou ‘feio’.
Através da união entre palavras e imagens, possibilitada pelos fanzines, é possível ao professor estabelecer um diálogo entre as linguagens visual e falada, levando o aluno a compreender, através de um veículo familiar a ele, a relação com as diferentes formas de comunicação. Uma estratégia possível de aplicação desse instrumento como recurso pedagógico seria a produção de fanzines em sala de aula. Práticas como estas, ainda concordando com Ioneide Nacimento, possibilitam ao educando conhecer a diversidade de opiniões entre seus próprios colegas. Permite, também, que os estudantes “assumam seu papel de sujeitos nesse processo e se envolvam com mais entusiasmo em um projeto que cada dia se torna mais autônomo”.
Dessa maneira, pode-se perceber que a utilização na escola de um instrumento de comunicação juvenil, tido como “marginal”, pode, para além de certos preconceitos existentes em seu entorno, tornar o jovem mais afeito das atividades escolares, trazendo para o campo de discussão, suas ideias, opiniões e pensares, por vezes negligenciados no trabalho docente.
Edwar de Alencar Castelo Brancohistoriador pós-moderno, autor do livro Todos os Dias de Paupéria, professor de Pós-Graduação em História do Brasil e vice-reitor da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Teresina, PI.
Fábio Leonardo Castelo Branco Britomestrando em História do Brasil pela Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI.
Fagno da Silva Soareshistoriador, professor de história do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA) e SEEDUC, Açailândia, MA.
www.professoredgar.com

A História das Coisas (capitalismo, produção, consumo, política e meio ambiente)

Assista ao vídeo em LEIA MAIS.
Existe uma relação entre esse filme e a corrupção que existe no Brasil?  Existe uma relação entre esse vídeo e a destruição da vida do planeta  e das pessoas? Existe uma relação entre o que se mostra nesse filme e a exploração capitalista sobre os países? Existe uma relação entre o que se mostra nesse filme e a miséria, pobreza, fome, violência e doenças que afetam as pessoas?  há uma relação entre esse filme e a corrupção que estamos vivenciando no Brasil na relação entre empresas, governos, políticos, e o sofrimento do povo.


Da extração e produção até a venda, consumo e descarte, todos os produtos em nossa vida afetam comunidades em diversos países, a maior parte delas longe de nossos olhos.
Enviado em 8 de mai de 2011. Enviado por Michel Cunha.
youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Vídeo Bráulio de Castro- Museu do Umari - Parte 1

MEMÓRIAS DE BOM JARDIM - Semana Nacional dos Museus.

Ao assistir o vídeo que mudanças você percebe em Bom Jardim? Quem são as pessoas homenageadas na  música de Bráulio de Castro? Como era o cotidiano da cidade de Bom Jardim, narrado por Bráulio de Castro?  Que brincadeiras acontecem nas Ruas de Bom Jardim na atualidade? Quem foi Mestre Teté? O que é carretel (carreté)? Onde fica o poço de Sá Moça? De quem  Bráulio de Castro corria na infância? Quais lembranças você tem de sua infância? Assista  ao  Vídeo  em LEIA MAIS.
Fonte: MASIMU
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Desmanches: a sociedade se reparte e adoece


Não há como evitar a existência do poder. Organizar a sociedade é fundamental. O importante é pensar que há muitas formas de escolher caminhos. Lembrem-se dos romanos desconsiderando os povos bárbaros, das fundações da democracia grega e moderna, das utopias do século XIX, da sede de conquista de Hitler. São sugestões de projetos diferentes. Há extravagâncias autoritárias, fraquezas na socialização, sonhos ditos impossíveis. Nunca faltaram vazios, nem insatisfações. Tudo tem um toque de instabilidade. Observe como foi o movimento de 1930 no Brasil, a ditadura de Stalin na União Soviética, a loucura de Nero na antiguidade, a opressão de Portugal no escravismo.
Cenário aberto para polêmicas que propagam. Há quem deseje a volta doa militares, outros torcem pela afirmação das práticas nazistas. A confusão é imensa. A democracia aparece como preciosa. Teríamos equilíbrio, liberdade de opinião, o coletivo agindo sem censura. Mas há questões inesquecíveis. Na sociedade moderna, as composições são efetivamente democráticas? As sociabilidades se modificam, as críticas se renovam. No entanto, as explorações se foram da história? As rivalidades morreram e a corrupção desapareceu? O silêncio é impossível diante de tantas perguntas.
A Revolução Industrial moveu a produção, introduziu o trabalho assalariado, criou mercados internacionais. Esperava-se o crescimento de lugares sem desigualdade. O Estado cuidaria de romper com o passado opressivo. E as mobilizações revolucionárias? O que houve com a Comuna de Paris? Por que colonizar a Ásia e a África? O que significou a China na época de Mao? A democracia virou pó, escondeu-se ou ainda se espera alguma coisa? O mundo se encontra numa tensão constante. A violência existe nos Estados Unidos, na Síria, na França, em todo canto. Não é excepcional, nem um fenômeno que abala apenas os tempos atuais. O que fazer? Não há como sentir sossego?
Mudam as astúcias, mas as disputas não dispensam massacres. Há uma corrida para se aperfeiçoar as armas. Portanto, nada de diálogo que fertilize a reflexão e combata os desacertos contínuos. O Brasil tem uma história marcada pelo autoritarismo. Getúlio Vargas instalou o Estado Novo, Médici persegui seus adversários usando a repressão, Dilma sofreu com as articulações que a derrubaram. Questiona-se a possibilidade de se compartilhar a vida, sem celebrar o individualismo e expandir as ambições. O pecado nos mete medo e nos condena a navegar no pântano? Deixemos as lendas de fora e  encaremos as incompletudes. O paraíso é um perfume da imaginação.
A aflição aperta corações e mentes. Não há como trazer magias insuperáveis. Tudo lembra desafio. Freud definiu a força do inconsciente. Não é só o corpo que adoece com frequência. E as psicopatias, a negação do outro, as bombas mortais, a ciência aliada à tecnologia da destruição? Construir a ideia de progresso é uma falácia. Há recomeços, desistências, fracassos. A memória traça desenhos de profundos desastres e genocídios assombrosos. Por isso que os cansaços aparecem, os salvadores inventam mitos, a sociedade se reparte em grupos hostis. Não é sem razão que os sentimentos podem enlouquecer e os sentidos se transformarem em esqueletos horrendos.
De;Astucia de Ulisses/ Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE

STF atende defesa de Temer e autoriza perícia da PF em áudio

Fachin é o relator do processo contra Michel Temer / Divulgação
Fachin é o relator do processo contra Michel Temer
Divulgação
JC Online

O ministro do Supremo Trinunal Federal (STF) Edson Fachin decidiu neste sábado (20) enviar para perícia da Polícia Federal (PF) o áudio no qual o empresário Joesley Batista, dono da empresa JBS, gravou uma conversa com o presidente Michel Temer. A perícia foi solicitada pela defesa do presidente.
Na mesma decisão, Fachin resolvou remeter para julgamento pelo plenário da Corte, na próxima quarta-feira (24), o pedido feito pela defesa do presidente Temer para suspender as investigacões até que a finalização da perícia.
Antes da decisão do ministro, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu a continuidade da investigação e disse que não contém qualquer "mácula que comprometa a essência do diálogo", mas informou não se opõe ao pedido de perícia feito pelo presidente.

PRONUNCIAMENTO DE TEMER

Mais cedo, em novo pronunciamento à nação, Temer anunciou um recurso ao Supremo, questionou a legalidade da gravação e disse que há muitas contradições no depoimento de Joesley Batista, como a informação de que o presidente teria dado aval para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso em Curitiba.

POSIÇÃO DE RODRIGO JANOT

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, defendeu no STF a continuidade da investigação contra o presidente Michel Temer. A manifestação foi enviada após a chegada do recurso no qual o presidente pediu a suspensão do processo para que uma perícia seja feita no áudio da conversa gravada entre ele e o dono da JBS, Joesley Batista.
No parecer, Janot garantiu que o áudio não contém qualquer "mácula que comprometa a essência do diálogo", mas informou que não se opõe ao pedido de perícia feito pelo presidente.
Ao enviar o pedido de abertura de investigação sobre o presidente ao STF, a PGR informou ao ministro Edson Fachin, relator do caso, que o áudio foi analisado de forma preliminar "sob a perspectiva exclusiva da percepção humana". De acordo com o processo, "não houve auxílio de equipamentos especializados na avaliação dos áudios.
Na decisão em que autorizou a investigação contra Temer, Fachin não analisou a legalidade da gravação sob o ponto de vista de possíveis edições. O ministro entendeu que Joesley Batista poderia gravar sua conversa com terceiros.
Fonte: Jornal do commercio
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Náutico foi derrotado pelo Figueirense



Figueirense passeou em Florianópolis
Figueirense passeou em FlorianópolisFoto: Divulgação
O Náutico foi derrotado para o Figueirense por 3x0, neste sábado (20), no Orlando Scarpelli, pela segunda rodada da Série B do Campeonato Brasileiro. Quem assistiu ao jogo, sabe que não foi preciso esperar os 90 minutos para descobrir qual seria o desfecho da história. Do início ao fim, o embate foi construído da seguinte forma: o Figueira dominou a partida, não foi ameaçado em momento algum e aproveitou da melhor forma as fraquezas do adversário. O Timbu, apático, voltou a mostrar que está longe de caminhar no rumo certo. A derrota colocou os alvirrubros na zona de rebaixamento da Segundona, ocupando a 19ª posição.

Sem vitórias nos dois primeiros jogos pelo Náutico, o técnico Waldemar Lemos decidiu mudar o esquema, saindo 4-3-3 para o 4-4-2. Tática que duraria menos de 45 minutos. Jefferson Nem foi para o banco de reservas e Maylson ganhou espaço entre os titulares, ao lado de Cal na armação. Reserva no duelo passado, Anselmo voltou a ficar entre os 11, ocupando o ataque com Erick.

Figueira e Timbu jogavam em ritmos diferentes. Os visitantes eram lentos e resumiam suas investidas em cruzamentos de bola parada na área, enquanto os mandantes faziam transições rápidas, aproveitando a falha de marcação dos laterais. Nessas condições, é fácil entender qual time marcou o gol que abriu o placar no Orlando Scarpelli. Livre pela direita, o lateral-direito Dudu cruzou rasteiro. A bola passou por todos da defesa até encontrar Jorge Henrique, que completou de carrinho para o fundo das redes. E sim, esse é o mesmo atacante que já vestiu a camisa do Timbu e foi campeão estadual em 2004. Mais uma vez, pesou a famosa "lei do ex".

O gol dos catarinenses revelou o maior ponto fraco do Náutico na partida: seu lado esquerdo defensivo. Por ali, Dudu e Luidy tinham total liberdade. Manoel estava perdido na marcação e não tinha força para atacar. Mas David não estava imune aos ataques do Figueirense. Quando se imaginava que o segundo tento da partida sairia novamente pela esquerda, eis que os mandantes mostraram sua variedade de jogadas. Robinho passou como quis do marcadores e acertou um chute espetacular de longe, sem chances para Jeferson. Um golaço. Antes mesmo do intervalo do jogo, o técnico Waldemar Lemos fez duas alterações de uma só vez. Saíram David e Cal para as entradas de Joazi e Alison, voltando ao 4-3-3.

Qualquer esperança de reação do Náutico no segundo tempo terminou logo aos quatro minutos. Darlan fez falta em Jorge Henrique, recebeu o segundo cartão amarelo e foi embora mais cedo da partida. A partir daí, o jogo foi uma contagem regressiva para sacramentar o que fora escrita desde o primeiro segundo do confronto. A superioridade técnico e numérica transformou a partida em ataque contra defesa. Aos 28, o Figueirense chegou ao terceiro gol da partida. Henan recebeu bom passe pelo meio e tocou com tranquilidade na saída do goleiro, decretando o 3x0 no Orlando Scarpelli.
Ficha do jogo

Figueirense 3

Thiago Rodrigues, Dudu, Leandro Almeida, Bruno Alves e Iago; Zé Antônio, Dudu Vieira, Jorge Henrique (Henrique), Robinho (Clebson) e Luidy; Henan. Técnico: Márcio Goiano

Náutico 0

Jeferson; David(Joazi), Tiago Alves, Nirley e Manoel; Rodrigo Souza (João Ananias), Darlan, Maylson e Cal(Alison); Anselmo e Erick. Técnico: Waldemar Lemos

Local: Orlando Scarpelli (Florianópolis/SC)
Árbitro: Rodrigo Carvalhaes de Miranda. Assistentes: Wendel de Paiva Gouveia e Thiago Rosa de Oliveira (RJ)
Gols: Jorge Henrique (aos 11 do 1ºT), Robinho (aos 31 do 1ºT) e Henan (aos 28 do 2ºT)
Cartões amarelos: Maylson, Darlan (N);
Cartão vermelho: Darlan (N)
Renda: R$ 78.840,00
Público: 3.735 torcedores 
Fonte:Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Santa Cruz vence Guarani



Lances de Santa Cruz x Guarani, pela Série B 2017
Lances de Santa Cruz x Guarani, pela Série B 2017Foto: Paullo Allmeida/FolhaPE
Tarde feliz para os torcedores do Santa Cruz. Neste sábado (20), no Arruda, o time tricolor venceu o Guarani por 2x1 e assumiu a liderança da Série B 2017. Quem salvou o clube coral foi Ricardo Bueno, que marcou o gol da vitória em seu primeiro jogo com a camisa do time pernambucano.

O Santa Cruz começou melhor no jogo e abriu logo o placar. Aos quatro minutos, em boa jogada pela direita, Nininho cruzou para Halef Pitbull, que só fez empurrar para o gol. Após o tento, entretanto, os visitantes foram tentar o empate.

A pressão do Guarani foi aumentando, enquanto que os donos da casa buscavam boas jogadas em velocidade, tendo William Barbio do lado direito e Éverton Santos na esquerda. Porém, o Bugre não teve efetividade no primeiro tempo, deixando a meta de Júlio César intransponível.

Na segunda etapa, os times retornaram com a mesma postura. O Guarani, buscando a igualdade no marcador, pressionava, tendo maior posse de bola. Já o Santa esperava uma falha dos paulistas para deixar o placar mais tranquilo.

A saída de bola pela direita não funcionava mais, enquanto que na esquerda as jogadas saíam apenas quando Halef Pitbull voltava para “buscar jogo”. O Bugre cresceu, e foi cada vez mais cercando o time coral.

O Santa apresentava a mesma postura do segundo tempo em Criciúma, no sábado passado. Mais recuado, tentava de toda forma impedir as ações adversárias. Porém, os esforços do time de Vinícius Eutrópio foram momentaneamente em vão.

Aos 35 minutos da segunda etapa, Eliandro recebeu boa bola na área, trombou com Júlio César e completou para o gol, igualando o marcador. O tento foi o terceiro do atacante na Série B.

O Santa Cruz logo reagiu, e contou com a estrela de Ricardo Bueno, que estreava no lugar de Halef Pitbull. O atacante apareceu na área após cruzamento de Tiago Costa e cabeceou forte para o gol, dando números finais no confronto: 2x1.

