quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Brasil:o que pode detonar uma epidemia urbana de febre amarela


Aedes aegyptiDireito de imagemREUTERS
Image captionSe população de Aedes aegypti crescer, também aumentará o risco de transmissão urbana da febre amarela
Uma das maiores preocupações de cientistas que estudam a febre amarela e de autoridades que tentam controlar o atual surto da doença é evitar que o vírus comece a ser transmitido nas cidades pelo mosquito Aedes aegypti, também vetor da dengue, chikungunya e zika.
Por enquanto, o Brasil só vem registrando casos de contaminação por mosquitos dos gêneros Haemagoguse Sabethes, que são silvestres - ou seja, vivem em florestas. Ao longo de 2017, foram confirmados 779 casos de febre amarela, 262 deles resultando em mortes.
O surto poderia ser muito mais mortal se pessoas estivessem sendo infectadas dentro de centros urbanos, não apenas em áreas de parques e florestas. Mas nesta semana, um caso de infecção em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, acendeu um sinal de alerta.
A prefeitura informou que um homem de 35 anos teria sido contaminado na cidade, e não em área de mata. Mas o Ministério da Saúde esclareceu, depois, que o paciente trabalharia em uma área rural, embora morasse em bairro urbano. E que testes precisariam ser feitos para verificar se, de fato, ele foi infectado pelo Aedes aegypti. A pasta disse considerar "baixíssima" a possibilidade de haver infecção urbana.
Diante desse cenário, a BBC Brasil conversou com especialistas para saber o que poderia causar um surto de febre amarela nas cidades do país. A falta de controle do Aedes e uma série de fatores seriam necessários para que isso ocorresse. Confira:
Mosquito Sabethes
Image captionA diferença entre a febre amarela urbana e a silvestre está nos mosquitos que transmitem o vírus em cada ambiente | Foto: Josué Damacena/IOC/Fiocruz

Como saber se a contaminação foi 'silvestre' ou 'urbana'?

Uma das diferenças centrais entre a febre amarela urbana e a silvestre está nos mosquitos que transmitem o vírus em cada ambiente.
Enquanto nas florestas insetos dos gêneros Haemagoguse Sabethesdisseminam a doença, nas cidades o Aedes aegypti, vetor da dengue, zika e chikungunya, é a espécie com potencial de transmissão do vírus.
Vale lembrar que os mosquitos silvestres têm predileção por sangue de macacos e o Aedes, pelo humano - essas preferências vem de milhões de anos de evolução e adaptação genética desses dois tipos de inseto.
De acordo com pesquisador Ricardo Lourenço, chefe do Laboratório de Mosquitos Transmissores de Hematozoários do Instituto Oswaldo Cruz, será necessário fazer três tipos de investigação para determinar se o homem de São Bernardo do Campo foi infectado pelo mosquito Aedes aegypti:
- Mapear a rotina do paciente, para saber se ele passou por zonas onde existe a presença de mosquitos silvestres, de macacos ou de outras pessoas infectadas. É o que os infectologistas chamam de investigação epidemiológica.
- Detectar o momento exato de apresentação dos primeiros sintomas, para estimar o momento em que houve a contaminação pela picada do mosquito.
- Coletar e examinar mosquitos que habitam as áreas por onde o homem infectado passou, para verificar quais espécies apresentam o vírus - a chamada investigação "entomológica".
A partir dessas análises seria possível, segundo Lourenço, identificar se mosquitos silvestres ou urbanos infectaram o paciente.
Mosquito Sabethes
Image captionMosquitos silvestres têm capacidade muito maior de transmitir a febre amarela | Foto: Josué Damacena/IOC/Fiocruz

O que seria necessário para um Aedes aegypti se infectar e transmitir febre amarela?

Segundo o pesquisador do Instituto Oswaldo Cruz, alguns fatores combinados precisam estar presentes para que o Aedes aegypti passe a transmitir febre amarela nas cidades.
Primeiro, seria preciso que uma pessoa infectada com alta concentração do vírus no sangue entrasse em uma área com grande infestação de Aedes aegypti. É importante lembrar que um mosquito não necessariamente é infectado ao picar uma pessoa doente, ou contrai uma quantidade suficiente do vírus para passá-lo adiante.
E, para que o vírus se propague a ponto de causar um surto urbano, os Aedes infectados por essa primeira pessoa teriam que estar próximos a populações humanas vulneráveis a ele, ou seja, que não tenham tomado a vacina.
Após ser picado, o ser humano só mantém o vírus em concentração suficiente para infectar mosquitos por dois ou três dias, diz Lourenço.
Uma pesquisa do Instituto Oswaldo Cruz mediu a capacidade do Aedes aegypti de transmitir o vírus da febre amarela. Para realizar os testes, os pesquisadores coletaram ovos dos mosquitos nas cidades e em áreas de mata do Rio de Janeiro, Manaus e Goiânia. O estudo mostrou que ele é capaz de passar a doença, mas sua eficiência como vetor varia de acordo com a população de insetos.
Os Aedes aegypti do Rio de Janeiro apresentaram o maior potencial de disseminar a febre amarela, com 10% dos mosquitos apresentando partículas do vírus na saliva 14 dias após a alimentação por sangue infectado. Ou seja, pelo estudo, a cada 100 mosquitos que picassem uma pessoa infectada, 10 se contaminariam.
Daí a necessidade de vários fatores combinados para a disseminação em meio urbano, como quantidade suficiente de vírus no sangue do ser humano infectado e presença de muitos Aedes para picar esse ser humano e retransmitir a doença no meio urbano.
Ainda assim, a capacidade de transmissão do vírus pelos mosquitos urbanos verificada na pesquisa é considerada preocupante pelos pesquisadores.
"Os dados apontaram que os insetos fluminenses das espécies Aedes aegypti são altamente suscetíveis a linhagens virais no Brasil. A competência vetorial dos mosquitos Aedes também foi verificada em Manaus e, em menor grau, em Goiânia. O achado reforça a importância de medidas preventivas, como a vacinação e o controle do Aedes aegypti", diz Lourenço.
Os mosquitos silvestres têm capacidade muito maior de transmitir a febre amarela. Segundo o estudo do Instituto Oswaldo Cruz, o percentual de Haemagogus do Rio de Janeiro infectados chegou a 20%. Entre os Sabethes locais, esse percentual alcançou 31%.

Controle da população de Aedes é essencial

O professor Aloisio Falqueto, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), diz que a população de mosquito Aedes aegypti existente hoje no Brasil ainda é, por enquanto, considerada pequena para ser capaz de provocar uma epidemia de febre amarela urbana.
Segundo ele, em períodos de chuvas e calor- ambiente mais propício para proliferação de mosquitos -, a existência de focos de Aedes alcança até 5% das casas brasileiras. Na África, onde há epidemia de febre amarela urbana, esse percentual varia de 20% a 40%.
Inspeção contra foco de mosquito no Brasil
Image captionEm período de chuvas e calor, a existência de focos de Aedes alcança 5% das casas brasileiras | Foto: Erasmo Salomão/MS
"Se tivesse uma densidade grande de Aedes no Brasil, existiria a condição de disseminar a doença na cidade. Por enquanto, a densidade baixa do mosquito não permitiu que a doença se disseminasse."
Falqueto destaca, porém, que é preciso manter ações de combate ao mosquito para evitar que o risco de epidemia urbana aumente.
"No Brasil, raramente chegamos a ter 5% das casas com foco de Aedes. Mas esse já seria um nível crítico. A partir daí a gente teria que se preocupar com o vírus em transmissão urbana."
O Ministério da Saúde diz que é "baixa" essa possibilidade de transmissão. De acordo com a pasta, as ações de vigilância com captura de mosquitos urbanos e silvestres não encontraram, até o momento, presença do vírus no Aedes.
"Já há um programa nacionalmente estabelecido de controle do Aedes aegypti em função de outras arboviroses (dengue, zika, chikungunya), que consegue manter níveis de infestação abaixo daquilo que os estudos consideram necessário para sustentar uma transmissão urbana de febre amarela", disse a pasta, em nota.
"Além disso, há boas coberturas vacinais nas áreas de recomendação de vacina e uma vigilância muito sensível para detectar precocemente a circulação do vírus em novas áreas para adotar a vacinação oportunamente."
Mosquito Sabethes
Image captionPor enquanto, o Brasil só vem registrando casos de contaminação por mosquitos silvestres | Foto: Josué Damacena/IOC/Fiocuz

Medidas de prevenção

Como o tamanho da população de Aedes aegypti determina o risco de contaminação por febre amarela, os pesquisadores ressaltam que é essencial a participação da população para prevenir o aumento do número de mosquitos nas cidades e nos quintais de casas perto de matas.
Homem sendo vacinadoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionVacinar populações em áreas de risco é essencial para evitar risco de contaminação urbana do Aedes aegypti, segundo especialistas
"Com esse numero de casos de febre amarela pipocando, se por alguma razão as densidades de Aedes aumentarem, o risco de febre amarela urbana aumentará de maneira assustadora", diz o médico infectologista Eduardo Massad, professor da Universidade de São Paulo (USP).
É preciso estar atento ao acúmulo de água parada em garrafas, pratos de plantas e outros objetos deixados em jardins e varandas, assim como fazer a manutenção de calhas e manter caixas d'água e outros depósitos vedados.
Os especialistas do Instituto Oswaldo Cruz também recomendam que o Brasil considere exigir a imunização de pessoas vindas de países que são alvo de febre amarela, sobretudo da África, onde há a doença em centros urbanos. O país já exige Certificado Internacional de Vacinação a pessoas vindas de Angola e da República Democrática do Congo.
Além disso, vacinar populações de áreas de risco é essencial para evitar a proliferação da doença, segundo os pesquisadores.
"Eliminar os criadouros e controlar a proliferação do Aedes aegypti é uma medida importante para evitar a reemergência da febre amarela urbana no Brasil, além da questão básica e já amplamente conhecida de ele ser também responsável pela transmissão dos vírus da dengue, zika e chikungunya", diz Dinair Couto Lima, pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz e uma das autoras da pesquisa sobre mosquitos transmissores.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Arte:Das peças indígenas a fósseis: os itens culturais brasileiros que estão ou correm risco de ir parar no exterior


Desenho de índio com manto tupinambá
Image captionAquarela sobre pergaminho mostra índios brasileiros, um deles com um manto tupinambá; mantos conhecidos estão em museus da Europa

Os mantos tupinambás são resquícios exuberantes do povo que dominava a costa do Brasil há 500 anos. Há apenas seis exemplares preservados no mundo que ainda trazem quase intactos os trançados de fibras naturais e penas vermelhas de guarás e azuis de ararunas.
Mas, apesar de eles terem sido confeccionados em território nacional, os brasileiros que queiram conhecê-los terão de viajar ao exterior: todos os exemplares de mantos tupinambás de que se tem notícia estão em acervos da Europa.
O mais conhecido e conservado deles está no Nationalmuseet, em Copenhague, capital da Dinamarca. O exemplar foi exposto no Brasil em 2000, nas comemorações dos 500 anos do descobrimento pelos portugueses.
Foi nessa ocasião que povos que reivindicam ser herdeiros dos tupinambás, em especial os Tupinambá de Olivença, na Bahia, passaram a requerer o retorno do manto. Desde então, porém, apesar de contarem com o apoio de universidades e outras organizações, não tiveram sucesso em reaver os objetos.

Manto Tupinambá da coleção do Nationalmuseet, na Dinamarca
Image captionMuseu na Dinamarca que abriga um dos seis mantos tupinambás conhecidos no mundo diz nunca ter recebido uma solicitação formal para devolução ao Brasil | Foto: Niels Erik Jehrbo/Museu Nacional da Dinamarca

Segundo pesquisadores, os exemplares que estão na Dinamarca, na França, na Itália, na Bélgica, na Alemanha e na Suíça saíram do Brasil como consequência da invasão holandesa no Nordeste. Com a expulsão dos holandeses de Pernambuco no século 17, os mantos acabaram sendo levados para a Europa - ainda que não se saiba exatamente como chegaram aos museus onde estão hoje.
Por e-mail, o Nationalmuseet disse à BBC Brasil que o item consta de registros do museu que datam de 1689 e admitiu que não há "conhecimento sólido" sobre sua procedência.
A instituição afirmou que, por sua "longa tradição de diálogos positivos e trocas globais", é uma prática recorrente o empréstimo de peças a museus do exterior. O início de um processo de devolução, porém, depende de um pedido oficial do país - o que, segundo o Nationalmuseet, nunca foi feito em relação ao manto tupinambá.

Patrimônio nacional

Para além dos mantos tupinambás, o Brasil abasteceu - e continua abastecendo - acervos estrangeiros com peças arqueológicas, etnográficas e fósseis de dinossauros e animais pré-históricos.
Mas, se no passado, o colonialismo foi responsável pelas perdas, hoje o tráfico ilegal de obras de arte e fósseis é o maior responsável pelo problema.
Atualmente, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores (MRE), o tráfico ilegal de fósseis oriundos da região do Crato, na Bacia do Araripe (CE), é a principal área de preocupação do Brasil em relação à evasão de patrimônios nacionais. Alguns fósseis chegam a ser ofertados em sites especializados na internet. Uma lei de 1942 criminaliza a saída de fósseis do território nacional.

Fóssil de uma libélula encontrado na Bacia do Araripe
Image captionFóssil de uma libélula encontrado na Bacia do Araripe; local sofre hoje da evasão de fósseis por meio do tráfico ilegal | Foto: Marcos Santos/ USP Imagens

A pasta diz já ter feito questionamentos formais sobre a procedência de alguns itens alocados em museus internacionais, mas tais bens não foram encontrados.
O cenário de evasão de bens culturais como esses fez com que a célula brasileira do Conselho Internacional dos Museus (ICOM) - rede que reúne instituições do tipo em todo o mundo - passasse a desenvolver um mapeamento do que está em risco no patrimônio cultural nacional. Esse dossiê, batizado de Red List, faz um diagnostico dos tipos de bens mais vulneráveis - gerando, por exemplo, cartilhas de orientações para agentes que trabalham nas alfândegas por onde o patrimônio pode acabar escapando ilegalmente.
No caso do Brasil, há pelo menos três tipos de bens que deverão estar na Red List brasileira: itens arqueológicos, fósseis e peças do Barroco. É o que indica Maria Ignez Mantovani Franco, presidente do Conselho de Administração do ICOM no Brasil, que prevê que uma primeira versão do dossiê seja concluída ainda em 2018.
Apesar da situação, segundo o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Marcelo Mattos Araujo, o Brasil não acumula uma quantidade expressiva de reinvindicações oficiais de peças que estão no exterior.

Tartaruga mais antiga do mundo e cobra de quatro patas

No que diz respeito aos fósseis, porém, há iniciativas incipientes de repatriação.
Há quase seis anos, o governo brasileiro iniciou um processo para repatriar seu primeiro fóssil. Trata-se de um exemplar da tartaruga mais antiga do mundo, a Santanachelys gaffneyi, hoje em uma universidade no Japão.

O único fóssil completo do pterossauro Tapejara navigans no mundo, encontrado na Bacia do Araripe
Image captionO único fóssil completo do pterossauro Tapejara navigans no mundo, encontrado na Bacia do Araripe | Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Atualmente, esse é um dos quatro fósseis que a Procuradoria da República no Ceará tenta recuperar por meio de cooperação com instâncias jurídicas do exterior. Os outros três itens com processos em aberto estão na França, Alemanha e Itália.
"O trabalho de repatriação está em curso", disse à BBC Brasil o procurador da República Rafael Rayol. "Todo mês temos notícias de pessoas que transportam, às vezes até como suvenir, fósseis do Araripe de forma irregular. Há também uma rede internacional de tráfico, e a Europa é o maior mercado. Em geral, os consumidores finais são colecionadores, mas vez ou outra esses itens chegam também a universidades."
Segundo Renato Pirani Ghilardi, presidente da Sociedade Brasileira de Paleontologia, é sabido que existem pesquisadores que receptam fósseis no exterior - e estes acabam muitas vezes figurando em estudos científicos prestigiados.
"Nos últimos cinco anos, posso apontar várias espécies que foram encontradas no Brasil, mas descritas lá fora", disse Ghilardi à BBC Brasil. "Nas publicações, eles dizem que o material estudado estava perdido em alguma coleção antiga, anterior a 1942 (quando foi implantada a legislação que criminaliza a saída de fósseis). Não achamos que as ciências devam ter fronteiras. Mas poderia ter uma regulação maior, com esse material voltando depois de um tempo, por exemplo".

Legitimidade de quem pede de volta e custos de devolução

No entanto, a experiência mostra que, na prática, a restituição de bens culturais esbarra em questões complexas: da legitimidade de quem pede de volta aos custos da devolução.
"Pelas regras da ONU e da Unesco, uma vez que a negociação de devolução é bem-sucedida, o país reivindicante deve arcar com as despesas da restituição. Isso implica que o país deve estar disposto a trazer o objeto", aponta Luiz Carlos Borges, pesquisador do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), no Rio de Janeiro.

Ilustração mostra três cenas em três tipos diferentes de museusDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionDebate sobre a restituição de bens culturais envolve outras questões complexas como a legitimidade dos requerentes e os custos da devolução

E, quando a consideração dos custos envolve também a manutenção e exibição dos artefatos, alguns especialistas são reticentes sobre as vantagens de reaver itens do patrimônio brasileiro no exterior.
"A gente não pode reivindicar sem ter condições de receber. Isso é calamitoso no Brasil", afirma Lúcio Menezes Ferreira, professor de Departamento de Antropologia e Arqueologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no Rio Grande do Sul. "E a repatriação não é receber apenas por receber, tem que haver um desejo das comunidades locais ou uma demanda dos pesquisadores que justifique o pedido."
Mesmo aqueles cientistas brasileiros cujo material de pesquisa nacional está a milhares de quilômetros de distância se dividem sobre trazer as peças de volta ou não.
No século 19, o pesquisador dinamarquês Peter Lund descobriu que a região mineira de Lagoa Santa guardava artefatos e resquícios de atividade humana de mais de 10 mil anos. O material abasteceu museus europeus ao redor do mundo.

Molduras de quadros expostasDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionBrasil tem atuação oficial tímida na restituição de bens culturais

O pesquisador Danilo Vicensotto, da Universidade Federal do Rio Grande, estima que existam cerca de 30 crânios humanos retirados dali em museus como o de Zoologia da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, e o Museu de História Natural de Londres, na Inglaterra. Isso fora outros vestígios, como fósseis de animais.
"Às vezes temos que viajar para o exterior para fazer pesquisas. Mas, mesmo assim, não sei se seria a favor de trazer as peças para cá. Acho que não. A gente, com raríssimas exceções, não tem onde colocar o material. Faltam obra, pessoal, verba, manutenção. A ciência no Brasil é a última das prioridades, vista como um artigo de luxo, supérfluo", avalia Vicensotto.
Para a museóloga Maria Ignez Mantovani Franco, ainda que o Brasil tenha legitimidade para exigir repatriações, a projeção internacional de peças brasileiras é um aspecto que deveria ser levado em conta nesse debate.
"Quando o Abaporu (pintura de Tarsila do Amaral) foi para o Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires, na Argentina), foi uma guerra. Muitas pessoas foram contra. Mas eu acho que aquele é um museu latino-americano, então ter uma peça expressiva ali é significativo", avalia.
"Há uma importância também de que a cultura brasileira e o Brasil sejam compreendidos em outras dimensões no exterior. É claro que não precisa ser com transposição do acervo todo, mas há outros caminhos de sensibilização, como exposições temporárias."

Quando os museus brasileiros são questionados


O Canhão de Cristiano, hoje no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro
Image captionO Paraguai reivindica a devolução do Canhão de Cristiano, hoje no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro | Foto: MHN

O Brasil, do seu lado, também já viu seus museus envolvidos em demandas por restituição.
O caso mais famoso, e nunca atendido, foi o pedido paraguaio pela devolução do Canhão de Cristiano, símbolo da Guerra do Paraguai (1864-1870) e hoje parte do acervo do Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro.
Já as demandas por objetos usurpados de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, uma grande discussão no mercado internacional de arte, também chegaram ao país.

Peças arqueológicas descobertas no Rio
Image captionItens arqueológicos, fósseis e peças do Barroco no Brasil estão vulneráveis a problemas como tráfico ilegal e dispersão de coleções | Foto: Agência Brasil

O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) tem peças em seu acervo reivindicadas por herdeiros de colecionadores judeus perseguidos durante a guerra - como a pintura O Casamento Desigual, de autor desconhecido, e uma coleção de esculturas em bronze do francês Edgar Degas.
Segundo o museu, porém, essas e outras peças nunca foram requisitadas formalmente, com "embasamento ou provas concretas", pelas famílias.
"O museu apoia a repatriação aos herdeiros de obras cujo histórico e procedência sejam comprovados em juízo (...) No entanto, também tem a missão de zelar por seu acervo, que é patrimônio nacional, e não pode agir a partir de solicitações informais", afirmou o Masp em nota.
BBC.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Programação do Carnaval de Pernambuco:13 de fevereiro

Convite: V Encontro de Burrinhas, Caboclinhos, Catirinas e Maracatus de Pernambuco.
Local: Centro da Cidade de Bom Jardim - PE
Data: 13 de fevereiro 2018
Início:8:00 horas
Classificação:Livre



Professor Edgar Bom Jardim - PE

Recife, 1975

ILHA DO RETIRO EM 1975. A GRANDE ENCHENTE QUE QUASE ACABA COM O RECIFE.
De: George Barreto
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Bloco dos Músicos de Bom Jardim vai desfilar nesta terça-feira

O Bloco dos Músicos começa a concentração às 19:00, saindo da frente da sede do Grêmio Lítero Musical Bonjardinense. O desfile vai acontecer  pelas 20:00 horas.  Participem!
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

A Curitiba que envergonha o mundo

Bancos públicos com pinos para impedir que moradores de Rua descansem .
Quebrando Tabu.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

A festa religiosa de São Sebastião de Bom Jardim

A maior festa religiosa de Bom Jardim, no Agreste pernambucano, celebrada na última sexta-feira (02), levou uma multidão as ruas da cidade para venerar a memória de um dos santos mais populares do mundo católico, São Sebastião, aclamado como co-padroeiro do município.


O novenário preparatório transcorreu no período de 24 de janeiro a 01 de fevereiro, com recitação do Santo Terço, Oração da Novena, Procissões e Celebrações da Eucaristia, na Capela de São Sebastião (Centro), refletindo a temática “Missão: Servir Sem Medo”.

A festa, tradicionalmente celebrada no dia 02 de fevereiro, é resultado do livramento da terrível peste bubônica, que assolava toda a região, em meados de 1925. Conforme a tradição do lugar, a peste bubônica atingiu a Vila de Queimadas, hoje município de Orobó, consequentemente a Comunidade de Tamboatá, as imediações do Engenho Passassunga, e a Comunidade de Bizarra.

Em decorrência do temor e da preocupação causados pela peste, surgiu a ideia de fazer uma promessa para evitar a terrível ameaça. O Sr. Napoleão Gonçalves Souto Maior, sugeriu à Dona Maria de Jesus, sua esposa, fazer uma promessa a São Sebastião, para interceder a Deus contra a peste bubônica, já que o santo mártir é protetor contra as epidemias, fome e guerra. Auxiliados por Dona Júlia do Nascimento e a Senhorita Otília Engrácia de Oliveira (Tila), em 1926, foi realizada a primeira Missa/festa em honra a São Sebastião.


A programação religiosa da última sexta-feira (02), dia da festa, contou com alvorada festiva, Missa Solene, presidida pelo Padre Antônio Inácio Pereira, Vigário Geral Diocesano, e concelebrada pelos Padres Artur Alexandre, Amaro Manoel, Severino Fernandes e Jorge Sousa, Celebração da Eucaristia (às 15h30), presidida pelo Padre Francisco do Nascimento, procissão com as imagens de São Sebastião e Nossa Senhora da Saúde, percorrendo as principais ruas da cidade, sermão de encerramento e bênção do Santíssimo Sacramento, conduzida pelo Padre Antônio Valentim.


Há 92 anos que Bom Jardim festeja o soldado romano convertido ao cristianismo, que morreu martirizado por testemunhar sua fé em Jesus Cristo, celebrado pela Igreja no dia 20 de janeiro.
Por Bruno Araújo - Matriz de Sant'Ana.
Professor Edgar Bom Jardim - PE