domingo, 9 de agosto de 2020

1,5 milhão de crianças sem creches e 11 milhões de analfabetos: os desafios urgentes para o Brasil 'passar de ano' na educação


Pessoa escrevendoDireito de imagemMARCOS SANTOS/USP IMAGENS
Image captionErradicar analfabetismo absoluto e funcional é um desafio

Alguns dias antes da posse do novo ministro da Educação, Milton Ribeiro, em 16 de julho, um relatório oficial voltou a jogar luz sobre os desafios das escolas brasileiras para atingir patamares adequados de inclusão e de ensino de qualidade — desde um significativo déficit de vagas na educação infantil até a dificuldade em manter os adolescentes na escola e com alto nível de aprendizagem.

Esses desafios constam do Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado em lei em 2014 pelo Congresso e que estabelece um conjunto de 20 metas e submetas para o ensino no Brasil, a serem cumpridas entre 2015 e 2024. Essas metas abrangem, por exemplo, a universalização do ensino, a erradicação do analfabetismo e valorização da carreira de professores.

As metas são monitoradas por 57 indicadores. Deles, apenas 7 (ou 13,4%) foram cumpridos até agora, segundo o relatório do governo. Em 41 indicadores (ou 73% do total), passou-se da metade do patamar previsto pela meta (veja mais detalhes abaixo), segundo um relatório de monitoramento divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep), autarquia ligada ao Ministério da Educação, no início de julho.

Segundo o Inep, o "nível médio de alcance das metas está em 76,22%".

"Reconhecer esses números é rejeitar a compreensão simplista que afirma que 'tudo vai mal na educação brasileira'; é reconhecer o esforço coletivo dos profissionais da educação que, mesmo que enfrentem adversidades, apostam na escola como o local da esperança e da transformação nacional", diz o relatório do Inep, destacando, porém, que "os resultados estão bastante aquém daqueles que desejamos para a educação nacional".


Para a Campanha Nacional Pelo Direito à Educação, entidade que também monitora em relatório o avanço do PNE, os números até agora apontam para um "descumprimento quase total da lei".

"No ritmo que se tem avançado, cerca de 85% dos dispositivos (indicadores) das metas do PNE não serão cumpridos até o prazo de 2024", critica a organização em nota, em junho, acrescentando que, em alguns pontos, há estagnação ou mesmo retrocesso.

Embora o ritmo lento venha desde antes do governo atual e alguns problemas sejam de longa data, críticos afirmam que, sob Jair Bolsonaro — que tem em Milton Ribeiro seu quarto ministro da Educação em um ano e meio de mandato —, o ministério vive um cenário de paralisia, com poucos projetos voltados aos problemas-chave do ensino e com baixa capacidade de execução.

Posse do novo ministro, Milton RibeiroDireito de imagemMEC
Image captionPosse do novo ministro, Milton Ribeiro, o quarto a comandar o MEC no governo Bolsonaro

Em entrevista coletiva sobre o relatório, o presidente do Inep, Alexandre Lopes, disse que o cumprimento das metas do PNE exigirá também o esforço de Estados, municípios e universidades, e citou a crise financeira do país. "O MEC (Ministério da Educação) se enfraquece um pouco diante da questão fiscal que o Brasil vive", afirmou.

A BBC News Brasil destaca, a seguir, alguns dos principais gargalos apontados pelo relatório do governo, que desafiam as políticas públicas do país:

Mais crianças nas creches e pré-escolas

A fila de espera por creches nas cidades do país ilustram um desafio nacional: ainda é preciso incluir 1,5 milhão de crianças de zero a três anos em creches até 2024. É o que prevê a Meta 1 do Plano Nacional de Educação.

Em 2018, segundo o relatório do Inep, o Brasil conseguiu ofertar vagas para 35,7% das crianças nessa faixa etária (ou 3,8 milhões), e o objetivo é chegar até 50%.