Na próxima rodada, o time tricolor vai até Alagoas enfrentar o CRB, na terça-feira (23). O Guarani, por sua vez, entra em campo no mesmo dia, em casa, contra o Figueirense.

FICHA DE JOGO

SANTA CRUZ 2

Julio Cesar; Nininho, Anderson Salles, Bruno Silva e Tiago Costa; Elicarlos, David, Everton Santos, William Barbio (Thiago Primão) e André Luís (Roberto); Halef Pitbull (Ricardo Bueno). Técnico: Vinícius Eutrópio

GUARANI 1
Leandro Santos, Lenon, Diego Jussani, Genilson e Eron (Souza); Auremir, Evandro e Juninho (Caíque); Bruno Nazário, Claudinho (Edinho) e Eliandro. Técnico: Vadão

Local: Estádio do Arruda (Recife)
Horário: 16h30.
Árbitro: Daniel Nobre Bins (RS).
Assistentes: Elio Nepomuceno de Andrade Júnior e José Eduardo Calza (Ambos do RS).
Cartões amarelos: Auremir, Lenon (Guarani) / André Luís (Santa Cruz)
Cartões vermelhos: -
Gols: Halef Pitbull (Santa Cruz, 4’), Ricardo Bueno (Santa Cruz, 36'ST) / Eliandro (Guarani, 34'ST)
Público: 6.090 torcedores
Renda: R$ 52.870,00
Fonte: Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Guia da delação da JBS: entenda as acusações que abalaram o mundo político



Joesley BatistaDireito de imagemVANESSA CARVALHO/BRAZIL PHOTO PRESS/AFP
Image captionDono de fortuna estimada em R$ 3 bi, Joesley confessou crimes de corrupção em troca de benefícios em futuras penas

O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou nesta sexta-feira o conteúdo das delações premiadas dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos do grupo JBS.
O grupo, que se tornou a maior empresa processadora de carne do mundo durante as gestões do PT no Planalto, é alvo de cinco operações da Polícia Federal, que investigam pagamento milionário de propinas a agentes públicos.
Assim como as delações de executivos da Odebrecht, as confissões da JBS atingem em cheio o sistema político brasileiro e partidos que se revezam no poder desde a redemocratização.
Joesley Batista afirmou que como "controlador do maior grupo empresarial privado não-bancário do país", procurava obter "boa vontade do conjunto da classe política" com a empresa.
Por isso, disse, esforçava-se para atender a maioria de pedidos de dinheiro de políticos e partidos, para obter "facilidade em caso de necessidade ou conveniência" e "evitar antipatia".
Os indícios apresentados pelos executivos da JBS ainda precisam ser investigados, e não há até o momento nenhuma conclusão sobre a veracidade dos relatos.
Confira aqui os principais pontos que envolvem o presidente Michel Temer (PMDB). Abaixo, outros destaques das confissões dos executivos:

Contas milionárias para Dilma e Lula

Após operação em 2009 em que o BNDES comprou US$ 2 bilhões em títulos da JBS, Joesley disse que abriu uma offshore (conta que pode ser usada para esconder origem de ativos) no exterior com crédito de US$ 50 milhões - valor que, segundo o empresário, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega disse que seria para o ex-presidente Lula.
No final de 2010, Mantega, afirma o executivo, pediu a abertura de uma nova conta, que agora seria para Dilma. "JB (Joesley Batista) indagou se Lula e Dilma sabiam do esquema, e Guido disse que sim", afirma o documento apresentado por Joesley ao Ministério Público Federal.


Dilma Rousseff durante evento em Brasília, em 2016Direito de imagemUESLEI MARCELINO/REUTERS

Essa conta, diz Joesley, foi abastecida com propina de US$ 30 milhões originada de um financiamento de US$ 2 bilhões que a JBS recebeu em 2011 do BNDES para comprar uma planta de celulose.
Essas duas contas, segundo a delação, somavam US$ 150 milhões em 2014, valores oriundos de "ajustes sucessivos de propina do esquema BNDES e do esquema gêmeo que funciona nos fundos Funcef e Petros (fundos de pensão de funcionários da Caixa Econômica Federal e Petrobras)".

Encontro 'olhos nos olhos' com Lula

Joesley Batista diz que se encontrou com o ex-presidente no Instituto Lula em outubro de 2014, quando teria dito a ele que as doações de campanha da empresa naquele ano superavam R$ 300 milhões.
O executivo disse ter questionado Lula se "ele percebia o risco de exposição que isso atraía, com base na premissa implícita de que não havia plataforma ideológica que justificasse tamanho montante".
O ex-presidente, afirmou, "olhou nos olhos dele mas não disse uma palavra".
Em nota, advogados de Lula afirmam que as afirmações de Joesley "não decorrem de qualquer contato com o ex-presidente, mas, sim, de supostos diálogos com terceiros, que sequer foram comprovados."
"A verdade é que a vida de Lula e de seus familiares foi - ilegalmente - devassada pela Operação Lava Jato. Todos os sigilos - bancário, fiscal e contábil - foram levantados e nenhum valor ilícito foi encontrado, evidenciando que Lula é inocente", afirma o texto.


