domingo, 9 de fevereiro de 2025

4 tentativas de golpes de Estado fracassadas que marcaram a história do Brasil





Foto em preto e branco de Getúlio Vargas lendo um papel

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,O ex-presidente Getúlio Vargas (1882-1954) teve seu nome envolvido — seja como vítima, seja como beneficiário — em várias tentativas de golpe, inclusive algumas que deram certo

O último ano do governo de Jair Bolsonaro (PL) e os primeiros dias de 2023, que culminaram no ataque de seus apoiadores a Brasília em 8 de janeiro, no início do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estão sendo tratados pela Polícia Federal (PF) e por diversos especialistas como uma tentativa de golpe de Estado no Brasil.

Já em julho de 2022, o então presidente Jair Bolsonaro colocava em questão a lisura das eleições e conclamava seu ministros a "fazer alguma coisa antes" do resultado das urnas, que já estaria "pintado".

Nos sete meses seguintes, e principalmente após a derrota de Bolsonaro para Lula na eleição, houve acampamentos em frente a quartéis pedindo intervenção militarbloqueios de estradas e tentativa de atentado a bomba no Aeroporto de Brasília.

Segundo investigações da PF reveladas em novembro, alguns militares teriam tramado, no final de 2022, um plano para assassinar Lula, seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.


No último sábado (14/12), o general Walter Souza Braga Netto, candidato a vice na chapa de Bolsonaro em 2022 e ministro da Casa Civil e da Defesa do ex-presidente, foi preso preventivamente em meio a investigações sobre a suposta tentativa de golpe. Segundo a PF, Braga Netto estaria tentando interferir nas apurações em curso, o que sua defesa negou


No fim de novembro, a PF tinha apontado Bolsonaro como líder da "organização criminosa" que planejou o golpe de Estado para mantê-lo no poder após a derrota nas eleições de 2022.

Bolsonaro negou sua participação em qualquer plano golpista e disse que "ninguém vai dar golpe com general da reserva e mais meia dúzia de oficiais. É um absurdo o que estão falando".

De fato, a história do país tem bons exemplos de tentativas de golpe fracassadas - muitas delas com pouca adesão de setores das Forças Armadas.

As investigações recentes trazem à tona semelhanças com esses episódios.

Braga Netto no meio de fileira com militares uniformizados e em pé

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Ex-ministro durante governo de Jair Bolsonaro, Braga Netto foi preso preventivamente em meio a investigações sobre tentativa de folpe

Neles, aparecem recorrentemente fatores como falta de articulação, resistência de instituições e doses de incompetência.

Para David Maciel, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), as evidências que têm surgido das investigações que apontam para uma tentativa de golpe entre 2022 e 2023 indicam alguns ineditismos, em comparação com outros episódios históricos.

"Nenhuma tentativa frustrada de golpe se caracterizou como um autogolpe, ou seja, quando o próprio governo de plantão busca se perpetuar ao romper com a legalidade vigente", diz Maciel, autor do livro A Argamassa da Ordem - Da Ditadura Militar à Nova República.

O autogolpe mais famoso — e neste caso, bem-sucedido — da história do Brasil aconteceu em 1937, quando Getúlio Vargas proclamou o Estado Novo. Ele chegara ao poder por meio da Revolução de 1930 e fora eleito em 1934. Três anos depois, liderou o golpe e virou ditador.

Para Rodrigo Patto Sá Motta, coordenador do Laboratório de História do Tempo Presente da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), os acontecimentos recentes lembram outro momento da história.

"Guardadas as devidas proporções, essa mistura de marcha com protesto e atitudes de vandalismo lembrou a Marcha sobre Roma [evento em que os fascistas tomaram o poder na Itália, em 1922]."

Autor de Passados Presentes: O Golpe de 1964 e de outros livros sobre o período, o historiador vê características em comum entre os fatos recentes e eventos passados — em especial, o envolvimento de militares de alta patente e de políticos poderosos.

"Mais importante do que buscar comparações na história é chamar atenção sobre a gravidade desse episódio e a necessidade de que ele seja devidamente julgado, para que não ocorra novamente", defende, acrescentando que o momento atual pode trazer uma "virada na história da relação dos militares com a política do Brasil".

"Há 135 anos, eles têm se imaginado como figuras-chave da nossa política, como atores estratégicos. Fizeram isso alegando que tinham direito, porque eram muito bem preparados. É o momento de superarmos essa retórica."

Sá Motta argumenta que o governo Bolsonaro demonstrou que esse suposto preparo acima da média não é realidade.

