quarta-feira, 13 de junho de 2018

Copa da Rússia chegou e Brasil ainda não terminou 41 obras de 2014


Canteiro de obras do VLT, previsto para a Copa 2014, mais ainda longe da conclusão na véspera da Copa da RússiaDireito de imagemEMANOELE DAIANE/BBC BRASIL
Image captionCanteiros abandonados ficam em avenidas importantes da região metropolitana de Cuiabá.
Em dezembro de 2013, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) lançou um apelido que acabou pegando: o Brasil realizaria a "Copa das Copas" em 2014, disse a petista. Torcedora do Atlético Mineiro, Rousseff também elogiou o escrete canarinho, que seria "forte" e "cheio de novos craques geniais". O fim da história dentro de campo é conhecido: no dia 8 de julho, a Seleção Brasileira sofreu a famosa derrota de 7 a 1 para o time da Alemanha, em Belo Horizonte.
A derrota no estádio do Mineirão ficou na memória coletiva dos brasileiros. Mas há um outro "7 a 1" cujos efeitos são sentidos até hoje: a um dia do início da Copa da Rússia, dezenas de obras planejadas para o mundial de futebol de 2014 continuam inconclusas em 10 das 12 cidades que sediaram jogos naquele ano. Baseada em dados de governos estaduais, prefeituras e da Controladoria-Geral da União (CGU), a BBC News Brasil encontrou pelo menos 41 obras ainda inacabadas, paralisadas ou mesmo abandonadas.
Na maioria, são obras viárias e de mobilidade urbana: viadutos, ampliação de avenidas, trens de superfície (VLTs) e corredores de ônibus (BRTs). Há também três aeroportos cujas obras de ampliação ainda não foram concluídas, nas cidades de Salvador (BA), Cuiabá (MT) e Belo Horizonte (MG).
As obras inconclusas da Copa de 2014 vivem várias realidades diferentes. A maior parte foi interrompida ou está em andamento. Algumas foram totalmente abandonadas e não há previsão de quando (e se) serão retomadas.
Jogador Fernandinho, durante derrota do Brasil na Copa de 2014Direito de imagemREUTERS
Image captionQuatro anos depois de perder da Alemanha por 7 a 1, Brasil ainda tem obras atrasadas
Há construções nos quais o dinheiro público já foi gasto em estudos e primeiras instalações, antes de a ideia ser completamente abandonada. Em Brasília, a construção de um VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) chegou a ser iniciada, ligando o aeroporto ao centro da cidade. R$ 20 milhões foram investidos, mas o projeto acabou deixado de lado (leia mais detalhes abaixo).
Não dá para dizer que as cidades não tiveram tempo para planejar e executar as demandas: em 13 de janeiro de 2010, o então ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB) assinou a primeira versão da Matriz de Responsabilidade da Copa - o documento também foi subscrito pelos prefeitos das 12 cidades que sediaram o evento, além dos governadores. A Matriz trazia a relação das principais obras: estádios, reforma de aeroportos, etc., além do montante a ser investido pelas esferas de governo (prefeituras, Estados e União).
O levantamento da BBC News Brasil leva em conta tanto as obras que estavam na Matriz quanto aquelas que foram prometidas por prefeituras e governos para a Copa - mesmo as que não integraram o documento, ou foram removidas da versão final.
Para tentar agilizar as obras da Copa, o governo também criou o chamado "Regime Diferenciado de Contratação", o RDC. Polêmica, a medida reduzia as regras e diminuía o rigor exigido no processo de licitação de uma obra pública. Por exemplo: em vez de ter de entregar às empresas que disputariam a licitação um projeto detalhado, com todos os custos, o governo passou a poder entregar só um "anteprojeto de engenharia".
A maioria dos projetos era de responsabilidade das prefeituras e governos estaduais - alguns deles com financiamento do governo federal. As administrações alegam uma série de problemas que atrapalharam a conclusão como falta de dinheiro, interdições da Justiça, problemas de licitação e abandono das obras por parte das construtoras.
Abaixo, um resumo das obras da Copa de 2014 inconclusas ou abandonadas, em cada uma das 12 cidades-sede do evento.

Belo Horizonte

Canteiro de obras em vias principais de Belo HorizonteDireito de imagemPREFEITURA DE BELO HORIZONTE
Image captionObra de corredor de ônibus que passa pelas avenidas Antônio Carlos, Pedro I e Vilarinho não foram concluídas (Imagem de 2012)
Na capital mineira, ficaram inconclusas as obras de reforma e ampliação do aeroporto internacional de Confins, o principal do Estado, e a construção de um corredor de ônibus (do tipo BRT).
Desde 2014, Confins recebeu uma série de obras que ampliaram sua capacidade em 5,3 milhões de passageiros por ano (hoje, o aeroporto tem capacidade de receber até 17,1 milhões de pessoas a cada ano). Mesmo assim, estão inconclusas a ampliação da pista de pouso (que deve ficar pronta até o fim deste ano), e a reforma de um dos terminais de passageiros. No caso do terminal, as obras foram suspensas por decisão da Justiça Federal de Brasília, ainda no começo de 2015, e a Infraero, responsável pelas obras, agora aguarda a solução do caso na Justiça.
Em Belo Horizonte, a prefeitura ainda não conseguiu concluir o corredor de ônibus que passa pelas avenidas Antônio Carlos, Pedro I e Vilarinho, embora a maior parte da estrutura já esteja em operação.
Os corredores de ônibus do tipo BRT (sigla para Bus Rapid Transport, ou Transporte Rápido por Ônibus) são chamados na capital mineira de "Move". O corredor inconcluso tem 14,7 quilômetros de extensão, e liga o estádio do Mineirão ao aeroporto de Confins. O trecho que falta é justamente o da avenida Pedro I. Em junho de 2014, durante os jogos, um trecho de viaduto caiu no local e matou duas pessoas.
Segundo a Prefeitura de Belo Horizonte, devido à finalização do contrato com a empresa Cowan, estão pendentes alguns serviços complementares, como sinalização, paisagismo e obras na via no entorno. A previsão de novas licitações para a conclusão dos trabalhos está prevista para 2018.
O custo total da obra é de R$ 685,12 milhões.

Brasília

Estádio Mané Garrincha, uma das sedes da Copa de 2014, não saíram do papelDireito de imagemAGÊNCIA BRASÍLIA
Image captionObras de urbanização no entorno do estádio Mané Garrincha não saíram do papel
Na capital federal, são quatro obras previstas para a Copa de 2014 que nunca saíram do papel: a urbanização do entorno do estádio Mané Garrincha; um jardim projetado pelo paisagista Burle Marx, no centro da capital; a reforma do calçamento dos setores hoteleiros da cidade; e um trem de superfície (do tipo VLT), ligando o aeroporto ao centro.
O caso mais importante é o do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). O projeto custaria R$ 1,5 bilhão (valores de 2010), e teria extensão de 22,6 quilômetros. As obras começaram a ser feitas, e pelo menos R$ 20 milhões foram investidos. O trabalho foi suspenso diversas vezes pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e em abril de 2011, pela Justiça Federal. O consórcio responsável acabou mencionado no escândalo da Caixa de Pandora, que resultou na queda do ex-governador José Roberto Arruda (PR).
Em 2012, o VLT de Brasília se tornou a primeira obra da Copa oficialmente cancelada. Em nota à BBC News Brasil, o governo de Brasília disse que um novo projeto de VLT fará parte do "Plano de Desenvolvimento do Transporte Público sobre Trilhos do Distrito Federal", o PDTT/DF, que está "em fase final de elaboração".
Brasília também desistiu de outra obra prevista para a Copa: a urbanização do entorno do estádio Mané Garrincha e a construção de túneis por baixo do Eixo Monumental, ligando o estádio a espaços culturais da cidade, como o Clube do Choro. O investimento previsto era de R$ 285 milhões, mas a obra foi cancelada no fim de 2014, após a Copa do Mundo. O governo local, então sob Agnelo Queiroz (PT) não viu mais necessidade de concluir a melhoria. Em 2017, o atual governador, Rodrigo Rollemberg (PSB), decidiu arquivar o projeto.

Cuiabá

Veículos do VLTDireito de imagemEMANOELE DAIANE/BBC BRASIL
Image captionVagões do VLT estão parados em estacionamento desde novembro de 2013
A capital de Mato Grosso é uma das cidades com mais obras da Copa inconclusas: nove.
E também ostenta um dos piores exemplos do "legado" do torneio: o VLT da cidade é hoje a obra inacabada da Copa mais cara do país. A obra já consumiu R$ 1,06 bilhão de reais, mas só 30% do projeto está pronto (inicialmente, a previsão era de que o projeto todo custasse R$ 1,4 bilhão). A construção foi alvo de uma operação da Polícia Federal (Descarrilho, em agosto passado).
Segundo o governo do Estado, o contrato com Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande foi rescindido após instalação de processo administrativo pelo Governo do Estado para apurar infrações contratuais.
Ainda de acordo com as autoridades, uma nova licitação está em andamento. Os valores para a conclusão das obras ainda estão sendo calculados.
Cuiabá também deixou pelo caminho as obras de dois Centros de Treinamento (COTs). Um deles, o COT Professor João Batista Jaudy, na Universidade Federal de Mato Grosso, está 82% construído. As obras estão em andamento (foram retomadas em abril passado, segundo o governo do Estado, com um orçamento estimado em R$ 17,25 milhões). O outro, na Barra do Pari, está paralisado, Até agora, 69,2% da construção está concluída.
O Estado diz que reiniciará as tratativas com a construtora para que ela retome os trabalhos ou para que haja uma rescisão contratual.
Além disso, também não estão concluídas a reforma do aeroporto Marechal Rondon (sob responsabilidade da Infraero), uma via elevada (a Trincheira Jurumirim), as ampliações de três avenidas (Parque do Barbado, 8 de Abril e Estrada do Moinho). Por fim, ainda há pendências na Arena Pantanal, embora o estádio tenha recebido quatro jogos da Copa de 2014. O Estado não respondeu sobre o motivo dos problemas no estádio.

Curitiba

Terminal de Santa Cândida, previsto para a Copa 2014, ainda não foi finalizadoDireito de imagemPREFEITURA DE CURITIBA
Image captionRecentemente, a Prefeitura de Curitiba abriu licitação para terminar as obras do terminal Santa Cândida
Na capital do Paraná, as pendências se referem à mobilidade urbana: três ampliações de vias, sob responsabilidade do governo do Estado, e a reforma de um terminal de ônibus, a cargo da prefeitura da capital.
A principal obra viária é um corredor de ônibus ligando o aeroporto mais importante do Estado, no município vizinho de São José dos Pinhais, à rodoferroviária de Curitiba. Segundo o governo do Estado, 70% da obra está pronta, e a previsão é de que o trabalho seja concluído no fim deste ano. Até o momento, a obra já consumiu R$ 44,4 milhões (a previsão inicial, na Matriz de Responsabilidade, era de R$ 65,2 milhões).
Outras duas obras sob responsabilidade do governo estadual também estão inconclusas: a ampliação do corredor Marechal Floriano Peixoto, e a implementação de um sistema de monitoramento de trânsito.
A prefeitura de Curitiba, por sua vez, ainda não concluiu as melhorias no Terminal Santa Cândida, que foi entregue incompleto em fevereiro de 2016, ano de eleições municipais. À BBC News Brasil, a prefeitura disse que fechou em maio um novo contrato para a conclusão do projeto, previsto agora para novembro.

Fortaleza

VLT Parangaba-Mucuripe, previsto para a Copa de 2014, inicia a Copa da Rússia com funcionamento parcialDireito de imagemGOVERNO DO CEARÁ
Image captionPrevisto para a Copa de 2014, o VLT Parangaba-Mucuripe ainda não saiu da fase de "operação assistida"
Assim como Brasília e Cuiabá, a capital do Ceará também teve problemas para tirar do papel a obra de um VLT, uma espécie de metrô de superfície. Além do VLT, Fortaleza também não concluiu a ampliação do aeroporto Pinto Martins - a empresa que administra o terminal, a francesa Fraport, diz que investirá R$ 800 milhões para terminar tudo.
O ramal Parangaba-Mucuripe do VLT de Fortaleza está hoje 75% concluído, mas ainda não opera em sua capacidade máxima. De dez estações previstas, só quatro estão em "operação assistida", transportando pessoas no período da manhã e de forma gratuita.
À BBC News Brasil, a Secretaria de Infraestrutura do Governo do Ceará informou que outras quatro estações devem começar a operar de forma experimental no início de julho deste ano. E o restante da obra deve ser concluído até o fim do segundo semestre.

Manaus

Arena Amazônia, uma das sedes da Copa 2014Direito de imagemREUTERS
Image captionObra que ligaria a Arena Amazônia ao centro de Manaus sequer saiu do papel
Na capital do Amazonas, dois projetos da Copa de 2014 sequer começaram a ser construídos: um corredor de ônibus (BRT) ligando a Arena da Amazônia até o centro da cidade e dois Centros de Atendimento ao Turista (CATs).
Alegando que os recursos do governo federal não foram liberados a tempo, a prefeitura de Manaus desistiu da obra do BRT ainda em 2012. O investimento previsto era de R$ 1,2 bilhão, mas o dinheiro não foi aplicado.
A justificativa é a mesma para a não construção dos CATs: o dinheiro oferecido pelo Ministério do Turismo não foi utilizado porque "não houve tempo hábil" de aprontar as estruturas para a Copa do Mundo, disse a prefeitura à BBC News Brasil.

Natal

Arena das Dunas, em Natal, sede da Copa de 2014Direito de imagemREUTERS
Image captionProjeto de drenagem na Arena das Dunas, em Natal, continua incompleto quatro anos depois da Copa de 2014
Sede do estádio Arena das Dunas, Natal tem três obras programadas para a Copa ainda inacabadas.
Estava prevista uma reforma de 55 quilômetros de calçadas para torná-las acessíveis para cadeirantes, por exemplo. Só 5% foram concluídos.
Um projeto de drenagem no entorno da Arena das Dunas segue incompleto, com 80% das obras feitas, a um custo de R$ 194 milhões.
A construção de um corredor de ônibus foi abandonada.
Procurada, a Prefeitura de Natal não se pronunciou até a publicação deste texto.

Porto Alegre

Obras do viaduto Ceará, em Porto AlegreDireito de imagemPREFEITURA DE PORTO ALEGRE
Image captionTrabalhos no viaduto da avenida Ceará, obra em Porto Alegre prevista para Copa de 2014, foram retomados neste ano
Em Porto Alegre, os atrasos se concentram na construção, reforma ou ampliação de vias públicas, como viadutos e avenidas. Ao todo, são nove vias em obras - e o valor total a ser investido é de R$ 1 bilhão, segundo informou a prefeitura da capital gaúcha à BBC News Brasil. Deste total, a prefeitura já investiu pouco mais da metade (R$ 525 milhões). Outros R$ 475 milhões devem ser gastos antes de que todas as obras sejam concluídas.
Das nove obras paradas, três já foram retomadas. A mais adiantada, um viaduto na avenida Ceará, deve ficar pronta em setembro. As outras seis obras ainda estão paradas, segundo a prefeitura, mas todas já têm ao menos uma previsão de quando voltarão a ser tocadas. A mais atrasada é o corredor de ônibus da avenida João Pessoa: só 50% da obra física está pronta, e a previsão de conclusão é para dezembro de 2019.
"As obras de mobilidade de Porto Alegre foram impactadas pela grave crise financeira enfrentada pela Prefeitura", disse a administração municipal em nota à BBC News Brasil. Para dar seguimento, o município conseguiu um financiamento de R$ 120 milhões com o banco estatal gaúcho, o Banrisul, além de remanejar verbas de outras áreas.

Recife

Pernambuco tem obras da Copa 2014 ainda incompletasDireito de imagemREUTERS
Image captionObra viária que liga Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata, a um terminal de ônibus no Recife
A capital de Pernambuco tem quatro projetos viários previstos para 2014 ainda inconclusos.
Dois ramais de BRTs (corredores de ônibus), que ligam todas as regiões da cidade, ainda não foram finalizados. Na linha Norte-Sul, foram entregues 26 estações, mas duas ainda estão em construção e devem ser entregues em 2019. No trecho Leste-Oeste, 16 das 22 paradas previstas estão operando. Segundo o governo estadual, as restantes estão em obras ou ainda em fase de projetos. Para o governo, o atraso ocorreu porque o consórcio construtor abandonou as obras.
A estrutura viária Ramal da Copa, que liga o estádio Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata, e o terminal de Camaragibe, no Recife, ainda não está completa. Segundo o governo, as empresas construtoras também abandonaram as obras, que foram retomadas recentemente.
Já a ampliação do terminal de Camaragibe também foi abandonada pelo consórcio. O governo pernambucano afirma que uma nova licitação está sendo preparada, mas não deu prazo para a conclusão do projeto.

Salvador

Imagem ilustrativa do BRT de SalvadorDireito de imagemDIVULGAÇÃO
Image captionÓbras do BRT de Salvador, previsto para a Copa de 2014, devem demorar mais de dois anos para serem concluídas
A capital baiana ainda tem algumas intervenções pendentes no aeroporto internacional Luís Eduardo Magalhães, e a construção de um corredor de ônibus (BRT) - que acabou retirado da Matriz de Responsabilidade da Copa, depois de ficar claro que não estaria pronta a tempo do mundial.
No aeroporto, ainda faltam obras na área de check-in dos passageiros e na fachada, segundo a Infraero. Ficaram prontas intervenções no pátio de manobra das aeronaves e uma nova torre de controle, entregues em 2013 e 2014, respectivamente. No começo deste ano, o controle do aeroporto passou a ser de uma empresa francesa, a Vinci Airports.
Depois de excluir o BRT da lista de obras para a Copa, a Prefeitura de Salvador acabou concluindo a contratação do primeiro trecho de obras em março deste ano. São 2,9 quilômetros de extensão, ao custo de R$ 212 milhões para os cofres públicos. Segundo a previsão das autoridades, o BRT terá capacidade de transportar 31 mil pessoas quando estiver pronto, o que deve demorar mais dois anos e quatro meses.
Procurada, a Prefeitura de Salvador não se pronunciou até a publicação deste texto.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 12 de junho de 2018

POLÍTICA:Existe no Brasil alguém capaz de ouvir os corações daqueles que se recusam a odiar?

Não é verdade que a última pesquisa do Datafolha sobre as eleições presidenciais não revelou nada de novo


Não é verdade que a última pesquisa do Datafolha sobre as eleições presidenciais não revelou nada de novo. Uma leitura cuidadosa e sem preconceitos ideológicos mostra que o partido daqueles que escolheram como lema o ódio a tudo e a todos é minoritário e perdedor. A tal ponto que Marina Silva, uma das candidatas hoje com maiores chances de vitória na ausência de Lula, é a menos raivosa e a mais positiva e amante do diálogo. Nada em sua candidatura ostenta o selo já não de ódio, mas de confronto ou violência. É sua a feliz frase: “Uma arma nunca será o símbolo do Brasil que eu amo.” Nem uma arma, nem o ódio. Nunca é mordaz.
Nas simulações do Datafolha, Marina, acusada de ausente, de silenciosa, aquela que não infecta as redes com ódio e advoga um Brasil mais comprometido com a defesa da Terra, mais justo e menos corrupto em que todos sejam capazes de ouvir as razões de quem pensa diferente, obteria 42% em um segundo turno contra 32% de Bolsonaro, 42% contra 27% de Alckmin e 41% contra 29% de Ciro Gomes.
Como comentou o leitor Hugo Leandro neste jornal: “É um resultado inexplicável. Ninguém conhece seus eleitores e venceria todos.” Não serão esses os eleitores que se recusam a seguir a moda do ódio a qualquer custo? Mais específico, o leitor Thiago Arruda escreve: “Talvez Marina seja capaz de superar o ódio promovido pela polarização.”
Sem dúvida, os milhões que, de acordo com a pesquisa, votariam em Marina – que, nas poucas vezes que fala, é para evocar a ética, a solidariedade, o diálogo e a capacidade de ouvir – não são aqueles que fizeram do ódio ou da vingança sua bandeira. Os políticos corruptos podem ser punidos, mas, como me disse ela em uma entrevista, “sem a necessidade de odiá-los. São punidos negando-lhes o voto.”
Os 34% dos brasileiros que, sem Lula no páreo, anunciam que ou não votarão ou anularão o voto serão filhos do ódio ou melhor, do desencanto, do fato de não encontrar um candidato capaz de ouvir, sem exigir-lhes ódio, seus desejos de esperança em um Brasil mais igual e ainda mais feliz? Se esses milhões fossem frutos do ódio, não lhes faltariam candidatos. Abstêm-se porque talvez não encontrem aquela luz na janela que o papa João XXIII deixava acesa à noite, quando ainda era anúncio na Bulgária. Fazia isso para que, caso alguém precisasse de sua ajuda, pudesse entrar sem se anunciar. “Não perguntava quem eram nem se acreditavam ou não em Deus, mas o que precisavam”, disse ele a um grupo de jornalistas.
Se me perguntam, nem aqueles que, com Lula condenado e na prisão, estariam decididos a votar nele são do partido do ódio. Milhões de pobres não identificam Lula com um partido, mas com o presidente “paz e amor”, aquele que não queria que nenhum brasileiro passasse fome. Não, os hipotéticos votos para Lula não podem ser capitalizados pelos amantes de um país dividido e com desejo de sangue.
Marina Silva, em quem ninguém pode encontrar os estigmas da intransigência, teria mais razão do que muitos outros para trilhar o caminho da vingança e da beligerância já que, nas eleições de 2014, foi cruelmente acusada de querer tirar a comida dos pobres se chegasse ao Planalto. Soube que ela chorou com as imagens da televisão em que, quando se ouvia seu nome, a comida desaparecia do prato das crianças. E, no entanto, a silenciosa Marina pode ser criticada por muitas coisas, mas não de ser propagadora de ódio ou divisões entre os brasileiros. Ela afirma que “prefere perder ganhando do que ganhar perdendo”. Ganhar perdendo é possível usando as armas do medo, do ódio e da mentira. Perde-se ganhando quando se é capaz de estar disposto a perder antes de trair a própria consciência.
Quantos milhões de brasileiros existem que, em vez de ganhar a qualquer preço, até mesmo com a arma do ódio e da falta de escrúpulos, preferem a fidelidade à sua consciência, dormir sem pesadelos, capazes de olhar nos olhos de seus filhos sem se envergonhar? Tenho certeza de que muitos mais do que se pensa. Talvez a grande maioria. E esse é o Brasil que, apesar dos tropeços, ainda mantém o país de pé. Aquele que não tem vergonha de pronunciar palavras de esperança e concórdia. É o Brasil melhor, aquele que sabe conceber a vida não como uma batalha ou um tiroteio, mas desfrutando das pequenas ou grandes felicidades que o ódio sempre será incapaz de oferecer.
brasil.elpais.com
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Salas lotadas e pouca valorização: ranking global mostra desgaste dos professores no Brasil. Qual a qualidade da educação bonjardinense?

Professora em sala de aula em Curitiba, em foto de arquivoDireito de imagemPEDRO RIBAS/ANPR
Image captionPara OCDE investimentos em 'quantidade' de professores são geralmente feitos em detrimento da qualidade do ensino
O Brasil possui um dos maiores números de alunos por sala de aula no ensino médio entre mais de 60 países analisados no estudo Políticas Eficazes para Professores: Compreensões do PISA, publicado nesta segunda-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
De acordo com o documento, as escolas públicas do Brasil têm 22 alunos por professor no primeiro ano do ensino médio. O total é o mesmo quando se incluem as instituições privadas.
Esse número só é maior na Colômbia, que acaba de entrar para a OCDE, com 27 alunos por turma. No México, também membro da organização, o total de estudantes por professor varia entre 17 e 27.
Na China, país mais populoso do mundo, há apenas 12 alunos por professor.
"Classes menores são frequentemente vistas como benéficas porque elas permitem que o professor se focalize mais nas necessidades individuais dos estudantes", diz o estudo.
Segundo a OCDE, é preciso reduzir o tamanho da sala de aula e aliviar a carga horária de ensino do professor, ampliando dessa forma o tempo que else passa preparando aulas, em orientação pedagógica (tutoria) ou atividades de desenvolvimento profissional. E, para isso, uma solução seria aumentar o número de professores.
"Os sistemas de educação precisam determinar quantos professores são necessários para oferecer uma educação adequada para seus estudantes", diz a OCDE.
No Brasil, problemas de salas de aula lotadas, jornadas duplas de trabalho, com carga horária excessiva, são enfrentados por muitos professores e provocam desgastes em relação à profissão.
O PISA, no qual se baseia o relatório divulgado nesta segunda, é um vasto conjunto de estudos internacionais que visam medir o desempenho de sistemas educacionais de países membros e não membros da OCDE, como o Brasil.
O PISA é realizado com jovens na faixa de 15 anos, o que corresponde ao primeiro ano do ensino médio.
Adolescente com mochila nas costas sobe escadas em instituição de ensinoDireito de imagemANDRÉ NERY/ MEC
Image captionHá mais professores alocados a escolas com alunos em condições socioeconômicas baixas, mas nem sempre o resultado é melhor qualidade do ensino
O estudo Políticas Eficazes para Professores diz ainda que a maioria dos países do PISA tem alocado mais professores a escolas consideradas desfavorecidas - onde há mais alunos com condições socioeconômicas mais baixas - para compensar as desvantagens na comparação com escolas onde estudantes têm mais poder aquisitivo.
Mas isso nem sempre resulta em melhor qualidade do ensino, diz a OCDE. Isso porque, geralmente, "professores nas escolas mais desfavorecidas são menos qualificados e têm menos experiência" do que nas instituições com condições superiores, ressalta a organização.
Na prática, diz a organização, os efeitos positivos de aumentar o número de professores nas escolas desfavorecidas são minados se não for levada em conta a questão da qualidade do professor.
"Os estudos têm mostrado que investimentos na quantidade de professores são geralmente feitos em detrimento da qualidade do ensino", ressalta a OCDE.
"Estudos revelam que professores com qualificações mais fracas são mais propensos a ensinar em escolas desfavorecidas, o que pode levar a um potencial menor de oportunidades educacionais para estudantes dessas escolas", afirma o documento.
Homem escreve números em quadro negroDireito de imagemPEOPLEIMAGES / GETTY
Image captionNo Brasil, 60% dos professores com menos qualificação educacional tendem a trabalhar mais em pequenas cidades, de acordo com estudo

Especialização

O estudo, que enfatiza a importância do ensino de alta qualidade para reduzir as desigualdades sociais, também revela que apenas 29% dos professores de ciências no Brasil têm especialização na área.
Em países como a Finlândia, que estão entre os que apresentaram os melhores resultados do teste do PISA na área de ciências, a proporção de professores especializados nessa disciplina nas escolas públicas do país é 83%.
"Alguns estudos têm mostrado que alunos que aprendem com professores com formação específica em uma área têm melhores performances na disciplina", afirma a OCDE.
Como o último PISA focou na área de ciências, os dados sobre a especialização dos professores dizem respeito à área.
"Quanto maior a diferença de qualificação dos professores de ciências entre escolas desfavorecidas e favorecidas, maior também é a diferença da performance em ciências entre estudantes na base e no topo do status socioeconômico."
No Brasil, 60% dos professores com menos qualificação educacional tendem a trabalhar mais em pequenas cidades, afirma outro estudo da OCDE divulgado nesta segunda-feira, Professores em Ibero-América: Compreensões do PISA e do Talis.
"No Brasil, professores não especializados em ciências em escolas desfavorecidas ensinam assuntos que não estavam incluídos em sua formação ou programa de qualificação com mais frequência do que professores não especializados em escolas favorecidas."
O estudo específico sobre países ibero-americanos também nota que a demanda por professores aumentou na região devido ao rápido crescimento do número de estudantes matriculados, sobretudo na América Latina, em razão de um maior acesso à educação.
Em resposta à essa demanda, "os requisitos para ingressar na profissão docente foram reduzidos", afirma o documento.
Professora escrevendo em quadro negro numa sala de aulaDireito de imagemALEXEYRUMYANTSEV / GETTY
Image captionNo Brasil, apenas pouco mais de 10% dos professores acham que a profissão é valorizada pela sociedade
Isso fez com que a profissão começasse a ser desvalorizada, vista como um ofício de poucas exigências e baixa qualificação, acrescenta a organização.
No Brasil, apenas pouco mais de 10% dos professores acham que a profissão é valorizada pela sociedade.
Entre 2003 e 2015, mais de 493 mil novos alunos no Brasil foram somados ao total da população estudantil de 15 anos, um aumento de 21%.
A expansão das matrículas, diz a OCDE, se deve a melhoras na capacidade para manter os alunos no sistema de ensino à medida que eles progridem a níveis superiores.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Mundo: O que querem Trump e Kim na cúpula histórica. 5 chaves da reunião em Cingapura

Ilustração com caras de Trump e Kim Jong-un
Image captionO encontro entre Trump e Kim Jong-un está marcado ocorrer nesta terça-feira em Cingapura
Donald Trump e Kim Jong-un... cara a cara.
É uma cena difícil de imaginar, mas, se tudo correr como planejado e os presidentes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte se reunirem pela primeira vez nesta terça, em Cingapura, o encontro entrará para a História.
Mas o que pode sair daí? O que o líder norte-coreano realmente quer? Kim e Trump vão repetir os insultos que ambos trocaram no passado? Ou vão se abraçar como Kim fez com o presidente sul-coreano Moon Jae-in dois meses atrás?
Por que o encontro de Cingapura é tão importante?
A BBC News tenta responder a esta e a outras questões sobre esse encontro aqui.

Por que essa reunião será histórica?

Analistas e a imprensa vêm repetindo que esta será uma reunião "histórica", mas já houve outros encontros muito importantes ao longo das negociações que tentam normalizar a situação na península coreana.
Há apenas dois meses ocorreu outra "cúpula histórica": a dos dois líderes coreanos na fronteira que separa o Norte e o Sul, onde ambos se comprometeram a buscar a "completa desnuclearização" da península e o fim do conflito que se arrasta desde 1950.
No entanto, a conversa entre os governos norte-americano e norte-coreano é mais relevante.
Trump e Kim Jong-unDireito de imagemREUTERS
Image captionPara se encontrar com Trump, Kim realizou a viagem mais longa desde que passou a governar a Coreia do Norte
Por quê? Por uma razão simples: é uma situação sem precedentes. Nunca antes um presidente dos EUA, no exercício do cargo, reuniu-se com o líder norte-coreano no poder.
E isso não significa que essa conversa não tenha sido tentada antes ou que as negociações entre os dois países não ocorriam; mas nunca aconteceu de os governantes de ambas as nações se sentarem à mesma mesa.

Por que Cingapura?

Depois de cogitar lugares como a Mongólia e até a zona desmilitarizada que separa as duas Coreias - e que, apesar de seu nome, é uma das fronteiras mais militarizadas do mundo -, a Coreia do Norte e os Estados Unidos decidiram se reunir em Cingapura.
O pequeno e moderno país, localizado no sudeste da Ásia e considerado um dos "tigres" econômicos da região, é uma nação com a qual tanto os EUA quanto a Coreia do Norte têm boas relações e, portanto, é um espaço neutro e seguro.
Fachada do hotel CapellaDireito de imagemREUTERS/CAPELLA SINGAPORE
Image captionO luxuoso hotel Capella, que já abrigou cantores como Lady Gaga, é o local marcado para a reunião dos dois líderes em Cingapura
Pyongyang tem até uma embaixada na cidade-Estado, algo não muito comum, e sempre manteve com Cingapura uma estreita cooperação comercial, interrompida no ano passado pelo aperto das sanções internacionais.
Além disso, Cingapura também se orgulha de sua estabilidade e segurança, graças às inúmeras e rígidas regras que tem (como a proibição de protestos).

O que Trump está procurando na reunião? E Kim?

Vamos começar com Trump.
No início, o presidente dos EUA deixou claro que seu objetivo era que Kim se livrasse de suas armas nucleares imediatamente e de forma unilateral, mas depois moderou seu discurso.
Em entrevista ao canal Fox News, Trump disse que gostaria que a desnuclearização da Coreia do Norte fosse realizada "imediatamente, mas fisicamente uma fase transitória poderá ser um pouco necessária".
Imitadores de Kim Jong-un y Donald Trump.Direito de imagemGETTY IMAGES
Image captionImitadores de Kim Jong-un e Donald Trump já estão circulando por Cingapura
"Eu gostaria que soubéssemos o que Trump quer alcançar. De certa forma, o que ele está fazendo é redefinir o êxito que ele busca", diz David Kang, diretor do Instituto de Estudos Coreanos da Universidade do Sul da Califórnia.
A desnuclearização verificável, a meta estabelecida pelo presidente dos Estados Unidos, pode levar anos, segundo especialistas da área.
No entanto, o mero fato de que a reunião ocorra pode ser interpretado por ambos os líderes como um êxito.
"Ironicamente, o senso comum nos diz que a Coreia do Norte é quem quer reconhecimento e vê a reunião como um prêmio, mas, de certa forma, Trump também está feliz com esse encontro apenas para mostrar ao mundo que ele pode fazer algo que os outros não conseguiram no passado ", afirma Kang.
Kim, por sua vez, ao se sentar à mesa com Trump, busca ser "aceito internacionalmente como um poder nuclear", diz Sue Mi Terry, que trabalhou como analista de assuntos coreanos para a CIA (agência de inteligência dos EUA) entre 2001 e 2008 e como conselheira dos governos de George W. Bush e Barack Obama.
"Ele quer respeito (...). Após levar sete anos para terminar um programa de armas nucleares como o que ele diz ter concluído, ele não se importa em sentar com Washington como um igual e falar sobre o controle de armas."
Michael Madden, especialista em liderança norte-coreana, também acredita que ele vai buscar "segurança": facilitar futuras interações diplomáticas com os americanos e abrir as negociações para assinar o tratado de paz para acabar com a Guerra da Coreia - o conflito nunca terminou formalmente, apenas foi "congelado" pelo armistício assinado em 1953.
Tudo isso pode levar a Coreia à sua abertura para o mundo exterior, e assim o país conseguiria ajuda para sua debilitada economia. Este seria seu terceiro objetivo: melhorar a situação interna do país.
Kim Jong-un e Moon Jae-inDireito de imagemREUTERS
Image captionKim Jong-un e o líder sul-coreano Moon Jae-in se comprometeram a acabar com as hostilidades

O que eles conseguirão?

Em geral, analistas consultados pela BBC News Mundo não esperam grandes anúncios em Cingapura. Mas, segundo eles, isso não quer dizer que o encontro não seja considerado um sucesso diplomático.
"Se eu acredito que isso vai levar ao desmantelamento total e verificável do programa de armas nucleares da Coreia do Norte? Não. Mas será que vamos ter algum acordo sobre alguns aspectos do seu programa nuclear? Claro", diz Sue Mi Terry, atualmente associada ao Centro de Estudos Estratégicos e de Segurança de Washington.
"Esperamos um comunicado conjunto semelhante ao que aconteceu em Panmunjom", diz Madden, referindo-se às conclusões do encontro entre Kim e o líder sul-coreano em abril.
O melhor resultado possível, na opinião de Kang, é que os EUA e a Coreia do Norte falem em detalhes sobre como irão manter suas relações e que Pyongyang dê alguns passos a mais em direção à desnuclearização.

O mundo será um lugar mais seguro após esse encontro?

Embora ambos os líderes sejam bastante imprevisíveis e Trump tenha dito que abandonará a reunião caso as coisas não saiam bem, são poucas as chances de que a situação piore, diz Kang.
Para o diretor do Instituto de Assuntos Coreanos, já foram alcançados resultados inimagináveis ​​há seis meses.
"Se eu tivesse dito que a Coreia do Norte pararia voluntariamente seus testes de mísseis e testes nucleares, que desmontaria seus locais desses testes e estaria disposta à desnuclearização em seus termos, que iria aos Jogos Olímpicos de inverno realizados na Coreia do Sul, e que falaria de se abrir para o mundo, as pessoas teriam rido de mim!", diz ele. "E foi isso que ela fez, são grandes concessões (...) Então, mesmo que (a reunião) dê errado, teremos uma situação diferente da anterior."
Há também aqueles que são mais pessimistas.
"Trump e Kim não têm uma relação. O problema no caso da cúpula de Kim e Trump é que eles não têm um ponto para onde voltar", diz Nikolai Sokov, que trabalhou para o Ministério das Relações Exteriores da antiga União Soviética e participou de negociações com os EUA sobre as armas nucleares da Rússia. "Se eles falharem, será ruim."
Professor Edgar Bom Jardim - PE

PESQUISA:Temer é o presidente mais impopular na história recente

Duzentos milhões de brasileiros querem Michel Temer fora do governo. A população não suporta mais tanto desgoverno, injustiça e corrupção.

A crise provocada pela paralisação dos caminhoneiros e a lenta retomada da economia aumentaram a impopularidade de Michel Temer. Segundo o Datafolha82% dos brasileiros consideram seu governo ruim ou péssimo. A taxa de reprovação aumentou 12 pontos percentuais desde abril, quando o presidente era rejeitado por 70%. Com isso, Temer bate seu próprio recorde como presidente mais impopular desde a redemocratização do país. Em setembro, ele atingira 73%.

Segundo o levantamento, realizado pelo Datafolha nos últimos dias 6 e 7, após a paralisação dos caminhoneiros, apenas 3% dos brasileiros consideram o governo Temer ótimo ou bom. Outros 14% acham sua gestão regular. A impopularidade de Temercresceu em todas as faixas de renda e escolaridade, e nas cinco regiões do país. No Nordeste, o presidente é rejeitado por 87%. No Sul e no Sudeste, o índice é de 80%.
O presidente abriu seu governo rejeitado por 31% dos brasileiros, mas o percentual subiu já nos meses seguintes, após a adoção de uma agenda de aperto fiscal e com o envolvimento de seu grupo político em escândalos de corrupção. Em 2017, após a delação da JBS, o presidente alcançou 69% de reprovação. O índice subiu levemente depois que Temer foi denunciado por corrupção e ficou praticamente estável até voltar a subir agora.

A pesquisa mostra também que as Forças Armadas são a instituição em que a população deposita mais confiança, embora o índice tenha apresentado uma ligeira queda. O percentual de entrevistados que diz confiar muito nos militares passou de 43%, em abril, para 37%. Outros 41% dizem confiar um pouco na instituição e 20% não confiam.

Os índices de credibilidade mais baixos foram registrados para partidos políticos (68% não confiam), o Congresso (67%), e a Presidência (64%). Segundo o Datafolha, 14% confiam muito e 43% confiam um pouco no Supremo Tribunal Federal. Outros 39% não confiam na corte. A imprensa tem a confiança total de 16% dos brasileiros, enquanto 45% ­dizem confiar um pouco e 37% não confiam na instituição.
Foto: Marcos Correa/Agência BrasilCom informações de Folha de Pernambuco.

Professor Edgar Bom Jardim - PE