Lula durante viagem a Curitiba para prestar depoimento, em 10 de maioDireito de imagemNACHO DOCE/REUTERS
Image captionAfirmações de Joesley Batista citam 'supostos diálogos com terceiros, que sequer foram comprovados', afirma defesa de Lula

Encontro com Dilma e 'doação' para Pimentel

O dono da JBS descreve uma audiência com Dilma em novembro de 2014 no Palácio do Planalto.
Na ocasião, afirmou, disse ter discutido com a então presidente um pedido de contribuição de R$ 30 milhões feito por Edinho Silva (PT), atual prefeito de Araraquara e coordenador financeiro da campanha de Dilma naquele ano, para a campanha de Fernando Pimentel (PT) ao governo de Minas.
Ele disse ter informado Dilma que o saldo das duas contas acertadas com Mantega se esgotaria caso o pedido fosse atendido. "Dilma confirmou a necessidade e pediu que procurasse Pimentel", diz trecho do acordo de delação.
O valor foi repassado após encontro com Pimentel, disse Joesley, mediante compra de 3% da empresa concessionária do estádio Mineirão.
Na prestação de contas da campanha de Pimentel, aparecem repasses de R$ 3,9 milhões da JBS.
A assessoria do governador de Minas afirmou que as afirmações de Joesley "não têm nenhum suporte em provas ou evidências materiais". "Novamente, acusações levianas vêm a público sem que a versão do acusador apresente comprovações que sustentem sua versão", diz a nota.
Dilma, afirmou, também em nota, que "jamais tratou ou solicitou pagamentos ou financiamentos ilegais" para campanhas, e que não teve e nunca autorizou a abertura de empresas em seu nome em paraísos fiscais.

Propina no BNDES via Guido Mantega

Joesley Batista diz que o apoio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) à internacionalização do grupo JBS ocorreu mediante pagamentos de propinas durante os governos Lula (2003-2010) e Dilma (2011-2016).
Ele aponta a figura de Guido Mantega, ex-presidente do BNDES (2004-2006) e ex-ministro da Fazenda (2006-2015), como fundamental ao fechamento dos acordos.


Guido MantegaDireito de imagemEDILSON RODRIGUES/AG. SENADO
Image caption'Se não fosse a proximidade com Guido Mantega os financiamentos à JBS não teriam saído', disse Joesley Batista

Entre as operações que teriam motivado propina de 4% por operação, Joesley cita um financiamento de US$ 80 milhões para compra da Swift da Argentina, em 2005, e as aquisições de 25% do capital social da JBS pelo banco estatal, ao valor de US$ 1 bilhão, em 2007 e 2008.
Joesley também diz que chegou a pagar uma cesta de Natal de R$ 17 mil ao ex-ministro, em operações intermediadas pelo empresário italiano Victor Sandri, amigo de Mantega.
A partir de 2009, Joesley diz que passou a tratar diretamente com Mantega, sem intermediários, e cita um diálogo em que o ex-ministro teria dito que acertariam os percentuais de propina "caso a caso".
A partir de 2014, disse Joesley, ele passou a ter encontros quase semanais com Mantega, em reuniões em que o ex-ministro apresentava "múltiplas listas de políticos e partidos que deveriam receber doações de campanha".
Joesley cita ainda ter feito, a pedido de Mantega, um empréstimo de US$ 5 milhões à empresa Pedala Equipamentos Esportivos, que acabou não sendo pago, e um investimento de US$ 20 milhões em uma conta no exterior.
A BBC Brasil entrou em contato com o BNDES e questionou se o banco se manifestará sobre as afirmações, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
Também deixou recado, sem sucesso, no escritório do advogado José Roberto Batochio, que atende Mantega. Não foi possível localizar Victor Sandri nos telefones identificados em seu nome.
Em nota, o BNDES, cujo braço de participações possui 21,3% da JBS, informou que que "a diretoria e os empregados do banco são os principais interessados na apuração de quaisquer eventuais fatos que tenham ocorrido em relação a suas operações e ao eventual uso do banco por terceiros".
O banco disse colaborar com todas as autoridades públicas e que constituiu comissão interna para avaliar "todos os fatos relacionados às operações realizadas com a empresa (JBS)".

'Fiel' ajuda a Aécio

Joesley Batista diz ter sido o "maior e mais fiel" financiador da campanha eleitoral de Aécio Neves (PSDB), senador afastado, ex-governador de Minas e candidato derrotado à Presidência em 2014.
Afirma ter atendido um pedido de propina ao comprar "sem necessidade de uso" um prédio de R$ 18 milhões em Belo Horizonte.