"Os militares mostraram sua incompetência ao gerir o país, cometeram vários equívocos, inclusive criminosos, no caso da pandemia, e ainda assim queriam permanecer no poder à força. Julgamento e punição são essenciais, até porque eles nunca foram punidos, especialmente os de alta patente."

O historiador lembra que houve vários momentos da história brasileira em que militares tentaram ou conseguiram dar um golpe de Estado — conheça quatro dos mais emblemáticos no último século

Levante Integralista (1938)

Plínio Salgado com olhar sério e de terno olhando em direção à câmera

Crédito,ARQUIVO NACIONAL

Legenda da foto,Líder dos integralistas, Plínio Salgado acreditou que poderia ter cargo de ministro no Estado Novo

Em 1937, durante o governo Getúlio Vargas, a Ação Integralista Brasileira (AIB), movimento político ultranacionalista e de inspiração fascista, abraçou com entusiasmo o golpe que decretou o Estado Novo.

A participação e o apoio prestados, além das movimentações do próprio Vargas, levaram os integralistas a pensar que teriam papel importante na nova conjuntura do governo.

Eles estavam empolgados. Seu líder, Plínio Salgado, já se sentia ministro da Educação, segundo a historiadora Marly de Almeida Gomes Vianna em um artigo apresentado no Simpósio Nacional de História.

Em 1º de novembro de 1937, dias antes do golpe, milhares de integralistas fizeram uma parada em estilo militar no Rio de Janeiro, então capital federal, para saudar Vargas.

Mas um decreto-lei ainda naquele ano frustrou os sonhos do grupo ao extinguir todas as agremiações políticas no país — incluindo a AIB.

Em maio de 1938, os integralistas resolveram tentar destituir Vargas do poder, em parceria com militares — as ideias de extrema direita da AIB tinham muita penetração na Marinha, mas não tanto no Exército, segundo Gomes Vianna.

"A alma da conspiração [...] foram os militares", escreveu a autora.

A ideia era prender lideranças civis do governo e autoridades policiais; capturar estações de telégrafo, telefone, rádio e luz; bloquear pontes e tomar de assalto o Palácio Guanabara. Hoje sede do governo do Rio de Janeiro, o edifício foi, no Estado Novo, residência oficial do presidente.

Além disso, os golpistas queriam dominar sedes policiais e unidades navais.

"A maioria das ações planejadas não chegou a se realizar, por ausência de comando ou por absoluta incompetência dos mobilizados", diz a historiadora.

Somente duas tiveram relevância, os ataques ao Palácio Guanabara e ao Arsenal da Marinha.

Na emboscada na residência presidencial, os invasores dominaram os guardas e abriram fogo contra os aposentos da família Vargas. Os reforços militares para protegê-los demoraram para chegar, até que o líder do ataque, o tenente do Exército Severo Fournier, fugiu pelo morro nos fundos do palácio.

A investida contra o Arsenal da Marinha também fracassou. No fim, o complô foi uma tentativa de golpe atrapalhada para derrubar um governo instituído por um golpe bem-sucedido.

Segundo reportagens da época, oito pessoas morreram — e Getúlio continuou no poder.

Tentativa de deposição de Getúlio Vargas (1954)

Vargas governava de novo o país, dessa vez eleito por voto direto em 1950, quando venceu o brigadeiro Eduardo Gomes, da União Democrática Nacional (UDN). Foi a segunda derrota consecutiva de Gomes, que em 1945 perdera a eleição para Eurico Gaspar Dutra, ex-ministro e candidato de Vargas.

Em 1953, a UDN elegeu um novo inimigo público: o novo ministro do Trabalho, João Goulart, então um jovem político relativamente pouco conhecido no país.

Para combatê-lo, o partido contou com o apoio maciço de uma velha aliada, a imprensa do eixo Rio-São Paulo, segundo as historiadoras Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling em Brasil: Uma Biografia.

Jornais oposicionistas atribuíam ao ministro a liderança das grandes greves de trabalhadores que aconteciam no país. No ar, havia o temor que o Brasil seria governado por sindicatos.

"A mera evocação da 'República sindicalista' deixava a UDN de cabelo em pé, mas era uma peça de ficção — não existiu nem como projeto nem como alternativa de poder", escreveram as autoras.

O jornalista e político Carlos Lacerda, o mais virulento desses oposicionistas e grande voz do conservadorismo na época, atacava o ministro sempre que podia — lembrando aos leitores que o herdeiro político de Vargas, apelidado de Jango, era um jovem de 34 anos solteiro, bonito, rico, boêmio e namorador.

"Joãozinho Boa Pinta deve sair do ministério e voltar ao cabaré, que é a sua universidade, a sua caserna e o seu santuário", escreveu em seu jornal, o Tribuna da Imprensa.

Em janeiro de 1954, Jango apresentou sua proposta de reforma, atendendo às reivindicações do movimento sindical. A principal medida era dobrar o salário mínimo.

"A UDN estrilou no Congresso, os jornais oposicionistas cuspiram fogo, mas quem ameaçou mesmo a estabilidade democrática foram os quartéis", segundo Schwarcz e Starling.

No mês seguinte, 42 coronéis e 39 tenentes-coronéis do Exército entregaram uma carta a seus superiores, que fizeram questão de divulgá-la entre políticos da UDN e jornalistas alinhados.

Conhecido como "manifesto dos coronéis", o texto acusava o governo de aceitar um clima de negociatas e dizia que uma crise de autoridade atingia as Forças Armadas, ameaçando o país com o risco de desordens. O documento afirmava também que a proposta salarial aumentava demais as contas públicas.

Jango não resistiu à pressão e deixou o cargo. Nesse clima de muita instabilidade, apenas seis meses depois, ocorreu o atentado da Rua Tonelero.

Nessa rua carioca, em 5 de agosto, um pistoleiro contratado por Gregório Fortunato, chefe da guarda presidencial, atirou em Carlos Lacerda. Ele ficou ferido, mas o homem ao seu lado, o major da Aeronáutica Rubens Vaz, morreu.

O atentado fracassado corroeu a base política de Vargas. Generais divulgaram um novo manifesto, agora pedindo sua renúncia.

Ao sobreviver, Lacerda ganhou força política. A trama golpista poderia ganhar corpo, mas três semanas depois o presidente se matou com um tiro no peito.

Entretanto, os coronéis que assinaram o manifesto precisariam aguardar mais alguns anos para tomar o poder de vez.

Isso porque o redator do "manifesto dos coronéis" era Golbery do Couto e Silva, que teria papel central, dez anos depois, no Golpe de 1964 e na subsequente ditadura militar.

Além dele, outros futuros generais que participariam do regime, como Sylvio Frota e Ednardo d'Ávila Melo, assinaram o texto.

Revolta de Jacareacanga (1956)

Retrato de Carlos Luz em preto e branco; ele está sério olhando para o lado

Crédito,Domínio Público

Legenda da foto,Carlos Luz, que chegou a ser presidente interino e simpatizava com golpistas, foi deposto

O sábado de Carnaval de 1956 começou com dois oficiais da Aeronáutica, o major Haroldo Veloso e o capitão José Chaves Lameirão, arrombando um depósito de munição da Base Aérea dos Afonsos, no Rio de Janeiro, e surrupiando um avião de combate.

A dupla voou, cheia de armas e explosivos, até uma guarnição da Força Aérea localizada em Jacareacanga, extremo-sudoeste do Pará. Udenistas de carteirinha e fãs de Carlos Lacerda, eles não aceitaram o resultado das eleições de outubro de 1955, em que Juscelino Kubitschek venceu para presidente e João Goulart, para vice.

A ideia era dar início a uma guerra civil no meio do Brasil. Mas eles não ganharam adesão e, ainda na Quaresma, o levante estava liquidado, contou o jornalista Claudio Bojunga no livro JK: O Artista do Impossível. Veloso foi preso e Lameirão fugiu.

O episódio mostra que, desde o ano anterior, um clima golpista pairava na capital federal. A atmosfera contava com o endosso, ainda que discreto, de Café Filho, o vice-presidente que assumiu o governo após o suicídio de Getúlio, e de ministros poderosos, entre eles Eduardo Gomes, ministro da Aeronáutica e ex-candidado duplamente derrotado.

No mês seguinte à eleição, Café Filho se afastou do cargo alegando motivo de saúde. O presidente da Câmara dos Deputados, Carlos Luz, assumiu interinamente a presidência, como mandava a Constituição.

Luz, que simpatizava com os golpistas, convocou o ministro da Guerra, o general Henrique Teixeira Lott, para informá-lo que desautorizara uma decisão sua, a fim de forçá-lo a abdicar do cargo.

Lott era um legalista convicto, considerado um militar estritamente profissional e contava com a lealdade das tropas. Ou seja, era uma pedra no sapato para qualquer tentativa golpista.

