quarta-feira, 4 de setembro de 2024

PIB sobe 1,4% no 2º tri: por que economia cresce, desemprego cai, mas percepção do brasileiro segue negativa?




Uma mulher de costas escolhendo legumes na seção de vegetais de um supermercado com outras pessoas passando ao fundo

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Consumo e investimentos foram destaque no PIB do 2º trimestre

economia brasileira cresceu 1,4% no segundo trimestre, em relação ao trimestre anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (3/9).

Com isso, o país chegou até a metade de 2024 tendo crescido 2,5% nos 12 meses anteriores – o que coloca o Brasil em 6º lugar entre os países que mais cresceram do G20, grupo que reúne algumas das maiores economias do mundo.

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre veio meio ponto percentual acima da expectativa dos economistas, que era de uma alta de 0,9%.

Na comparação com o segundo trimestre de 2023, o avanço foi de 3,3%



Trata-se de mais um resultado positivo para a atividade econômica, após uma alta de 1% do PIB de janeiro a março, em relação ao trimestre anterior (o dado foi revisado, de 0,8% divulgado anteriormente)

E isso apesar de o segundo trimestre ter sido marcado pelas enchentes no Rio Grande do Sul, que tiveram início no fim de abril.

Na semana passada, o IBGE também informou que a taxa de desemprego no trimestre encerrado em julho recuou para 6,8%, com 7,4 milhões de desocupados. Este é o menor nível de desemprego registrado para o período desde o início da série histórica do instituto, em 2012


Diante das repetidas surpresas positivas na atividade, economistas têm revisado para cima suas projeções para o PIB de 2024.

Segundo o boletim Focus do Banco Central, os analistas começaram o ano esperando um avanço de 1,6% para a economia este ano e, no levantamento mais recente (de 2/9), a mediana das projeções já estava em quase 2,5%.

Após a divulgação do PIB nesta terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo deve elevar sua projeção para o crescimento da economia no ano, dos atuais 2,5%, para algo como 2,7% ou 2,8%, o que pode levar a uma projeção mais alta de receitas no Orçamento do próximo ano.

Essa melhora no desempenho da economia, no entanto, não parece estar chegando à percepção das pessoas.

pesquisa AtlasIntel de avaliação do governo Luiz Inácio Lula da Silva mais recente (divulgada em 28/8) mostrou, por exemplo, que para 47% dos entrevistados a situação atual da economia é ruim, contra 33% que consideram boa. Outros 21% acham que a situação econômica está "normal".

O resultado é similar à pesquisa divulgada pela Genial Quaest em julho, que mostrou que para 36% dos entrevistados a economia do Brasil piorou nos últimos 12 meses, ante 28% que avaliam que melhorou e 32% que dizem que ficou igual.

Mas o que explica essa discrepância entre os dados e a percepção da população? Conversamos com três economistas e um cientista político sobre isso.

Destaques do PIB do 2º trimestre

Na ponta da oferta, os destaques do PIB do segundo trimestre foram as altas do setor de serviços (1%) e da indústria (1,8%), enquanto a agropecuária registrou queda de 2,3%, sempre em relação ao trimestre anterior.

Já na ponta da demanda, as maiores altas ficaram por conta do investimento (2,1%) e do consumo das famílias (1,3%), enquanto o consumo do governo cresceu 1,3%.

No setor externo, a alta das importações (7,6%) superou a das exportações (1,4%), também um sinal da demanda interna aquecida.

Caminhões novos no pátio da Mercedes-Benz do Brasil em São Bernardo do Campo

Crédito,Rovena Rosa/Agência Brasil

Legenda da foto,A retomada na produção de caminhões, após queda em 2023 devido a uma mudança regulatória, é um das fatores por trás da melhora do investimento

Para Rodolfo Margato, vice-presidente de pesquisa econômica da XP Investimentos, o mercado de trabalho aquecido – com desemprego em baixa e renda em alta – é o principal motivo por trás do bom desempenho do setor de serviços e do consumo das famílias no segundo trimestre.

