sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025
Deputados bolsonaristas querem acabar com o Pé-de-Meia
'Aristóteles é simplesmente o filósofo mais importante, o ser humano mais importante que já viveu', diz John Sellars

Crédito,Getty Images
"Aristóteles não é simplesmente o filósofo antigo mais importante, nem simplesmente o filósofo mais importante de todos os tempos; Aristóteles é o ser humano mais importante que já viveu".
Essa afirmação foi feita pelo filósofo britânico John Sellars em um artigo na revista acadêmica Antigone pouco antes da publicação de seu livro, Aristóteles: Entendendo o Maior Filósofo do Mundo.
O título do livro, reflete a motivação de Sellars para escrever o livro: sua experiência como estudante de Filosofia mergulhando fundo na obra do pensador grego.
"Quando comecei, sabia muito bem que Aristóteles era uma figura importante, mas achei isso muito intimidador. Toda vez que eu tentava mergulhar em suas obras, quase imediatamente me perdia.
Como? "Lentamente", diz.
Seu livro é uma amostra que ele espera que incentive mais gente a conhecer os escritos do filósofo dos séculos IV e III a.C., sirva como um guia nesta jornada e nos ajude a descobrir como ele é brilhante.
E ele é, mas "o maior do mundo", "o maior de todos os tempos", "o ser humano mais importante"?...
"Esse é o meu ponto de vista, e sei que existem outros acadêmicos que o compartilhariam, nem todos, é claro, mas eu não sou o único que pensa assim", disse ele à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
Sellars é um respeitado especialista em conhecimento, professor de Filosofia na Universidade Royal Holloway, em Londres, e autor de aclamadas palestras sobre estoicismo e epicurismo.
Mesmo assim, pedimos que ele nos convencesse da importância de Aristóteles.
Mas primeiro...
Relembrando brevemente
Aristóteles faz parte da tríade dourada da Filosofia clássica completada por Sócrates e Platão.
Ele era originário do norte da Grécia e, aos 18 anos, foi estudar na Academia de Platão em Atenas, onde, por duas décadas, foi aluno e depois colega do grande pensador.
Com o tempo, embora sempre tenha reconhecido o quanto devia ao professor, ele se distanciou de suas ideias e desenvolveu suas próprias opiniões.

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Após a morte de Platão, Aristóteles deixou Atenas e, depois de um tempo na Ásia Menor, mudou-se para a ilha grega de Lesbos, onde se dedicou ao estudo do mundo natural.
Anos depois, o rei Filipe da Macedônia o convidou de volta ao norte da Grécia para ensinar seu filho Alexandre, que mais tarde se tornaria conhecido como Alexandre, o Grande.
Quando Filipe foi assassinado enquanto Alexandre estava em sua grande campanha no Oriente Médio e na Índia, Aristóteles temeu por sua segurança e retornou a Atenas, onde fundou sua própria escola, o Liceu, aos 50 anos.
Ele morreu aos 62 anos, deixando para trás uma vasta biblioteca, incluindo seus próprios numerosos escritos.
De acordo com a Enciclopédia Britânica, as obras sobreviventes de Aristóteles, embora representem provavelmente apenas um quinto de sua produção total, somam cerca de um milhão de palavras.
Embora Sellars admita que dizer que Aristóteles é a pessoa mais importante de todas seja uma afirmação aparentemente "exagerada, tão grandiloquente que parece uma hipérbole afetada", ele tem argumentos para isso.
"Acho que ele é o maior em termos da escala de sua influência e do impacto que teve."
"Ele contribuiu tanto para tantas coisas que ainda são relevantes hoje em dia que nem percebemos que elas estão conectadas a ele."
Com água até os joelhos
Aristóteles não era apenas o protótipo de um filósofo sentado em uma academia ou palácio na Grécia Antiga, meditando com o olhar perdido à distância.
Como seu objeto de estudo era o mundo ao seu redor, ele também costumava fazer trabalho de campo, diz Sellars.

