sexta-feira, 21 de junho de 2024

Incêndios recorde no Pantanal


Imagem feita a partir de um drone. Do lado esquerdo, o verde da vegetação, no meio, as chamas do fogo e, do lado direito, as cinzas por onde o fogo já passou

CRÉDITO,UESLEI MARCELINO/REUTERS

Legenda da foto,Corumbá (MS) é o município brasileiro que mais queimou entre 1985 e 2023, de acordo com um levantamento realizado pelo MAPBiomas

Imagem da carcaça de um jacaré queimado em um chão com vestígios de mato queimado. Ao fundo, brigadistas combatem o resto do fogo

CRÉDITO,UESLEI MARCELINO/REUTERS

Legenda da foto,O primeiro semestre deste ano já registra um aumento de mais de 1.000% dos focos de incêndio em relação ao mesmo período do ano passado

No segundo semestre de 2020, um quarto do Pantanal brasileiro queimou em uma série de incêndios sem precedentes, de acordo com nota técnica elaborada pelo Instituto SOS Pantanal e divulgada recentemente.

Cenas de animais carbonizados espalharam-se pela internet enquanto o fogo se alastrava ao longo dos 4 milhões de hectares que foram consumidos no total.

Agora, enquanto os gaúchos ainda somam os prejuízos após as enchentes que marcaram a história recente do estado, um novo evento climático está acontecendo no Centro-Oeste.

Mas essa tragédia já estava anunciada, diz Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) e membro do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), órgão nas Nações Unidas


O primeiro foi a seca: segundo dados da Marinha do Brasil, os valores mensais medidos neste ano em Ladário (MS), onde fica a principal régua do rio Paraguai — o mais importante da hidrografia pantaneira — foram os menores da série histórica.

Por isso, em maio, a Agência Nacional de Águas (ANA) já havia declarado situação crítica de escassez hídrica na região


Com a seca, veio o fogo. Os focos de incêndio registrados somente na primeira quinzena de junho, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), foram os mais numerosos para o mês, batendo o recorde de toda a série histórica, iniciada em 1998.

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) afirmou à BBC News Brasil que “historicamente, o período de seca no Pantanal ocorre no segundo semestre, mas a mudança do clima e os efeitos do El Niño anteciparam e agravaram a estiagem”.

Mas para o climatologista Paulo Artaxo, essa antecipação já era prevista.

“A gente já sabia que isso ia acontecer quando vimos aquele evento no Rio Grande do Sul”, afirma o especialista.

Segundo Artaxo, uma consequência possível do fenômeno climático que provocou o excesso de chuvas no Sul era justamente uma antecipação da seca no Pantanal. "É como se as chuvas tivessem ficado presas no Rio Grande do Sul", diz.

“O problema não é prever, mas agir para que não aconteça. E faltou ação.”

Imagem feita a partir de um drone. Do lado esquerdo, o verde da vegetação, no meio, as chamas do fogo e, do lado direito, as cinzas por onde o fogo já passou

CRÉDITO,UESLEI MARCELINO/REUTERS

Legenda da foto,Corumbá (MS) é o município brasileiro que mais queimou entre 1985 e 2023, de acordo com um levantamento realizado pelo MAPBiomas

Foi só os incêndios baterem recorde para o mês de junho que o governo anunciou, na sexta-feira (14/6) a criação de uma “sala de situação para ações de prevenção e controle de incêndios e secas em todos os biomas, com foco inicial no Pantanal”.

A primeira reunião do grupo ocorreu na segunda-feira (17/6) sob coordenação da Casa Civil e com representantes de diversas pastas, dentre elas, a do Meio Ambiente, da Justiça, da Defesa e de representantes do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O governo federal manteve de 2018 a 2023 um plano anual de ação para manejo do fogo no Pantanal para reduzir os incêndios no bioma.

O plano foi coordenado pelo MMA, implementado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, a um custo de R$ 22,9 milhões.

O plano de 2023 foi lançado em abril do ano passado com o objetivo de impedir que os incêndios de 2020 se repetissem.

As ações foram planejadas com base em estudos de cenários climáticos e de análises sobre o acúmulo de material que poderiam intensificar o fogo para identificar as áreas sob maior risco de incêndio.

Também envolvia medidas de preparação e combate ao fogo.

Porém, o período de duração do programa se encerrou no ano passado.

A BBC News Brasil questionou o MMA se outro plano específico foi elaborado para evitar ou mitigar os efeitos dos incêndios no Pantanal, mas não houve resposta da pasta a respeito deste ponto específico.

Segundo o MMA, foram realizadas parcerias com os governos estaduais do Mato Grosso Sul, onde está situado 65% do Pantanal brasileiro, e do Mato Grosso, que abriga 35% do bioma.

"Com o agravamento da seca na região, intensificada pela mudança do clima e por um dos El Niños mais fortes da história, o governo federal ampliou as ações e a cooperação com os Estados", disse a pasta.

Questionado se era possível prever tantos incêndios no mês de junho, o governo do Mato Grosso disse em nota à BBC News Brasil que a região passa por "um período atípico desde o final de 2023, com pouca incidência de chuvas e baixa umidade".

"Com isso, o material orgânico seco, como a turfa, se acumula, o que tem facilitado a combustão."

O governo do Mato Grosso do Sul disse em nota que ao longo dos anos tem atuado "na prevenção e proteção do bioma ao longo dos últimos anos."

Segundo o governo, desde abril deste ano um centro integrado com diversas secretarias estaduais atuam no combate aos incêndios no Pantanal. "Já foram empregados um efetivo de 254 bombeiros e bombeiras militares nas ações de prevenção, preparação e combate aos incêndios florestais", afirmou trecho da nota.

Foco de incêndio perto de Corumbá, no Mato Grosso do Sul

CRÉDITO,REUTERS

'Fogo não cai do céu'

O pacto firmado entre o governo federal e os Estados prevê, dentre outras medidas, a suspensão de autorização de queimas até o fim do período seco.

As queimas controladas são permitidas, contanto que autorizadas previamente pelos órgãos estaduais competentes, ou pelo ICMBio, que é vinculado ao MMA, no caso de propriedades dentro de áreas de conservação.

Também é preciso obedecer algumas regras, como manter uma equipe treinada acompanhando e não realizar as queimas em florestas e demais áreas de vegetação.

O Pantanal foi o bioma que mais queimou proporcionalmente, tendo 59% do seu território em chamas entre 1985 e 2023.

Corumbá, no Mato Grosso do Sul, foi o município brasileiro mais afetado no período, de acordo com um levantamento realizado pelo instituto MapBiomas.

Assim como no resto do país, a abertura de pastagens é a principal razão do ateamento de fogo.

“Fogo não cai do céu”, diz Rodrigo Agostinho, presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), à BBC News Brasil.

“No ano passado, tivemos dois incêndios provocados por raios. O resto foi tudo alguém que colocou fogo.”

De acordo com Agostinho, todos os focos de incêndio registrados neste ano são criminosos.

O presidente da Associação de Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrisul), Guilherme Bumlai, rechaçou a possibilidade de que os incêndios que atingem o Pantanal possam ter sido resultado da ação criminosa de produtores rurais. A Acrisul é a principal representante dos pecuaristas do Estado.

"De forma nenhuma esses incêndios podem ser imputados aos produtores rurais porque eles são os maiores interessados em proteger suas fazendas. Estamos num período muito seco e há muito capim seco nas propriedades. Isso é um barril de pólvora", afirma Bumlai.

Sem apresentar evidências, Bumlai atribuiu os incêndios no Pantanal sul-matogrossense a acidentes causados pela suposta ação descuidada de pescadores e motoristas.

"Muitas vezes, o pescador faz uma fogueira na beira do rio e não apaga direito [...] também temos aquelas pessoas que não têm noção (do perigo) e jogam uma bituca de cigarro pela janela e o fogo sai de controle", afirmou.

Combate aos incêndios

O primeiro semestre deste ano já registra um aumento de mais de 1.000% nos focos de incêndio em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com a plataforma BDQueimadas, do Inpe.

Diante dos números, o MMA informou que o Ibama contratou 2 mil brigadistas para atuar em todo o país, com foco inicial no Pantanal e na Amazônia.

Por sua vez, o governo do Mato Grosso lançou na segunda-feira a Operação Pantanal, que combate incêndios na região, para impedir que o fogo destrua o bioma como em anos anteriores.

A operação foi adiantada em dois meses pelas atuais condições climáticas locais, junto com o início da proibição do uso de fogo para manejo de áreas de cultivo.

"Somente serão autorizados focos preventivos, ou seja, o uso do fogo para prevenir eventos maiores”, disse a secretária de Meio Ambiente, Mauren Lazzaretti, ao anunciar as medidas.

O governo do Mato Grosso também informou que R$ 74,5 milhões foram investidos na execução de um plano de combate ao desmatamento ilegal e incêndios florestais.

O governo do Mato Grosso do Sul afirma já ter empregado R$ 50 milhões em equipamentos e ações de prevenção e combate aos incêndios e instalou 13 bases avançadas em pontos remotos da região a fim de agilizar a ação contra focos.

"Discutimos desde fevereiro com bastante intensidade essa situação no governo", disse o secretário-executivo de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul, Artur Falcete, em reunião na terça-feira (18/6) com o governo federal para tratar da crise.

"Tanto que o decreto de emergência saiu bastante cedo, no início de abril, pois já sabíamos das condições climáticas muito próximas das de 2020. Alocamos recursos adicionais para esse combate."

Em abril, os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul assinaram um Acordo de Cooperação Técnica no qual se comprometeram a fazer ações conjuntas para a preservação do Pantanal. Entre as medidas previstas estão uma legislação semelhante sobre o uso dos recursos naturais do bioma, elaboração de um plano para prevenção e resposta aos incêndios florestais no bioma, além de monitoramento da fauna silvestre.

Brigadistas voluntários combatem foco de incêndio no Pantanal

CRÉDITO,REUTERS

Mudança do clima

Agostinho lembra que o primeiro semestre é uma época que, historicamente, não há tantos incêndios.

“Nessa época no ano passado, o Pantanal estava debaixo d’água”, diz.

De fato, segundo explica Artaxo, o Pantanal nunca foi um ecossistema sensível à seca. “Mas, há três anos, isso tem mudado”, afirma.

Apesar das mudanças estarem em curso, o cenário de hoje é diferente do que havia em 2020.

Naquele ano, de acordo com o presidente do Ibama, havia muita matéria orgânica acumulada, que serviu de combustível para que o fogo se alastrasse.

"Havia um estoque de mais de uma década de matéria orgânica ali", diz ele.

Apesar dessa diferença, as previsões agora são pouco otimistas.

“Estamos vivenciando e vamos vivenciar a maior seca do Pantanal já conhecida, sem sombra de dúvidas", diz Agostinho.

"Mas vamos trabalhar para que os efeitos do incêndio sejam menores”.

As mudanças do clima, que refletem no calendário e intensidade das chuvas e secas não só no Brasil, mas em todo o mundo, são cada vez mais uma realidade, segundo afirma Artaxo.

E os governos precisam se planejar para isso, defende o especialista.

"O Brasil não pode enfrentar o próximo evento climático extremo com o mesmo amadorismo que enfrentou no Rio Grande do Sul.”

  • Marina Rossi, Leandro Prazeres e Vinícius Lemos
  • Role,Da BBC News Brasil em São Paulo e em Brasília
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 15 de junho de 2024

1º Encontro de Bois, Burrinhas, Caboclinhos, Cavalos Marinhos, Mateus e Catirinas na Melhor Festa do Mundo





Nasce mais um importante evento na cena cultural do interior de Pernambuco, o 1º Encontro de Bois, Burrinhas, Caboclinhos, Cavalos Marinhos, Mateus e Catirinas.

Os festejos juninos são indiscutivelmente o que de melhor representa a identidade cultural  do povo nordestino. O Museu de Bom Jardim em parceria com o Boi Dourado de Limoeiro conseguiram o patrocínio da FUNDARPE, SECULT-PE, Governo de Pernambuco e conta  com o apoio do Governo Municipal.

Uma constelação de estrelas da cultura popular brilham na programação cultural. Estão confirmados: Boi Dourado, Ciranda Caboclo, Boi Cara Preta, Cavalo Marinho Boi Pintado, Boi Cara Branca, Grupo Cultural Ciranda Maravilhosa, Quadrilha Junina  Mirim Maracabarro, CIA BaléYonneLopes, Coletivo de Dança Intense, Quadrilha Junina Rosa Vermelha, Caboclinho da Baraúna, Burrinhas Boca do Dragão, Grupo de Idosos do EJAI e Forró Pé de Serra Alcione do Acordeon. 

"O evento conecta grupos da cultura popular das cidades de Bom Jardim, Limoeiro, Machados, Tracunhaém e Lagoa de Itaenga. Outro aspecto muito importante é que o evento movimenta a economia com a venda de comidas típicas da época, artesanato, gera trabalho e renda temporária para artistas, artesãos, quituteiras músicos, seguranças, motoristas, padaria, mercadinho, lojinhas, gráfica, equipe de produção, técnicos de som e iluminação. Estamos movimentando artistas, grupos culturais, celebrando a cultura popular pernambucana, ofertando lazer, cultura, educação e arte. Tudo isso significa, alegria, saúde mental, diversão qualidade de vida. Somos gratos ao poder público que une esforços ao Museu de Bom Jardim, Boi Dourado de Limoeiro e aos demais grupos e trabalhadores da cultura, comenta Edgar Santos, idealizador do evento".

Coloque em sua agenda a melhor festa do mundo. Domingo, 14 horas, Arraiá da Feira Cultural, na Rua Manoel Augusto, centro Bom Jardim. A festa é livre para todos os públicos.