"Eu também destacaria a recuperação do mercado de crédito, com um aumento das concessões de crédito tanto para pessoas físicas, quanto para pessoas jurídicas, além de um recuo, ainda que moderado, do comprometimento de renda das famílias com serviços da dívida", diz o economista.

A melhora das condições de crédito também contribuiu para a retomada dos investimentos em ativos fixos, que caíram 3% no ano de 2023, mas avançaram 3,8% no primeiro trimestre e voltaram a crescer de abril a junho.

"Além da melhora do crédito, essa recuperação do investimento se deve também a uma recuperação da fabricação de caminhões, que por questões regulatórias havia contraído bastante ano passado."

Em 2023, a produção de caminhões despencou quase 40%, em meio à migração do setor para um padrão de motor menos poluente (o Euro 6), mas mais caro. Diante da perspectiva da mudança, o mercado antecipou compras em 2022, o que elevou fortemente a produção naquele ano, derrubando no seguinte.

Além da produção de caminhões, a construção civil – puxada pelo mercado imobiliário e por obras de infraestrutura dos governos regionais – também contribuiu para o bom desempenho do investimento no trimestre, observa Margato.

Já a queda no agro vem depois de uma alta de 11,1% de janeiro a março (o dado foi revisado de 5,9% divulgados antes) e reflete em grande medida a sazonalidade do setor, que costuma concentrar a maior parte de sua produção no primeiro trimestre.

Projeções em alta para o PIB de 2024

Expectativas em alta. Mediana das projeções dos economistas para o avanço do PIB em 2024, em % .  .

Um dos fatores que surpreendeu este ano foi o fato de as enchentes do Rio Grande do Sul não terem tido um impacto tão negativo sobre os dados gerais da economia brasileira quanto inicialmente esperado, observa Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).

"O governo respondeu rapidamente [às enchentes no Sul] com políticas e o resto do país continuou crescendo forte", diz Matos.

A economista começou o ano esperando alta de 1,4% para o PIB de 2024 – após avanço de 2,9% em 2023 – e agora projeta um crescimento de 2,3% para este ano.

Outro elemento surpreendente é o mercado de trabalho, avalia Margato, da XP, que elevou sua projeção para o PIB este ano de 1,8% no início do ano, para 2,7%.

"Acredito que poucos economistas imaginavam uma taxa de desemprego abaixo de 7% em meados de 2024 e a massa de renda [soma dos rendimentos de toda a população ocupada no país] deve crescer entre 6,5% e 7% até o fechamento de 2024, muito acima da nossa estimativa de 4,5% feita no início do ano", destaca.

Ele observa que a alta da renda vem tanto do reajuste do salário mínimo no início do ano, quanto de correções acima da inflação que vêm sendo obtidas por diversas categorias nas negociações salariais.

Para Leonardo Costa, do ASA (antiga ASA Investments), a resiliência do setor de serviços – grande empregador da economia brasileira atual – também é uma das surpresas da economia em 2024.

O ASA começou o ano projetando uma alta de 2,2% para o PIB de 2024 e havia revisado sua estimativa para 2,5% antes da divulgação do PIB do segundo trimestre.

"O setor de serviços sofreu bastante com a pandemia, estava patinando, andando de lado", lembra.

"Mas, no ano passado, já foi bastante forte, com as pessoas após a pandemia com um desejo maior por consumir serviços e ter experiências, o que vemos pelos shows lotados, por exemplo. Imaginávamos que isso ficaria mais restrito a 2023, mas 2024 ainda mostra demanda forte."

Silvia Matos, do Ibre-FGV, observa ainda que a atividade este ano também teve um forte impulso fiscal – isto é, a partir de gastos do governo.

O maior impulso vem dos R$ 90 bilhões em precatórios (dívidas da União já reconhecidas pela Justiça, sem possibilidade de novos recursos) que começaram a ser pagos no fim do ano passado, após o Supremo Tribunal Federal declarar inconstitucional medida que postergava o pagamento dessas dívidas para 2027.