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Quando ele partia para estudar a vida natural, ele "ia às praias e, com as águas até os joelhos, observava os animais, pegava insetos, peixes, caranguejos e polvos e depois os examinava".
"Até então, ninguém havia tentado estudar sistematicamente os seres vivos."
Assim, ele criou a disciplina de biologia.
Mas cuidado, isso não significa que suas conclusões estavam corretas. Na verdade, a maior parte do conhecimento que obteve nesse campo está obsoleto.
No entanto, o fato de ele ter sido provado errado em algumas observações não desvaloriza seu trabalho, porque no cerne de seu pensamento está que a evidência triunfa sobre a teoria.
"Toda teoria está aberta à refutação por meio de observações subsequentes, disse Aristóteles mais de uma vez", enfatiza Sellars.
O que também é excepcional é a maneira pela qual ele buscou o conhecimento, que "lançou as bases da ciência empírica".
"Refletindo sobre a natureza da ciência, ele criou um método para o pensamento científico, que foi outro avanço muito importante."
E enquanto "estava tentando entender como os seres vivos funcionavam, ele desenvolveu uma abordagem que depois aplicou a outros campos."
Outras águas
Por exemplo, Aristóteles adotou sua metodologia de conhecimento em seus estudos de política.
Para entender e escrever sobre isso, precisava de amostras, então "ele coletou cópias de todas as constituições que regiam as diferentes cidades do antigo mundo mediterrâneo", diz Sellars.
Isso permitiu que ele comparasse e analisasse as diferentes cidades e comunidades.
Assim como os animais, os diferentes tipos de governos poderiam ser classificados — monarquias, oligarquias, democracias — e, com base em informações históricas, ter uma ideia de quais floresceram.
Foi uma abordagem bem científica que marcou o início das ciências sociais.
"A política pode ser um assunto acalorado, e as pessoas têm opiniões fortes."
"A ideia de tentar dar um passo atrás e adotar essa abordagem mais científica, coletando informações antes de fazer um julgamento, é uma forma muito madura de se pensar sobre política que ainda não aprendemos totalmente", diz o autor em entrevista à BBC News Mundo.

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Ele fez a mesma coisa quando explorou a literatura em sua obra poética.
"Para entender o drama grego, de uma forma muito científica, ele o desmontou e pensou em todos os diferentes elementos que contribuem para seu sucesso", Sellars explica.
"Ele analisou o enredo, os personagens, a encenação — tudo o que é importante."
"E, embora pareça muito óbvio agora, ele ressaltou que você precisa de um começo que dê ao público uma ideia de qual é a situação, depois a ação principal e, finalmente, uma resolução que não deixe pontas soltas, para que seja satisfatória para o público e eles possam sair com uma sensação de satisfação."
Assim, ele estabeleceu os elementos básicos de uma boa história, com uma análise que ainda é usada hoje e que também deu origem à crítica literária.
Como se isso não bastasse
Assim, resume Sellars, Aristóteles foi "a primeira pessoa a estudar sistematicamente a política e a pensar a literatura e a ciência dessa maneira, e ele inventou a lógica formal, o que é uma grande conquista por si só".
A lógica também?
"Ele foi o primeiro a estudar as estruturas do pensamento racional e, com isso, inventou a lógica formal e articulou claramente pela primeira vez os principais princípios lógicos, como a Lei do Meio Excluído: qualquer proposição só pode ser verdadeira ou falsa."
"Essa divisão binária é a ideia fundamental subjacente ao mundo digital."
Além disso, "Ética a Nicômaco, de Aristóteles, foi provavelmente o livro de ética mais influente de todos os tempos", diz Sellars.
Por quê?