O ministro estava certo de que um golpe se desenhava. Então ele se adiantou, pôs os tanques na rua, ocupou prédios do governo e isolou a Marinha e a Aeronáutica, que estavam alinhadas com a trama golpista.

Lott entregou o caso ao Congresso, que decidiu pela deposição de Carlos Luz. O presidente do Senado, Nereu Ramos, assumiu a presidência até a posse de Juscelino, dois meses depois.

Assim, para evitar um golpe de Estado, o general Lott acabou liderando um golpe preventivo. Ou um contragolpe, como o dia 11 de novembro de 1955 passou a ser lembrado.

Revolta de Aragarças (1959)

Capa de jornal

Crédito,Luta Democrática/Biblioteca Nacional/Agência Senado

Legenda da foto,O Jornal Luta Democrática noticiou o primeiro sequestro de um avião na história do Brasil

Em dezembro de 1959, corriam rumores de uma suposta rebelião esquerdista que seria liderada pelo governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, e de uma possível desistência do presidenciável Jânio Quadros, apoiado pela UDN, de concorrer à eleição de 1960. Foi um rebuliço entre os militares.

Eles entendiam que isso abriria caminho para JK conseguir eleger seu sucessor — o que seria mais uma derrota para os udenistas e os conservadores em geral.

Naquele mês, um avião da Panair que saiu do Rio de Janeiro com destino a Manaus desapareceu com 46 pessoas a bordo. Não foi um desastre, mas um sequestro: o primeiro sequestro de uma aeronave na história do Brasil.

Paralelamente, membros do mesmo grupo roubaram três aviões da Aeronáutica, cheios de armamentos, na Base Aérea do Galeão, no Rio, e no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte. Estava em curso mais uma tentativa de golpe de Estado.

Com os cinco aviões em mãos, os rebeldes se instalaram em Aragarças, no sudeste de Goiás. Seu objetivo era bombardear a então sede da Presidência da República, o Palácio do Catete, no Rio, e matar JK. O atentado encerraria a hegemonia da aliança do PTB de Jango e Getúlio com o PSD de Juscelino no poder.

A Revolta de Aragarças, como ficou conhecida, foi arquitetada pelo chamado Comando Revolucionário, formado por oficiais da Aeronáutica e do Exército.

O grupo tentou angariar apoio da população ao divulgar um manifesto em que dizia que o Brasil corria grave risco de virar comunista. Não deu certo.

O texto atacava o Executivo ("corrupto"), o Legislativo ("demagógico") e o Judiciário ("omisso").

"Apesar de o levante ter sido planejado ao longo de dois anos, os rebeldes conseguiram adesões em número muito inferior ao esperado, o que os levou ao fracasso", explicou a historiadora Marina Gusmão de Mendonça em um artigo apresentado em uma conferência da Associação Nacional de História.

Apenas 15 pessoas participaram da intentona. Entre elas, estava o major Haroldo Veloso, o líder da igualmente fracassada Revolta de Jacareacanga.

JK havia anistiado os participantes da revolta de três anos antes, na esperança de sossegar os ânimos golpistas. Por um tempo, deu certo, mas logo eles saíram da toca de novo.

No dia seguinte ao sequestro do voo da Panair, a rebelião estava eliminada. Não houve mortes, e os revoltosos fugiram para países vizinhos.

Golpe ou revolução?

Definir o que é uma tentativa de golpe de Estado pode ser complexo, porque a própria definição de golpe é disputada por setores da sociedade.

"No léxico político, somente as rupturas de regime que possuem um caráter social e politicamente conservador – ou seja, que mantêm a ordem social e as classes dominantes no poder, mesmo que entre elas ocorra alguma alteração na hierarquia interna – são designadas golpes de Estado", explica David Maciel, da UFG.

Para Sá Motta, da UFMG, isso é um debate antigo, "especialmente porque os golpistas de 1964 não gostam de se referir ao Golpe de 1964 como golpe".

"Preferem chamar de movimento, de revolução".

"A melhor definição para golpe é quando nós temos um episódio em que uma parte de agentes estatais ou figuras que fazem parte do aparelho estatal tentam derrubar ou fazer uma intervenção violenta nas instituições", explica.

"Revolução, por outro lado, sempre vem de fora do Estado. Quase sempre são episódios violentos de mudança de poder, movidos por agentes externos, que fazem a revolução exatamente porque não são contemplados pelo regime político, pelo status quo. Então, não faz sentido chamar 1964 de revolução, porque os protagonistas eram agentes internos do Estado", diz Motta.

Além de 1964, foram golpes de Estado a Proclamação da República, em 1889; o início do Estado Novo, em 1937, e seu fim, em 1945. Todos com ação direta dos militares


Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Deputados bolsonaristas querem acabar com o Pé-de-Meia






Na mira da Justiça por suspeitas de irregularidade fiscal, o programa Pé-de-Meia, do Ministério da Educação, vem se tornando mais uma arma da oposição bolsonarista para disparar contra o governo federal.
Em novo episódio da ofensiva contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) comparou o auxílio estudantil ao fiasco de comunicação do Planalto envolvendo envolvendo mudanças na fiscalização do Pix. 

“Pé de meia é o novo Pix”, publicou Nikolas em seu perfil no X (ex-Twitter). Na semana passada, o parlamentar liderou o massacre contra o governo nas redes sociais em torno das novas regras da Receita Federal para monitorar pagamentos via Pix. 






Foto Divulgação de Valor Econômico
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Professor Edgar Bom Jardim - PE

'Aristóteles é simplesmente o filósofo mais importante, o ser humano mais importante que já viveu', diz John Sellars



Detalhe do retrato do filósofo Aristóteles (384-322 a.C.). Pintura de Girolamo Mocetto (1458-1531). Museu Jacquemart André, Paris

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,O filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) foi um polímata cuja obra é considerado um pilar fundamental da cultura ocidental

"Aristóteles não é simplesmente o filósofo antigo mais importante, nem simplesmente o filósofo mais importante de todos os tempos; Aristóteles é o ser humano mais importante que já viveu".

Essa afirmação foi feita pelo filósofo britânico John Sellars em um artigo na revista acadêmica Antigone pouco antes da publicação de seu livro, Aristóteles: Entendendo o Maior Filósofo do Mundo.

O título do livro, reflete a motivação de Sellars para escrever o livro: sua experiência como estudante de Filosofia mergulhando fundo na obra do pensador grego.

"Quando comecei, sabia muito bem que Aristóteles era uma figura importante, mas achei isso muito intimidador. Toda vez que eu tentava mergulhar em suas obras, quase imediatamente me perdia.


No entanto, ele perseverou e aprendeu que "você precisa saber lê-lo".

Como? "Lentamente", diz.

Seu livro é uma amostra que ele espera que incentive mais gente a conhecer os escritos do filósofo dos séculos IV e III a.C., sirva como um guia nesta jornada e nos ajude a descobrir como ele é brilhante.

E ele é, mas "o maior do mundo", "o maior de todos os tempos", "o ser humano mais importante"?...

"Esse é o meu ponto de vista, e sei que existem outros acadêmicos que o compartilhariam, nem todos, é claro, mas eu não sou o único que pensa assim", disse ele à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC.

Sellars é um respeitado especialista em conhecimento, professor de Filosofia na Universidade Royal Holloway, em Londres, e autor de aclamadas palestras sobre estoicismo e epicurismo.

Mesmo assim, pedimos que ele nos convencesse da importância de Aristóteles.

Mas primeiro...


Relembrando brevemente

Aristóteles faz parte da tríade dourada da Filosofia clássica completada por Sócrates e Platão.

Ele era originário do norte da Grécia e, aos 18 anos, foi estudar na Academia de Platão em Atenas, onde, por duas décadas, foi aluno e depois colega do grande pensador.

Com o tempo, embora sempre tenha reconhecido o quanto devia ao professor, ele se distanciou de suas ideias e desenvolveu suas próprias opiniões.

Detalhe central de 'A Escola de Atenas', que apresenta os filósofos gregos Platão (túnica vermelha) e Aristóteles (túnica azul). Pintado por Rafael entre 1509 e 1511 (Palácio Apostólico, Cidade do Vaticano).

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,"Platão é meu amigo, mas o mais amigo é a verdade", disse Aristóteles (em toga azul), referindo-se ao seu mestre (em toga vermelha)

Após a morte de Platão, Aristóteles deixou Atenas e, depois de um tempo na Ásia Menor, mudou-se para a ilha grega de Lesbos, onde se dedicou ao estudo do mundo natural.

Anos depois, o rei Filipe da Macedônia o convidou de volta ao norte da Grécia para ensinar seu filho Alexandre, que mais tarde se tornaria conhecido como Alexandre, o Grande.

Quando Filipe foi assassinado enquanto Alexandre estava em sua grande campanha no Oriente Médio e na Índia, Aristóteles temeu por sua segurança e retornou a Atenas, onde fundou sua própria escola, o Liceu, aos 50 anos.

Ele morreu aos 62 anos, deixando para trás uma vasta biblioteca, incluindo seus próprios numerosos escritos.

De acordo com a Enciclopédia Britânica, as obras sobreviventes de Aristóteles, embora representem provavelmente apenas um quinto de sua produção total, somam cerca de um milhão de palavras.

Embora Sellars admita que dizer que Aristóteles é a pessoa mais importante de todas seja uma afirmação aparentemente "exagerada, tão grandiloquente que parece uma hipérbole afetada", ele tem argumentos para isso.

"Acho que ele é o maior em termos da escala de sua influência e do impacto que teve."

"Ele contribuiu tanto para tantas coisas que ainda são relevantes hoje em dia que nem percebemos que elas estão conectadas a ele."

Com água até os joelhos

Aristóteles não era apenas o protótipo de um filósofo sentado em uma academia ou palácio na Grécia Antiga, meditando com o olhar perdido à distância.

Como seu objeto de estudo era o mundo ao seu redor, ele também costumava fazer trabalho de campo, diz Sellars.

Aristóteles. De: Commentarium magnum Averrois nos livros De Anima de Aristotelis, século XIII. Encontrado na coleção da Biblioteca Nacional da França.

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Aristóteles retratado no século XIII

Quando ele partia para estudar a vida natural, ele "ia às praias e, com as águas até os joelhos, observava os animais, pegava insetos, peixes, caranguejos e polvos e depois os examinava".

"Até então, ninguém havia tentado estudar sistematicamente os seres vivos."

Assim, ele criou a disciplina de biologia.

Mas cuidado, isso não significa que suas conclusões estavam corretas. Na verdade, a maior parte do conhecimento que obteve nesse campo está obsoleto.

No entanto, o fato de ele ter sido provado errado em algumas observações não desvaloriza seu trabalho, porque no cerne de seu pensamento está que a evidência triunfa sobre a teoria.

"Toda teoria está aberta à refutação por meio de observações subsequentes, disse Aristóteles mais de uma vez", enfatiza Sellars.

O que também é excepcional é a maneira pela qual ele buscou o conhecimento, que "lançou as bases da ciência empírica".

"Refletindo sobre a natureza da ciência, ele criou um método para o pensamento científico, que foi outro avanço muito importante."

E enquanto "estava tentando entender como os seres vivos funcionavam, ele desenvolveu uma abordagem que depois aplicou a outros campos."

Outras águas

Por exemplo, Aristóteles adotou sua metodologia de conhecimento em seus estudos de política.

Para entender e escrever sobre isso, precisava de amostras, então "ele coletou cópias de todas as constituições que regiam as diferentes cidades do antigo mundo mediterrâneo", diz Sellars.

Isso permitiu que ele comparasse e analisasse as diferentes cidades e comunidades.

Assim como os animais, os diferentes tipos de governos poderiam ser classificados — monarquias, oligarquias, democracias — e, com base em informações históricas, ter uma ideia de quais floresceram.

Foi uma abordagem bem científica que marcou o início das ciências sociais.

"A política pode ser um assunto acalorado, e as pessoas têm opiniões fortes."

"A ideia de tentar dar um passo atrás e adotar essa abordagem mais científica, coletando informações antes de fazer um julgamento, é uma forma muito madura de se pensar sobre política que ainda não aprendemos totalmente", diz o autor em entrevista à BBC News Mundo.

Civilização romana, século I d.C. Mosaico representando a Escola de Atenas. De Pompeia, Itália.

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Ao contrário da Academia de Platão, o Liceu de Aristóteles realizava muitas palestras abertas ao público em geral e gratuitas

Ele fez a mesma coisa quando explorou a literatura em sua obra poética.

"Para entender o drama grego, de uma forma muito científica, ele o desmontou e pensou em todos os diferentes elementos que contribuem para seu sucesso", Sellars explica.

"Ele analisou o enredo, os personagens, a encenação — tudo o que é importante."

"E, embora pareça muito óbvio agora, ele ressaltou que você precisa de um começo que dê ao público uma ideia de qual é a situação, depois a ação principal e, finalmente, uma resolução que não deixe pontas soltas, para que seja satisfatória para o público e eles possam sair com uma sensação de satisfação."

Assim, ele estabeleceu os elementos básicos de uma boa história, com uma análise que ainda é usada hoje e que também deu origem à crítica literária.

Como se isso não bastasse

Assim, resume Sellars, Aristóteles foi "a primeira pessoa a estudar sistematicamente a política e a pensar a literatura e a ciência dessa maneira, e ele inventou a lógica formal, o que é uma grande conquista por si só".

A lógica também?

"Ele foi o primeiro a estudar as estruturas do pensamento racional e, com isso, inventou a lógica formal e articulou claramente pela primeira vez os principais princípios lógicos, como a Lei do Meio Excluído: qualquer proposição só pode ser verdadeira ou falsa."

"Essa divisão binária é a ideia fundamental subjacente ao mundo digital."

Além disso, "Ética a Nicômaco, de Aristóteles, foi provavelmente o livro de ética mais influente de todos os tempos", diz Sellars.

Por quê?

Aristóteles ensinando um aluno, ilustração de uma cópia mesopotâmica do século XIII do Kitāb naʿt al-hayawān, atribuída a Jabril ibn Bukhtishu

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,O sistema filosófico e científico de Aristóteles se tornou a estrutura e o veículo tanto da escolástica cristã quanto da Filosofia islâmica medieval

"Por causa da riqueza e complexidade da resposta que ele dá. Ele não simplifica. E ele reconhece todas as dificuldades reais de tentar viver uma vida humana."

"Ele também traz seu espírito científico para o assunto.

"Temos que pensar primeiro sobre o que é um ser humano e quais são suas capacidades e habilidades, e depois sobre o que significaria ser um bom ser humano que usasse essas capacidades e habilidades da melhor maneira possível."

Aristóteles acreditava que, além de crescer, se mover e se reproduzir, como outros seres vivos, nossa capacidade distinta é raciocinar: a grande maioria dos seres humanos adultos são pensantes... potencialmente.

"Para citar um exemplo que ele gostou, os olhos servem para ver; essa é a função deles. Se alguém tem olhos, mas nunca os abre, eles não seriam olhos no sentido mais pleno", ilustra Sellars.

Na mesma linha, "só somos seres verdadeiramente pensantes quando realmente pensamos".

Ao fazer isso, exercitamos o fato de sermos humanos. E o que é um bom ser humano, então?

Social, curioso e racional

É aquele que usa bem a razão, diz Sellars, acrescentando que "uma maneira de usarmos a razão é controlando os desejos e emoções irracionais que temos, impedindo que eles nos dominem."

"Ou seja, se um ser humano adulto ainda é excessivamente emotivo — fazendo birras quando não consegue o que quer e se comporta como uma criança — poderia-se dizer que ele nunca cresceu de verdade, que nunca se tornou adulto de verdade, certo?"

"Aristóteles também insiste que somos seres sociais e é por isso que temos que nos dar bem com outras pessoas. Isso é absolutamente fundamental."

"Outra coisa é que ele acha que, por natureza, somos curiosos, queremos conhecer e aprender, e que esse é um instinto humano natural."

"Se quisermos florescer e viver uma vida boa, devemos ser sociais, curiosos e racionais", diz Sellars.

Os conceitos de Aristóteles continuam enraizados porque "ele moldou a maneira como pensamos."

"Suas ideias e conceitos permearam nossa maneira natural de pensar a ponto de se tornarem imperceptíveis."

O que você acha... o argumento de Sellars te convenceu?

*A entrevista com John Sellars foi realizada por ocasião do HAY Festival Cartagena, que este ano comemora 20 anos de existência na cidade do Caribe colombiano


  • Dalia Ventura
  • Role,BBC Mundo
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Comer osso nunca mais




Renato Aroeira - Brasil 247
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 2 de fevereiro de 2025

Sport e Santa Cruz derrotados pelo ódio, incompetência e a fantasia do capitalismo. Governadora proíbe torcedores nos jogos do Sport e Santa Cruz



Foto: Hesíodo Góes/Secom.


Governo de Pernambuco publica portaria proibindo presença de público nos jogos do Sport Club do Recife e do Santa Cruz Futebol Clube

Portaria atende a recomendação do MPPE após casos de confronto entre torcidas

O Governo de Pernambucano publicou, neste sábado (1°), em edição extra do Diário Oficial, portaria atendendo à recomendação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) proibindo a presença de público nos próximos cinco jogos do Santa Cruz Futebol Clube e do Sport Club do Recife. A decisão foi tomada de forma conjunta,  após a governadora Raquel Lyra reunir representantes do poder Judiciário e do MPPE, na sede do Centro Integrado de Comando e Controle Estadual (CICCE) para monitorar a atuação das forças de segurança durante a realização do clássico entre as duas equipes, que aconteceu no Recife.

"Vimos hoje, no Recife, cenas lamentáveis de algo que não representa o sentimento de quem ama o esporte em Pernambuco. Pessoas vestidas de torcedores estavam praticando ações criminosas, colocando um sentimento de terror na cidade. Foram cenas de selvageria e de barbárie que não são toleradas no nosso Estado. Saímos com deliberações concretas, que se expressam através de recomendação do Ministério Público para a Federação Pernambucana de Futebol e os dois clubes, proibindo, pelos próximos cinco jogos, envolvendo o Sport e o Santa Cruz, a presença de torcida dentro do estádio. Nós trabalharemos de maneira incansável para que não volte a acontecer o que nós vimos”, disse a governadora Raquel Lyra.

De acordo com balanço realizado pela Secretaria de Defesa Social, 14 pessoas foram detidas por violência, após incidentes registrados nos bairros da Iputinga, Torre e Madalena. As forças policiais continuam atuando para identificar os demais envolvidos e investigar os casos. “Precisamos punir aqueles que querem brigar. Nós iremos apurar os fatos. Temos imagens e já estamos identificando os envolvidos para que respondam. Também precisamos ter o controle daqueles que compram o ingresso e acessam o estádio, o que precisa ser feito em colaboração com os clubes”, afirmou o secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho. 

Presentes na reunião, o MPPE recomendou aos clubes e à Federação Pernambucana de Futebol (FPF), a proibição da presença das torcidas nas partidas. “O Ministério Público não poderia se furtar aos graves fatos ocorridos na data de hoje. Para tanto, o nosso núcleo de defesa e desporto do torcedor expediu a recomendação, vedando o acesso ao público nos próximos jogos que envolvem o Sport e o Santa Cruz. O cidadão não pode ficar refém no seu direito de ir e vir por conta de atitudes criminosas por parte das organizadas”, afirmou o procurador-geral de Justiça, José Paulo Xavier. Também participou da reunião, o desembargador do TJPE, Mauro Alencar, que corroborou com o posicionamento do MPPE. “O Tribunal de Justiça participa do programa Juntos pela Segurança. Foi convocado, convidado pela governadora para participar dessa reunião de trabalho no dia de hoje e está à disposição do Ministério Público, do Executivo, para solucionar esse problema”, disse.

Estiveram presentes na reunião os secretários Rodolfo Costa Pinto (Comunicação), Túlio Vilaça (Casa Civil), Hercílio Mamede (Casa Militar), a secretária-executiva de Defesa Social, Dominique de Castro Oliveira, o secretário-executivo da Defesa Civil, coronel RRBM Clóvis Ramalho, o comandante-geral da PM, coronel PM Ivanildo Torres e o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel BM Francisco Cantarelli. Fonte: 

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sábado, 1 de fevereiro de 2025

Alcolumbre e Hugo Motta eleitos. O que será do Brasil e do povo brasileiro?




Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB)

Crédito,Antônio Cruz/Agência Brasil e Mário Agra/Câmara dos Deputados

Legenda da foto,Davi Alcolumbre no Senado (esq.) e Hugo Motta na Câmara confirmaram seu favoritismo


O Senado e a Câmara dos Deputados elegeram neste sábado (01/02) Davi Alcolumbre (União-AP) e Hugo Motta (Republicanos-PB), respectivamente, como seus novos presidentes. Os dois eram os favoritos em suas disputas.

A previsão de analistas ouvidos pela BBC News Brasil é que as mudanças vão manter o Congresso forte e independente do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Com a popularidade em queda, segundo a última pesquisa Quaest, o presidente deve continuar tendo dificuldade para avançar suas propostas no Legislativo em 2025, um ano decisivo para tentar melhor sua avaliação e fortalecer seus planos de reeleição — ou de emplacar um sucessor em 2026.

A expectativa dos analistas entrevistados é que pautas econômicas, como a ideia de mudar regras do Imposto de Renda, possam ser aprovadas, mas à base de muita negociação e concessões, enquanto propostas com mais resistência na oposição, como a ideia de regular as redes sociais, continuem travadas.

Alcolumbre voltou à Presidência do Senado depois de quatro anos com Rodrigo Pacheco (PSD-MG) no comando da Casa. Alcolumbre foi presidente do Senado entre 2019 e 2021

Os outros rivais na corrida, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) e Eduardo Girão (Novo-CE) conquistaram 4 votos cada um.

Em seu discurso, Alcolumbre afirmou: "Para mim, governar é ouvir e liderar é servir. É disso que o nosso país precisa agora. Uma liderança que una e não que divida", disse, segundo a Agência Brasil.  Fonte:BBC






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