Viva o São João! Religiosidade, música, dança, cultura alimentar, poesia, teatro, história, memória, romance, encontro de família, conexão, diversão, religiosidade, qualidade de vida. 




Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 21 de maio de 2024

Veja o gabarito oficial da 1ª Olimpíada Bonjardinense de História, Cultura e Patrimônio






O gabarito oficial da prova da 1ª Olimpíada Bonjardinense de História, Cultura e Patrimônio foi divulgado pelo Museu de Bom Jardim, nesta segunda-feira, 20 de maio de 2024. 

A prova foi realizada no dia 15/05, contou com a participação de 400  estudantes do ensino médio das escolas EREM Dr. Mota Silveira, EREM Raimundo Honório e EREM Justulino Ferreira Gomes. 

A ideia de criar a 1ª Olimpíada Olímpiada Bonjardinense de História, Cultura e Patrimônio foi do professor de história Edgar Severino dos Santos, produtor cultural, criador do Museu de Bom Jardim.

As 40  questões da prova contemplam diversos temas de  ciências humanas, linguagens e ciências da natureza dos  conteúdos do Currículo de Pernambuco, da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e do Currículo Municipal. 

A prova foi elaborada com a colaboração dos professores: Edgar Severino dos Santos, Gilberto Jorge de  Matos , Fernando Borges , Elizabeth Pedrosa, Daiane Lopes, Renê Cabral Henriques Neto, Ana Paula Gomes, Jussara Moura, Eraldo Leal, Jamille Santana, José Carlos Martins, Geisiane M. Silva e Maria Izabelly Gomes. Correção final Elizabeth Pedrosa. Digitação Ellen Américo, Edgar Filho, Pollyana Vallença.

A 1ª Olimpíada Olímpiada Bonjardinense de História, Cultura e Patrimônio, foi 100% patrocinada pelo Museu de Bom Jardim e fez parte do Calendário da Semana Nacional de Museus.

Os estudantes receberão certificado de participação com a chancela do Museu de Bom Jardim, Escolas e do IBRAM, como também,  poderão, conforme entendimento e autonomia dos professores de cada escola envolvida, fazer constar como uma AT (atividade) pontuada  para ajudar na composição da nota neste segundo bimestre letivo.

O Museu de Bom Jardim agradece o apoio e participação de todos estudantes, professores, coordenadores escolares, gestores, aplicadores dos testes nas escolas, equipe técnica do Museu de Bom Jardim e colaboradores.




Professor Edgar Bom Jardim - PE

Bolsonarista criticou Angela Davis e Djamila Ribeiro e se deu mal. Assista o vídeo em LEIA MAIS





Foto: Djeneba Aduayom for TIME

A filósofa e ativista Angela Yvonne Davis, conhecida por sua luta anticapitalista, antirracista e feminista, nasceu em 26 de janeiro de 1944 na cidade de Birmingham, Alabama, região Sul dos Estados Unidos. 







Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 20 de maio de 2024

O drama dos idosos nas inundações do Rio Grande do Sul: 'Parecem deixados de lado'


Nadir Fernandes, desabrigada da enchente em Porto Alegre

CRÉDITO,JOÃO DA MATA/BBC NEWS BRASIL

Legenda da foto,Nadir Fernandes, 78, só teve tempo de pegar um saco de remédios e algumas roupas antes de ser resgatada por um trator, em Porto Alegre


"Só peguei meus remédios e documentos. Perdi tudo".

É assim que Nadir Fernandes, de 78 anos, conta como foram os acelerados minutos que antecederam o seu resgate.

Ela era moradora do bairro Navegantes, um dos mais atingidos pelas inundações em Porto Alegre. Teve de ser retirada de casa com o uso de um trator.

Em meio à tensão da operação para retirá-la de casa, a pá mecânica do veículo machucou as pernas da aposentada que, agora, não consegue mais caminhar


A preocupação de Nadir com os remédios e a dificuldade em se locomover ilustram um lado pouco observado deste que é o maior desastre climático da história do Rio Grande do Sul: o impacto das inundações sobre a população idosa

O Rio Grande do Sul é o Estado com maior proporção de idosos: 14,1% dos moradores têm 65 anos ou mais, segundo o Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Rio de Janeiro ocupa a segunda posição, com 13,1% da população.

Sobre os resgates de idosos, autoridades do Rio Grande do Sul dizem que não há público específico nos salvamentos e que a prioridade é resgatar todos aqueles que estão em áreas de risco e que precisam de auxílio



"Independente da comorbidade, o resgate é realizado dentro da técnica, da maneira mais ágil possível", diz nota do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul.

Até a manhã de segunda-feira (20/5), foram confirmadas as mortes de 157 pessoas — além disso, 88 ainda estão desaparecidas.