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"Por causa da riqueza e complexidade da resposta que ele dá. Ele não simplifica. E ele reconhece todas as dificuldades reais de tentar viver uma vida humana."
"Ele também traz seu espírito científico para o assunto.
"Temos que pensar primeiro sobre o que é um ser humano e quais são suas capacidades e habilidades, e depois sobre o que significaria ser um bom ser humano que usasse essas capacidades e habilidades da melhor maneira possível."
Aristóteles acreditava que, além de crescer, se mover e se reproduzir, como outros seres vivos, nossa capacidade distinta é raciocinar: a grande maioria dos seres humanos adultos são pensantes... potencialmente.
"Para citar um exemplo que ele gostou, os olhos servem para ver; essa é a função deles. Se alguém tem olhos, mas nunca os abre, eles não seriam olhos no sentido mais pleno", ilustra Sellars.
Na mesma linha, "só somos seres verdadeiramente pensantes quando realmente pensamos".
Ao fazer isso, exercitamos o fato de sermos humanos. E o que é um bom ser humano, então?
Social, curioso e racional
É aquele que usa bem a razão, diz Sellars, acrescentando que "uma maneira de usarmos a razão é controlando os desejos e emoções irracionais que temos, impedindo que eles nos dominem."
"Ou seja, se um ser humano adulto ainda é excessivamente emotivo — fazendo birras quando não consegue o que quer e se comporta como uma criança — poderia-se dizer que ele nunca cresceu de verdade, que nunca se tornou adulto de verdade, certo?"
"Aristóteles também insiste que somos seres sociais e é por isso que temos que nos dar bem com outras pessoas. Isso é absolutamente fundamental."
"Outra coisa é que ele acha que, por natureza, somos curiosos, queremos conhecer e aprender, e que esse é um instinto humano natural."
"Se quisermos florescer e viver uma vida boa, devemos ser sociais, curiosos e racionais", diz Sellars.
Os conceitos de Aristóteles continuam enraizados porque "ele moldou a maneira como pensamos."
"Suas ideias e conceitos permearam nossa maneira natural de pensar a ponto de se tornarem imperceptíveis."
O que você acha... o argumento de Sellars te convenceu?
*A entrevista com John Sellars foi realizada por ocasião do HAY Festival Cartagena, que este ano comemora 20 anos de existência na cidade do Caribe colombiano
- Dalia Ventura
- Role,BBC Mundo
quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025
domingo, 2 de fevereiro de 2025
Sport e Santa Cruz derrotados pelo ódio, incompetência e a fantasia do capitalismo. Governadora proíbe torcedores nos jogos do Sport e Santa Cruz
imprensa.pe@secom.pe.gov.br
Santa Cruz 1x0 Sport - Melhores Momentos - Campeonato Pernambucano - 01.02.2025
sábado, 1 de fevereiro de 2025
Alcolumbre e Hugo Motta eleitos. O que será do Brasil e do povo brasileiro?

Crédito,Antônio Cruz/Agência Brasil e Mário Agra/Câmara dos Deputados
O Senado e a Câmara dos Deputados elegeram neste sábado (01/02) Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB), respectivamente, como seus novos presidentes. Os dois eram os favoritos em suas disputas.
A previsão de analistas ouvidos pela BBC News Brasil é que as mudanças vão manter o Congresso forte e independente do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Com a popularidade em queda, segundo a última pesquisa Quaest, o presidente deve continuar tendo dificuldade para avançar suas propostas no Legislativo em 2025, um ano decisivo para tentar melhor sua avaliação e fortalecer seus planos de reeleição — ou de emplacar um sucessor em 2026.
A expectativa dos analistas entrevistados é que pautas econômicas, como a ideia de mudar regras do Imposto de Renda, possam ser aprovadas, mas à base de muita negociação e concessões, enquanto propostas com mais resistência na oposição, como a ideia de regular as redes sociais, continuem travadas.
Alcolumbre voltou à Presidência do Senado depois de quatro anos com Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no comando da Casa. Alcolumbre foi presidente do Senado entre 2019 e 2021
Os outros rivais na corrida, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Eduardo Girão (Novo-CE) conquistaram 4 votos cada um.
Em seu discurso, Alcolumbre afirmou: "Para mim, governar é ouvir e liderar é servir. É disso que o nosso país precisa agora. Uma liderança que una e não que divida", disse, segundo a Agência Brasil. Fonte:BBC
CONFIRA: COM APOIO DE PETISTAS E BOLSONARISTAS, ALCOLUMBRE VOLTA AO COMANDO DO SENADO | Cortes 247
terça-feira, 28 de janeiro de 2025
Primeiros dias de Trump no poder mostram EUA mais próximos do 'imperialismo' que do 'isolacionismo'