Esse acesso também é bastante desigual entre as crianças mais vulneráveis e as que vivem em famílias com boas condições financeiras: "A diferença no acesso (a creches) entre as crianças 20% mais ricas e as 20% mais pobres é de 25 pontos percentuais", explica à BBC News Brasil Anna Helena Altenfelder, diretora-executiva do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec).

A meta 1 do PNE também previa que todas as crianças de 4 e 5 anos estivessem matriculadas na pré-escola até 2016 — o que não aconteceu até hoje. Ainda faltam vagas para estimadas 330 mil crianças, segundo dados de 2018.

"Também não podemos perder de vista a necessidade de garantir a qualidade do ensino para todas as crianças da educação infantil", aponta o Observatório do PNE, feito pelo movimento Todos Pela Educação. Alguns especialistas apontam que, para crianças pequenas, uma creche de má qualidade (sem estímulos e cuidados adequados) pode ser ainda pior para o desenvolvimento social e cerebral do que não estar na creche.

Em contrapartida, oferecer mais vagas em instituições públicas de qualidade pode ajudar as crianças pequenas a desenvolver habilidades e funções cognitivas úteis ao longo de toda a vida.

Creche na zona leste de SP, em foto de arquivoDireito de imagemLEON RODRIGUES/SECOM
Image captionEm 2018, o Brasil conseguiu ofertar vagas para 35,7% das crianças de zero a 3 anos, e o objetivo é chegar até 50%; acima, creche na zona leste paulistana, em foto de arquivo

São, também, consideradas um passo importante para permitir o acesso de mães ao mercado de trabalho.

A persistência do analfabetismo  absoluto e funcional

O Brasil conseguiu praticamente alcançar, em 2019, uma meta que estava prevista para quatro anos antes: alfabetizar 93,5% de sua população com mais de 15 anos. Mas, na prática, ainda faltam 11 milhões de brasileiros a serem alfabetizados até 2024 — um contingente equivalente à toda a população do Estado do Paraná.

E se o analfabetismo absoluto persiste, o analfabetismo funcional é ainda mais abrangente.

Ser analfabeto funcional significa ser capaz de ler e escrever, mas ter dificuldade em entender e interpretar textos, em identificar ironias ou sutilezas nesses textos e em fazer operações matemáticas simples em situações cotidianas.

A Meta 9 do PNE é de reduzir o índice de analfabetismo funcional pela metade nos próximos quatro anos. Como base, o Inep usa os dados de uma pesquisa do IBGE, que apontava 18,5% de analfabetismo funcional na população em 2012. O objetivo, portanto, é baixar esse índice para 9,2% até 2024.

Mas alguns outros indicadores apontam que esse problema pode ser ainda mais amplo: segundo o Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf) de 2018, praticamente 30% da população entre 15 e 64 anos tinha essa dificuldade em leitura e compreensão.

No que diz respeito às crianças pequenas, a meta é garantir até 2024 que todas estejam alfabetizadas, no máximo, até o final da terceira série do ensino fundamental, por volta dos 8 anos de idade.

Os dados mais recentes da Avaliação Nacional de Alfabetização, de 2016, apontam que apenas 45,3% das crianças nessa etapa tinham aprendizagem adequada em leitura, 66,1% em escrita e 45,5% em matemática.

O Ministério da Educação, sob o governo Bolsonaro, lançou no início do ano o programa Tempo de Aprender, que prevê ações de incentivo à alfabetização para as redes estaduais e municipais que aderirem. O MEC afirma que 3.231 municípios e Estados aderiram ao programa até maio.

Mas Altenfelder, do Cenpec, afirma que o programa não pode ser considerado uma política pública. "É um programa com algumas diretrizes feito em total falta de diálogo com os municípios e com a produção acadêmica nacional (sobre os processos de alfabetização)", diz.

sala de aulaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionBrasil ainda se mantém distante das metas de manter jovens na escola e nas séries corretas para suas idades

Muitos jovens fora da escola ou atrasados no ensino

A cada 100 crianças brasileiras que entram no ensino fundamental, apenas 65 concluem os estudos, explica Ricardo Henriques, superintendente-executivo do Instituto Unibanco. "Os que terminam já são sobreviventes", diz ele.