Também o Bolsa Família turbinado, com benefício mínimo de R$ 600, e o reajuste do salário mínimo acima da inflação – que impacta aposentadorias e benefícios sociais como o Benefício de Prestação Continuada (BPC, salário mínimo pago a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda) – ajudaram a impulsionar a capacidade de consumo das famílias este ano.

Matos diz ainda que era esperada uma desaceleração no agro este ano, após a safra recorde de 2023, mas que essa perda de ritmo não foi tão forte quanto antecipado. Também o cenário internacional foi menos adverso do que o previsto.

Margato cita também a possibilidade – já discutida há algum tempo pelos economistas – de que a capacidade potencial de crescimento da economia brasileira tenha aumentado nos últimos anos, graças a reformas como a trabalhista, da Previdência e mudanças microeconômicas feitas para melhorar o ambiente de negócios.

Por que população está insatisfeita?

Mal-estar econômico. Respostas à pergunta "Como você avalia a situação econômica do Brasil neste momento?", em %.  .

Para Margato, da XP, a resposta pode estar na inflação – o que faz sentido, considerando que 63% dos entrevistados na pesquisa Genial Quaest de julho avaliavam que o poder de compra dos brasileiros é hoje menor do que um ano atrás, contra 21% que diziam ser maior e 14% que consideravam igual.

"É verdade que a inflação corrente está relativamente bem comportada, ainda que a nossa projeção seja de 4,4% para [o IPCA, índice oficial de inflação do país] esse ano, mas nos últimos anos a inflação foi alta, especialmente após o choque da pandemia", diz o economista da XP.

"Períodos de inflação alta acabam diminuindo o poder de compra das famílias e, mesmo com uma recuperação nos períodos seguintes, aquelas marcas da inflação alta ficam."

Silvia Matos, do Ibre-FGV, observa ainda que, embora emprego e renda estejam crescendo, muitos dos empregos que estão sendo criados não são de qualidade – o que fica evidente pela taxa de informalidade da economia brasileira ainda próxima a 40%.

"Empregos e salários crescem, mas parece que não crescem o tanto que as pessoas esperariam, e há também muita volatilidade de renda entre informais e trabalhadores por conta própria", diz Matos.

"Há um certo desencantamento, que leva as pessoas a quererem soluções mágicas, porque parte da sociedade tem uma frustração, mesmo com o crescimento."

Rafael Cortez, cientista político da Tendências Consultoria, observa que essa dissonância entre economia em crescimento e percepção negativa da população não ocorre só no Brasil, mas também em outros países, como os Estados Unidos.

Segundo ele, isso está relacionado com a polarização política em ambas as sociedades e também com a prevalência das redes sociais como principal forma de a população se informar atualmente.

"A radicalização alimenta leituras muito distintas em relação ao desempenho do governo e dos eventos políticos", diz Cortez.

"Então, a despeito do desempenho do governo na economia, há uma rejeição pessoal ao presidente Lula que dificulta essa transmissão entre melhoria do crescimento econômico e popularidade."

Com as redes sociais, as pessoas acabam consumindo produtos e informações para reafirmar suas leituras do mundo, diz o cientista político, o que é reforçado pelo algoritmo e faz com que a ideia de livre informação vá perdendo força.

"A política da rede social é a política encurtada – a pessoa não vê o debate, ela vê o corte – e aí esse arsenal de informação que chega na cabeça do eleitor nem sempre ajuda a entender a relação de causalidade que é chave para a ideia de premiar [os governantes] pelo bom desempenho do governo. As redes sociais são perversas nesse sentido."

E o que esperar para a economia à frente?

Os três economistas ouvidos pela BBC News Brasil são unânimes na avaliação de que, apesar do desempenho surpreendente da economia no primeiro semestre, a atividade deve perder força na segunda metade do ano e em 2025.

Segundo Silvia Matos, do Ibre-FGV, houve uma concentração de estímulos no início do ano, com os precatórios, o aumento do salário mínimo e a antecipação do 13º dos aposentados.

Além disso, há uma piora nas condições financeiras, com aumento dos juros de mercado e desvalorização cambial, o que torna o ambiente menos propício ao investimento e ao consumo.

Leonardo Costa, do ASA, e Rodolfo Margato, da XP, preveem ainda que o Banco Central deve reiniciar em breve o aperto monetário, elevando gradualmente a taxa básica de juros para manter a inflação na meta (que é de 3% para este ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual), diante da resiliência da economia, da piora do câmbio e do aumento da percepção de risco.

"A gente imagina que o BC voltará a subir juros em setembro, começando com 0,25 ponto percentual e um ciclo total de 1,5 ponto, levando a Selic dos atuais 10,5% para 12% no começo do ano que vem. Com isso, o PIB do ano que vem desacelera", diz Costa, que vê uma alta de 1,5% para o PIB em 2025.

BBC Brasil 

  • Thais Carrança
  • Role,Da BBC News Brasil em São Paulo

Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

Por unanimidade, STF mantém bloqueio ao X: 'Tamanho da conta bancária não dá imunidade'




Flavio Dino

Crédito,Getty Images

Legenda da foto,Flavio Dino foi um dos ministros do STF que concordou com a decisão de Moraes de bloquear o X

A primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, manter a suspensão do X no Brasil em votação realizada nesta segunda-feira (2/9).

A decisão foi tomada por plenário virtual — em que os ministros colocam suas decisões em um sistema eletrônico da Corte. O prazo final para decisão sobre a questão do X era 23h59 desta segunda-feira.

O bloqueio do X foi determinado por Moraes na sexta-feira (30/1) e implementado pela Anatel no dia seguinte. Jornais brasileiros noticiaram que a portas fechadas os ministros do STF pediram a Moraes que a decisão fosse colocada em votação na primeira turma.

O bloqueio do X desencadeou uma briga entre o X, do bilionário Elon Musk, e a Justiça brasileira



Alexandre de Moraes determinou o bloqueio do X no Brasil — o que foi realizado pela Anatel e por provedores de internet no país no fim de semana. A decisão de Moraes prevê multa diária de R$ 50 mil para quem usar um serviço VPN, que permite furar o bloqueio, para acessar o serviço

O STF tomou a decisão depois que o X anunciou que não acataria uma decisão anterior, que determinava o bloqueio de terminadas contas que, segundo inquérito brasileiro, disseminavam fake news e discurso de ódio. Além disso, a empresa fechou seu escritório e deixou de nomear um representante legal no país. As leis brasileiras exigem que um representante legal seja indicado.

Elon Musk acusa Moraes de ser "um juiz falso e não eleito" e afirma que a decisão do STF fere o direito à liberdade de expressão. Ele anunciou na semana passada que a empresa não pretende acatar a ordem judicial.

No fim de semana, o X lançou uma conta chamada "Alexandre Files", na qual passou a divulgar decisões do ministro do STF que diz serem contra a lei brasileira.

'Tamanho da conta bancária'



Nos seus votos no plenário virtual, os ministros justificaram por que concordam com a decisão de Moraes de bloquear o X.

"A liberdade de expressão é um direito fundamental que está umbilicalmente ligado ao dever de responsabilidade. O primeiro não vive sem o segundo, e vice-versa, em recíproca limitação aos contornos de um e de outro", disse Dino em seu voto.

"Com a imperativa moldura da soberania, não é possível a uma empresa atuar no território de um país e pretender impor a sua visão sobre quais regras devem ser válidas ou aplicadas."

Para o ministro, "o poder econômico e o tamanho da conta bancária não fazem nascer uma esdrúxula imunidade de jurisdição."

"Assim sendo, a ordem jurídica pátria não pode ser ignorada ou atropelada por nenhuma outra 'fonte normativa', por mais poderosa que ela imagine ou deseje ser. O arcabouço normativo da nossa Nação exclui qualquer imposição estrangeira, e são os Tribunais do Brasil, tendo como órgão de cúpula o Supremo Tribunal Federal, que fixam a interpretação das leis aqui vigentes."