A estimativa da Defesa Civil gaúcha é de que há cerca de 76 mil pessoas em abrigos e o total de afetados, em 463 municípios, é de 2,3 milhões de pessoas.

Um levantamento feito por entidades do Rio Grande do Sul, como a Universidade Lasalle e a Cruz Vermelha, estima que ao menos 202,5 mil idosos do Estado sofreram algum tipo de impacto com as chuvas dos últimos dias.

Informações pontuais sobre mortes nas fortes chuvas mostram idosos entre esses números. No entanto, a Defesa Civil diz que não apurou especificamente as idades das vítimas até o momento.

Uma psicóloga ouvida pela BBC News Brasil que atua em uma das centenas de abrigos espalhados pelo Estado afirma que falta estrutura adequada, tanto física quanto de recursos humanos, para lidar com os idosos em meio a esta crise.

Segundo ela, a maioria dos idosos resgatados e enviados a abrigos relatam problemas semelhantes: dificuldades de locomoção, baixa renda, solidão e doenças crônicas.

Procurado, o governo do Rio Grande do Sul disse que atua em conjunto com os municípios, incluindo uma parceira com a prefeitura de Porto Alegre.

À BBC News Brasil, a prefeitura de Porto Alegre informou que um primeiro abrigo destino exclusivamente ao público idoso foi aberto na sexta-feira (17/5).

Cuidado no resgate

O drama das inundações sobre os idosos fica evidente nas ações de resgate.

Voluntários ouvidos pela reportagem contaram sobre os cuidados necessários com as pessoas com mobilidade mais frágil.

"Eles têm dificuldades para subir nos botes, porque têm a força reduzida", diz o médico Daniel Che Barbosa Paiva, que está atuando como voluntário nos resgates.

Não é incomum, segundo os voluntários, que necessitem de aparato especial para serem resgatados, como o uso de pranchas de resgate.

"É preciso muito mais cuidado na retirada deles", diz o enfermeiro voluntário Alan Domiciano.

Outro ponto que chama a atenção dos voluntários é que alguns desses idosos não querem sair de suas residências, ainda que haja alertas do poder público para deixarem o local.

"Quem não saiu de casa é porque está resistente, mesmo com as chuvas. A pessoa pode querer ficar ali para proteger a casa, por medo de alguém invadir. Mas também é preciso entender a cabeça de um idoso que não quer sair da própria casa para ficar em um abrigo em que não conhece ninguém", diz Domiciano.

Entre as dificuldades, há os problemas crônicos de saúde dos idosos, como hipertensão e diabetes.

Isso leva a um cuidado extra, durante e após o resgate, principalmente em relação às medicações — já que alguns podem ter perdido seus remédios em meio às enchentes.

'50 anos morando no mesmo lugar'

Um colchão sobre o chão frio de um ginásio esportivo é a coisa mais parecida com uma casa que Nadir Fernandes tinha na tarde da última quarta-feira (15/05), quando conversou com a reportagem da BBC News Brasil.

Seus poucos pertences estavam amontoados ao redor do colchão onde ela passa o dia sentada ou deitada, já que não consegue mais caminhar sem a ajuda de voluntários.

Envolta em mantas para espantar o frio do início de inverno gaúcho, Nadir se emociona ao falar do seu resgate.

"Nunca que eu sonhei que a água fosse lá em casa. Eu me criei ali. Quase 50 anos morando no mesmo lugar e a água nunca tinha estado lá. Quando eu vi, a água estava me matando dentro de casa. Aí tiveram que me tirar de casa com uma patrola [trator]. Me machuquei e fiquei toda roxa", lembrou. "Estou muito triste, moço."

Paulo Roberto Gonçalves, vítima da chuva no RS

CRÉDITO,JOÃO DA MATA/BBC NEWS BRASIL

Legenda da foto,Paulo Roberto ficou com medo de morrer quando sentiu câimbra ao tentar sair de casa em meio à enchente

O tom emocionado também está presente no relato de Paulo Roberto Gonçalves, de 70 anos.

O aposentado vivia em uma casa na Vila Farrapos, área do bairro de mesmo nome às margens do lago Guaíba.

A região foi uma das que mais sofreram com as inundações na capital gaúcha.

Ele conta que relutou em acreditar que a água o obrigaria a sair do sobrado de dois pisos.

Com os meios que tinha, lutou contra a subida da água.

"Na minha casa foi assim: veio aquela imensidão de água que não te avisa. Vai subindo, vai subindo, como se fosse uma fonte que tinha estourado", contou.

"Eu via a água entrando pelo encanamento do tanque. Eu cheguei a colocar um pano debaixo da porta e disse: 'A água não vai passar'. Que nada. Quando desci as escadas, a água estava quase no meu joelho, dentro da cozinha", relatou.

Paulo contou que olhava pela janela e via a água invadindo as ruas, mas decidiu continuar em casa, no segundo andar de seu sobrado.

De tempos em tempos, ia à escada e podia ver os efeitos da inundação em sua residência — mantimentos estragados flutuando, caixa de som completamente submersa.

"Passei quatro dias comendo pão com ovo. Enquanto tinha pão", contou.

Foi só quando a comida e a luz acabaram que ele decidiu que era hora de tentar comprar mais mantimentos.

"Saí com a água na cintura para comprar uma vela e colocar carga no meu celular. Eu estava me segurando pela casa para ir devagarinho. A água estava na minha cintura. Tenho 1,85m e a água estava pela cintura, fedida e amarela", disse.

"Quando eu estava na metade do caminho, atravessando a rua, deu uma câimbra nessa perna [aponta para a perna direita]. Como é que eu ia atravessar se a água estava aqui [aponta para a cintura]? Veio uma outra pessoa e eu chamei: 'Me ajuda a ir ao supermercado'. A perna estava dura. Eu me emocionei um pouco porque se não saísse dali, ia deitar e ia morrer afogado", conta.

Ao chegar ao mercado, Gonçalves viu o local completamente invadido pelas águas. Ele ainda conseguiu voltar para casa, mas não ficou lá por muito tempo.

O susto com a perna paralisada o convenceu que era hora de ir.

Foi resgatado de bote e levado para um abrigo em uma escola católica no bairro Partenon, na zona leste de Porto Alegre.

Acolhimento e solidão

Nos abrigos improvisados montados às pressas em cidades como Porto Alegre após o auge das inundações, é comum encontrar famílias inteiras quase sempre compostas por casais jovens e crianças. Em meio à tragédia, eles tentam se apoiar como podem.

Mas não é essa a realidade de Nadir Fernandes e Paulo Roberto Gonçalves.

Como muitos dos idosos que a reportagem da BBC News Brasil encontrou nos abrigos da capital gaúcha, eles estavam sozinhos.

"Eu vivo sozinha. Eu tinha minha família toda. Os filhos se casaram, o meu marido faleceu e eu fico sozinha. Só eu e uma neta que morava comigo [...] Vim pra cá sozinha. Só eu", conta Nadir.

Ela disse que, desde que foi resgatada, não teve mais notícias de sua família.

"Não sei onde estão meus parentes, meus filhos", disse.

O relato de Gonçalves é parecido. Em sua casa, só viviam ele e, como ele diz, "seu amigo de quatro patas".

"Deixei meu amigo de quatro patas dentro de casa, que é meu gato. Deixei comida pra ele. E falei para ele o que eu sentia naquela hora: 'O pai vai te deixar comida'. Era um saco de ração que eu rasguei e deixei um bojo d’água. O apego que a gente tem pelos bichos é muito importante [...] é uma vidinha que está ali", contou.

"Ele dava aqueles 'mius' [miados] bem 'micha' [fracos] que é para mostrar que ele é carinhoso. Fiz um carinho e mostrei a comida para ele e disse: 'Eu tenho uma coisa pra te dizer. Olha bem pro pai aqui. Tu tem sete vidas. O pai só tem uma, tá?'", relembrou Gonçalves.

Paulo Roberto diz que chegou a fazer contato com sua família desde que foi resgatado, mas não mencionou por que não está com eles.

Outro problema relatado por voluntários são as doenças crônicas que muitos dos idosos têm e que criam desafios para a permanência deles em abrigos por períodos mais longos.

Paulo Roberto Gonçalves, por exemplo, precisa tomar medicamentos para controlar diabetes.

Nadir Fernandes contou que já teve dois infartos, e também precisa tomar remédios para controlar a pressão.

Francisco Leandro Dutra, de 90 anos, que está no mesmo abrigo de Nadir, precisa de remédios diuréticos todos os dias devido a problemas cardíacos.

Ele contou à BBC News Brasil que precisa ir várias vezes ao banheiro. A tarefa, no entanto, é especialmente difícil durante à noite, quando poucas luzes no ginásio ficam acesas.

Uma alternativa dada pelos voluntários foi uma cuba de plástico improvisada para que ele pudesse urinar no equipamento sem ter que se levantar.

"Fiz uma cirurgia do coração há dois ou três anos e tomo diuréticos. Seguidamente eu tenho que sair pra ir ao banheiro. Eles vieram e me deram um recipiente para não ter que ir ao banheiro."

'Parecem deixados de lado'

A psicóloga voluntária Clarisse Job

CRÉDITO,JOÃO DA MATA/BBC NEWS BRASIL

Legenda da foto,A psicóloga voluntária Clarisse Job diz que idosos em abrigos chegam 'perdidos' e têm dificuldade de pensar sobre o futuro

A psicóloga Clarisse Job, que atua como voluntária no abrigo onde estava Paulo Roberto, disse à BBC News Brasil que o perfil dos idosos afetados pelas inundações é parecido.

"Muitos chegam sozinhos, sem a companhia de familiares, como filhos. Às vezes, os companheiros já faleceram. A gente percebe que eles são um público mais fragilizado emocionalmente porque muitos perderam tudo o que construíram", disse à BBC News Brasil.

Ela menciona um idoso que chegou ao abrigo onde ela atuava como voluntária e que ajudou a dar a dimensão do drama vivido por esse público. O homem havia sido resgatado e estava dando entrada no abrigo quando foi abordado por ela.

"Quando cheguei para conversar com ele, ele me disse: 'Estou bem. Estou muito bem. Já perdi a coisa mais importante da minha vida'. Era a esposa dele, que tinha falecido havia um ano mais ou menos", disse.

A psicóloga disse que muitos chegam aos abrigos precisando de alguém para ouvi-los. "Às vezes, eles precisam desabafar. Precisam ter alguém para escutá-los."

Segundo ela, o impacto das inundações para o público idoso pode ser diferente do que ocorre com pessoas mais jovens.

"Para muitos, significa perder tudo o que eles construíram, todas as lembranças, as histórias que ficavam representadas nos objetos que eles tinham em casa, nas fotografias, num quadro na parede", disse a psicóloga à BBC News Brasil.

Isso, em parte, explica o relato de voluntários sobre as dificuldades em convencer idosos a deixarem suas casas.

"Percebi que é mais difícil conversar e convencer os idosos a mudarem de opinião e entenderem que a situação pode piorar, que há mais previsão de chuva e que é melhor deixar a casa. É muito mais fácil convencer os jovens a deixarem o local", disse o médico Daniel Che Barbosa Paiva.

A psicóloga diz que a velocidade com que as inundações destroem muito daquilo que essas pessoas conheciam como suas vidas cotidianas faz com que eles cheguem aos abrigos "perdidos" e inseguros sobre o futuro.

"Eles estão muito voltados para o presente. Não sabem como vai ser o futuro ou quanto tempo vão ter (de vida). Eles chegam (aos abrigos) muito perdidos, sem aquela referência do passado e, muitas vezes, sem saber como é que vai ser o futuro", disse a psicóloga.

Clarisse Job disse que não vê, pelo menos até agora, nenhuma política específica adotada pelo poder público para acolher os idosos considerando a especificidade dessa população.

"Não percebo (uma estrutura específica). Não vejo nenhuma política pública voltada para os idosos [...] eles parecem meio deixados de lado", afirmou a psicóloga.

Abrigo exclusivo em Porto Alegre

Homem em abrigo de Porto Alegre

CRÉDITO,JOÃO DA MATA/BBC NEWS BRASIL

Legenda da foto,Aos 90 anos, Francisco Leandro Dutra está sozinho em um abrigo após sua casa ter sido inundada em Porto Alegre

As informações extraoficiais apontam que há idosos desabrigados e em condição de abrigamento em praticamente todos os municípios afetados pelas chuvas no Rio Grande do Sul.

A maior parte dos abrigos em funcionamento neste momento é composta por instalações voluntárias, como os que receberam Nadir e Paulo Roberto.

Em Porto Alegre, o secretário municipal de Inovação e responsável por uma central que dá suporte aos abrigos localizados na capital gaúcha, Luiz Carlos Pinto, disse que, nos primeiros dias da tragédia, o foco foi oferecer abrigamento a todas as vítimas e não a segmentos específicos.

"Na primeira semana, a gente trabalhou muito para abrigar todo mundo, e só depois é que começamos a fazer alguns abrigos especializados [...] Ontem [quinta-feira] é que conseguimos uma instalação [na sexta-feira] para o nosso primeiro abrigo exclusivo para idosos", afirmou o secretário.

Ele disse que nesse abrigo haverá serviços e voluntários especializados em atuar com o público idoso.

Temor sobre o retorno

Clarisse Job disse que a situação dos idosos em abrigos inspira cuidados, mas que o retorno deles às suas casas após as inundações também precisa de atenção.

Ela explica que, por pior que a experiência do desalojamento possa ser, muitos idosos passaram a ter companhia nos abrigos, saindo da solidão em que alguns viviam anteriormente.

O retorno para casas destruídas em um momento tão difícil pode representar um desafio adicional.

"É um momento que a gente se preocupa mais. Muitas vezes, ao retornar, eles talvez não tenham a companhia de algum profissional ou de um voluntário. Esse pode ser um dos momentos mais delicados", disse.

Nadir Fernandes diz estar preocupada com o regresso.

"Eu já estava descansando a vida, mas agora isso aconteceu. Não deu certo. Perdi tudo. A assistente social veio aqui e a gente escreveu tudo o que eu perdi: fogão, cama, roupas. Só fiquei com uma saia e umas roupas que ainda me roubaram", disse.

Sobre o retorno à casa onde vivia, Paulo Roberto Gonçalves disse: "Vai ser uma tristeza".

Ao mesmo tempo, os dois relatam doses de otimismo.

"Por um lado, eu me sinto muito triste porque não sei onde estão meus parentes, meus filhos. Mas, por outro lado, eu me sinto contente por ter me salvado", disse Nadir.

Paulo Roberto pensa no seu gato Chico e esboça uma reação positiva.

"A vida é bela para quem sabe curtir. Tu pode ser duro com o próximo, mas tu tem que ter calma contigo mesmo e saber o que se quer da vida. Tem que olhar pra frente", disse.

*Colaborou Felipe Souza, da BBC News Brasil


Fonte: BBC 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 18 de maio de 2024

Eurekinha no Museu de Bom Jardim: estudantes confeccionam, apresentam maquetes sobre fósseis e pinturas rupestres da pré-história de Bom Jardim




Assista o vídeo , acesse o link, escreva-se no canal do Museu de Bom Jardim no YouTube

MUSEU DE BOM JARDIM| 22ª SEMANA NACIONAL DE MUSEUS: MUSEUS EDUCAÇÃO E PESQUISA | EUREKINHA Neste vídeo vamos ficar por dentro de alguns momentos da Programação do Museu de Bom Jardim Pernambuco, na 22ª Semana Nacional de Museus. Este vídeo tem fins educacionais, promove arte, cultura, ciência e memória social A Semana Nacional de Museus é uma temporada cultural coordenada pelo Ibram que acontece todo ano em comemoração ao Dia Internacional dos Museus (18 de maio). O Museu de Bom Jardim articula junto a comunidade escolar uma programação inclusiva com a participação de estudantes, professores, escolas públicas da rede municipal, rede estadual e particular do município do Bom Jardim - PE. Eurekinha reúne diversas ideias, ações e projetos que oportunizam pesquisa, experimentos, criações e brincadeiras que valorizam o saber científico, artístico e cultural de forma prática. A Exposição "A pré-história presente nos pontos turísticos e sítios arqueológicos de Bom Jardim realizado por crianças da escola Dr. Moacir Breno, é um bom exemplo da beleza da educação. O Museu de Bom Jardim, neste ano de 2024, promove exposições de artes integradas, oficinas, produção de vídeos, roda de diálogos e a 1ª OLIMPÍADA BONJARDINENSE DE HISTÓRIA, CULTURA E PATRIMÔNIO para estudantes do ensino médio, Feira de Arte, Oficina Cores que transformam com a artista Whittney de Araújo, vencedora de Prêmio Internacional de Artes sobre Diversidade. Este vídeo produzido por Museu de Bom Jardim Pernambuco, tem fins educacionais. Os protagonistas que participam deste vídeo tiveram autorização de seus pais e da comunidade escolar Dr. Moacir Breno Souto Maior. Classificação: Livre. Imagens reais, captadas no interior do Museu de Bom Jardim. O Museu de Bom Jardim é uma instituição comunitária, não cobra ingressos para o acesso do público de qualquer idade. Imagens e Edição: Akires Sabino. Produção Cultural / Idealização: Edgar Santos (Museu de Bom Jardim) Participação Especial: Professora Daiane Lopes da Silva / Virginia Arruda/ Edgar Filho/ Ellen Américo/ Pollyanna Vallença, Ana C. Lima, Estudantes da Escola Dr. Moacir Breno Souto Maior. TRILHA SONORA - DIVULGAÇÃO Música Happy Upbeat - Children's Music - DIVULGAÇÃO O Casamento da raposa - Nicolas Krassik - DIVULGAÇÃO O Trem de Bom Jardim - Bráulio de Castro · Canta Ed Carlos - DIVULGAÇÃO Small Guitar - Bensound - DIVULGAÇÃO Toré - Quinteto Armorial DIVULGAÇÃO IMAGEM DA CAPA - "Reunião com Jesus" (Acervo Museu de Bom Jardim) Autor: Edgar Severino dos Santos - Pintor: Sandro Roberto Leite Bom Jardim, Pernambuco, 18 maio de 2024
Professor Edgar Bom Jardim - PE