segunda-feira, 3 de setembro de 2018

Tragédia:Fogo destrói Museu Nacional. Veja fotos do arcervo

Muita tristeza, o trabalho, um acervo de duzentos anos ser consumido pelo fogo. Parte da história da humanidade ser consumida  pela falta de cuidado dos governantes. Uma violência sem tamanho. A educação, cultura e a ciência tiveram uma perda gigante. A incompetência do Estado, a corrupção de seus  governantes, o corte de verbas públicas para educação, cultura, ciência e arte resultam nesta precariedade. Uma tragédia. Destruição da Universidade, destruição da educação, da cultura e da ciência brasileira.

Um dos maiores meteoritos do Brasil, uma coleção de História Natural sem par na América Latina. Fósseis de dinossauros, múmias trazidas do Egito por D. Pedro II. Luzia, o esqueleto humano mais antigo já encontrado nas Américas, com mais de doze mil anos.
Tudo isso no Palácio Real que fica num parque que é e foi quintal de toda criança suburbana, a Quinta da Boa Vista.





Com informações de Guilherme Braga.

Museu Nacional do Rio pegou fogo na noite de domingoDireito de imagemREUTERS
Image captionMuseu Nacional do Rio pegou fogo na noite de domingo

O Museu Nacional do Rio de Janeiro, consumido por um incêndio na noite deste domingo, conta com um dos maiores acervos de antropologia e história natural do país - são cerca de 20 milhões de itens.
Localizado na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, é o museu mais antigo e uma das instituições científicas mais importantes do Brasil.
Fundado por Dom João 6º no dia 6 de agosto de 1818, o museu acabou de completar 200 anos.
Atualmente, era administrado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e, por ser universitário, tinha caráter acadêmico e científico.
Muitas peças do acervo são exemplares únicos - de esqueletos de dinossauros a múmias egípcias, passando por milhares de utensílios produzidos por civilizações ameríndias durante a era pré-colombiana.

1. Luzia

Entre os itens provavelmente destruídos pelo fogo, está uma das principais atrações do museu: o fóssil humano mais antigo encontrado no Brasil, batizado de Luzia.
Descoberto em 1974, pela arqueóloga francesa Annette Laming-Emperaire, em Minas Gerais, teria 11.300 anos.

2. Sala dos dinossauros

Um dos grandes destaques da coleção de paleontogia, é o esqueleto Maxakalisaurus topai, o primeiro dinossauro de grande porte a ser montado no Brasil. A ossada foi encontrada em Minas Gerais.
Após um ataque de cupins na base de sustentação, em 2017, o Maxakalisaurus topai foi desmontado e guardado em caixas em um canto da sala de dinossauros, que foi fechada. O espaço foi reaberto em julho deste ano, após uma campanha de financiamento coletivo na internet.

Incêndio no Museu Nacional do Rio de JaneiroDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionHidrantes próximos ao Museu Nacional não estavam funcionando, segundo os bombeiros

De acordo com seus catálogos, o Museu Nacional possui uma das mais importantes coleções paleontológicas da América Latina, totalizando 56 mil exemplares e 18,9 mil registros.
A coleção consiste principalmente de fósseis de plantas e animais, do Brasil e de outros países, além de reconstituições e réplicas.

3. Meteorito Bendegó

A coleção conta ainda com o meteorito Bendegó, encontrado em Monte Santo, na Bahia, em 1794. Com 5.260 kg, a peça está na instituição desde 1888.
Por se tratar de um objeto metálico pesado, pode ser um dos poucos itens do museu que tenha sobrevivido às chamas.

4. Caixão de Sha Amun en su

Com mais de 700 peças, a coleção de arqueologia egípcia do Museu Nacional é considerada a maior da América Latina e a mais antiga do continente - com múmias e sarcófagos.
O caixão de Sha Amun en su é uma das atrações mais populares da seção. Trata-se de um presente que Dom Pedro 2º recebeu, em 1876, em sua segunda visita ao Egito.

5. Trono de Daomé

Outra raridade do acervo é o trono do rei africano Adandozan (1718-1818), doado pelos embaixadores do rei ao príncipe regente Dom João 6º, em 1811.

6. Coleção de arqueologia clássica

Uma das coleções mais valiosas do museu é a de arqueologia clássica, composta por 750 peças das civilizações grega, romana e etrusca.
Devido ao tamanho e ao valor, foi considerada o maior do gênero na América Latina.

7. Artefatos de civilizações ameríndias

O acervo de etnologia tinha artefatos da cultura indígena, como objetos raros do povo Tikuna, e afro-brasileira, além de itens de culturas do Pacífico. Havia pelo menos 1.800 artefatos de civilizações ameríndias da era pré-colombiana.
Segundo a historiadora Heloísa Bertol Domingues, o museu foi concebido nos moldes de instituições europeias. Na época da inauguração, quando o local ainda se chamava "Museu Real", Dom Pedro 1º escreveu que o objetivo era "propagar os conhecimentos e estudos das ciências naturais no Reino do Brasil".

'Tragédia para o Brasil e para o mundo'

Em nota, o Museu Nacional afirmou que ainda está mensurando os danos ao acervo.
"É uma enorme tragédia. A hora é de união e reconstrução. Infelizmente, ainda não conseguimos mensurar o dano total ao acervo, mas precisamos mobilizar toda a sociedade para a recuperação de uma das mais importantes instituições científicas do mundo", afirmou Alexander Keller, diretor do Museu Nacional, no texto.
A doutora em antropologia Alba Zaluar, que estudou no museu, classificou o incêndio como "uma imensa tragédia para o Brasil e para o mundo".
"O acervo do Museu Nacional é uma coisa única no Brasil, não tinha nada igual no país", afirmou Zaluar à BBC News Brasil.
"O prédio foi residência da família real. Tinha uma biblioteca da área de antropologia importantíssima. Estamos arrasados."
O presidente Michel Temer (MDB) disse, em nota, que o incêndio causou uma perda "incalculável ao Brasil".
"Foram perdidos duzentos anos de trabalho, pesquisa e conhecimento. O valor para nossa história não se pode mensurar, pelos danos ao prédio que abrigou a família real durante o Império. É um dia triste para todos os brasileiros", escreveu.

Prédio não teria alvará, segundo bombeiros

O incêndio começou às 19h30, quando o museu estava fechado, e só havia quatro seguranças no interior. Não foram registradas vítimas.
A reportagem da BBC News Brasil esteve no local. Em meio a um cenário de desespero, cidadãos ofereciam ajudam aos bombeiros para tentar debelar o fogo. Por volta das 23h20, o incêndio ainda não estava controlado.

Incêndio no Museu Nacional do Rio de JaneiroDireito de imagemREUTERS
Image captionBombeiros disseram que os hidrantes próximos ao museu não estavam funcionando

Segundo o coronel Roberto Bobadey, comandante-geral do Corpo de Bombeiros, membros da corporação tiveram problemas para encontrar água em hidrantes da região.
"Os dois hidrantes mais próximos estavam sem carga. Estamos usando o lago da Quinta da Boa Vista e de carros-pipa", disse.
O coronel também afirmou que o prédio não tinha alvará dos bombeiros para funcionar.
As causas do incêndio ainda são desconhecidas.
*Com reportagem de Júlia Dias Carneiro e Leandro Machado.BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 2 de setembro de 2018

Sport precisa ganhar mais 9 jogos para continuar na Série A



Não foi uma grande atuação, mas na atual fase do Sport, o 1x0 aplicado no Paraná, neste domingo (02), na Ilha do Retiro, foi comemorado como goleada. Após 11 jogos sem vencer, num jejum que começou ainda antes da Copa do Mundo, o Leão voltou a vencer no Brasileirão 2018. Apesar do triunfo, os rubro-negros não conseguiram deixar a zona de rebaixamento, somando agora 23 pontos. Já o Paraná permanece na lanterna da competição, com apenas 15 pontos conquistados. Os leoninos voltam a campo nesta quarta-feira (05/09), diante do Bahia, na Fonte Nova.
Dentro de campo, a necessidade da vitória por parte das duas equipes fez com que o ritmo de jogo fosse acelerado desde os primeiros minutos de bola rolando. Com mudanças na zaga e meio de campo, o Sport não conseguia segurar o ataque do Paraná. Tanto que logo aos cinco minutos de jogo os visitantes quase abriram o placar. Após falta cobrada, Magrão espalmou e Cléber Reis cabeceou no travessão, com a zaga afastando a bola em seguida. Passado o susto, o Leão respondeu da melhor forma possível: com gol. Aos 14 minutos, em descida pela esquerda, Rogério cruzou rasteiro e Gabriel pegou de primeira, tocando no canto do goleiro e abrindo o placar.
Apesar de pular na frente do marcador, os rubro-negros voltaram a mostrar falhas defensivas, levando sorte pela má qualidade de finalização do Paraná. E quando o erro não aconteceu com os jogadores, o assistente tratou de limpar a barra dos pernambucanos. Aos 23, em posição legal, Grampola marcou de cabeça, mas Marcus Vinícius Gomes anulou o tento equivocadamente. O Sport respondeu novamente, com Andrigo perdendo duas boas chances. Com uma marcação frouxa dos rubro-negros no meio de campo, os paranaenses também conseguiam criar. Aos 40, Nonoca errou passe forçado, gerando contra-ataque para Magrão salvar ao sair nos pés de Carlos.
Na etapa final, Nonoca sentiu o cansaço e Neto Moura foi o escolhido para a vaga. A alteração melhorou a saída de jogo do Leão, mas continuou gerando espaços na marcação. Tanto que aos seis minutos Júnior teve liberdade para ajeitar e mandar uma bomba de fora da área, acertando o travessão de Magrão. Novamente, o Sport respondeu rápido, com Rogério também acertando lindo chute para o goleiro Richard fazer linda defesa. Um dos melhores em campo, Rogério se esgotou fisicamente e aos 25 minutos deu lugar a Marlone, que não conseguiu acrescentar muita coisa ao jogo.
Aos 32 minutos, Eduardo Baptista resolveu se fechar de vez tirando o meia Gabriel para acionar o zagueiro Ronaldo Alves, passando a atuar com três homens na zaga. Com o risco de “chamar” muito o Paraná, o comandante leonino quase foi castigado aos 41 minutos, quando Nádson limpou de Cláudio Winck e mandou um lindo chute para uma grande defesa de Magrão. No rebote, Carlos mandou para fora, cravando a vitória leonina após 11 jogos de jejum.
FICHA TÉCNICA
SPORT 1x0 PARANÁ 
Sport 
Magrão, Winck, Ernando, Durval e Sander; Nonoca (Neto Moura), Fellipe Bastos e Andrigo; Gabriel (Ronaldo Alves), Rogério (Marlone) e Hernane Brocador. Técnico: Eduardo Baptista.
Paraná 
Richard; Junior, René Santos, Cleber Reis e Igor; Jhonny Lucas (Wesley), Alex Santana (Rodolfo) e Caio Henrique; Nadson, Silvinho (Carlos) e Grampola. Técnico: Claudinei Oliveira.
Local: Ilha do Retiro (em Recife). Árbitro: Emerson de Almeida Ferreira (MG).
Assistentes: Celso Luiz da Silva e Marcus Vinicius Gomes (ambos de MG). Gol: Gabriel (aos 14 do 1ºT). Cartões amarelos: Cláudio Winck, Magrão e Fellipe Bastos (Sport). Johnny Lucas e Júnior (Paraná). Público: 13.966. Renda: R$ 88.950,00.
Com informação de Folha de Pernambuco
Foto: Anderson Stevens/Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Religião:A 'guerra civil' na Igreja Católica que pode abalar pontificado do papa Francisco

Mulher reza na Basílica de Santa Maria, em RomaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionMulher reza na Basílica de Santa Maria, em Roma; disputa entre alas da Igreja Católica extrapolou corredores do Vaticano para ser travada em público
Uma guerra ideológica que há anos divide a Igreja Católica deixou os corredores do Vaticano nesta semana para ser travada em público.
De um lado, estão o papa Francisco e aqueles que apoiam sua visão de uma Igreja mais liberal em relação a temas como divórcio e homossexualidade. De outro, conservadores que criticam essa tentativa de abertura e temem um enfraquecimento da religião.
O embate ganhou manchetes com a divulgação, no domingo passado, de uma carta em que o ex-núncio apostólico na capital americana, Carlo Maria Viganò, acusa Francisco de ter acobertado crimes sexuais cometidos pelo ex-arcebispo de Washington, Theodore McCarrick, e pede a renúncia do papa.
O documento de 11 páginas, publicado por sites religiosos conservadores nos Estados Unidos, não oferece provas, mas chega em um momento em que fiéis do mundo inteiro estão abalados por sucessivas revelações de abusos sexuais contra crianças cometidos durante décadas por membros do clero em vários países.
A carta foi divulgada enquanto o papa visitava a Irlanda, um dos países afetados. Francisco se reuniu com vítimas e pediu perdão por abusos cometidos por membros da Igreja, ritual repetido em outras viagens. Mas muitos católicos lamentam a falta de medidas concretas e de uma resposta rápida aos escândalos, e alguns chegaram a abandonar a Igreja.
Nesse momento de vulnerabilidade, a sugestão de que o papa seria cúmplice dos abusos pode abalar seu pontificado e expôs as divisões na alta hierarquia da Igreja Católica.
"Essas acusações se tornaram parte de um embate ideológico muito maior. Um dos lados vê Francisco como o papa que finalmente abriu a Igreja a um entendimento mais realista sobre sexualidade, casamento, homossexualidade", disse à BBC News Brasil o professor de teologia e estudos religiosos Massimo Faggioli, da Universidade Villanova, na Pensilvânia.
Praça de São Pedro, no VaticanoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionAcusações contra papa são parte de um embate ideológico dentr do Vaticano
"O outro lado acredita que isso significa o fim da Igreja, e está disposto a fazer qualquer coisa para impedir isso. Mesmo que seja o maior tabu, que é pressionar um papa a renunciar, o que não acontece há seis séculos", ressalta, referindo-se à renúncia de Gregório 7º, em 1415.

Oposição

Desde que foi eleito, em março de 2013, o papa é alvo de oposição por parte da ala conservadora da Igreja, tanto dentro do Vaticano quanto entre acadêmicos, que rejeitam o que consideram um afastamento da doutrina e tentam impedir reformas. No ano passado, dezenas de teólogos chegaram a assinar uma carta em que acusam Francisco de divulgar heresias na exortação apostólica sobre a família Amoris Laetitia, de 2016.
O documento, que é uma tentativa de abrir novas portas para católicos divorciados e tornar a Igreja mais tolerante com questões relacionadas à família, representa um sinal claro de dissidência, que reflete o descontentamento dos setores mais conservadores da instituição.
Apesar de não ter adotado mudanças concretas profundas nos ensinamentos da Igreja, o papa defende uma postura menos rígida e em sintonia com atitudes modernas em relação a fiéis que se afastaram da doutrina, demonstrando tolerância a homossexuais e permitindo que católicos divorciados ou casados novamente recebam a comunhão.
Francisco também deu destaque a questões sociais, incentivando os fiéis a cuidar dos pobres, acolher imigrantes e refugiados e combater mudanças climáticas, e rejeitou alguns privilégios do cargo, optando, por exemplo, por não morar no Palácio Apostólico.
Em sua carta, Viganò não apenas acusa Francisco de acobertamento, mas tenta conectar as críticas que conservadores fazem ao papa, especialmente à postura de aceitação de gays - em referência a uma entrevista dada após viagem ao Brasil, em 2013, quando o pontífice disse "Se um gay busca Deus, quem sou eu para julgar" -, aos escândalos de abusos sexuais, afirmando que "redes homossexuais" dentro da hierarquia da Igreja são cúmplices na "conspiração de silêncio" que permitiu que os abusos praticados por McCarrick e outros continuassem.
A sugestão de que homossexualidade e abusos estejam relacionados é amplamente rejeitada por especialistas, mas ainda persiste em algumas alas da Igreja. Apesar de muitos dos abusos terem ocorrido há várias décadas, durante os pontificados dos antecessores de Francisco, opositores ligam a crise à incapacidade do papa de manter sob controle a homossexualidade entre o clero.
McCarrick, que liderou a arquidiocese de Washington de 2001 a 2006, durante os pontificados de João Paulo 2º e Bento 16, renunciou ao posto de cardeal em julho, após acusações de que teria assediado seminaristas adultos e abusado de um menino durante anos. Ele diz que é inocente.
McCarrick havia deixado a arquidiocese ao completar 75 anos, idade em que os bispos católicos são obrigados a apresentar sua renúncia - que pode ser aceita pelo papa ou não -, mas permaneceu no Colégio dos Cardeais, que aconselha o pontífice.
Souvenires do papa Francisco no VaticanoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionEm momento de vulnerabilidade, a sugestão de que o papa seria cúmplice dos abusos pode abalar seu pontificado e expôs as divisões na alta hierarquia da Igreja Católica
Viganò alega que vários membros do Vaticano sabiam da conduta imprópria do cardeal havia anos. Segundo a carta, depois que McCarrick deixou a arquidiocese em Washington, Bento 16 havia proibido que ele, que ainda era cardeal, oficiasse missas e vivesse em um seminário, entre outras restrições. Mas Francisco, apesar de saber das acusações, teria levantado essas restrições e até permitido que o cardeal ajudasse na escolha de bispos americanos
Os católicos americanos ainda tentam digerir as revelações divulgadas no início de agosto em um relatório da Suprema Corte do Estado na Pensilvânia. O documento acusa pelo menos 300 padres de terem abusado de mais de mil crianças ao longo de 70 anos e líderes da Igreja de terem acobertado os crimes.

Reações

Apoiadores do papa e alguns sobreviventes de abusos questionam a credibilidade das alegações, apresentadas sem evidências, e acusam Viganò de usar o sofrimento das vítimas para avançar sua agenda política e uma vingança pessoal contra Francisco.
Alguns observam que McCarrick apareceu em vários eventos, inclusive ao lado de Bento, no período em que supostamente estaria sob sanções, e lembram que foi Francisco, ao contrário de seus antecessores, que forçou o cardeal a renunciar.
Também ressaltam o fato de os principais nomes criticados na carta serem liberais e aliados do papa, o que levantaria suspeitas de que as acusações têm motivação ideológica.
"Esse documento não tem o objetivo de proteger crianças, e sim atacar o papa e qualquer um associado a ele", disse à BBC News Brasil o pesquisador de estudos católicos Michael Sean Winters, colunista do jornal National Catholic Reporter.
Mas alguns bispos conservadores defenderam o ex-núncio como um homem de princípios. Um deles, Joseph Strickland, de Tyler, no Texas, orientou padres de sua diocese a ler durante a missa do último domingo uma declaração em que afirma acreditar nas alegações.
Um dos principais opositores do papa, o cardeal americano Raymond Burke, ex-arcebispo de St. Louis, disse em entrevista à imprensa italiana que, caso as alegações sejam comprovadas, "sanções apropriadas" devem ser aplicadas.
Arcebispo Carlo Maria Vigano em missa, em foto de 2015Direito de imagemREUTERS
Image captionCarlo Maria Viganò acusa Francisco de ter acobertado crimes sexuais cometidos pelo ex-arcebispo de Washington e pede a renúncia do papa

Histórico de polêmicas

Viganò tem um histórico de polêmicas. O italiano de 77 anos trabalhou em missões do Vaticano no Iraque e no Reino Unido, foi núncio apostólico na Nigéria e ocupou altos cargos na Cúria Romana, mas nunca foi promovido a cardeal.
Ele próprio já foi acusado de tentar acabar com uma investigação sobre a conduta sexual de um ex-arcebispo em 2014, segundo documentos relacionados à arquidiocese de St. Paul-Minneapolis. Também foi personagem no escândalo "Vatileaks", em 2012, em que documentos do Vaticano foram vazados, entre ele cartas em que Viganò sugeria que sua transferência para Washington, em 2011, estaria relacionada aos seus esforços contra a corrupção na Santa Sé.
Em 2015, durante a visita de Francisco aos Estados Unidos, Viganò organizou um encontro surpresa entre o papa e uma funcionária pública que havia se recusado a emitir licenças de casamento para casais do mesmo sexo alegando motivos religiosos. O encontro foi visto como um desafio à mensagem de inclusão do papa e obrigou o Vaticano a divulgar uma declaração se distanciando da funcionária. Pouco tempo depois, Francisco substituiu Viganò.
Em sua temporada em Washington, Viganò cultivou relações com setores católicos conservadores críticos do papa, um grupo que Winters descreve omo "pequeno, mas muito bem organizado e muito bem financiado".
Segundo Faggioli, desde o início do pontificado de Francisco, círculos conservadores do catolicismo americano deixaram claro que não gostavam do papa e de suas tentativas de reforma. Ele observa ainda que poucos bispos nos Estados Unidos defenderam o papa após a publicação da carta. "A maioria dos bispos está esperando (para de posicionar)", acredita.
Por enquanto, o papa tem mantido silêncio sobre as acusações de Viganò, limitando-se a dizer que o documento "fala por si próprio". Segundo analistas, o papa não quer dar mais visibilidade a seus críticos.
Mas no avião ao voltar da Irlanda, ao responder a uma pergunta sobre o que pais deveriam dizer a um filho ou filha que revela ser gay, o papa disse: "Não condene. Dialogue, entenda."
Faggioli diz acreditar que a carta de Viganò tem inconsistências e "buracos", mas mesmo assim considera fundamental que o papa e outros líderes católicos respondam a algumas questões, especialmente sobre McCarrick.
"Os católicos americanos, tanto liberais quanto conservadores, querem saber como foi possível que essa pessoa se tornasse um dos mais importantes líderes da Igreja enquanto outros sabiam (dos abusos). Como isso pode acontecer?"

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Tecnologia:Aplicativo pernambucano que ajuda a emagrecer


Felipe Couto diz que trabalha com ciência comportamental para mudar a mentalidade. Foto: Filipe Ramos/Divulgação
Felipe Couto diz que trabalha com ciência comportamental para mudar a mentalidade. Foto: Filipe Ramos/Divulgação

Um aplicativo criado por pernambucanos ajuda a emagrecer através da terapia digital. O Moodar foi lançado no início de 2017 e já está em sua segunda fase de expansão, dessa vez, com parcerias com academias locais, como a Unic Espaço de Metas, que podem ofertar os planos para seus alunos com descontos. De consumidores finais, já são mais de 100 em todo o Brasil acompanhando o plano de quatro meses que custa em média R$ 119. Destes, 84% deles transformaram seus hábitos de alimentação, 80% engajaram na atividade física regular e 75% conseguem perder peso de forma efetiva. Isso tudo através de um método exclusivo desenvolvido pelos sócios Felipe Couto, especialista em inteligência artificial, a médica Fernanda Caraciolo e Carlos Leitão, também formado em tecnologia.

"Tudo começou com uma pesquisa que fiz e apontava que nove entre dez pessoas abandonavam os tratamentos para perda de peso. Com essa taxa de evasão alta, passei a buscar soluções e foi aí que encontrei a Fernanda e o Carlos e nos apaixonamos pelo assunto", explica Couto, CEO da empresa. 

Segundo ele, juntos, eles perceberam dificuldades emocionais e psicossociais que causam a desistência e se transformam em ansiedade. "Foi então que construímos um modelo que pudesse ser uma intervenção acompanhada no dia a dia das pessoas que buscam melhorar seus hábitos", reforça o gestor. 

De acordo com Couto, o método criado envolve um diário onde os usuários colocam informações sobre suas refeições, horários e atividades físicas. Esses dados são avaliados e acompanhados por um time de coachees, que trabalham as mudanças em cima dos hábitos registrados diariamente. Uma vez por semana, os usuários recebem ligações do coach que o acompanhará nos quatro meses.

"Nós trabalhamos com ciência comportamental que busca mudar a mentalidade das pessoas retirando a culpa e ansiedade da rotina de alimentação e incentivando a adoção de atividades físicas compatíveis com as metas e a realidade de cada um", resume.

O acompanhamento digital também é feito por Fernanda, que é médica e já é uma terapia conhecida nos Estados Unidos, Europa e Índia, mas ainda é pouco propagada no Brasil. "Vamos intensificar essa terapia com dados de geolocalização dos usuários também. Todos esses dados são fundamentais para o plano de metas individualizado que buscamos. Por exemplo, se João é nosso usuário e ele coloca que sempre come pão no café da manhã, como o pão é um carboidrato simples, ele não sacia por muito tempo e isso pode afetar o dia inteiro de João. Neste momento, nós vamos dar alternativas para o pão e dar conteúdo para João sobre carboidratos complexos, que são ideais para o café da manhã", completa. 

Dentro do app, que já está disponível para IOS e Android, o contato dos usurários com os coaches através do chat é ilimitado e, na ligação semanal, aspectos da reeducação são aprofundados. O tempo do programa completo é de 16 semanas. "As inscrições no plano podem ser feitas através do site http://moodar.com.br/ e, em breve, além da Unic, estaremos com parcerias com outras redes de academia", reforça Couto. A meta da equipe da Moodar é, até 2020, também estar trabalhando com clínicas. "Queremos que nossa ferramenta possa ser recomendada por profissionais de saúde para seus pacientes e, para isso, já estamos preparando um ensaio clínico". O CEO afirma que eles pretendem crescer pelo menos três vezes em clientes e funcionários. "Estamos organizando um escritório comercial em São Paulo". Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE