segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

20 concursos públicos para ficar de olho em 2025, com salários de até R$ 17 mil


Pessoa sentada e fazendo prova com caneta

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,O ano de 2025 já tem concursos com inscrições abertas para órgãos como Iphan e tribunais regionais do trabalho

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) divulgou na sexta-feira (24/1) o edital do seu novo concurso público.

O último havia sido realizado em 2021. As inscrições começam em 30 de janeiro.

Neste ano, serão preenchidas 460 vagas de analista, com salário inicial de até R$ 9,9 mil — confira todos os detalhes mais abaixo.

Também recentemente, foram reabertas as inscrições em edital do ICMBio



Há vagas para técnicos, assistentes, pesquisadores, analistas de vários setores, como administrativo e judiciário, e ainda para médicos, engenheiros e outras profissões.

Para quem está interessado, a recomendação é olhar o edital, buscar referências e provas anteriores para ver os tópicos que têm maior peso na prova e usar bem o tempo para planejar os estudos, segundo Marcos Brito, diretor pedagógico da Degrau Cultural, empresa que prepara candidatos


"Sempre tem que direcionar o maior tempo que tiver para as matérias que têm um grande volume no certame", diz. "Muitas das vezes, o candidato acaba indo pela matéria que tem mais aptidão e esquece que o grande peso do concurso está em outra matéria."

O professor Francisco Antônio Coelho Júnior, do Departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB), acrescenta que é preciso verificar o perfil do cargo, para evitar a frustração de estar em um trabalho com o qual não se identifica.

Os dois especialistas aconselham não desanimar se a aprovação não vier.

"Concurso a gente faz até passar", afirma Brito.

Mais abaixo, listamos dicas para como se preparar para os concursos.

A seguir, a lista dos concursos com editais publicados para 2025.

Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)

Inscrição: Cebraspe

Prazo para inscrição: 30 de janeiro a 18 de fevereiro.

Número de vagas: 460

Salário: R$ 9.994,60

São 330 das vagas abertas para o cargo de analista ambiental e 130 para analista administrativo. Ambos os cargos são de nível superior. As vagas estão distribuídas por todo o país. As provas objetivas e discursiva devem ser aplicadas em 6 de abril. O Cebraspe realizará o concurso.

Confira o edital.

Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)

Inscrição: Cebraspe

Prazo para inscrição: De 10h de 17 de janeiro até as 18h de 27 de janeiro. Houve um período anterior de inscrições entre 16 de dezembro de 2024 e 3 de janeiro de 2025, que foi reaberto para novas datas em janeiro, segundo edital.

Número de vagas: 350

Salário: R$ 8.817,72

As vagas irão preencher os cargos de analista administrativo e analista ambiental em todas as regiões do Brasil, sendo a maioria delas na sede do ICMBio em Brasília. Um dos requisitos para ocupar as funções é ter diploma de ensino superior ou habilitação legal equivalente em qualquer área de formação.

O processo seletivo é dividido entre duas provas objetivas, uma de conhecimentos gerais e outra de conhecimentos específicos, bem como uma terceira prova discursiva. Os exames devem ser realizados em 23 de fevereiro.

Confira o edital.

Ministério Público da União (MPU)

Inscrição: FGV

Prazo para inscrição: 13 de janeiro até as 16h do dia 27 de fevereiro

Número de vagas: 152

Salário: R$ 13,9 mil (analista) e R$ 8,5 mil (técnico), para jornada de trabalho de 40 horas semanais.

Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT 10)

Inscrição: Cebraspe

Prazo para inscrição: de 27 de dezembro de 2024 às 18h de 17 de janeiro de 2025

Número de vagas: 9

Salário: de R$ 8.529,65 a R$ 16.035,69

O candidato poderá realizar sua inscrição pelo Cebraspe, que está executando o concurso. As vagas são para analista judiciário de diversas áreas, como engenharia, estatística, história, medicina, serviço social, tecnologia da informação. Há vaga para técnico na área administrativa e com especialidade de agente da polícia judicial. Os locais de trabalho dos cargos disputados são Tocantins e Brasília.

Além de preencher as nove vagas, o certame servirá também para cadastro reserva. As provas objetiva e discursiva estão previstas para o dia 16 de março de 2025. Quem se candidatar para o cargo de agente da polícia judicial terá também um teste de aptidão física.

Confira o edital.

Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh)

Inscrição: FGV

Número de vagas: 545 vagas

Período de inscrição: de 23 de dezembro de 2024 até às 23h59 de 20 de janeiro

Salário: de R$ 2.707,15 até R$ 17.978

As vagas estão distribuídas entre a área médica, assistencial e administrativa, cada uma com edital próprio. Os 545 selecionados irão para vagas imediatas e cadastro reserva para os 45 hospitais da rede e a administração central.

Na área médica, são 198 vagas e é preciso ter o diploma de Medicina; na área administrativa são 17 vagas de nível médio/técnico ou que requerem ensino superior. Já a área assistencial conta com 330 vagas de nível médio/técnico e superior.

Confira os editais.

Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (TRT15)

Número de vagas: cadastro reserva

Período de inscrição: de 9 de dezembro de 2024 até às 23h59 de 20 de janeiro de 2025

Salários: de R$ 8.529,65 até R$ 13.994,78 + gratificação

O concurso abre oportunidades para trabalhar nos cargos de analista judiciário e técnico judiciário. As provas serão aplicadas nas cidades paulistas de Bauru, Campinas, Piracicaba, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, São José dos Campos e Sorocaba, com previsão para o dia 30 de março. Além da prova objetiva e discursiva, os candidatos a vagas de técnico judiciário com especialidade agente da polícia judicial enfrentarão o teste de aptidão física.

Confira o edital.

Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás)

Inscrição: Instituto Consulplan

Número de vagas: cadastro reserva

Período de inscrição: de 9 de dezembro 2024 até às 16 horas de 23 de janeiro de 2025

Salário: de R$ 3.808,82 até R$ 8.912,54

As vagas se destinam ao nível de ensino médio e superior e tem benefícios como auxílio alimentação, auxílio-creche, auxílio ao filho com deficiência, vale-cultura, acréscimo na licença maternidade ou paternidade. Os aprovados precisarão trabalhar em Recife (PE) ou Goiânia (GO)

Na primeira fase do concurso, os candidatos irão responder uma prova objetiva e, na segunda, participar da avaliação de títulos se estiverem concorrendo a um cargo que precise de ensino superior. A prova objetiva será realizada em Recife e deve ocorrer em 16 de março.

Confira o edital.


Concursos ainda sem edital

Homem estudando e escrevendo em biblioteca, com outras pessoas atrás

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Francisco Antônio Coelho Júnior, da UnB, destaca que o concurseiro precisa analisar o edital e verificar o perfil do cargo

Para 2025, há concursos autorizados pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, mas que ainda não tem edital disponível. O prazo para divulgação do edital é de até seis meses após a publicação da portaria.

Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)

Número de vagas: 150

Data da portaria: 5 de agosto de 2024

O lançamento do edital do concurso da CNEN está previsto para janeiro do próximo ano. A Comissão tem unidades técnico-científicas (UTC) no Rio de Janeiro, em São Paulo, em Recife, em Belo Horizonte, em Goiânia e em Poço de Caldas.

Há cargos de analista em ciência e tecnologia, pesquisador, tecnologista e técnico (a única posição que não requer ensino superior).

Agência Espacial Brasileira (AEB)

Número de vagas: 30

Data da portaria: 6 de agosto de 2024

A AEB definiu o Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe) como banca organizadora do concurso. O edital deve ser publicado até 8 de fevereiro de 2025.

Todas as vagas terão como requisito ensino superior, sendo 15 para analista em ciência e tecnologia e 15 para tecnologista.

Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI)

Número de vagas: 55

Data da portaria: 13 de agosto de 2024

Os aprovados no concurso irão preencher o quadro pessoal de pesquisador e tecnologista do MCTI. Sete serão destinados a cargos para o Instituto Nacional de Pesquisas do Pantanal (INPP); 19 para o Instituto Nacional do Semi-Árido (INSA); e 29 para o Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG).

Superintendência de Seguros Privados (SUSEP)

Número de vagas: 75

Data da portaria: 13 de agosto de 2024

A portaria autorizou o provimento de 75 vagas para analista técnico da Susep. A autarquia escolheu o Cebraspe para a realização do concurso, e o edital do certame deve ser divulgado até o início de fevereiro de 2025.

Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj)

Número de vagas: 20

Data da portaria: 13 de agosto de 2024

O concurso irá oferecer oportunidades para o cargo de pesquisador. A Fundaj está há 18 anos sem concurso público.

Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB)

Número de vaga: 10

Data da portaria: 17 setembro de 2024

As dez vagas estão distribuídas entre os cargos de analista em ciência e tecnologia, tecnologista e pesquisador. Todas requerem nível superior.

Fundação Biblioteca Nacional (FDN)

Número de vagas: 14

Data da portaria: 17 de setembro de 2024

A autorização prevê 11 vagas para técnico em administração e 3 para analista em administração.

Comando da Marinha

Número de vaga: 1

Data da portaria: 10 de outubro

O certame seleciona um juiz do Tribunal Marítimo.

Ministério da Saúde

Número de vagas: 319

Data da portaria: 13 de novembro

A portaria destina 94 vagas para o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia; 84 para o Instituto Nacional do Câncer (INCA); 75 para o Instituto Nacional de Cardiologia (INC); 38 para o Instituto Evandro Chagas (IEC); e 28 para o Centro Nacional de Primatas (CENP).

Instituto Brasileiro de Museus (Ibram)

Número de vagas: 28

Data da portaria: 13 de novembro de 2024

O Ibram abriu 13 vagas para analista e 15 para técnico em assuntos culturais. Ambos cargos precisam de ensino superior.

Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR)

Número de vagas: 10

Data da portaria: 13 de novembro de 2024

Todas as vagas abertas para o MIDR são para engenheiros.

Polícia Federal (PF)

Número de vagas: 192

Data da portaria: 5 de dezembro de 2024

Entre as vagas autorizadas pela portaria, estão agente administrativo (100), médico (35), assistente social (13), técnico em assuntos educacionais (10), contador (9), psicólogo (6), administrador (6), estatístico (4), contador (3), enfermeiro (3), técnico em comunicação social (3) farmacêutico (2), nutricionista (1). Desses, apenas o agente administrativo não requer ensino de nível superior.

O edital deve ser publicado no portal oficial da Polícia Federal e do Governo Federal.

Instituto Benjamin Constant (IBC)

Número de vagas: 15

Publicação da portaria: 17 de dezembro de 2024

A portaria autoriza a disponibilização de 13 vagas para professor de ensino básico, técnico e tecnológico e uma vaga de analista de tecnologia da informação, além de uma vaga de técnico de tecnologia da informação, que não requer escolaridade com nível superior.

Ministério da Fazenda

Número de vagas: 30

Publicação da portaria: 17 de dezembro de 2024

As vagas estão distribuídas entre os cargos de nível superior: duas para arquitetos, três para engenheiro e 25 para contador.

Como se preparar para concursos?

Especialistas dão diversas dicas sobre como se preparar para provas e concursos públicos.

A professora de psicologia do Centro de Inovação em Saúde Mental da Universidade de Southampton, no Reino Unido, Emma Palmer-Cooper, tem uma lista com sete dicas para quem está prestes a enfrentar um difícil exame — muitas delas relacionadas com a saúde mental do candidato:

  • Aprender a respirar com calma nos momentos de estresse
  • Estabelecer metas e ser realista
  • Planejar intervalos no estudo
  • Manter-se ativo e sair de casa com frequência
  • Encontrar amigos
  • Fazer escolhas saudáveis de alimentos e sono
  • Personalizar todas essas dicas. Ou seja, adaptar o que funciona melhor para cada pessoa

Outro especialista em aprendizado deu à BBC News Brasil dicas de estratégias para lidar com o estudo e os exames. Matthew Bernacki é professor-associado na Escola de Educação da Universidade da Carolina do Norte (UNC) em Chapel Hill (EUA).

Ele listou três estratégias que costumam ser pouco eficazes:

  • Reler e grifar: Embora ler e grifar textos sejam uma parte importante do aprendizado, não costumam bastar para o estudante ganhar domínio do conteúdo estudado. Reler, em especial, requer esforço e tempo que nem sempre compensam, porque "dá uma falsa sensação de familiaridade com o conteúdo".
  • Estudar de última hora: Passar a véspera da prova estudando é uma prática comum para tentar se sair bem. Mas o esforço costuma servir para ir bem só naquela prova e não para memorizar de fato o conteúdo.
  • "Multitasking": Já há múltiplas pesquisas indicando que estudar com distrações - por exemplo de mensagens de WhatsApp ou vídeos no TikTok - é ineficiente não só porque você está dividindo sua atenção, mas porque o próprio ato de ficar trocando de tela ou aparelho gasta tempo e energia.

Ele sugere substituir essas estratégias acima com alternativas:

  • Aprendizado "ativo": Para de fato aprender o conteúdo, é mais eficaz interagir ativamente com ele. Algumas sugestões: criar perguntas, problemas ou "quizzes" para você mesmo responder; explicar a si mesmo o conteúdo, em voz alta, nas suas próprias palavras; e para conteúdos técnicos, como matemática, detalhar o problema e os passos para resolvê-lo.
  • Sessões curtas e espaçadas de estudos: Em vez de estudar várias horas apenas na véspera da prova, vale mais a pena fazer sessões de estudo curtas, porém espaçadas ao longo de vários dias, do conteúdo que você quer aprender.
  • Técnica "pomodoro", ou estudo em blocos: A recomendação de Bernacki para não sofrer com as distrações é estabelecer blocos de estudo. Por exemplo, marque 35 minutos no relógio e, nesse período, dedique-se exclusivamente a estudar um conteúdo, desligando-se de todas as distrações. Depois disso, você tem cinco minutos para recompensar o seu cérebro com alguma distração - por exemplo, fazendo um lanche ou checando suas mensagens. E, daí, você volta para mais um bloco de 35 minutos de estudo.
  • Varar a noite estudando na véspera da prova não ajuda o cérebro a aprender
  • Revisar logo, e constantemente, é mais eficaz do que passar horas estudando na véspera
  • Começar pelo exercício difícil, em vez do fácil
  • Prestar atenção ao 'pensamento viciado' - ou seja, revisar respostas e tentar ver a questão com olhos diferentes
  • Dormir bem e fazer atividades físicas

Concursos com prazos encerrados

Ministério da Previdência Social (MPS)

Inscrição: Cebraspe

Prazo para inscrição: 23 de dezembro de 2024 até às 18h de 9 de janeiro de 2025

Número de vagas: 250

Salário: R$ 14.166,99

O MPS oferece vagas de perito médico federal. O candidato precisa ter diploma de Medicina e registro no Conselho Regional de Medicina. Há vagas disponíveis em todos os estados do Brasil.

O concurso consiste em três fases, sendo as duas primeiras provas objetivas e a última avaliação de títulos. A aplicação das provas objetivas deve ocorrer no dia 16 de fevereiro.

Confira o edital.

Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)

Inscrição: FGV

Número de vagas: 31

Período de inscrição: de 9 de dezembro de 2024 até às 16h de 7 de janeiro de 2025

Salário: de R$ 6.681,70 até R$ 9.047

O concurso preencherá cargos nas áreas de analista ambiental, antropologia, arqueologia, arquitetura e urbanismo, educação patrimonial e geoprocessamento. O processo seletivo consistirá em duas etapas: prova objetiva e avaliação de títulos. A prova objetiva será realizada em 23 de fevereiro de 2025.

Além do salário, os profissionais contratados receberão R$ 1.000 de auxílio-alimentação, R$ 484,90 de assistência pré-escolar e auxílio transporte.

Confira o edital.

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)

Inscrição: Cebraspe

Prazo para inscrição: de 16 de dezembro de 2024 até às 18h de 17 de janeiro (o prazo anterior era 14 de janeiro e foi prorrogado em edital para o dia 17)

Número de vagas: 1027

Salários: de R$ 2.186,19 até R$ 12.814,61

O concurso oferece vagas para pesquisador, analista, técnico e assistente. Além das provas objetiva e discursiva, os candidatos aos cargos de pesquisadores terão que apresentar um projeto de pesquisa e passar por uma avaliação de títulos, enquanto os técnicos têm prova prática.

Entre os benefícios concedidos pela Embrapa estão assistência médica, auxílio alimentação/refeição, auxílio pré-escola e auxílio para filhos com deficiência mental. Há também adicional por tempo de serviço após cinco anos de trabalho na empresa, que pode aumentar até sete anos. A aplicação das provas objetiva e discursiva está marcada para 23 de março, mas a data pode sofrer alterações.

Confira o edital.


  • Ramana Rech
  • Role,De São Paulo para a BBC News Brasil

Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 26 de janeiro de 2025

A foto que exibe o 'bromance' dos barões das big techs com Trump



Bilionários da tecnologia reunidos na posse de Trump: da esquerda para a direita -- Priscilla Chan e o CEO da Meta Mark Zuckerberg, Lauren Sanchez e o empresário Jeff Bezos, Sundar Pichai e o empresário Elon Musk

Crédito,SHAWN THEW/Pool via REUTERS

Legenda da foto,Bilionários da tecnologia se reuniram em peso na posse de Trump

Bilionários da tecnologia marcaram presença na posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Além de dono da SpaceX e Tesla, Elon Musk, que ganhou um cargo no governo que começa, nesta segunda-feira (20/1) estavam em Washington o fundador da Amazon, Jeff Bezos, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, o líder da Apple, Tim Cook, e o diretor do Google, Sundar Pichai. Todos ocuparam assentos de destaque na Igreja de St. John e aparecem lado a lado em fotos da posse.

O último evento público em Washington que reuniu o alto escalão de tecnologia em uma mesma sala foi uma audiência no Congresso de 2020.

Na ocasião, uma comissão investigava se Facebook, Google, Amazon e Apple aplicavam prática de monopólio e abuso de posição dominante no mercado. Zuckerberg, Bezos, Pichai e Cook estavam na audiência



A presença em peso dos chefões da tecnologia reforça o bromance, expressão do inglês que se refere a um relacionamento íntimo entre homens, entre os executivos e Trump

Além dos que estão na foto, também foi ao evento da posse o CEO do TikTok, Shou Chew. A presença do executivo chinês acontece em meio à discussão sobre o futuro da rede social nos EUA. Trump já revelou sua intenção de adiar a proibição da plataforma prevista em uma lei americana por meio de uma ordem executiva, com duração de 90 dias.

Também foi presença de peso, mas fora da foto, Sam Altman, o CEO da OpenAI, dona do ChatGpt.


As relações nem sempre foram boas assim. Aliados de Trump já defenderam o banimento do TikTok no passado. O presidente americano, por exemplo, já foi um crítico voraz da Meta e de sua abordagem à moderação de conteúdo, chamando o Facebook de "um inimigo do povo" em março de 2024.

Mas com Zuckerberg as coisas melhoraram desde então: o CEO da Meta jantou na casa de Trump na Flórida, em Mar-a-Lago, e a empresa doou US$ 1 milhão (cerca de R$ 6,2 milhões) para um fundo para o evento de posse de Trump.

No início deste mês, Zuckerberg anunciou novas diretrizes da Meta em que declarou que era "hora de voltar às nossas raízes, em torno da liberdade de expressão".

"As eleições mais recentes parecem sinalizar um ponto de virada cultural para, mais uma vez, dar prioridade à liberdade de expressão", disse Zuckerberg.

No vídeo, o presidente-executivo da empresa de tecnologia anunciou que está abandonando o uso de checagem independente de fatos no Facebook e no Instagram.

O anúncio foi celebrado por apoiadores de Trump, que classificaram a medida como um esforço para "reduzir a censura" no Facebook e Instagram.

Em mais um gesto de aproximação, Zuckerberg anunciou Dana White, presidente-executivo do Ultimate Fighting Championship (UFC) e apoiador de longa data de Trump, faria parte do conselho administrativo da Meta.

Quem é quem na foto

Mark Zuckerberg

Crédito,SHAWN THEW/Pool via REUTERS

Legenda da foto,Mark Zuckerberg: executivo Meta, dona do Facebook, WhatsApp e Instagram, anunciou no início do mês que empresa está abandonando checagem independente de fatos nas plataformas, o que foi celebrado por apoiadores de Trump
Jeff Bezos

Crédito,SHAWN THEW/Pool via REUTERS

Legenda da foto,Jeff Bezos: o fundador da Amazon teve desavenças com Trump em primeiro afirmou que acredita que Trump "cresceu" e se aproximou do republicano; empresário doou US$ 1 milhão à campanha do novo presidente americano
Sundar Pichai

Crédito,SHAWN THEW/Pool via REUTERS

Legenda da foto,Sundar Pichai: CEO da Alphabet, matriz da Google, se aproximou de Trump
Elon Musk

Crédito,SHAWN THEW/Pool via REUTERS

Legenda da foto,Elon Musk: o dono da Tesla e do X doou quase US$ 300 milhões para a campanha de Trump e ganhou um cargo na administração

'Todo mundo quer ser meu amigo'

Muitos desses executivos foram dos primeiros críticos de Trump durante seu primeiro mandato e se manifestaram sobre questões como mudanças climáticas e imigração.

Hoje, a maioria dessas empresas ainda enfrenta questões pendentes sérias com o governo dos EUA, incluindo processos antimonopólio, investigações, disputas regulatórias e tarifas.

Donald MacKenzie, sociólogo da Ciência e Tecnologia e professor da Universidade de Edimburgo, afirma que o momento é de readequação, com as grandes corporações americanas se preparando para o segundo mandato de Trump, que promete ser um período de transformação ainda maior do que o primeiro.

"As corporações americanas sabem que esse é um momento de grande mudança - e que é muito melhor para elas ficaram do lado dessa mudança do que se opor a ela", disse à BBC News Brasil.

Quão duradouro será esse bromance com a tecnologia e até que ponto Trump pressionará em muitas dessas questões permanecem incógnitas.

O presidente parece estar confortável com a aproximação. Ele escreveu nas redes sociais no mês passado: "Todo mundo quer ser meu amigo!!!"

Mas as novas amizades de Trump com executivos de tecnologia não foram bem recebidas por todos em seu círculo.

No domingo, o ex-estrategista-chefe da Casa Branca de Trump, Steve Bannon, chamou Musk de "um cara verdadeiramente maligno".

"Eu olho para isso e acho que a maioria das pessoas no nosso movimento olha para isso como: o Presidente Trump derrotou os oligarcas, ele os quebrou e eles se renderam", disse Bannon à ABC News.

A oposição também já declarou que não baixará a guarda. Na semana passada, os senadores Elizabeth Warren e Michael Bennett, ambos democratas, divulgaram uma carta endereçada aos executivos, acusando-os de tentar "se aproximar da administração Trump em busca de evitar escrutínio, limitar regulações e comprar favores"

BBC 200125
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Prévias: Encontro de Cultura Popular no Museu de Bom Jardim






Reforçando a identidade cultural de Bom Jardim, neste domingo (26) acontecerá a noite da Cultura Popular na programação da Festa de São Sebastião, com uma prévia do Encontro de Burrinhas, Caboclinhos, Catirinas e Maracatus de Pernambuco, realizado pelo Museu de Bom Jardim, sob a coordenação do professor Edgar Santos. A concentração será, a partir das 20h, na Avenida José Moreira, no Centro. Em seguida, os grupos sairão em cortejo, com desfile de Burrinhas, Catirinas, Passistas e diversos brincantes da Cultura Popular pelas ruas da cidade.

 

"Estamos promovendo a cultura popular, colocando-a em evidência, registrando a memória dos antigos e chamando os novos para entender, ressignificar e continuar a nossa Cultura, nosso território, nossa musicalidade bem representada por Levino Ferreira, Bráulio de Castro, Mestre Teté, Zé Bagre, Maestro Neném, Dimas Sedícias, Maestro Luís Gonzaga, Laurivan Barros, como também nossos Caboclinhos, Burrinhas, La-ursa, Catirinas, passistas, nossos mestres da Cultura Popular e toda uma nova geração de músicos", destacou o coordenador.

 

Em 2025, o Encontro de Burrinhas, Catirinas, Caboclinhos e Maracatus chega a 11ª edição. Durante esse período, a manifestação reuniu representações de várias regiões do Estado, tornando-se referência cultural no período momesco. Este ano, o evento amplia o alcance com a prévia. E para angariar recursos, Edgar informou que camisas personalizadas foram confeccionadas para comercialização. "A gente faz estas camisas para vender, divulgar o encontro e também conseguir angariar uns recursos para ajudar nas despesas", explicou. A camisa custa R$ 50.

 


 

Dando aquela força - De acordo com o professor Edgar Santos, o encontro sempre tem apoio do Governo do Estado, por meio da Fundação do Patrimônio Artístico e Cultural de Pernambuco (Fundarpe), da Prefeitura Municipal, de grupos culturais e de alguns comerciantes da cidade que ajudam com doações, além das pessoas que compram a camisa. Oficialmente, o 11º Encontro de Burrinhas, Caboclinhos e Maracatus de Pernambuco acontecerá na terça-feira de Carnaval, 4 de março, pela manhã, no Polo Carnavalesco de Bom Jardim.