O senador Aécio Neves (PSDB-MG)Direito de imagemWALDEMIR BARRETO/AG. SENADO
Image caption'O tempo permitirá aos brasileiros conhecer a verdade dos fatos e fazer ao final um julgamento justo', declarou Aécio sobre denúncias

Relata também o pedido de Andrea Neves, irmã do tucano, de propina de R$ 2 milhões "com o argumento que ele precisava pagar advogados". Diz ter dito a ela que seria arriscado pagar com notas, e que Andrea Neves - presa nesta semana - sugeriu superfaturar notas de advogados que já trabalhavam para a JBS, que também seriam utilizados pelo senador.
A JBS também relata encontro de Frederico Pacheco de Medeiros, primo de Aécio, com um executivo da empresa para discutir maneiras de "esquentar" repasses de propina que tinham sido feitos a Aécio por pagamentos em espécie e emissão de notas frias.
Joesley relata ainda o encontro com Aécio em março deste ano, cujo áudio foi gravado pelo empresário, em que o tucano diz da necessidade de aprovação da lei de abuso de autoridade e de anistia ao caixa 2, e faz críticas à Polícia Federal.
Em nota, Aécio já disse estar "absolutamente tranquilo quanto à correção de todos os seus atos". Afirmou ainda que a relação com Joesley era "estritamente pessoal", sem envolvimento com setor público.
"O tempo permitirá aos brasileiros conhecer a verdade dos fatos e fazer ao final um julgamento justo", declarou o senador afastado em nota.

Notas frias em campanha de José Serra

Joesley Batista disse que o senador José Serra (PSDB-SP) fez uma visita à sede da JBS (a data não é especificada) pedindo doação de R$ 20 milhões para sua campanha à Presidência de 2010.
O dono da JBS teria doado o valor em partes: R$ 6 milhões por meio de notas frias para a empresa LRC Eventos e Promoções, com a falsa venda de um camarote no autódromo de Interlagos, em São Paulo; R$ 420 mil também em notas frias, mas para a empresa APPM Análise e Pesquisa e o restante em doações oficiais, que deveriam ser feitas seguindo indicação do candidato.


José SerraDireito de imagemMARCOS OLIVEIRA/AG. SENADO
Image captionOperação de venda de camarote em autódromo teria encoberto repasse ilegal para Serra

O pagamento teria sido organizado por uma amigo de Serra, já morto.
Até a publicação desta reportagem, a assesoria do senador não havia se pronunciado sobre a delação.

Compra de deputados na votação do impeachment

Joesley disse a procuradores da República que o deputado João Bacelar (PR-BA) agiu para evitar que o ex-ministro Guido Mantega fosse convocado a depor na CPI do Carf, da qual Bacelar era relator.
A Comissão Parlamentar de Inquérito foi instaurada em 2016 para apurar um esquema de venda de sentenças que funcionava no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão do Ministério da Fazenda que analisa recursos contra autuações da Receita Federal.
De acordo com a delação, Joesley teria feito a ponte entre Mantega e o parlamentar. O dono da JBS afirmou que depois disso Bacelar passou a atuar em defesa de Dilma no processo de impeachment.
O empresário também contou aos procuradores que o parlamentar apareceu em sua casa no sábado anterior à votação do impeachment na Câmara, tentando convencer Joesley a "comprar" alguns deputados para votarem a favor de Dilma.


João Carlos BarcelarDireito de imagemLUCIO BERNARDO JR./AG. CÂMARA
Image captionDeputado baiano João Bacelar teria atuado em 'compra' de votos

Bacelar teria então apresentado uma lista de 30 parlamentares que estariam dispostos a votar pela permanência da ex-presidente em troca de R$ 5 milhões em propina para cada um.
Joesley disse que autorizou a compra de cinco deputados por R$ 3 milhões cada, mas afirmou não lembrar de seus nomes. Dos R$ 15 milhões combinados com Bacelar, R$ 3,5 milhões já teriam sido pagos.
A assessoria do PR informou que o partido "não comenta conteúdos relacionados a investigações em curso ou procedimentos do Ministério Público e do Poder Judiciário".

Palocci e 'aulas sobre mecânica dos bastidores políticos'

Em sua delação, Joesley Batista contou que conheceu Antônio Palocci em 2008, quando ele não exercia cargo público. O empresário disse que "tinha curiosidade de atender a mecânica dos movimentos e dos bastidores políticos", como está escrito em documento da PGR, e viu em Palocci a pessoa que "poderia lhe 'dar aulas'" sobre o assunto.


O petista Antonio Palloci, que foi ministro nos governos Lula e DilmaDireito de imagemREUTERS
Image captionO ex-ministro Palocci foi preso em setembro de 2016 dentro da operação Lava Jato

Joesley teria então contratado a empresa Projeto Consutoria, de Palocci, de forma legal. A empresa teria também assessorado o empresário em 2009 num parecer sobre o mercado americano de frango.
Em 2010, Palocci tornou-se o braço direito da ex-presidente Dilma na campanha presidencial e teria pedido R$ 30 milhões em doações a Joesley Batista.
De acordo com a delação, o valor não foi pago integralmente, mas R$ 2,8 milhões foram recebidos em espécie; R$ 600 mil foram divididos em três notas fiscais da Hedge Assessoria e Consultoria Empresarial; e R$ 16 milhões foram pagos em doações oficiais a diversos candidatos indicados por Palocci.
A defesa do ex-ministro disse que só irá se manifestar sobre o caso nos autos do processo.

Financiamentos da Caixa e decisões 'facilitadas' por Eduardo Cunha

Joesley Batista disse que as empresas de seu grupo obtiveram, entre 2011 e 2014, R$ 2,9 bilhões em financiamentos na Caixa Econômica Federal e no FI-FGTS, fundo administrado pela Caixa e que aplica recursos dos trabalhadores em projetos de infraestrutura.
Esses empréstimos, disse Joesley, foram facilitados pelo deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em operações intermediadas pelo doleiro Lucio Funaro, também preso pela operação Lava Jato.
Os financiamentos, disse, originaram R$ 90 milhões em propinas pagas por "um sistema de conta-corrente criado para registrar as entradas decorrentes dos financiamentos e as saídas" - que, segundo ele, eram pagamentos em espécie ou notas emitidas para empresas indicadas por Funaro.
"JB (Joesley Batista) conduziu múltiplas tratativas com Eduardo Cunha e Lucio Funaro que envolviam corrupção", diz o documento apresentado pelo empresário.


Eduardo Cunha sendo escoltado por policiais federaisDireito de imagemRODOLFO BUHRER/REUTERS
Image captionMesmo preso, Eduardo Cunha recebia propina da JBS, dizem delatores; ex-deputado nega

O executivo disse ainda ter obtido, via Cunha, duas medidas no Ministério da Agricultura na gestão de Antônio Andrade (PMDB-MG), atual vice-governador de Minas Gerais, que interessavam à JBS, pelas quais pagou R$ 7 milhões de propina ao deputado cassado.
Antes desses supostos acertos, que teriam ocorrido em 2014 e 2015, Joesley relata que ele e Cunha quase se agrediram em encontro no gabinete do ministro da Agricultura, porque o deputado cassado reclamara que o empresário apresentava "demandas muito difíceis", "insinunando que a dificuldade impedia a obtenção de propinas".
Joesley diz que chegou a pagar propina transferindo um helicóptero a Funaro e que pagava R$ 400 mil por mês ao operador, preso em junho de 2016, até o momento da delação.
O executivo afirmou ainda que foi procurado por Cunha entre agosto de 2014 e janeiro de 2015, com pedido de propina para ajudar na eleição dele à Presidência da Câmara. Afirmou ter pago R$ 30 milhões, de olho na "ascensão" e nas "chances" de Cunha vencer o pleito, o que acabou ocorrendo.
Ele diz ainda que acertou com o deputado cassado, quando ele presidia a Câmara dos Deputados, a manutenção do setor de aves na desoneração da folha de pagamento, pela qual disse ter repassado R$ 20 milhões em espécie.
A BBC Brasil entrou em contato com a assessoria do vice-governador de Minas, mas não obteve resposta. A reportagem não conseguiu contato com as defesas de Eduardo Cunha e Lucio Funaro.

Propina para campanhas no Ceará

Joesley Batista disse que pagou R$ 5 milhões em propina para a campanha de reeleição de Cid Gomes (hoje do PDT) ao governo do Ceará em 2010, e que R$ 3,5 milhões foram pagos com notas frias.
Os valores foram pagos, disse, para liberar créditos legítimos de ICMS que ao grupo tinha receber do Estado.


Cid Gomes ao falar na Câmara, em 2015Direito de imagemGUSTAVO LIMA/AG. CÂMARA
Image captionEx-governador Cid Gomes recebeu propina para sua campanha e de seu sucessor no Ceará, diz JBS; atual governador nea.

O executivo afirmou ainda ter sido procurado por Cid em 2014 com um pedido de contribuição para a campanha do atual governador Camilo Santana (PT), que foi o candidato de Cid.
No primeiro encontro, segundo o relato, ele disse a Cid que a JBS tinha R$ 110 milhões a receber em créditos do governo, e que por isso seria difícil contribuir.
Depois disse ter sido procurado por dois enviados do governo, entre eles o deputado federal licenciado Antonio Balhmann, atual secretário de Assuntos Internacionais do Ceará, com a proposta de liberação dos créditos mediante pagamento de R$ 20 milhões.
Afirmou ter feito o acerto, pelo qual a JBS conseguiu R$ 98 milhões em créditos e repassou R$ 9,8 milhões mediante emissão de notas frias (sem prestação de serviços) e R$ 10,2 milhões de propinas "dissimuladas de doações oficiais" de campanha.
A campanha de Camilo Santana declarou R$ 4 milhões em doações da JBS, além de aproximadamente R$ 335 mil em recursos da empresa recebidos via comitê da campanha de Dilma Rousseff.
O governador Camilo Santana disse saber do caso apenas pela imprensa. "O que posso afirmar de forma categórica é que o ex-governador Cid trata-se de um homem sério, honrado e que não compactua com coisas erradas. Sobre as doações realizadas na campanha eleitoral, as informações que tenho são de que foram feitas de forma absolutamente correta e dentro da lei", disse.
A reportagem não conseguiu localizar representantes do ex-governador Cid Gomes.

Pagamentos a Marta Suplicy

A senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) teria pedido R$ 1 milhão para sua campanha ao Senado em 2010, segundo delação de Joesley Batista.