Crédito,Leah Millis/Reuters
Nos primeiros dias desde que voltou à Casa Branca, o presidente americano, Donald Trump, tem sinalizado uma política externa mais imperialista do que isolacionista, pelo menos na retórica, na avaliação de especialistas consultados pela BBC News Brasil.
Diversas ações e declarações recentes do republicano remetem ao imperialismo americano do século 19, quando os Estados Unidos não apenas se expandiram para o Oeste, mas também ocuparam territórios distantes.
Em coletiva de imprensa no início do mês, antes mesmo de iniciar seu segundo mandato, Trump cogitou comprar a Groenlândia (território autônomo da Dinamarca, país aliado dos Estados Unidos) e o Canal do Panamá, e não descartou o uso de força militar ou pressão econômica para atingir o objetivo.
Disse ainda que o Canadá deveria ser um Estado americano e sugeriu "se livrar da linha traçada artificialmente" na fronteira entre os dois países
Durante a fala, Trump voltou a mencionar o Canal do Panamá e citou o "destino manifesto" dos Estados Unidos, uma referência à ideologia da época, segundo a qual os norte-americanos tinham a missão divina de expandir seu território até a costa do Pacífico.
O presidente chegou a dizer que o país vai perseguir seu destino manifesto "nas estrelas", lançando astronautas para plantar a bandeira americana em Marte.
Pouco após a cerimônia, já no Salão Oval, Trump assinou uma série de ordens executivas, entre elas uma que instrui o governo federal a mudar o nome do Golfo do México para "Golfo da América".
É possível que as declarações de Trump sejam apenas táticas de negociação, semelhantes às empregadas em várias situações durante seu primeiro mandato (2017-2021).
Independentemente de suas reais intenções, essa retórica faz dele o primeiro presidente dos Estados Unidos em mais de cem anos a defender a expansão territorial do país.
"Ele até usou o termo destino manifesto, que é um tipo de declaração imperialista e expansionista", diz à BBC News Brasil o cientista político Todd Belt, professor da George Washington University, em Washington.
"Parte disso pode ser jingoísmo, ser uma linguagem de 'os Estados Unidos em primeiro lugar' (referência ao slogan de campanha de Trump, "America First"), que pode ser usada para intimidar as pessoas para a mesa de negociações, para que ele possa obter concessões", observa.
Belt não descarta, porém, que realmente haja um "sentimento intervencionista" por parte do novo governo e de alguns dos nomes que ocuparão posição de destaque no gabinete.
Hemisfério Ocidental
O slogan "America First" foi adotado por Trump desde sua primeira campanha, em 2016. Ao concorrer desta vez, o republicano voltou a falar em "rejeitar o globalismo" e acabar com guerras e em um recuo em intervenções no exterior, gerando expectativa de uma política externa mais isolacionista.
"Mas, na história dos Estados Unidos, o isolacionismo nunca significou necessariamente que o país não iria intervir e se intrometer nos assuntos internos do Hemisfério Ocidental (que corresponde ao continente americano)", diz à BBC News Brasil o cientista político Ken Kollman, professor da Universidade de Michigan.
A partir de 1823, com a chamada Doutrina Monroe, os Estados Unidos passaram a considerar a América Latina como sua esfera de influência.