Fonte: BLOG DO AGRESTE

Fotos: Edgar Santos /Museu de Bom Jardim

Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Quem foi Frei Caneca, o padre revolucionário fuzilado há 200 anos



Detalhe da pintura "A Execução de Frei Caneca", de Murillo La Greca, 1924

Crédito,Domínio Público

Legenda da foto,Mais conhecido como Frei Caneca, o padre, jornalista, escritor e militante político Joaquim da Silva Rabelo foi fuzilado no Recife, em 1825
  • Author,Edison Veiga
  • Role,De Bled (Eslovênia) para a BBC News Brasil

Condenado à morte por uma comissão militar autorizada, com plenos poderes, pelo imperador d. Pedro 1º (1798-1834), o padre, jornalista, escritor e militante político Joaquim da Silva Rabelo (1779-1825) mais conhecido como Frei Caneca, foi fuzilado diante do Forte das Cinco Pontas, em Recife, no dia 13 de janeiro de 1825, há 200 anos.

Sua sentença havia sido proferida em 20 de dezembro, pelo "assassino tribunal", como ele mesmo classificou em um de seus últimos textos escritos na prisão.

Republicano e, principalmente, federalista, o religioso foi um dos principais participantes da Revolução Pernambucana de 1817 e um dos mentores da Confederação do Equador, movimento autonomista que pretendia criar um Estado independente no Nordeste, deflagrado em 1824.

A condenação à morte, assim como de outros 30 confederados, baseou-se nos crimes de sedição e rebelião contra "as imperiais ordens de sua Majestade Imperial".

A comissão militar, presidida por Francisco de Lima e Silva (1785-1853) era investida de poderes absolutos para julgar aqueles tidos como rebeldes e conferir sentenças sumárias

"Na repressão, o imperador suspendeu as garantias constitucionais. A comissão militar foi encarregada de julgar de forma verbal e sumariíssima os cabeças do levante", diz à BBC News Brasil o historiador George Cabral, professor na Universidade Federal de Pernambuco.

"Fica muito evidente que d. Pedro 1º tinha pressa eliminar esses líderes, em eliminar radicalmente as lideranças revolucionárias. A comissão cumpriu apenas o trâmite. Na prática, fica claro que já havia interesse determinado de eliminar os líderes, como se a sentença já estivesse vindo pronta do Rio."

No momento da aplicação da pena capital, que era prevista para ocorrer por enforcamento, Frei Caneca foi despojado das vestes religiosas, em um simbolismo que indicava que ele deixava de ser visto como um padre. Foi excomungado e instalado no cadafalso.

Pintura "A Execução de Frei Caneca", em obra de Murillo La Greca, de 1924

Crédito,Domínio Público

Legenda da foto,A Execução de Frei Caneca, em obra de Murillo La Greca, de 1924

Contudo, um a um, três carrascos incumbidos de enforcá-lo desistiram da atroz empreitada. A comissão militar, então, ordenou o fuzilamento.

Conforme explica à BBC News Brasil o historiador Marcus de Carvalho, também professor na Universidade Federal de Pernambuco, havia um entendimento na época de que "não se matava padre", justamente porque eles eram vistos como "enviados de Deus".

Frei Caneca acabou sendo transformado em uma espécie de "Tiradentes do Nordeste", como define à BBC News Brasil o historiador Paulo Henrique Martinez, professor na Universidade Estadual Paulista.

"Sua obra escrita, biografia e atuação política foram recuperadas posteriormente e realçadas em momentos de afirmação e de mobilização política em Pernambuco e na região Nordeste", diz ele.

"O 'mártir da liberdade' foi idealizado e teve a sua imagem construída, e de forma sistemática, a partir da segunda metade do século 19."

O historiador ressalta que o julgamento de Frei Caneca foi "tipicamente de exceção". "Comissões militares apreciaram as respectivas formas de participação, envolvimento e dedicação individual na rebelião.

Ditaram procedimentos e sentenças consideradas excessivas, dado a origem e a vinculação de inúmeros rebeldes com as elites sociais e econômicas regionais", contextualiza.

"As dissenções internas entre grupos e interesses específicos não desfrutaram de tolerância, conciliação, nem piedade, por parte dos vencedores identificados com a centralização e a autoridade política polarizada e sediada no Rio de Janeiro."

Frei Caneca incomodava o governo imperial não somente pela participação em movimentos revolucionários. Ele também fazia sermões com ideais republicanas e, como jornalista, escrevia artigos em que defendia um sistema de governo com maior participação popular e autonomias regionais.

Os textos eram publicados tanto em seu jornal, o Typhis Pernambucano, como em outros periódicos com os quais ele se correspondia, ecoando inclusive na corte sediada no Rio de Janeiro


Pobre, erudito e militante

De família humilde, desde criança demonstrava uma inteligência acima da média. Era filho de um tanoeiro português — daí a origem de seu apelido "caneca" — que vivia em um povoado no entorno do Recife. Provavelmente ingressou na ordem dos carmelitas para conseguir ter acesso aos estudos. Para isso, teria contado com a influência de um primo de sua mãe, também religioso da mesma congregação.

Entrou para o Convento de Nossa Senhor do Carmo em 1796, tornou-se frade no ano seguinte e foi ordenado padre em 1801, com apenas 22 anos. Como religioso, assumiu o nome de Joaquim do Amor Divino Caneca.

Sua erudição fez com que ele se destacasse. Logo seria professor de retórica, geometria e filosofia de seu convento.

"Caneca deve à Igreja, à ordem carmelita, a oportunidade de vida de poder ter estudado e ter tido acesso ao conhecimento que ele teve. Com exceção de uma curta viagem a Alagoas, ele nunca havia saído de Pernambuco. Todo o conhecimento que ele absorveu o fez de bibliotecas locais, sobretudo vinculadas à igreja", pontua Cabral.

Tornou-se maçom e passou a compartilhar com seus companheiros ideais liberais e republicanas, influenciado pelos ecos da Revolução Francesa (de 1789) e pelo movimento que tornou os Estados Unidos uma nação independente, de 1776. O modelo americano, de uma republica federalista, parecia-lhe o ideal.

Em 1817, Frei Caneca foi um dos participantes mais ativos da chamada Revolução Pernambucana, que proclamou uma república e criou um governo independente na região. Segundo o historiador Evaldo Cabral de Mello conta no seu livro A Outra Independência: Pernambuco, 1817-1824, ele não foi um militante de primeira hora — não há registros de sua atuação nos primeiros acontecimentos do movimento.

"Sua presença só se detecta nas últimas semanas de existência do regime, ao acompanhar o exército republicano que marchava para o sul da província a enfrentar as tropas do conde dos Arcos, ocasião em que, segundo a acusação, teria exercido de capitão de guerrilhas", escreve o historiador.

Caneca era visto como conselheiro do grupo republicano, além de prestar assistência espiritual aos combatentes.

Derrotado o movimento, o religioso foi preso e enviado para Salvador. Segundo relatos da época, quando acabou detido, estava descalço e vestia uma batina rasgada e muito suja. Nos quatro anos em que cumpriu pena escreveu, no cárcere, uma gramática da língua portuguesa.

Página do processo de julgamento dos líderes da Revolução Pernambucana

Crédito,Arquivo Nacional

Legenda da foto,Página do processo de julgamento dos líderes da Revolução Pernambucana

Republicano mesmo?

"Inegavelmente a autonomia regional foi o principal valor político manifestado em seu engajamento nos disputas e nos embates durante a conjuntura que resultou na emancipação do Brasil. A sua execução não permitiu que houvesse expressão e revisão das ideias que tinham animado a sua ação política", comenta Martinez.

Há uma discussão se Frei Caneca era essencialmente republicano ou não. O historiador George Cabral explica que a raiz desta controvérsia está no fato de que em 8 de dezembro de 1822, três meses após d. Pedro 1º ter proclamado a independência, ele fez um sermão saudando o imperador recém-coroado.

"No entanto, ele já havia participado da Revolução de 1817, que foi republicana, e ficado preso", ressalta Cabral. "E depois dos problemas com a assembleia constituinte de 1823 ele voltou a se posicionar contra a monarquia." "E depois dos problemas com a assembleia constituinte de 1823 ele voltou a se posicionar contra a monarquia."

Para Cabral, é importante lembrar que naquele momento histórico "era conveniente e sensato", nas publicações e manifestos, não empregar "abertamente a palavra república", para não ser enquadrado em "crime de lesa majestade". "Percebemos uma relutância, em geral, em fixar por escrito o termo […], e isso pode justificar o Caneca não ter usado de forma mais explícita em seus textos", analisa.

"O modelo de nação que ele propõe é um modelo no qual o cidadão tem de ter uma participação ativa, sendo conclamado a participar da vida política. É essencialmente um regime republicano, com espaço para a participação pública", comenta o historiador. "Então, mesmo que não se declarando abertamente republicano, na sua base de pensamento ele defende, sim, a república […] sobretudo olhando o modelo norte-americano."

"Ele tanto dialogava bastante com as ideias republicanas quanto também com o desejo de Pernambuco de ter uma independência", diz à BBC News Brasil o cientista político Paulo Niccoli Ramirez, professor na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo.

Carvalho afirma que "não tem nenhuma dúvida" de que Frei Caneca fosse republicano. "Mas eram republicanos que aceitariam uma monarquia constitucional", ressalva. Por isso o estopim teria sido a dissolução da assembleia e a imposição da constituição de d. Pedro.

Para entender isto é preciso voltar ao fio da história.

Ecos de Portugal

O movimento de 1817 havia sido esmagado pelas tropas governamentais, mas não as ideias republicanas que pipocavam em diversas partes da então América portuguesa. Frei Caneca foi solto em 1821, voltou ao Recife e logo encontrou espaço para retomar sua militância política.

O contexto era outro. A Revolta Liberal do Porto, de 1820, que defendia transformar Portugal em uma monarquia constitucional ecoava do outro lado do Atlântico. Caneca e seus companheiros viam espaço para que suas ideias finalmente pudessem ser colocadas em prática.

Neste momento, o caminho que parecia natural seria uma adesão às cortes de Lisboa, em um xeque-mate emancipacionista frente à corte sediada no Rio. Era uma maneira de seguir atrelado a Portugal, contudo driblando a regência do então príncipe d. Pedro.

Pernambuco teve então duas juntas governativas no período. Até que, em 1823, com o Brasil já território proclamado independente e sob um governo imperial, foi criada a Confederação do Equador.

Frei Caneca demonstrava indignação com o fato de que "o Senado do Rio" ser "a bússola do Brasil", servindo de "guia a todas as demais províncias". Queria autonomia, buscando um modelo similar ao federalismo norte-americano.

Em 2 de julho de 1824 declararam criada a Confederação do Equador, um projeto de nação autônoma formada pelas então províncias de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Paraíba, Alagoas e Sergipe. Não deu certo. Além de Pernambuco, apenas alguns povoados cearenses e paraibanos foram convencidos a integrar o plano.

Em seu livro, Mello ressalta que em nenhum momento a Confederação do Equador cravou ser republicana. Ele destaca que o movimento não pretendia "fazer uma revolução", tampouco "destruir a monarquia constitucional".

Era, na verdade, baseado na oposição ao projeto de d. Pedro 1º — principalmente depois que o mesmo, em novembro de 1823, dissolveu a assembleia constituinte para impor sua própria Carta Magna, conhecida como Constituição Outorgada.

Imprensa

A essa altura, as ideias de Frei Caneca já eram conhecidas pela elite intelectual e política do país. De dezembro de 1823 a agosto de 1824 ele editou um periódico, do qual foi fundador, chamado Typhis Pernambucano. Era uma publicação engajada, que se prestava a fazer crítica política e a defender a liberdade constitucional.

"Ele soube utilizar de modo muito intenso a imprensa, publicando em muitos periódicos, não só em seu jornal em Pernambuco mas também na corte, que reproduzia os textos saídos aqui. Havia um intercâmbio grande nesse momento", diz Cabral.

"Por isso as ideias de Caneca repercutiram em outras parte do Brasil. E foi exatamente essa repercussão que despertou um furor, um ódio, uma antipatia muito grande do imperador contra ele. Ficou evidente que ele era uma das pessoas mais visadas para a repressão", acrescenta.

Seu conteúdo acabou reeditado em 1972, quando a Assembleia Legislativa de Pernambuco publicou o conjunto facsimilar sob o título de Obras Políticas e Literárias. Doze anos mais tarde, o Senado Federal também reeditou em livro o conteúdo do Typhis.

Além da imprensa, Frei Caneca também tinha o púlpito da igreja a seu favor. "Ele teve uma vida eclesial ativa. Fica evidenciado que ele andava de hábito, inclusive, o tempo todo com seu hábito de carmelita. Somente no momento da luta ele deixou de usar o hábito e passou a usar o que os documentos descrevem como jaqueta de guerrilha", diz Cabral. "Mas essa vida eclesial também se reflete no fato de que ele fez sermões, pregou nas igrejas, escreveu textos de cunho religioso…"

"Mas ele mesmo disse que sua atuação extrapolava os muros do convento", lembra Ramirez.

Cabral comenta que Frei Caneca soube combinar "duas dimensões da vida", a de padre e a de militante, como também amalgamou "teoria e prática revolucionária". "Ele lutou com a pena e com o fuzil", afirma o historiador.

Julgamento de Frei Caneca, em pintura de Antônio Parreiras, de 1918

Crédito,Domínio Público

Legenda da foto,Julgamento de Frei Caneca, em obra de Antônio Parreiras, de 1918

Repressão

A repressão à Confederação do Equador foi violenta porque o governo imperial temia que fagulhas separatistas se tornassem praxe incendiassem todo o território. Com dinheiro emprestado da Inglaterra, uma tropa de mercenários foi contratada para acabar com o projeto autonomista.

O grupo inicial, de 1,2 mil combatentes, acabou ganhando reforço no caminho do Rio até o Nordeste, chegando a contar com 3,5 mil homens. Houve cerco e ataques ao Recife. Segundo historiadores, a repressão à Confederação do Equador foi a mais rigorosa dentre todas as que buscaram conter motins e revoltas no período imperial brasileiro.

Frei Caneca e outros 30 foram condenados à morte, mas nove conseguiram fugir. Mais de 100 outros foram presos. Não há consenso sobre quantos acabaram mortos nos combates.

Para Martinez, a própria rapidez com que Caneca foi julgado e executado deixou uma lacuna: o próprio não teve a oportunidade de explicar o movimento do qual havia sido um dos líderes.

"Ao contrário do que aconteceu em 1817, a repressão aos líderes de 1824 foi sem prisão e sem anistia. A condenação à morte e a execução sumária impediram que a experiência política daquele movimento fosse avaliada e explicada pelos próprios protagonistas", avalia.


Professor Edgar Bom Jardim - PE