Ou seja, ao longo dos 12 anos da educação básica, muitos alunos ficam pelo caminho — ou porque não conseguem acompanhar as aulas, porque perdem o interesse na escola ou porque precisam trabalhar, por exemplo.

O custo anual da evasão escolar é de R$ 214 bilhões, ou 3% do PIB (Produto Interno Bruto), por conta do impacto do abandono nas possibilidades de emprego, renda e retorno para a sociedade das pessoas que não concluem a educação básica, segundo cálculos do economista Ricardo Paes de Barros.

Especialistas temem que esse quadro de evasão escolar se agrave com a atual pandemia.

Algumas metas do PNE se referem justamente a manter os jovens por mais tempo na escola e para concluir as etapas da educação na idade certa, por exemplo:

- Garantir que, até 2024, 95% dos alunos concluam o ensino fundamental até os 16 anos (por enquanto, esse índice é de 75,8%, segundo dados de 2018).

- Matricular todos os jovens de 15 a 17 anos na escola até 2016 (meta que já foi descumprida, uma vez que, segundo os dados mais recentes, 8,5% desses jovens ainda estão fora da escola).

- Elevar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos, para que todos tenham completado 12 anos de educação formal até 2024. A meta prevê também reduzir as diferenças entre população rural e urbana, entre negros e não negros, e aumentar o tempo de escolaridade no Nordeste do Brasil (que tem os menores índices do país).

Até 2015, porém, segundo o Observatório do PNE, a escolaridade média da população do campo era de 8,3 anos; a da população do Nordeste, de 9,3 anos e a dos negros, 9,5 anos (contra 10,8 anos da média da população branca).

- Garantir que, até os próximos quatro anos, 85% dos jovens estejam no ensino médio, ou seja, nas séries corretas para a sua idade. Ainda estamos longe disso: apenas 68,7% dos adolescentes dessa idade cursavam o ensino médio até 2018.

O desafio, segundo o Observatório do PNE, é "tornar o ensino médio mais atrativo, com a diversificação do currículo, (...) introduzir uma melhor qualidade e equidade e reduzir as taxas de evasão na etapa".

Também é um desafio colocar em prática a Base Nacional Comum Curricular do ensino médio — um conjunto de diretrizes para essa etapa que ainda não se traduziu em ações práticas nas escolas. Nesta semana, São Paulo anunciou ser o primeiro Estado ter formulado um currículo para o ensino médio tendo a base como referência, para começar a ser implementado em 2021.

Pessoas andando na av PaulistaDireito de imagemROBERTO PARIZOTTI/FOTOSPUBLICAS
Image captionPopulação branca tem, em média, mais de um ano a mais de escolaridade em relação aos negros

No geral, diz o relatório do Inep, "as questões mais preocupantes em relação à educação brasileira continuam sendo o baixo nível de aprendizado dos alunos, as grandes desigualdades e a trajetória escolar irregular, que ainda atinge porção significativa dos estudantes das escolas públicas brasileiras".

Mais dinheiro para a educação pública

A meta final do PNE determinava aumentar o investimento público na educação, para alcançar 7% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro até 2019 e 10% até 2024.

"No entanto, os resultados observados de relativa estagnação dos gastos em torno de 5% e 5,5% do PIB, com indicativo de pequena queda, apontam grande desafio para o atingimento das metas intermediária e final", diz o relatório do governo.

Neste mês, a Câmara dos Deputados aprovou a proposta de emenda constitucional do novo Fundeb, fundo que financia a educação básica. O texto aprovado prevê mudanças nos aportes públicos à educação que, segundo especialistas, podem aumentar o montante investido nas escolas e garantir que mais municípios pobres recebam recursos.

A proposta, agora, tramita no Senado.

O Plano Nacional de Educação tem muitas outras metas. Por exemplo, aumentar a oferta de escolas em tempo integral; melhorar a formação e equiparar o salário médio de professores da rede pública aos profissionais com o mesmo nível de escolaridade (em 2015, os docentes ganhavam apenas 52,5% do salário médio das pessoas com escolaridade semelhante); triplicar as matrículas na educação profissional e aumentá-las no ensino superior; entre outras.

Muitas delas ainda permanecem distantes de seu cumprimento, e muitos especialistas da educação pedem mais protagonismo do MEC no esforço para alcançá-las.

"Neste ano e meio (de governo Bolsonaro) infelizmente não vimos nada (em iniciativas) de implementação ou acompanhamento das metas do PNE", diz Altenfender, do Cenpec.

Criança estudandoDireito de imagemRAUL SANTANA/FIOCRUZ
Image captionBrasil conseguiu superar a meta prevista para índice de aprendizado de das crianças da 1ª à 5ª série

Onde o Brasil avançou

Alguns pontos em que o Brasil avançou, em contrapartida, são o aumento da nota média das crianças da 1ª à 5ª série (a nota média de 5,7, almejada para 2019, foi ultrapassada ainda em 2017), embora preocupe o fato de que, depois da quinta série, o desempenho dos alunos comece a cair.

No ensino superior, o Brasil bateu a meta de ter mais de 75% dos professores de educação superior com cursos de mestrado ou doutorado e também já tem, desde 2017, mais de 60 mil pessoas com títulos de mestrado (outra meta do PNE).

Outro avanço é que 98% das crianças brasileiras de 6 a 14 anos estão matriculadas no ensino fundamental — perto de universalizar o acesso, esperado para 2024. O problema é que esses 2% restantes fora da escola "são, na maioria, famílias mais pobres, negras, indígenas e com deficiência", exigindo políticas públicas específicas para garantir que elas de fato consigam estudar, diz o Observatório do PNE.

Para Anna Helena Altenfelder, apesar dos enormes desafios restantes, é um erro achar o Plano Nacional de Educação "inexequível".

"O plano não é uma utopia", diz ela. "Ele tem uma força grande pela forma como foi construído (aprovado pelo Legislativo), de modo participativo, e por ser um parâmetro de referência para secretários de Educação estaduais e municipais. Ele é a síntese das aspirações do Brasil para a educação."

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Socorro canto: Poema de domingo




Neste Domingo de agosto
Uma homenagem se faz
Muito justa e merecida
Aos nossos queridos Pais

São  eles que logo cedo
Saem para trabalhar
Pensando em sua família 
E no sustento do lar 

Ser Pai é  o maior presente
Que Deus ao homem oferece
Não  existe bênção  maior
O amor em forma de prece

Ser Pai é ser confidente
Dar a seu filho atenção 
E partilhar sorridente
Segredos do coração 

A maior riqueza que um Pai
Ao filho pode deixar 
É  um exemplo de vida
Que ele possa se orgulhar

Quanto arrependimento
Há  no coração  dos Pais
Que abandonaram seus filhos
E agora não  os têm  mais

Deus que é PAI e Senhor
E nos ama cada vez mais
Abençoa ,  nossas famílias 
Abençoa  todos os Pais !

       .  Socorro Canto

Professor Edgar Bom Jardim - PE

RESULTADO DA ENQUETE PARA VICE-PREFEITO DO PRÉ-CANDIDATO MIGUEL BARBOSA

ENQUETE

1-Pré-candidatos a prefeito fazem movimentações políticas por todo município de Bom Jardim. O BlogProfessorEdgarBomJardim quer ouvir sua opinião sobre quem deveria ser o CANDIDATO A VICE-PREFEITO IDEAL para compor a futura candidatura do Prefeito Miguel Barbosa(PP).Qual dos nomes abaixo seria o melhor vice-prefeito:

De acordo com a preferência dos participantes da enquete tivemos o seguinte  resultado:

Jéssica Kelly: 83,3%

André do Conselho: 12,5%

Tuqinha do Posto: 4,2%  

Mano de Etiene não recebeu votos na enquete.

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Professor Edgar Bom Jardim - PE

RESULTADO DA ENQUETE PARA VICE-PREFEITO DO PRÉ-CANDIDATO JOÃO LIRA

ENQUETE

1-Pré-candidatos a prefeito fazem movimentações políticas por todo município de Bom Jardim. O BlogProfessorEdgarBomJardim quer ouvir sua opinião sobre quem deveria ser o CANDIDATO A VICE-PREFEITO IDEAL para compor a futura candidatura do Prefeito João Lira (PSD).Qual dos nomes abaixo seria o melhor vice-prefeito:

De acordo com a preferência dos participantes da enquete tivemos o seguinte  resultado:

Ivonete Ivo: 55,6%

Adeildo do Toyota: 33,3%

Lúcio Mário Cabral: 11,1%  

Donato Ferreira não recebeu votos na enquete.


Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 8 de agosto de 2020

RESULTADO DA ENQUETE PARA VICE-PREFEITO DO PRÉ-CANDIDATO JOTINHA DA FUNERÁRIA



ENQUETE

1-Pré-candidatos a prefeito fazem movimentações políticas por todo município de Bom Jardim. O BlogProfessorEdgarBomJardim quer ouvir sua opinião sobre quem deveria ser o CANDIDATO A VICE-PREFEITO IDEAL para compor a futura candidatura do Prefeito José Gomes-Jotinha da Funerária (PRTB).Qual dos nomes abaixo seria o melhor vice-prefeito:

De acordo com a preferência dos participantes da enquete tivemos o seguinte resultado :

Cidinho Jacson Lucena 50%

Edison Ribeiro - o cantor 33,33%

Pedro Zetti 16,7%


Professor Edgar Bom Jardim - PE

Resultado da Enquete para vice-prefeito do pré-candidato Janjão


1-Pré-candidatos a prefeito fazem movimentações políticas por todo município de Bom Jardim. O BlogProfessorEdgarBomJardim quer ouvir sua opinião sobre quem deveria ser o CANDIDATO A VICE-PREFEITO IDEAL para compor a futura candidatura do Prefeito João Neto - Janjão (PL).Qual dos nomes abaixo seria o melhor vice-prefeito.

De acordo com a preferência dos participantes da enquete tivemos o seguinte resultado :

83,3% Padre Valentin
16,7% Rufino Filho

*Bruno Araújo e Professora Rozângela Alves  não receberam votos.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Guerra da Coreia: filhas lutam pelo reconhecimento dos pais que nunca voltaram para casa



Lee testemunho execução de seu pai e de seu irmão
Image caption50 mil prisioneiros sul-coreanos foram mantidos no norte ao fim da Guerra da Coreia (1950-1953)

Não importa o quanto tente, Lee não consegue se lembrar do que aconteceu depois que três tiros foram disparados pelos homens que mataram seu pai e irmão. Foi há três décadas, quando ela tinha por volta de 30 anos.

Mas Lee se lembra do que aconteceu pouco antes. Agentes de segurança a arrastaram para um estádio em uma vila remota na Coreia do Norte chamada Aoji. Ali, ela foi forçada a sentar-se sob uma ponte de madeira, esperando que algo — ela não sabia o quê — acontecesse.

Uma multidão se aglomerou em volta do local até que um caminhão parou. Duas pessoas foram escoltadas para fora do veículo. Eram o pai e o irmão dela.

"Eles os amarraram aos postes, chamando-os de traidores da nação, espiões e reacionários", disse Lee à BBC em entrevista recentemente. Esse é o momento em que sua memória falha. "Acho que estava gritando", disse ela. "Deslocaram minha mandíbula. Um vizinho me levou para casa para colocá-la de volta no lugar."

Refugiados coreanos a bordo de um trem em uma estação na cidade de Daegu, no sul da Coreia do Sul, durante a Guerra da Coreia, em 29 de dezembro de 1950Direito de imagemICRC / HANDOUT
Image captionMuitas famílias se separaram como resultado da Guerra da Coreia, que não está tecnicamente acabada

Os prisioneiros esquecidos

O pai de Lee era um dos cerca de 50 mil ex-prisioneiros de guerra que foram mantidos no norte no fim da guerra da Coreia (1950-1953).

Os ex-prisioneiros foram reagrupados contra sua vontade em unidades do Exército norte-coreano e forçados a trabalhar em projetos de reconstrução ou em mineração pelo resto de suas vidas.

Quando o armistício foi assinado, em 27 de julho de 1953, os soldados sul-coreanos pensaram que em breve haveria uma troca de prisioneiros e eles seriam enviados de volta para casa. Mas apenas um pequeno grupo foi liberado.

Logo, esses homens foram esquecidos pela Coreia do Sul. Nos últimos anos, três presidentes sul-coreanos se reuniram com líderes norte-coreanos, mas os prisioneiros de guerra nunca estiveram na pauta de discussão.

Presidente sul-coreano Syngman RheeDireito de imagemAFP
Image captionPresidente sul-coreano Syngman Rhee libertou unilateralmente soldados norte-coreanos

No Norte, a família de Lee era vista como pária. Seu pai nasceu no sul e lutou ao lado das forças da ONU na Guerra da Coreia, contra o Norte.

'Filha de um herói'

O baixo status social da família os relegou a empregos árduos e perspectivas sombrias. O pai e o irmão de Lee trabalhavam em minas de carvão, onde acidentes fatais eram comuns.

O pai de Lee tinha o sonho de voltar para casa um dia, quando o país se reunificasse. Depois do trabalho, ele contava aos filhos histórias de sua juventude. Às vezes, os incentivava a fugir para o Sul. "Haverá uma medalha para mim, e você será tratada como filha de um herói", dizia ele.

Mas o irmão de Lee, enquanto bebia com os amigos um dia, deixou escapar as declarações de seu pai. Um de seus amigos fez uma denúncia às autoridades. Em questão de meses, o pai e o irmão de Lee estavam mortos.

Em 2004, Lee conseguiu desertar para a Coreia do Sul. Foi então que ela percebeu o erro do pai — o país dele não o via como um herói. Pouco havia sido feito para ajudar os velhos prisioneiros de guerra a voltarem para casa.

Choi repreendeu seu pai depois de ser rejeitada para estudar em uma universidade
Image captionSoldados sul-coreanos mantidos na Coreia do Norte foram obrigados a realizar trabalhos forçados

Os soldados mantidos na Coreia do Norte sofreram. Eram vistos como inimigos, homens que haviam lutado em um "exército de marionetes", e designados para o escalão mais baixo da estrutura social norte-coreana, o "songbun".

Como esse status era hereditário, seus filhos não tinham permissão para receber educação superior nem a liberdade de escolher sua ocupação.

Son levou os restos mortais de seu pai da Coreia do Norte para a Coreia do Sul
Image captionSon levou os restos mortais de seu pai da Coreia do Norte para a Coreia do Sul

Foi o caso de Choi, que era uma estudante brilhante, mas alimentava um sonho de ir para uma universidade, por causa do status de seu pai. Certa vez, gritou para o pai: "Sua escória reacionária! Por que você não volta para o seu país?"

Seu pai não reagiu, mas disse-lhe com resignação que seu país natal era fraco demais para repatriá-los. Oito anos atrás, Choi abandonou sua família e fugiu para o Sul.

"Meu pai queria vir aqui", disse ela. "Queria chegar ao lugar que a pessoa que eu mais amava em toda a minha vida queria, mas nunca consegui. Foi por isso que abandonei meu filho, minha filha e meu marido."

O pai de Choi agora está morto. E, na Coreia do Sul, no papel, ela não tem pai, porque documentos oficiais dizem que ele morreu em combate durante a guerra.

Trazendo os ossos do meu pai para casa

Son Myeong-hwa ainda se lembra claramente das últimas palavras de seu pai no leito de morte, há quase 40 anos: "Se você for para o Sul, precisará carregar meus ossos e me enterrar onde nasci".

O pai de Son era um soldado sul-coreano natural de Gimhae. No Norte, ele foi forçado a trabalhar em minas de carvão e em uma fábrica de madeira por décadas e só foi autorizado a voltar para casa dez dias antes de morrer de câncer.

Ele disse a Son: "É tão amargo morrer aqui sem nunca mais ver meus pais. Não seria bom ser enterrado lá (na Coreia do Sul)?"

Son desertou em 2005. Mas levou oito anos para retirar os restos mortais do pai da Coreia do Norte. Ela pediu a seus irmãos que os desenterrassem e os levassem a um intermediador na China. Foram necessárias três malas. Dois amigos de Son a ajudaram, mas foi ela quem carregou o crânio de seu pai.

Son Myeong-hwa protestou por mais de um ano pelo reconhecimento do status de seu paiDireito de imagemSON MYEONG-HWA
Image captionSon Myeong-hwa protestou por mais de um ano pelo reconhecimento do status de seu pai

Son protestou por mais de um ano pelo reconhecimento do status de seu pai como um soldado e, eventualmente, conseguiu enterrar seus restos mortais no cemitério nacional em 2015.

"Finalmente, cumpri meu dever como filha", diz. "Mas me dói o coração quando penso nele tendo dado seu último suspiro lá."

Son descobriu depois que a família pagou um preço terrível pelo enterro. Seus irmãos foram enviados para campos de prisioneiros.

Ela agora dirige a Associação da Família dos Prisioneiros de Guerra da Guerra da Coreia, um grupo que luta por um tratamento melhor a aproximadamente 110 famílias de soldados sul-coreanos que nunca voltaram para casa.

Por meio de um teste de DNA, Son conseguiu provar seu laço de parentesco, o que é essencial para reivindicar os salários não pagos dele pela Coreia do Sul.

Mesmo que consigam fugir para o Sul, os filhos de prisioneiros de guerra não são oficialmente reconhecidos e muitos prisioneiros não repatriados foram considerados mortos, ou dispensados durante a guerra, ou simplesmente desaparecidos.

Presidente sul-coreano Moon Jae-in saúda caixões contendo restos de soldados sul-coreanos mortos durante a Guerra da Coreia durante uma cerimônia comemorativa do 70º aniversário da Guerra da Coreia na Base Aérea de Seul em Seongnam, Coreia do Sul, 25 de junho de 2020Direito de imagemYONHAP
Image captionPresidente sul-coreano Moon Jae-in em uma cerimônia de aniversário da Guerra da Coreia

Apenas uma pequena parcela dos prisioneiros de guerra que conseguiram escapar para o Sul recebeu salários não pagos pelo governo sul-coreano, e aqueles que morreram no Norte não tiveram direito a nenhuma compensação.

Em janeiro, Son e seus advogados entraram com um processo no tribunal constitucional, argumentando que as famílias dos prisioneiros que morreram no Norte foram tratadas injustamente e que o governo não fez nada para repatriar os soldados, responsabilizando-os pelos prisioneiros que nunca voltaram para casa.

"Ficamos muito tristes por nascermos filhos dos prisioneiros, e foi ainda mais doloroso ser ignorado mesmo depois de vir para a Coreia do Sul", lamenta Son. "Se não pudermos recuperar a honra de nossos pais, a terrível vida dos prisioneiros de guerra e de seus filhos será esquecida".

Alguns nomes foram alterados para proteger o bem-estar dos entrevistados. Ilustrações de Davies Surya.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

OPINE NA ENQUETE DOS PRÉ-CANDIDATOS A VICE-PREFEITO DE BOM JARDIM. QUEM SERÁ O PRÉ-VICE DE JOTINHA?


O Blog ProfessorEdgarBomJardim quer saber sua opinião sobre quem seria o(a) vice prefeito(a) ideal dos pré- candidatos já divulgados nas mídias sociais e no contato feito pessoalmente. A eleição já começou faz muito tempo para os  pré-candidatos João Lira, Miguel Barbosa, Janjão e Jotinha da Funerária. Dê sua opinião, acesse este link: VOTAÇÃO ENCERRADA


Professor Edgar Bom Jardim - PE

OPINE NA ENQUETE DOS PRÉ-CANDIDATOS A VICE-PREFEITO DE BOM JARDIM. QUEM SERÁ O PRÉ-VICE DE MIGUEL BARBOSA?


O Blog ProfessorEdgarBomJardim quer saber sua opinião sobre quem seria o(a) vice prefeito(a) ideal dos pré- candidatos já divulgados nas mídias sociais e no contato feito pessoalmente. A eleição já começou faz muito tempo para os  pré-candidatos João Lira, Miguel Barbosa, Janjão e Jotinha da Funerária. Dê sua opinião, acesse este link:  VOTAÇÃO ENCERRADA.


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OPINE NA ENQUETE DOS PRÉ-CANDIDATOS A VICE-PREFEITO DE BOM JARDIM. QUEM SERÁ O PRÉ-VICE DE JOÃO LIRA



O Blog ProfessorEdgarBomJardim quer saber sua opinião sobre quem seria o(a) vice prefeito(a) ideal dos pré- candidatos já divulgados nas mídias sociais e no contato feito pessoalmente. A eleição já começou faz muito tempo para os  pré-candidatos João Lira, Miguel Barbosa, Janjão e Jotinha da Funerária. Dê sua opinião, acesse este link  VOTAÇÃO ENCERRADA
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Opine na enquete dos pré-candidatos a vice-prefeito de Bom Jardim. Quem será o pré-vice de JANJÂO?


O Blog ProfessorEdgarBomJardim quer saber sua opinião sobre quem seria o(a) vice prefeito(a) ideal dos pré- candidatos já divulgados nas mídias sociais e no contato feito pessoalmente. A eleição já começou faz muito tempo para os  pré-candidatos João Lira, Miguel Barbosa, Janjão e Jotinha da Funerária. Dê sua opinião, acesse este link: VOTAÇÃO ENCERRADA
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Mãe de motoboy xingado com ofensas racistas desabafa: “Educação e respeito vêm de berço”



Um morador de um condomínio de luxo foi flagrado humilhando um entregador de aplicativo e xingando-o com ofensas racistas. O vídeo, que circulou amplamente nas redes sociais nesta sexta-feira 07, mostra o homem dizendo que o trabalhador tem “inveja” dos moradores do condomínio e de sua cor branca.

O caso aconteceu na cidade da Valinhos, interior de São Paulo, e repercutiu após a mãe do entregador publicar um desabafo nas redes sociais. “Resolvi postar o vídeo, isso é racismo e é crime. Esse entregador é meu filho, um trabalhador honesto e não precisa sentir ou ter inveja de um escroto como esse”, escreveu.

No vídeo, o homem de azul aparece nos primeiros segundos falando “seu lixo”, o que dá a entender que a discussão já tinha começado antes. “Aqui não vai acontecer nada. Com esse funcionário também não vai acontecer nada. Morô? Você entendeu?”, diz. Logo depois, o motoboy afirma que estava “aguardando a viatura”.

A sequência de ofensas continua:”Quanto você tira por mês? Dois mil? Três mil [sic] real? Isso é inveja da gente, você tem inveja disso aqui, [sic] fio, você tem inveja dessas famílias, disso aqui [diz o homem enquanto mostra seu braço branco]”.

O vídeo correu grupos de entregadores, que amplificaram o caso. Emerson Osasco, do movimento Torcidas Antifascistas, foi um dos que compartilharam o vídeo nas redes.

Segundo o portal G1, o caso aconteceu no dia 31 de julho, e um vizinho foi responsável por gravar o vídeo. O entregador chamou a Guarda Municipal, que levou os envolvidos para a Delegacia de Valinhos, onde a vítima registrou um boletim de ocorrência. Segundo o motoboy, as ofensas começaram por um problema na entrega.

“Teve um momento que ele cuspiu em mim, jogou a nota no chão e disse que eu era lixo. Na frente da polícia, ele continuou com as agressões, me chamou de favelado”, disse a vítima, que não quis se identificar.

A Delegacia informou que, devido a repercussão do vídeo, irá realizar uma coletiva de imprensa às 16h desta sexta-feora 07 para dar mais informações sobre o caso.

Carta capital
Professor Edgar Bom Jardim - PE