Crédito,Biblioteca do Congresso
Ao longo do século 19, o país expandiu seu território ao comprar a Louisiana (da França), a Flórida (da Espanha), o Alasca (da Rússia) e partes do México, além das conquistas após a Guerra Hispano-Americana. Também tentou, sem sucesso, adquirir a Groenlândia e a Islândia da Dinamarca.
Essa era expansionista se estendeu até o início do século 20. A partir de meados dos anos 1940, após a Segunda Guerra Mundial, a projeção de poder por meio da expansão territorial passou a ser substituída pela busca de influência global de outras maneiras, com acordos de comércio e segurança.
Os Estados Unidos têm hoje centenas de bases militares espalhadas pelo mundo.
Mesmo que presidentes nas últimas décadas não tenham declarado a intenção de ampliar o território, há o argumento de que a ideologia do destino manifesto se mantém na ambição americana de controlar partes do mundo onde têm interesses, tanto por meio da política externa quanto da economia.
Geopolítica
Pelo menos em relação ao Canadá, as declarações de Trump foram encaradas mais como uma maneira de provocar o primeiro-ministro do país, Justin Trudeau, do que uma proposta séria.
No caso de mudar o nome do Golfo do México, ainda antes da posse de Trump, a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, respondeu à proposta dizendo que os Estados Unidos deveriam ser chamados de "América Mexicana".
O foco no Canal do Panamá e na Groenlândia, porém, pode ser mais sério. Tanto o governo panamenho quanto o dinamarquês já rejeitaram a ideia de venda.
"Demos (o canal) ao Panamá e estamos tomando de volta", declarou Trump no discurso de posse, reclamando que os termos do tratado foram violados e afirmando que a China está controlando o canal (o que foi desmentido por autoridades panamenhas e chinesas).
Financiado e construído pelos Estados Unidos, o canal foi transferido para o Panamá em 1999, após um acordo assinado pelos líderes dos dois países em 1977.

Crédito,Biblioteca do Congresso
Em relação à Groenlândia, Trump diz que a ilha é essencial para a "segurança nacional". Ele já havia manifestado a intenção de comprar o território autônomo da Dinamarca durante seu primeiro mandato.
A ilha é a maior do mundo, rica em recursos minerais e com localização estratégica pela proximidade com o Ártico, onde o derretimento das calotas polares pode levar a novas rotas de navegação e já vem chamando a atenção da China e da Rússia.
A Groenlândia também abriga a Base espacial de Pituffik, operada pelos militares dos Estados Unidos e usada na observação de mísseis balísticos.
"Há preocupações de que outras potências globais estejam acessando partes do Ártico à medida que o globo esquenta", ressalta Kollman.
"Então não sei o quanto (das declarações de Trump) é imperialismo e o quanto é geopolítica sobre o Ártico."
Estratégia de negociação
É comum em Washington que a política externa ganhe mais atenção de presidentes em segundo mandato, quando além de estarem livres da pressão de buscar a reeleição, muitas vezes enfrentam dificuldades para implementar sua agenda doméstica.
Trump, porém, não é um político tradicional, e seu segundo mandato ocorre com um intervalo de quatro anos após o final do primeiro.
"Não sei se o passado é muito indicativo nesse caso. Eu vejo Trump com objetivos tanto na política externa quanto na interna", salienta Kollman.
O presidente americano é um homem de negócios e costuma se orgulhar do talento para negociação, e é possível que suas ações recentes reflitam uma estratégia nesse sentido.
"É assim que ele opera: propor e divulgar algo um tanto chocante, de modo que (quando aceitar) algo que simplesmente serve aos seus interesses, isso vai ser (recebido com) alívio", destaca Kollman. "Ele agia dessa forma nos negócios, e tenta fazer o mesmo na política."
Em seu primeiro mandato, muitos analistas afirmaram que Trump seguia a chamada "Madman Theory" ("teoria do louco"), comumente associada ao presidente Richard Nixon (1969-1974) e segundo a qual, em política externa, pode ser vantajoso parecer imprevisível diante dos adversários.

Crédito,Biblioteca do Congresso
Mas há riscos na retórica imperialista e na sugestão de que os Estados Unidos poderiam até usar a força. Alguns analistas na imprensa americana afirmam que pode ser contraproducente, especialmente em um momento em que a Rússia avança sobre a Ucrânia e a China ameaça Taiwan.
"Não acho que isso necessariamente encoraje os inimigos dos Estados Unidos, mas pode afastar os aliados", diz Belt.
Belt ressalta que, ao mencionar a aquisição de territórios, Trump tem feito argumentos econômicos, tanto no caso dos recursos naturais da Groenlândia quanto no sentimento de que os Estados Unidos estão sendo tratados de forma desvantajosa no Canal do Panamá.
"Trump sempre pensa em termos de negócios", observa Belt. "Acho que está olhando para isso de uma perspectiva econômica, não imperialista."
- Alessandra Corrêa
- Role,De Washington para a BBC News Brasil








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