Marta SuplicyDireito de imagemEDILSON RODRIGUES/AG. SENADO
Image captionSenadora do PMDB, ex-PT, teria destacado marido para receber pagamentos

Metade do valor teria sido pago por meio de doação oficial e a outra parte em espécie. Outros pedidos de doação por meio de caixa 2 teriam acontecido entre 2015 e meados de 2016, para a pré-campanha de Marta à Prefeitura de São Paulo.
Joesley disse que a senadora indicou seu marido, Marcio, para operacionalizar o recebimento do dinheiro. De acordo com ele, foram feitos pelo menos 15 pagamentos mensais de R$ 200 mil em troca de possíveis negócios caso Marta viesse a ser eleita para a prefeitura.
Procurada pela BBC Brasil, a assessoria da congressista disse que ela ainda não havia se pronunciado sobre o assunto.

Marcos Pereira e manutenção de cargo na Caixa

Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e presidente nacional do PRB, Marcos Pereira teria recebido R$ 4,2 milhões de propina de Joesley Batista. O dinheiro, que foi recebido ao longo do último ano, faria parte de um montante de R$ 6 milhões prometidos a Pereira para que o vice-presidente da Caixa Econômica Federal, Antonio Carlos Ferreira, fosse mantido no cargo. O posto era de indicação do PRB.
Antonio Carlos Ferreira teria procurado o empresário da JBS no processo final de aprovação de um empréstimo de R$ 2,7 bilhões, dizendo que sua permanência na vice-presidência da Caixa dependeria do atendimento a certos pedidos de quem lhe indicou: no caso, Marcos Pereira. Dos R$ 6 milhões, R$ 4,2 milhões foram pagos em parcelas até março deste ano, faltando R$ 1,8 milhão.
Em nota, o ministro afirmou que "as informações constantes da delação premiada de Joesley Batista não são verdadeiras". Ele também disse que está à disposição das autoridades "para prestar os esclarecimentos necessários e afastar qualquer dúvida sobre minha conduta".


Marcos PereiraDireito de imagemBETO BARATA/PR
Image caption'Informações da delação premiada de Joesley Batista não são verdadeiras', disse ministro da Indústria e presidente do PRB

Propina para reduzir impostos em Mato Grosso

A relação da JBS com o ex-governador do Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB), preso desde setembro de 2015 por diferentes acusações, teria começado em 2010, quando Barbosa pediu contribuições para sua campanha eleitoral.
De acordo com Joesley, em contrapartida, o candidato prometeu que as doações da empresa seriam compensados com a redução de impostos estaduais. Joesley não lembra se as doações foram feitas.
Em 2011, os contatos com o então governador continuaram, mas passaram a ser feitos por Wesley Batista, irmão de Joesley.
No ano seguinte, Wesley e Barbosa teriam se reunido. Na ocasião, de acordo com a delação, o dono da JBS pediu mudanças no sistema de pagamento de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) pelos frigoríficos da gigante de alimentos, que foram atendidas pelo governo.
Em 2012, o governador teria pedido propina em contrapartida às alterações, no valor de R$ 10 milhões por ano até 2014. Ainda segundo os documentos da PGR, os valores foram pagos conforme o combinado, com exceção de 2014, quando nem todas as parcelas foram quitadas.


Silval BarbosaDireito de imagemDIVULGAÇÃO
Image captionGestão de Silval Barbosa, ex-governador de MT preso desde 2015, teria recebido propina em troca de abatimento de impostos

As irregularidades no recolhimento do ICMS teriam continuado em 2014, quando o então Secretário da Casa Civil Pedro Nadaf sugeriu a confecção de um documento falso para que o próprio Nadaf, o governador e a JBS se livrassem de uma ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público de Mato Grosso.
O atual governo de Mato Grosso, de Pedro Taques (PDT), disse que não comentaria as afirmações porque se referem à outra gestão. A reportagem não obteve contato com os outros citados.

Benefícios fiscais em Mato Grosso do Sul

A JBS teria pago propina aos três últimos governadores de Mato Grosso do Sul. Em 2003, no governo de Zeca do PT (1999-2006), Joesley Batista teria acertado o pagamento de propina de 20% de qualquer benefício fiscal concendido à empresa no Estado.
Em 2010, o mesmo Zeca teria pedido R$ 3 milhões para sua campanha eleitoral, pagos em duas partes: R$ 1 milhão em doação oficial e R$ 2 milhões em espécie.
Segundo a delação, com o governador seguinte, André Puccinelli (PMDB), o valor da propina foi ajustado para 30% dos benefícios fiscais.
O atual governador do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB), também teria recebido dinheiro da JBS. Em nota, negou crime e disse que os repasses foram legais.
"Esclareço que referido termo (de acordo de benefícios fiscais) assinado em minha gestão teve como objeto investimentos para ampliação e geração de empregos em diversas unidades frigoríficas, conforme legalmente estabelecido pela política de incentivos estadual", disse.
"Em relação à declaração de que recebi aproximadamente R$ 10 milhões dos empresários, informo que o valor exato é de R$ 10,5 milhões repassados pelo PSDB nacional e que constam regularmente declarados na prestação de contas eleitoral de minha candidatura em 2014", afirmou.
A reportagem não conseguiu localizar Zeca do PT e André Puccinelli.
Fonte:BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE