terça-feira, 17 de abril de 2018

Morre, aos 86, Paul Singer, economista e fundador do PT



economista Paul Singer morreu às 20h desta segunda-feira (16), aos 86 anos, em São Paulo. Ele havia sido internado no Hospital Sírio-Libanês desde a madrugada e teve septicemia. Integrante do grupo de fundadores do PT em 1980, Singer foi um dos responsáveis pelo que o partido teve de mais celebrado em suas quase quatro décadas: a formulação de um programa de desenvolvimento a partir do fortalecimento do mercado interno via distribuição de renda.

No campo acadêmico, autor de vários livros didáticos e de pesquisa econômica, tornou-se referência obrigatória para a divulgação do pensamento da esquerda não-marxista.

Talvez tenham sido esses os dois principais legados do professor Paul Israel Singer, nascido na Áustria em 1932 e que chegou ao Brasil aos 8 anos, quando a família judia fugiu do nazismo em seu país recém-anexado por Hitler.

O nome do meio era uma exigência do regime que defendia uma "solução final" para os judeus. Para mais fácil identificação, os judeus homens foram obrigados a anexar "Israel" ao nome. Singer manteve o nome, mesmo quando não era mais necessário. Dizia que Hitler obrigava mesmo os judeus assimilados, como sua família de um subúrbio operário de Viena, a se voltarem para o judaísmo.

Em sua juventude, foi sionista, mas sem muita convicção. Pertencia a uma corrente socialista do movimento. Aos 20 anos, começou a trabalhar como eletrotécnico. Filiado ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, ajudou a organizar a greve dos 300 mil, que paralisou a indústria de São Paulo por mais de um mês em 1953. No ano seguinte se naturalizou. Filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro, mas não desenvolveu atividade partidária.

Foi autodidata no estudo da economia e só em 1956 ingressou na Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da USP. Ainda estudante, Singer foi convidado a tomar parte no "Seminário de Marx", que mais tarde ganharia notoriedade devido às carreiras posteriores dos intelectuais que dele participavam, como o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, a antropóloga Ruth Cardoso e o filósofo José Arthur Giannotti. Na época, considerava-se um marxista.

O grupo daria origem ao Cebrap, que reuniu a nata dos intelectuais de oposição à ditadura militar. Singer chegou a ficar preso por uma semana em 1974, mas não sofreu tortura. A atividade político-partidária só teria início com a fundação do PT. Singer foi o responsável pelo programa econômico do candidato Lula ao governo de São Paulo, em 1982, na primeira eleição direta ao cargo, ainda sob a ditadura, que só terminaria em 1985.

Lula perdeu, mas o programa foi inscrito no DNA do partido. Singer defendia a ampliação do mercado interno via inclusão social, o que acabou ocorrendo durante a Presidência de Lula, de quem seu filho, o cientista político André Singer, hoje colunista da Folha de S. Paulo, foi porta-voz.

Paul Singer considerava o programa reformista. O socialismo não entrava diretamente na equação. "A marcha para o socialismo consistia em ampliar a democracia, aprofundar a democracia para redistribuir a renda", como disse em entrevista a Guido Mantega e José Marcio Rego, em 1997, registrada no livro "Conversas com Economistas Brasileiros".

No plano municipal, como secretário de Planejamento de Luiza Erundina, prefeita de São Paulo a partir de 1989, não conseguiu implementar ideias que dependiam de uma ação do governo federal. Mas nunca desistiu da ideia.

Em 2002, Singer aprofundou a proposta com a publicação do livro "Introdução à Economia Solidária", obra de militância, editada pela Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT. Defendia como princípios "a propriedade coletiva ou associada do capital e o direito à liberdade individual". Pela sua proposta, haveria também "um poder público com a missão de captar parte dos ganhos acima do considerado socialmente necessário para redistribuir essa receita entre os que ganham abaixo do mínimo considerado indispensável".

No ano seguinte, no início do governo Lula, assumiu a Secretaria Nacional de Economia Solidária, ligado ao Ministério do Trabalho, onde defenderia a criação de bancos comunitários como instrumento de erradicação da miséria.

Apesar das crises do PT, Paul Singer se manteve ligado ao partido que ajudou a fundar, criticando-o pontualmente à esquerda, como fez em 2015, quando o governo de Dilma Rousseff promoveu um ajuste fiscal que, para ele, afastaria o PT de suas bases sociais.

Foi autor de muitos livros, além da obra citada, entre os quais se destacam "Desenvolvimento e Crise" (1968) e "A Crise do Milagre Brasileiro" (1976). Viúvo, Paul Singer deixa, além de André, as filhas Helena e Suzana, ex-ombusdsman da Folha e atual editora de Treinamento do jornal.
Com informação de Folha de Pernambuco

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Perguntas para entender o julgamento de Aécio Neves no STF nesta terça



O senador Aécio Neves
Image captionAécio foi flagrado em uma gravação pedindo R$ 2 milhões para pagar despesas com advogados | Foto: Wilson Dias/Ag. Brasil

"(...) Quando observares a corrupção a ser recompensada e a honestidade a converter-se em autossacrifício; Então poderás constatar que a tua sociedade está condenada". A citação é da filósofa russo-americana Ayn Rand (1905-1982), popular entre políticos e militantes de direita de todo o mundo, inclusive no Brasil. E foi escolhida pelo então Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, para abrir a denúncia, em junho de 2017, contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG). O mineiro saiu das eleições de 2014 como o principal político liberal do país, com 51 milhões de votos no segundo turno da disputa presidencial daquele ano.
Aécio Neves foi um dos mais atingidos pelo acordo de delação premiada de executivos do grupo J&F, controlador do frigorífico JBS, em maio do ano passado. Em uma conversa gravada pelos então candidatos a delatores, o senador mineiro pede R$ 2 milhões para pagar um advogado (na época, o senador era defendido pelo escritório do criminalista Alberto Toron) para defendê-lo na Operação Lava Jato. A Procuradoria Geral da República (PGR) diz que o dinheiro seria propina em troca de atuação parlamentar favorável à JBS. É a denúncia neste caso que será julgada pelos ministros da Primeira Turma do Supremo nesta terça.
O dinheiro foi realmente entregue: segundo a acusação, foram quatro parcelas de R$ 500 mil, todas em espécie. E pelo menos uma das remessas - recebida pelo primo de Aécio, Frederico Pacheco - teve a sua entrega filmada, à distância, pela Polícia Federal. O procedimento, chamado de "ação controlada", foi autorizado pelo ministro do STF Luiz Edson Fachin.
Frederico Pacheco, o Fred, é também o pivô de um dos pontos do escândalo que mais causaram desgaste para a imagem de Aécio: em uma das conversas com Joesley Batista, da JBS, o senador diz que a pessoa a receber o dinheiro "tem que ser um que a gente mata ele antes de fazer delação". E sugere que seu primo seja essa pessoa: "O Fred com um cara seu (de Joesley)".
Num artigo assinado por Aécio publicado no jornal Folha de S. Paulo na segunda-feira, o senador reconhece que usou "vocabulário inadequado" e que fez "brincadeiras injustificáveis e de enorme mau gosto", das quais se arrepende "profundamente". O senador pede ainda desculpas a Frederico e diz que o dinheiro era fruto da venda de um imóvel de sua família a Joesley Batista.
Aécio diz ainda que o empréstimo não teve qualquer contrapartida em sua atuação no Senado. Trata-se, diz o senador, de um negócio privado entre ele e Joesley, sem dinheiro público envolvido e sem contrapartida sua, o que afasta o crime de corrupção.
A BBC Brasil explica abaixo todas as implicações do caso.

O que exatamente será julgado pelo STF?

A sessão desta terça-feira julgará uma denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República, no dia 02 de junho passado, contra Aécio Neves. Também foram denunciados a irmã do político mineiro, a jornalista Andréa Neves; o primo do senador, Frederico Pacheco de Medeiros; e um ex-assessor do senador Zezé Perrella (PMDB-MG), Mendherson de Souza Lima.


Sessão do Supremo Tribunal Federal
Image captionMinistros do STF vão julgar denúncia da PGR contra o senador Aécio Neves | Foto: José Cruz/Ag. Brasil

Para Aécio, a PGR pede a condenação pelos crimes de corrupção passiva e obstrução de justiça (para os demais, a denúncia só fala em corrupção passiva). Além disso, a PGR pede que Aécio e Andréa Neves paguem multa de R$ 6 milhões: R$ 2 milhões da suposta propina e mais R$ 4 milhões de danos morais.
Segundo os procuradores, o dinheiro teria sido entregue em quatro remessas: os pagamentos de R$ 500 mil chegaram nos dias 05, 12 e 19 de março e 03 de abril. Foram transportados da sede da JBS, em São Paulo, a Belo Horizonte (MG) em viagens de carro, dentro de mochilas. O objetivo, segundo a PGR, seria evitar os controles de segurança que existem nos aeroportos. Mendherson teria participado da logística para o recebimento de três das quatro viagens.
Além disso, o MPF diz que Aécio usou seu posto de senador e seu prestígio político para tentar desmantelar a operação Lava Jato. A denúncia menciona uma reunião entre Aécio e Joesley no hotel Unique, em São Paulo, no dia 24 de março: no encontro gravado pelo delator, o senador mineiro diz estar articulando no Congresso a favor da anistia ao caixa dois (doações de campanha feitas sem informar a Justiça Eleitoral); e da aprovação do projeto de lei que endurece a punição do crime de abuso de autoridade.

Quem julgará o caso e o que acontece se Aécio for derrotado?

A denúncia será julgada pela Primeira Turma do STF. Trata-se de um colegiado formado por apenas cinco ministros: Marco Aurélio (relator do caso); Rosa Weber, Roberto Barroso (presidente da Turma), Luiz Fux e Alexandre de Moraes.
Se for derrotado, Aécio Neves se tornará réu no escândalo da JBS. Seria a primeira vez que o político mineiro tem contra si uma ação penal no escândalo de corrupção, mas não é a primeira investigação: Aécio é alvo de outros oito inquéritos no Supremo.
Se for tornado réu, o STF abre em seguida o prazo para a coleta de provas, depoimentos de testemunhas, etc. Esta primeira fase do processo é chamada de "instrução". A participação do tucano nas eleições de 2018, porém, dificilmente será impedida pela Lei da Ficha Limpa: a norma não impede a participação de réus no pleito, apenas de pessoas condenadas por um tribunal colegiado.


Ministro do STF Roberto BarrosoDireito de imagemNELSON JR./STF
Image captionO ministro Roberto Barroso é presidente da turma do Supremo que vai julgar Aécio

Se os ministros rejeitarem a denúncia, por outro lado, o processo segue para o arquivo. É impossível dizer quais são as chances disto acontecer, mas a Primeira Turma é considerada mais rigorosa contra os investigados do que a Segunda (presidida pelo ministro Gilmar Mendes).
Um levantamento do site de notícias jurídicas Jota, por exemplo, mostra que a Primeira Turma concedeu apenas 12% dos pedidos de habeas corpus que julgou em 2017. Na Segunda Turma, esta taxa foi de 40%.

O que diz a defesa de Aécio?

O tucano admite ter recebido o dinheiro, mas diz que o valor veio de uma operação imobiliária: precisando de dinheiro para pagar advogados, Aécio acertou a venda do imóvel em que sua mãe vivia no Rio de Janeiro para Joesley Batista, da JBS. O fato do dinheiro ter sido pago em espécie não é crime, diz Aécio, já que a origem dos recursos era legal. A exigência do pagamento em dinheiro vivo seria de Joesley, diz Aécio.
Segundo o senador, a única participação de Andréa Neves no caso foi um encontro com Joesley para tratar deste assunto, e uma ligação telefônica. Segundo Aécio, a conversa por telefone entre Andréa e Joesley deixa clara qual seria a origem do dinheiro: uma operação imobiliária legítima.
O senador diz ainda que a PGR não indicou qual teria sido a ação específica que ele realizou em favor da JBS (o chamado "ato de ofício"), necessário para caracterizar o crime de corrupção passiva.
No artigo para a Folha de S. Paulo, Aécio diz ainda que está sendo acusado de obstrução de justiça "por votos que dei no Senado e por opiniões que externei em conversa particular, sem que tivessem nenhum desdobramento fático". No caso do projeto de lei sobre abuso de autoridade, o senador argumenta que chegou a apresentar uma emenda defendendo o ponto de vista do Ministério Público.
Da BBC Brasil em São Paulo
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 14 de abril de 2018

EUA, Reino Unido e França atacam Síria em retaliação a suposto uso de armas químicas por Assad


Míssil lançadoDireito de imagemPENTÁGONO
Image captionPotências ocidentais acusam regime sírio de autoria de ataque químico na semana passada

Com o apoio do Reino Unido e da França, os Estados Unidos lançaram bombardeios contra instalações que produzem, armazenam e distribuem armas químicas na Síria.
A operação é uma resposta às evidências de um ataque químico na cidade síria de Douma, na semana passada. EUA e aliados denunciam que o ataque teria sido protagonizado pelo regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, que por sua vez nega tal participação.
"Uma operação combinada com as forças armadas da França e do Reino Unido está em andamento", disse o presidente Trump em discurso em rede nacional.
As forças armadas dos três países bombardearam múltiplos alvos governamentais durante a operação.

Donald Trump faz pronunciamento na Casa BrancaDireito de imagemREUTERS
Image captionEm pronunciamento, Trump anunciou novos ataques à Síria em conjunto com França e Reino Unido

Segundo o Pentágono, foram atingidos um centro de pesquisas científicas em Damasco, que seria ligado à produção armas químicas e biológicas, um local de armazenamento de armas químicas a oeste de Homs e outro armazém que também funcionava como importante posto de comando, na mesma região.
A televisão estatal síria informou que as forças do governo derrubaram um terço do total dos mísseis lançados.

Rússia se diz ameaçada

Segundo o secretário de Defesa dos EUA, James Mattis, a primeira leva de bombardeios foi finalizada "sem perdas".
"Estamos preparados para sustentar essa resposta até que o regime sírio deixe de usar agentes químicos proibidos", disse o presidente Trump, mais cedo.
A primeira-ministra Theresa May confirmou o envolvimento britânico, dizendo que "não havia alternativa prática ao uso da força".
May também afirmou que os ataques não almejam uma "mudança de regime" na Síria.
Principal aliado do regime sírio, a Rússia divulgou comunicado assinado pelo embaixador nos Estados Unidos, Anatoly Antonov.
"Novamente, estamos sendo ameaçados. Nós já avisamos que ações como esta não ficarão sem consequências. Toda a responsabilidade por elas está com Washington, Londres e Paris."

'Guerra'


Criança é lavada na tentativa de eliminar traços de supostos agentes químicos após ataque na cidade de DoumaDireito de imagemREUTERS
Image captionCriança é lavada na tentativa de eliminar traços de supostos agentes químicos após ataque na cidade de Douma

Os ataques foram aprovados contra "alvos associados a instalações de (produção de) armas químicas" do governo sírio, segundo Trump.
O presidente americano afirmou que o propósito é "dificultar a produção, disseminação e uso de armas químicas".
"Estas não são ações de um homem, são os crimes de um monstro", disse Trump sobre o presidente sírio Bashar al-Assad.
A Síria negou envolvimento com o ataque químico e a Rússia, sua aliada, alertou que ataques militares do ocidente corriam o risco de dar início a uma guerra.

'Flagrante violação'

A imprensa estatal síria chamou os ataques de "uma violação flagrante da lei internacional".
Uma fonte não identificada ouvida pela agência oficial de notícias Sana disse: "Quando os terroristas fracassaram, Estados Unidos, França e Reino Unido intervieram e cometeram uma agressão contra a Síria".
"A agressão americana, francesa e britânica contra a Síria fracassará", acrescentou a fonte.
Segundo a Sana, os ataques atingiram um centro de pesquisa no nordeste de Damasco, assim como instalações militares na capital.
Mísseis tendo como alvos depósitos militares em Homs foram interceptados, acrescentou a agência de notícias.

Reações

Os bombardeios provocaram reações polarizadas.
Aliado dos Estados Unidos, o Canadá apoiou a operação.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, condenou o que chamou de "uso de armas químicas" pela Síria.
Segundo a emissora pública canadense CBC News, Trudeau disse que o Canadá continuaria a atuar junto com seus aliados internacionais e levar os responsáveis "à justiça".
Já Rússia e Irã, os principais aliados da Síria, subiram o tom contra os bombardeios.
O governo russo alertou que os Estados Unidos deveriam esperar algum tipo de retaliação pelos ataques.
Por meio de um comunicado, o embaixador da Rússia nos Estados Unidos, Anatoly Antonov, disse que "tais ações não serão deixadas sem consequências".
O Ministério de Defesa russo afirmou que os ataques não atingiram áreas perto das bases aéreas e navais da Rússia na Síria.
"Nenhum dos mísseis lançados pelos Estados Unidos e seus aliados entraram na zona de responsabilidade das defesas aéreas russas que protegem instalações em Tartous e Humaymin", informou a pasta em nota, segundo a agência de notícias RIA Novosti.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, classificou os ataques como "um ato de agressão" e pediu a convocação de uma reunião de emergência na ONU.
Em 2015, a campanha aérea lançada pela Rússia em apoio ao presidente Bashar al-Assad provou-se crucial para virar a maré a favor do líder sírio.
Já o Irã, o principal aliado da Síria no Oriente Médio, denunciou "uma agressão tripla" e também alertou para "consequências regionais", informou a TV al-Manar, controlada pelo grupo extremista Hezbollah.
Segundo a agência de notícias AFP, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Bahram Ghasemi, afirmou que "os Estados Unidos e seus aliados não têm prova e, sem sequer esperar por uma posição da Organização para a Proibição às Armas Químicas, realizaram este ataque militar...e são responsáveis pelas consequências regionais (dele)".
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, engrossou o coro. Para ele, o ataque contra a Síria é um "crime sem ganhos".
Khamenei também acusou de "criminosos", o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente da França, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May.
Acredita-se que o Irã tenha deslocado centenas de militares e gastado bilhões de dólares para ajudar Assad durante a guerra civil.
Milhares de milicianos muçulmanos xiitas armados, treinados e financiados pelo Irã - muitos dos quais integram o grupo extremista Hezbollah, mas também do Iraque, Afeganistão e Iêmen - também vêm ao lado das forças do governo sírio. 
BBC
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Guerra:'Não ficarão sem consequências': como a Rússia e outros aliados da Síria reagiram aos ataques liderados pelos EUA



Bandeiras da Rússia e do IrãDireito de imagemAFP
Image captionRússia e Irã, os principais aliados da Síria, subiram o tom contra bombardeios

Rússia e Irã, os principais aliados da Síria, criticaram fortemente os ataques coordenados de Estados Unidos, Reino Unido e França contra o regime do presidente sírio Bashar al-Assad.
A ofensiva foi anunciada pelo presidente americano, Donald Trump, na noite de sexta-feira.
O governo russo alertou que os Estados Unidos deveriam esperar algum tipo de retaliação pelos bombardeios.
Por meio de um comunicado, o embaixador da Rússia nos Estados Unidos, Anatoly Antonov, disse que "tais ações não serão deixadas sem consequências".
O presidente russo, Vladimir Putin, classificou os ataques como "um ato de agressão" e pediu a convocação de uma reunião de emergência na ONU.
O Ministério de Defesa do país afirmou que os ataques não atingiram áreas perto das bases aéreas e navais da Rússia na Síria.
"Nenhum dos mísseis lançados pelos Estados Unidos e seus aliados entraram na zona de responsabilidade das defesas aéreas russas que protegem instalações em Tartous e Humaymin", informou a pasta em nota, segundo a agência de notícias RIA Novosti.

Donald TrumpDireito de imagemREUTERS
Image captionEm pronunciamento, Trump anunciou novos ataques à Síria em conjunto com França e Reino Unido

Em 2015, a campanha aérea lançada pela Rússia em apoio ao presidente Bashar al-Assad provou-se crucial para virar a maré a favor do líder sírio.
O governo russo também ironizou que a Síria conseguiu interceptar mísseis americanos usando defesas antiaéreas antigas.
"Os sistemas de defesa antiaéreas sírios S-125, S-200, Buk e Kvadrat foram usados para repelir os ataques com mísseis. Esses sistemas de defesa foram fabricados há mais de 30 anos na União Soviética", informou o Ministério de Defesa russo segundo a agência de notícias local Interfax.
A porta-voz da chancelaria russa, Maria Zakharova, escreveu no Facebook: "Aqueles por trás disso (ataques) reivindicam liderança moral no mundo e declaram que são excepcionais. É preciso ser realmente excepcional para bombardear a capital da Síria em um momento em que a cidade ganhou uma chance de um futuro pacífico".
Já o Irã, o principal aliado da Síria no Oriente Médio, denunciou "uma agressão tripla" e também alertou para "consequências regionais", informou a TV al-Manar, controlada pelo grupo extremista Hezbollah.
Segundo a agência de notícias AFP, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do país, Bahram Ghasemi, afirmou que "os Estados Unidos e seus aliados não têm prova e, sem sequer esperar por uma posição da Organização para a Proibição às Armas Químicas, realizaram este ataque militar...e são responsáveis pelas consequências regionais (dele)".
O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, engrossou o coro. Para ele, o ataque contra a Síria é um "crime sem ganhos".
Khamenei também acusou de "criminosos", o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente da França, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May.
Acredita-se que o Irã tenha deslocado centenas de militares e gastado bilhões de dólares para ajudar Assad durante a guerra civil.
Milhares de milicianos muçulmanos xiitas armados, treinados e financiados pelo Irã - muitos dos quais integram o grupo extremista Hezbollah, mas também do Iraque, Afeganistão e Iêmen - também vêm ao lado das forças do governo sírio.
Em resposta ao ataque, o Hezbollah disse, por meio de um comunicado, que "a guerra que os Estados Unidos estão lutando contra a Síria, contra a população da região e movimentos de libertação e resistência, não cumprirá seus objetivos".

Míssil sendo lançadoDireito de imagemEPA
Image captionMísseis foram disparados contra a Síria nesta sexta-feira

Foi o segundo ataque militar coordenado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, contra o regime do presidente sírio Bashar al-Assad em pouco mais de um ano.
Seria uma retaliação ao suposto uso de armas químicas contra rebeldes em Douma, na periferia da capital síria, Damasco, no último sábado.
A Síria nega e insiste que as acusações foram fabricadas.
No último sábado, imagens chocantes de adultos e crianças sofrendo sintomas do que parecia ser um ataque químico correram o mundo.
Não há comprovação de uso de armas químicas, mas os sintomas observados nas vítimas na cidade de Douma, um reduto rebelde na periferia da capital da Síria, Damasco, indicam possível uso de agentes como o cloro e o sarin, que atuam no sistema nervoso e teriam provocado a morte de, pelo menos, 40 pessoas.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Bodocó inundada


Dezenas de famílias estão desabrigadas pela enchente que atingiu a cidade, localizada a 640 quilômetros do Recife. Foto: Reprodução/Whatsapp
Dezenas de famílias estão desabrigadas pela enchente que atingiu a cidade, localizada a 640 quilômetros do Recife. Foto: Reprodução/Whatsapp

Moradores da cidade de Bodocó, no Sertão do Araripe, amanheceram a sexta-feira com a cidade inundada. Centenas de famílias estão desabrigadas pela enchente que atingiu a cidade, localizada a 640 quilômetros do Recife. Desde terça-feira que chove no município, provocando o acúmulo de água em açudes, transbordando riachos, ligados a bacia do Brígida.

A força da água derrubou parte da Ponte sobre o Riacho do Pequi que passa sobre a rodovia PE-545. Ela corta o município e leva até a cidade de Ouricuri, também no Sertão. A pista está interditada. O Riacho do Amparo e a Cacimba do Ôco passam próximo a Zona Urbana. Segundo a Agência Pernambucana de de Águas e Climas (Apac) a previsão é de que as chuvas isoladas continuem de forma moderada a forte durante toda esta sexta-feira e ainda no sábado pela manhã.

Moradora de Ipubi, município próximo a Ouricuri, a jornalista Ana Abrantes informa que não consegue contato com nenhum amigo que reside em Bodocó. "Arrecadei roupas, alimentos, água. Eles estão sem telefone, provavelmente sem energia. A principal ponte de acesso caiu, infelizmente. Os mantimentos iremos levar pegando uma estrada por outro acesso". A outra passagem pelo município de Exu, BR 122.

A Coordenadoria de Defesa Civil do Estado de Pernambuco (Codecipe) confirmou que a Ponte sobre o Riacho do Pequi foi parcialmente destruída e está interditada. Dois bairros ficaram alagados, o prédio da Escola Estadual João Carlos Locio está servindo de abrigo para cerca de duzentas pessoas,que tiveram a casa invadida pela chuva. 
Moradores de várias localidades do centro da cidade estão desabrigados. As pessoas perderam móveis, pertences pessoais e documentos. Sanfoneiro e filho ilustre da terra, o cantor Flávio Leandro gravou um vídeo pedindo a ajuda dos pernambucanos. 
       
Assista o vídeo, enviado para o Diario, onde o sanfoneiro pede ajuda:
No final da tarde, roupas e mantimentos começavam a chegar para ajudar aos que perderam tudo na enchente. A Paróquia São José está arrecadando dinheiro através da conta: 8113-2, agência 0899-0, Banco do Brasil.
Com informação do Diário de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE