sexta-feira, 13 de abril de 2018

Pesquisa:aumento de operações e mortes em favelas do Rio após assassinatos de policiais


Agentes do BOPE exibem munição em operação na RocinhaDireito de imagemREUTERS
Image captionAgentes do BOPE em operação na Rocinha; em comunicados em seu site, PMERJ justifica pelo menos três operações em 2018 com a busca de autores de mortes de policiais

Na noite de quarta-feira 24 de março, um policial e um morador da Rocinha, no Rio de Janeiro, morreram após serem baleados em confrontos na comunidade. As lágrimas de suas famílias se somariam três dias depois, no sábado, ao pesar de parentes de outras oito pessoas mortas em ações da Polícia Militar do Rio de Janeiro (PMERJ) ali.
Moradores da Rocinha acusaram a ação do sábado de ser uma retaliação à morte do soldado. Em nota à BBC Brasil, a corporação negou que as ações tenham tido uma relação causal e destacou que a comunidade tem um "reforço no policiamento" desde setembro de 2017. Ainda segundo a PMERJ, quatro dos oito mortos no dia 24 "tinham anotação por tráfico de drogas".
No entanto, dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) analisados pela pesquisadora Terine Husak Coelho mostram que existe uma correlação entre mortes de policiais militares e vítimas civis fatais da intervenção policial no Rio. Coelho avaliou o que aconteceu no período entre janeiro de 2010 e dezembro de 2015. Segundo ela, após o óbito de um policial em serviço, a probabilidade de um civil perder a vida em meio a uma ação policial no mesmo local aumenta em 1150% no mesmo dia; em 350% no dia seguinte; e em 125% entre cinco e sete dias mais tarde.
Para a pesquisadora, os dados revelam um ciclo de violência que não só tira a vida de policiais e civis em sequência como, para a tropa que fica, gera impactos psicológicos devastadores.

Policiais participam de enterro de colega morto na RocinhaDireito de imagemREUTERS
Image captionPoliciais participam de enterro de colega morto na Rocinha; especialistas apontam para a falta de acompanhamento psicológico após assassinatos de agentes

"A polícia deveria ser a instituição que encerrasse o ciclo de violência, mas ela perpetua", afirmou, em entrevista à BBC Brasil. "A consequência de uma morte fica para toda a unidade. Não se olha para o policial que dividia uma rotina com o morto, ou para aquele que estava presente na ocorrência ou foi ferido. Normalmente este policial é aquele colocado em uma operação no dia seguinte, tendo até mesmo a folga cassada".
Os dados foram apresentados em 2017 pela pesquisa de mestrado de Coelho na Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Por meio de técnicas estatísticas, o cálculo foi feito de forma a neutralizar os efeitos da violência local nos números - evitando que os resultados reflitam, por exemplo, simplesmente o fato de uma área ser mais violenta.

Tropas nas ruas

Segundo Coelho, diante de mortes de agentes, a resposta mais comum de comandantes da PM do Rio é promover operações nas ruas e reforçar o efetivo na área. Para fazer isso, lançam mão de forças como Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) e o Batalhão de Choque (BPChq). Enquanto isso, alternativas consideradas mais eficientes pela pesquisadora não costumam ser colocadas em prática: investigações sobre o assassinato e ações integradas de prevenção e inteligência.
A partir da entrevista com 32 policiais, Coelho identificou uma ideia de que é preciso "medir forças".
"A lógica é a de que é preciso dar uma resposta à morte do policial: se atacaram a polícia, ela tem força para responder. Tenho cuidado em falar em vingança, pois isso daria a impressão que seria uma ação pontual de alguns policiais. Mas estamos falando em um modo institucional de agir da polícia, uma dinâmica de violência da qual ela participa", diz a pesquisadora.
Um levantamento feito pela BBC Brasil mostra que, em 2018, operações policiais subsequentes às mortes de policiais seguiram acontecendo.
Segundo a PM do Rio, no primeiro trimestre de 2018, 32 policiais perderam a vida violentamente. A instituição não divulga os nomes destas vítimas mas, segundo um levantamento da reportagem nos sites da corporação e de veículos da imprensa, pelo menos 12 deles morreram em serviço.
Destas mortes, oito foram sucedidas, em menos de sete dias, por operações onde o agente perdeu a vida (Lagomar, em Macaé; Morro da Coca-Cola, em Arraial do Cabo; Gogó da Ema, em Belford Roxo; e, na capital, em Barros Filho, Andaraí, Rocinha e Costa Barros).
Das oito operações, três tiveram como motivação a busca pelos assassinos dos policias, de acordo com comunicados da própria corporação. E três delas resultaram em mortes de civis.

Protesto na Praia de Copacabana homenageia crianças mortas vítimas da violênciaDireito de imagemAFP
Image captionProtesto na Praia de Copacabana homenageia crianças mortas vítimas da violência; especialistas alertam para forte poder bélico associado a estresse em operações que acabam vitimando civis

Foi o caso das ações que se seguiram ao assassinato de um cabo em 9 de janeiro, na comunidade de Lagomar, na cidade fluminense de Macaé. Um comunicado no site da PM naquele dia explicitou que a ação pretendia "identificar e prender os criminosos da comunidade Lagomar" que "assassinaram o cabo". Além de colegas do batalhão em que trabalhava o policial morto, a ação teve o reforço de outros três batalhões e uso de helicópteros.
À BBC Brasil, a PM afirmou, por meio de nota, que "crimes cometidos contra agentes da lei são considerados hediondos e atentam contra o Estado Democrático de Direito". A corporação disse ainda que "o citado crime sempre será enfrentado com o maior rigor possível, sempre observando a técnica policial, evitando assim efeitos colaterais (...) Em 2017 tivemos o número absurdo de 135 policiais militares mortos em razão de ser policial".

Custos psicológicos

Terine Husak Coelho acredita, no entanto, que a Polícia Militar do Rio está falhando em lidar com os efeitos colaterais deste ciclo de violência.
No grupo de 32 policiais entrevistados na pesquisa, apenas um terço foi atendido por um psicólogo. Em vez de receberem este tipo de assistência, policiais que acabaram de perder um colega frequentemente vão às ruas no dia seguinte. De acordo com Coelho, o estresse se torna uma "bomba" que estoura na operação policial.
"Que tipo de segurança você está gerando ao colocar um policial nestas condições na rua? Encontrei, por exemplo, um policial que foi ferido duas vezes no mesmo mês", aponta a pesquisadora.
Nas entrevistas, Coelho se deparou com policiais que não tinham com quem conversar sobre a dor de perder um colega em serviço. É o que se nota no depoimento de um sargento à pesquisadora:
"Eu não consigo imaginar outra situação mais forte do que essa. (...) Eu não acho que tenha uma situação pior. Eu lembro daquele dia em detalhes, se eu fechar o olho, eu lembro. Eu vi os olhos do M. perdendo o brilho. Você já viu isso? Ele disse: - 'Ai, tá doendo'. Eu olhei para ele, e a íris dele foi apagando. Eu vi quando ele morreu. Sabe o que é viver isso? Você não consegue ter ideia".

Policiais participam de enterro de colega morto na RocinhaDireito de imagemREUTERS
Image captionPoliciais participam de enterro de colega morto na Rocinha; pesquisa mostrou que mortes de policiais em serviço são sucedidas por reforço de efetivo na localidade e mais operações

Perguntada sobre a assistência psicológica oferecida a seus agentes, a PM afirmou em nota que presta assistência psicológica e que "não conseguimos parar o policial que conhece um outro policial que morreu em combate sob pena de caso seja adotada essa medida acabar por retirar um efetivo considerável das ruas, algo que prejudicaria muito a sociedade e a própria Policia Militar que também é cliente do serviço que presta à população".