"A parte que descumpre dolosamente a decisão do Poder Judiciário parece considerar-se acima do império da lei. E assim pode se transformar em outlaw (fora da lei)"

Elon Musk

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Legenda da foto,Elon Musk disse que não vai acatar decisão da Justiça brasileira; X lançou conta em que ataca Alexandre de Moraes

Alexandre de Moraes foi o primeiro a votar, ainda nas primeiras horas do dia. Ele citou o anúncio feito por Elon Musk de que a decisão da Justiça brasileira não seria acatada.

"Não houve cumprimento; mais do que isso, anunciou-se a transgressão. Ordem judicial pode ser passível de recurso, mas não de desataviado desprezo. O acatamento de comandos do Judiciário é um requisito essencial de civilidade e condição de possibilidade de um Estado de Direito", disse Moraes.

O ministro também acusou Musk de demonstrar "total desrespeito à Soberania brasileira e, em especial, ao Poder Judiciário, colocando-se como verdadeiro ente supranacional e imune às legislações de cada País".

Moraes destacou em seu voto que ordens semelhantes de bloqueio de perfis emitidas ao Google e à Meta foram cumpridas.

Ele também afirma que reconhece a Starlink — empresa de internet para locais remotos, que opera no Brasil — e o X como todas pertencentes a um "grupo econômico de fato" sob o comando de Elon Musk.

Motivos do bloqueio do X, segundo Moraes

Em sua decisão da semana passada, Moraes disse que Musk e sua plataforma incentivam discursos extremistas.

O ministro afirmou que a plataforma estava sendo utilizada para "incentivar as postagens de discursos extremistas, de ódio e antidemocráticos [...] com real perigo, inclusive, de influenciar negativamente o eleitorado em 2024".

Essa prática, segundo a decisão, poderia desequilibrar o resultado eleitoral por meio de campanhas de desinformação, favorecendo grupos populistas extremistas e comprometendo a integridade do processo democrático.

Em um trecho de sua decisão, Moraes afirma que mesmo após o X ter sido intimado no curso das investigações, Elon Musk teria continuado a promover discursos antidemocráticos e de ódio contra a Corte. Segundo o magistrado, Musk confunde liberdade de expressão com liberdade de agressão.

"Novamente, Elon Musk confunde liberdade de expressão com liberdade de agressão, confunde deliberadamente censura com proibição constitucional ao discurso de ódio e de incitação a atos antidemocráticos", disse o despacho assinado pelo magistrado.

Outro motivo que fundamentou a decisão foi a suposta prática de obstrução de justiça. Obstrução de justiça é quando alguém ou alguma empresa deliberadamente atua para atrapalhar investigações ou o cumprimento de decisões judiciais.

Segundo a decisão assinada por Moraes, as investigações teriam revelado que a rede X estaria utilizando "mecanismos ilegais" para obstruir as investigações conduzidas pela Justiça brasileira contra pessoas investigadas no inquérito que apura a existência de milícias digitais.

Musk e o X teria obstruído as investigações ao se recusarem a bloquearem perfis de pessoas sob investigação.

"A flagrante conduta de obstrução à Justiça brasileira, a incitação ao crime, a ameaça pública de desobediência às ordens judiciais e de futura ausência de cooperação da plataforma são fatos que desrespeitaram a soberania do Brasil e reforçam à conexão da dolosa instrumentalização criminosa das redes sociais", aponta a decisão.

O terceiro motivo para a decisão foi a falta de um representante legal da empresa X no Brasil, algo obrigatório segundo o Código Civil brasileiro.

A legislação determina que qualquer empresa estrangeira que opere no Brasil precisa manter representantes legais no país.

Segundo a decisão, a falta de um representante legal adequado dificultou a aplicação das decisões do STF.

Moraes afirma ainda que a decisão de não ter representantes legais no país pode ter sido parte de uma estratégia de Musk para evitar que o "X" fosse responsabilizado ou tivesse que cumprir determinações do judiciário brasileiro.

"As condutas ilícitas foram reiteradas na presente investigação, tornando-se patente o descumprimento de diversas ordens judiciais pela X Brasil, bem como a dolosa intenção de eximir-se da responsabilidade pelo cumprimento das ordens judiciais expedidas, com o desaparecimento de seus representantes.

O X acusou o STF e Alexandre de Moraes de ferirem o direito à liberdade de expressão — e Elon Musk afirmou que as contas apontadas no inquérito da Justiça não serão excluídas

BBC Brasil 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

Teto da Igreja de Nossa Senhora da Conceição desaba e deixa mortos





A estrutura do teto do Santuário da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, localizada no bairro do Morro da Conceição, Zona Norte da capital, caiu durante a tarde desta sexta-feira (30). O desabamento deixou 2 mortos e feridos.

Conforme confirmado pela Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS-PE), os fíés atingidos pelo colapso participavam de uma ação solidária de entrega de cestas básicas para pessoas em situação de vulnerabilidade.



A Prefeitura do Recife decretou luto oficial de três dias, a contar da data de hoje (30), em razão da tragédia do desabamento do telhado do Santuário de Nossa Senhora da Conceição, localizado no Morro da Conceição. O trágico episódio aconteceu na tarde desta sexta-feira (30) que levou pelo menos duas pessoas a óbito e outros mais de 20 feridos. 

Minutos após a tragédia, o Centro de Operações do Recife (COP) direcionou equipes da Defesa Civil, CTTU, SAMU e Secretaria de Governo (Segov) ao local para atender a ocorrência na Igreja do Morro da Conceição.

Pessoa ferida em desabamento do teto da Igreja do Morro da ConceiçãoPessoa ferida em desabamento do teto da Igreja do Morro da Conceição - Foto: Ricardo Fernandes/Folha de Pernambuco

Efetivos

Além dos veículos operacionais enviados pelo Samu, a SDS-PE divulgou também o envio de diversos efetivos de segurança para atuação no local. 

Veja nota:

"A Polícia Militar, primeira operativa a chegar ao local, por contar com uma base do projeto Kobam ao lado da igreja, fez os primeiros atendimentos, isolou o local e acionou o Corpo de Bombeiros. A Corporação empregou 40 policiais militares e 15 viaturas.

O Corpo de Bombeiros atuou com 35 homens da Corporação, 2 cães e deslocou para a ocorrência 16 viaturas sendo: 4 ambulâncias 
3 viaturas de Salvamento (incluindo a viatura com cães), 4 motos de resgate, 3 viaturas de comando operacional, 1 viatura de incêndio e 1 de mergulho para reforço de efetivo."

Investigação

Ainda de acordo com a Secretaria de Defesa Social, a Polícia Científica esteve com três equipes no local, entre integrantes do IML e do Instituto de Criminalística.

Além disso, um inquérito da Polícia Civil já foi instaurado, sendo requisitadas as imagens para colaborar nas investigações. 

O órgão também informou que um drone da Defesa Civil do Estado fez um sobrevoo para captar imagens e compartilhar com as autoridades responsáveis pelo caso, além de uma avaliação prévia da estrutura realizada por engenheiros da SEPDEC.

Santuário

O Santuário recebe a tradicional Festa do Morro, em homenagem à Nossa Senhora da Conceição, padroeira afetiva do Recife e cuja data é 8 de dezembro.

Ainda ontem, noite de quinta-feira (29), fiéis lotaram o templo para celebrar a Santa Missa da Contagem Regressiva, que marca 100 dias para o começo da Festa da Imaculada Conceição do Morro

Em nota, o Reitor do Santuário Nossa Senhora da Conceição, Emerson Borges, destacou o apoio as vítimas e a importância da união dos moradores

O Santuário Nossa Senhora da Conceição  se une aos moradores do nosso amado Morro neste momento. 

De imediato, estamos ao lado das vítimas e de seus familiares, nossa prioridade.

Equipes de socorro estão presentes numa força tarefa em atendimento deste tráfico acidente.

Que as nossas orações sejam elevadas à Deus por intercessão da Imaculada Conceição.

De FOLHA DE PERNAMBUCO
Professor Edgar Bom Jardim - PE