Alternativas

Um major de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) também expressou, em entrevista dada a Coelho, a priorização da colocada das operações em detrimento do encaminhamento a outras formas de assistência.
"Geralmente quando acontece algo contra os policiais, ou atiram contra a gente, eu gosto de dar uma pronta-resposta, um dia ou dois dias depois no máximo. Gosto de fazer uma operação de máximo porte, para apreender algo, prender gente. Para mostrar para tropa que se nos atacarem não vai ficar sem resposta", afirmou o major na pesquisa.
Frequentes, mas tecnicamente questionáveis. Assim o coronel Robson Rodrigues, ex-chefe do Estado Maior da PM do Rio e pesquisador do Laboratório de Análise da Violência da UERJ, enxerga o recorrente uso de operações - não só subsequentes a mortes de seus agentes, mas também em outras situações como denúncias da imprensa.
"Uma operação implicaria em planejamento, uso da inteligência... Mas o que ocorre é uma deturpação. Na Constituição, a função da PM é fazer o policiamento preventivo, ostensivo", aponta Rodrigues.
"Você esgota todo o esforço de uma polícia que deveria ser de patrulhamento. Os policiais se lançam em uma empreitada arriscada para eles e para a população".

'Pagando com o próprio sangue'


A favela da RocinhaDireito de imagemAFP
Image captionDesde setembro de 2017, Rocinha vive presença ostensiva da polícia e operações rotineiras

Julita Lemgruber, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes, destaca que é preciso lembrar também de reações extraoficiais às mortes de policiais - que tem chacinas como a de Vigário Geral como exemplo. Em 1993, quatro policiais militares foram assassinados por traficantes em uma emboscada na comunidade no Rio de Janeiro; no dia seguinte, PMs encapuzados e fortemente armados voltaram a Vigário Geral e mataram 21 pessoas.
Já no caso das operações, Lemgruber enxerga uma "clara característica" de reação às mortes de policiais que leva a uma cadeia "perigosa" de retaliações entre as corporações e o crime.
"Temos que lamentar profundamente qualquer morte, tanto de vítimas da violência policial como de policiais. É lamentável que policiais morram como morrem no Rio e não haja indignação", diz Lemgruber. "Mas arquitetar uma estratégia de vingança é uma barbárie. A confiança da população na polícia se rompe".
O ativista Davison Coutinho, morador da Rocinha, classifica a comunidade hoje como um "grande abatedouro" diante de uma sequência de operações policiais desde que a presença da corporação foi reforçada ali, a partir de setembro de 2017. Coutinho diz que, quando um policial morre na comunidade, os moradores já esperam que ações violentas da polícia aumentem - como, para ele, aconteceu na escalada que acabou resultando nas mortes do último dia 24.
"A gente sabia que haveria retaliação. Os moradores estão pagando com o próprio sangue a morte do policial", aponta o ativista. "Os últimos seis meses foram de confronto a todo momento na Rocinha. Já está mais que comprovado que este combate não dá em nada, somente em mortes".
Da BBC Brasil
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Ditaduras quase iguais:Prestígio de Temer só não é menor que o de Maduro na América Latina, aponta pesquisa


Michel Temer em cerimônia no Palácio do Planalto em 27 de março de 2018Direito de imagemAFP
Image captionPresidente brasileiro aparece na vice-lanterna em levantamento com mais de 400 jornalistas e articulistas de 14 países da região

O presidente Michel Temer chega na tarde desta sexta-feira em Lima, no Peru, para participar da Cúpula das Américas desprestigiado entre os formadores de opinião latino-americanos e com uma agenda pouco relevante de encontros bilaterais.
Pesquisa da consultoria Ipsos obtida pela BBC Brasil mostra que o brasileiro está em penúltimo lugar em um ranking de aprovação de imagem dos principais líderes da América Latina, atrás apenas do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, cujo país enfrenta uma severa crise política, econômica e humanitária.
O alto desprestígio de Temer apontado na pesquisa pode ajudar a explicar porque o presidente brasileiro terá uma agenda de encontros bilaterais bem mais modesta que a de outros líderes que participam do evento. Os compromissos de Temer também são menos relevantes e numerosos do que os que a ex-presidente Dilma Rousseff cumpriu na última edição da cúpula, em 2015, no Panamá.
No levantamento feito pela Ipsos em fevereiro e março com 448 jornalistas e articulistas influentes de 14 países da região, apenas 28% responderam ter uma imagem favorável de Temer, enquanto 69% disseram ter percepção desfavorável. Outros 3% não souberam responder.
O resultado foi pior, por exemplo, que o do presidente cubano Raúl Castro, que ficou com 32% de aprovação e 62% de reprovação. Ele também irá a Lima, na segunda participação de Cuba em uma Cúpula das Américas, evento que ocorre desde 1994 e está na oitava edição.
Já Nicolás Maduro amargou apenas 8% de avaliação positiva, enquanto 86% dos entrevistados pela Ipsos disseram ter uma imagem negativa dele. Ele foi desconvidado pelo governo peruano a participar do evento devido ao desrespeito do seu governo "aos princípios democráticos".
Percentual dos entrevistados com opinião favorável do líder de cada país
Juan Manuel SantosColômbia79%
Tabaré VázquezUruguai78%
Mauricio MacriArgentina72%
Lenín MorenoEquador71%
Sebastián PiñeraChile71%
Juan VarelaPanamá42%
Evo MoralesBolívia42%
Enrique Peña NietoMéxico37%
Raúl CastroCuba32%
Michel TemerBrasil28%
Nicolás MaduroVenezuela8%
Quando os dados são abertos segundo a origem dos entrevistados, nota-se que a melhor avaliação alcançada por Maduro é no Brasil (14% de imagem favorável). Temer, por sua vez, alcança o melhor desempenho na Colômbia (37% de avaliação positiva) e a pior no Chile (80% de reprovação).
Na outra ponta, os líderes latino-americanos que aparecem com imagem mais favorável na pesquisa da Ipsos são os presidentes Juan Manuel Santos (Colômbia), Tabaré Vázquez (Uruguai), Mauricio Macri (Argentina). Seus índices de aprovação ficaram respectivamente em 79%, 78% e 72%.

Nicolás Maduro com apoiadores em ato em Caracas, em 5 de abril de 2018Direito de imagemREUTERS
Image captionEm campanha à reeleição na Venezuela, Nicolás Maduro desperta opinião favorável em apenas 8% dos entrevistados

Agenda modesta

Impopular, a oito meses de concluir seu mandato e sob desgaste permanente de sucessivas acusações de corrupção, Temer tem uma agenda de compromissos em Lima bem mais modesta que a de Dilma na cúpula anterior, o que pode indicar uma redução no interesse de outros mandatários em se reunir com a liderança brasileira.
É comum que, durante encontros multilaterais, os líderes realizem paralelamente encontros fechados. Em 2015, Dilma teve reuniões privadas com os presidentes dos Estados Unidos (então Barack Obama), Argentina (então Cristina Kirchner), México (Enrique Peña Nieto) e Colômbia (Juan Manuel Santos). Além disso, se reuniu com o então secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e com o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg.
Temer por sua vez tem previsão de encontrar apenas com dois presidentes, o chileno Sebastián Piñera no sábado e o hondurenho Juan Orlando Hernández nesta sexta – este último foi reeleito em dezembro sob críticas da Organização dos Estados Americanos (OEA), que recomendou que o pleito fosse refeito, devido a suspeitas de fraudes.
Além disso, o presidente brasileiro deve se reunir com uma missão de parlamentares americanos e com o presidente da Câmara de Comércio dos Estados Unidos, Thomas Donohue.
A agenda na Cúpula das Américas é um pouco mais agitada que a do encontro do G20 na Alemanha, no ano passado, quando Temer não realizou uma reunião privada sequer com outros líderes. O grupo é formado pelas maiores 19 economias do mundo e a União Europeia.

Donald Trump e Michel Temer se cumprimentam Hamburgo, na Alemanha, em julho do ano passadoDireito de imagemREUTERS
Image captionPresidentes dos EUA e do Brasil conversaram apenas brevemente em encontro do G-20, no ano passado; Trump desfalcará Cúpula das Américas

EUA privilegiam outros países

O presidente americano, Donald Trump, cancelou sua participação na Cúpula das Américas, devido a um novo agravamento da guerra na Síria. Os EUA avaliam a possibilidade de realizar ações militares, com aliados como França e Reino Unido, contra o governo sírio, acusado de promover ataques com armas químicas contra sua população.
Não havia previsão de encontro de Trump com Temer, como tampouco há expectativa de reunião com seu substituto no evento, o vice-presidente Mike Pence.
A agenda divulgada pela Casa Branca prevê encontros com o presidente anfitrião, o peruano Martín Vizcarra, e mais os líderes de Chile, Colômbia, e Argentina - justamente os três países que Pence já visitou em setembro passado, quando fez um giro pela América do Sul e pulou o Brasil.
Pence também deve se encontrar no Peru com líderes da oposição da Venezuela, como parte dos esforços de Washington em buscar um apoio maior na região a uma saída de Maduro do poder.
O primeiro encontro entre Temer e o vice-americano deve ocorrer no final de maio, quando Pence fará visita de três dias ao Brasil, passando por Rio de Janeiro, Brasília e Manaus.
O presidente brasileiro também nunca teve uma reunião bilateral com Trump. O único contato entre eles foi uma breve troca de cumprimentos durante a cúpula do G20, ano passado.
Segundo o Planalto, além do encontro no G-20, Temer e Trump "mantiveram jantar de trabalho em Nova York, com outras lideranças da região". Além disso, falaram-se duas vezes ao telefone, de acordo com o Planalto.
Outros encontros que também estão previstos para ocorrer em Lima nesses dois dias são as reuniões do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, com os presidentes de Chile, Argentina e Peru. Haverá também uma bilateral entre Macri e Manuel Santos.

Cúpula em meio a crises

A oitava edição da Cúpula das Américas ocorre sem o brilho da reunião de 2015, marcada pelo histórico encontro entre Barack Obama e Raúl Castro, o primeiro entre presidentes de EUA e Cuba em mais de 50 anos.
A cúpula desse ano, por sua vez, será a primeira sem a participação de um presidente americano, o que, segundo palavras de um diplomata brasileiro que integra a delegação brasileira em Lima, mostra um "descaso" da gestão Trump com a região.

Mike PenceDireito de imagemREUTERS
Image captionVice de Trump, Mike Pence, se encontrará em Lima com líderes da oposição na Venezuela

Fora isso, a região enfrenta instabilidade, seja pela grave crise venezuelana, que tem levado centenas de milhares de refugiados a migrarem para outras nações do continente, como também pela queda de presidentes devido a acusações de corrupção.
Depois do impeachment no Brasil em 2016, o ex-presidente peruano Pedro Pablo Kuczynski renunciou ao cargo poucas semanas antes da realização da cúpula por acusações de recebimento de propinas envolvendo a atuação da empreiteira Odebrecht no país, num desdobramento da operação Lava Jato.
O tema da cúpula neste ano, aliás, é justamente corrupção. Sem consenso entre os países sobre a crise na Venezuela, a expectativa é que o documento final ficará restrito a uma carta-compromisso com ações concretas a serem implementadas nos países para melhorar o combate aos desvios de dinheiro públicos, incluindo medidas de ampliação da transparência na gestão das contas públicas e maior cooperação internacional na prevenção e apuração de crimes nessa área.
Questionada sobre se não haveria constrangimento em Temer abordar essa temática durante as reuniões da Cúpula, dadas as acusações que pesam contra ele no Brasil, uma fonte do Itamaraty disse que o presidente fala como chefe de Estado não como pessoa física. "O Brasil tem muito a mostrar de avanço no combate à corrupção e a contribuir nessa discussão", afirmou.
No ano passado, a Câmara dos Deputados barrou o andamento de duas denúncias criminais contra o presidente. Temer agora corre o risco de ser denunciado uma terceira vez, dado o avanço das investigações sobre suposto pagamento de propina por empresas beneficiadas pelo decreto presidencial que atendeu o setor de portos em 2017.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 11 de abril de 2018

Vai começar a gravação do Especial Causos e Cantos da Rede Globo Nordeste em Bom Jardim

Tudo pronto para festa começar. Cezinha do Acordeon, atração exclusiva  do show global no projeto Causos & Cantos,  nesta linda noite de quarta-feira 11,  no Pátio da Matriz de Sant'Ana, centro de  Bom Jardim.  A festividade começa às 19 horas. O cantor e instrumentista  é  uma das boas revelação da música nordestina. Cezinha é discípulo de Domingos.  O programa será exibido  na programação do São João Globo Nordeste. #vamosparaOforróemBomJardim  



Professor Edgar Bom Jardim - PE

Bomba flutuante será utilizada para puxar água do fundo da barragem de Jucazinho

Reservatório da Barragem de Jucazinho, em Surubim, foi criado para atender 15 municípios do Agreste. Foto: Compesa/Divulgação (Reservatório da Barragem de Jucazinho, em Surubim, foi criado para atender 15 municípios do Agreste. Foto: Compesa/Divulgação)
Reservatório da Barragem de Jucazinho, em Surubim, foi criado para atender 15 municípios do Agreste. Foto: Compesa/Divulgação
A Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) avalia a possibilidade de iniciar dentro de 30 dias a captação de água do chamado “volume morto” do reservatório da Barragem de Jucazinho, no município de Surubim, a 119 quilômetros do Recife, no Agreste. O “volume morto” é a parcela de água que resta na parte mais profunda, abaixo dos canos de captação por gravidade, que exigirá o uso de uma bomba flutuante. “O normal seria aguardar que o nível superasse o ‘volume morto’ para o início da retirada de água, mas diante da necessidade de atendimento das cidades abastecidas pela barragem, iremos fazer algumas adequações para a captação provisória”, adiantou o diretor diretor regional do Interior da Compesa, Marconi de Azevedo.

Segundo a Compesa, com as intensas chuvas ocorridas desde no final da semana passada, barragens localizadas em várias regiões do Estado mostraram alguma recuperação. Jucazinho voltou a acumular água depois de um ano meio em colapso, motivando animação por se tratar do maior reservatório para abastecimento humano do Agreste, com  capacidade para mais de 327 milhões de metros cúbicos de água para atendimento de 15 municípios do Agreste, incluindo Surubim, Cumaru e Passira. O volume acumulado, entretanto, é de 2,58% da capacidade de acumulação, equivalente a 8,4 milhões de metros cúbicos de água.

Marconi de Azevedo realizou uma visita à Barragem de Jucazinho ontem antes de anúncio da decisão de fazer uso do “volume morto”. Segundo a Compesa, a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) fez uma previsão de chuvas dentro da média no Agreste, o que significaria cerca de 700 milímetros de abril a julho. Esse é o período de inverno das regiões da área litorânea pernambucana, que vai da Região Metropolitana e Zona da Mata até o Agreste.

A Compesa informa que nos últimos oito dias o nível da Barragem de Botafogo acumulou  6,75% de sua capacidade, passando de 20,66% para 27,41% do armazenamento possível. Situada em Igarassu, a barragem é a principal fonte hídrica do sistema de distribuição de água para Olinda, Paulista, Igarassu e Abreu e Lima. Ainda segundo a empresa, no mesmo período, as barragens de Várzea do Una, em São Lourenço da Mata, e Duas Unas, em Jaboatão dos Guararapes, sofreram elevação dos volumes para 70,22% e 72,52%, respectivamente. Em São Lourenço da Mata, a Barragem de Tapacurá teve um pequeno aumento de 1,11%, alcançando 58,51% da sua capacidade.

Pajeú - Numa situação inversa, vivendo o final do período invernoso, no Sertão do Pajeú a Barragem de Brotas, em Afogados da Ingazeira, que possui capacidade para 19,6 milhões de metros cúbicos de água, está vertendo. A Compesa antecipou que ajusta a Estação de Tratamento de Água (ETA) do município para aumentar a produção de 100 para 120 litros por segundo dentro de dez dias e estuda possível redução do racionamento.

Em Itapetim, a Barragem de Boa Vista que estava seca desde janeiro acumulou 9,2% da sua capacidade de 1,6 milhão de metros cúbicos de água e a Compesa informa que dentro de dez dias o manancial volta a contribuir com o sistema de abastecimento do município, que já recebe água da Barragem de Caramucuqui. Em São José do Egito, a Barragem de São José II saiu da situação de colapso, acumulando 54,6% da capacidade de 7,1 milhões de metros cúbicos de água, possibilitando maior flexibilidade e segurança hídrica ao sistema de distribuição de água de São José do Egito, que tem na Adutora do Pajeú sua principal fonte de abastecimento.
Com informações de Diário de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

A maior parte do seu corpo não é humana - e é nova aposta de cientistas para vencer doenças


Ilustração de corpo-bactéria
Image captionIlustração simula o que seria um corpo-bactéria

Mais da metade do seu corpo não é humano, dizem cientistas.
As células humanas constituem apenas 43% da contagem total de células do corpo. O resto são micro-organismos.
Entender essa parte escondida de nós mesmos - o chamado microbioma - está transformando rapidamente a compreensão de doenças que vão desde alergias até mal de Parkinson.
Esse campo de pesquisa está inclusive questionando o que significa ser "humano" e levando a novos tratamentos inovadores como resultado.
"Eles (os micro-organismos) são essenciais para a sua saúde", diz a professora Ruth Ley, diretora do departamento de microbiologia do Instituto Max Planck. "Seu corpo não é apenas você".
Não importa o quão bem você se lavar, quase todos os cantos do seu corpo estão cobertos de criaturas microscópicas.
Isso inclui bactérias, vírus, fungos e arquea (organismos que eram classificados de forma equivocada como bactérias, mas de características genéticas e bioquímicas diferentes). A maior concentração dessa vida microscópica está nas profundezas de nossos intestinos, onde há pouca presença de oxigênio.

Ilustração de cérebro e intestino
Image captionPara pesquisador, "o que nos torna humanos é a combinação do nosso próprio DNA com o DNA dos nossos micróbios intestinais"

O professor Rob Knight, da Universidade da Califórnia em San Diego, disse à BBC: "Você é mais micróbio do que humano".
Originalmente, pensava-se que para cada célula humana havia outras 10 não-humanas no nosso corpo. "Isso foi ajustado para muito mais próximo de 1 para 1, então a estimativa atual é de que você é 43% humano se contarmos todas as células", diz ele.
"Mas geneticamente estamos em desvantagem ainda maior."
O genoma humano - o conjunto completo de instruções genéticas para um ser humano - é composto de 20 mil instruções denominadas genes.
Mas se você juntar todos os genes de nosso microbioma chegará a um número de entre 2 milhões a 20 milhões de genes microbianos.
Sarkis Mazmanian, microbiologista do Instituto de Tecnologia da Califórnia, argumenta: "Nós não temos apenas um genoma, os genes do nosso microbioma apresentam essencialmente um segundo genoma que expande a atividade de nosso próprio genoma".
"O que nos torna humanos é, na minha opinião, a combinação do nosso próprio DNA com o DNA dos nossos micróbios intestinais."
Seria ingênuo pensar que carregamos tanto material microbiano sem que ele interaja ou tenha algum efeito em nossos corpos.
A ciência está descobrindo rapidamente o papel que o microbioma desempenha na digestão, regulando o sistema imunológico, protegendo-o contra doenças e produzindo vitaminas vitais.
"Estamos descobrindo como essas minúsculas criaturas transformam totalmente nossa saúde de maneiras que nunca havíamos imaginado, até recentemente", disse o professor Knight.
É uma nova forma de pensar sobre o mundo microbiano. Pois nosso relacionamento com os micróbios tem sido, em grande parte, o de inimigos em uma guerra.

Campo de batalha microbiano

Antibióticos e vacinas têm sido as armas lançadas contra doenças e agentes como varíola, Mycobacterium tuberculosis (bactéria causadora da tuberculose) ou MRSA (um tipo de bactéria resistente a vários antibióticos amplamente utilizados).
As conquistas nessa luta têm sido significativas e salvaram um grande número de vidas.
Mas alguns pesquisadores estão preocupados por que esse ataque constante a "vilões" causadores de doenças também trazem danos incalculáveis às nossas "boas bactérias".
"Nos últimos 50 anos, fizemos um ótimo trabalho na eliminação de doenças infecciosas", disse a professora Ley.
"Mas temos visto um enorme e assustador crescimento em doenças autoimunes e em alergias.
"É aqui que entra o trabalho no microbioma, é em ver como as mudanças no microbioma - que ocorreram como resultado do sucesso que tivemos combatendo patógenos - têm contribuído agora para todo um novo conjunto de doenças com as quais temos de lidar."
O microbioma também está sendo ligado a doenças como mal de Parkinson, doença inflamatória intestinal, depressão, autismo e ao funcionamento de drogas contra câncer.
A obesidade é outro exemplo. O histórico familiar e as escolhas de estilo de vida desempenham claramente um papel nesse aspecto, mas e os micróbios intestinais?

Ilustração de alguém comendo hambúrguer
Image captionUma dieta à base de hambúrgueres e chocolate, por exemplo, afeta tanto o nosso risco de obesidade quanto o tipo de micróbios que crescem no nosso tubo digestivo.

Em busca de uma resposta, o professor Knight realizou experimentos usando ratos nascidos em um ambiente totalmente higienizado - e viveram toda sua vida completamente livre de micróbios.
"Fomos capazes de mostrar que se você pegar fezes de humanos magros e de humanos obesos, e transplantar as bactérias em camundongos, você pode tornar o camundongo mais magro ou mais gordo, dependendo de qual microbioma usou", diz Knight.
"Isso é incrível, mas a questão agora é saber se isso será traduzível para humanos."
Esta é a grande esperança neste campo de pesquisa, de que os micróbios possam ser uma nova forma de medicamento.

Mina de ouro da informação

O cientista Trevor Lawley, do Wellcome Trust Sanger Institute, está tentando cultivar o microbioma inteiro de pacientes saudáveis e o de doentes.
"Quando se está doente, pode haver micróbios faltando, por exemplo. A ideia é reintroduzi-los".
Lawley diz que há evidências crescentes de que restaurar o microbioma de alguém "pode realmente levar à melhora" em doenças como a colite ulcerativa, um tipo de doença inflamatória intestinal.
E acrescenta: "Acho que para muitas doenças que estudamos, serão definidas misturas de micróbios, talvez 10 ou 15, que serão introduzidos no paciente".
A medicina microbiana está em seus estágios iniciais, mas alguns pesquisadores acham que o monitoramento do nosso microbioma em breve se tornará algo cotidiano capaz de fornecer uma mina de ouro de informações sobre nossa saúde.
"É incrível pensar que cada colher de chá de suas fezes contém mais dados do DNA desses micróbios do que poderia ser armazenado em uma tonelada de DVDs", diz Knight .
"No momento, toda vez que você libera esses dados no banheiro, você está mandando toda aquela informação descarga abaixo."
"Parte de nossa visão é que, num futuro não tão distante, assim que você der a descarga, algum tipo de leitura instantânea será feita e lhe dirá se você está na direção certa ou errada."
"Isso eu acho que será realmente transformador."
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 10 de abril de 2018

Globo grava especial de São João em Bom Jardim

A equipe da Rede Globo Nordeste realiza uma série de  gravações na cidade de Bom Jardim, para o "Especial Causos & Cantos". Dona  Eva Souto, Rinaldo Barros e Noé Souto Maior, foram entrevistados pela emissora. A história da nossa cidade, religiosidade, festas, fatos curiosos do passado, culinária, musicalidade, cultura popular serão destaques do programa.
Nesta quarta-feira, 11 de abril, haverá  no Pátio da Matriz de Sant’Ana um show musical com a presença do sanfoneiro Cezinha. 
Será que Bráulio de Castro, Mariano Sanfoneiro e Roberto Cruz, ambos forrozeiros, filhos de Bom Jardim e legítimos representantes da cultura serão lembrados pela produção. Vamos conferir nesta quarta-feira, 19 horas, no Pátio da Matriz. A Prefeitura apoia e convida a população para o evento.
Professor Edgar Bom Jardim - PE