quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Mundo: o que se sabe sobre a polêmica relação de Trump com a Rússia

Trump e PutinDireito de imagemREUTERS
Image captionRelação de Trump com Putin é alvo de polêmicas desde o fim das eleições americanas | Fotos: AFP/Getty Images
A proximidade do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, tem dominado as manchetes há mais de um ano e envolvido o governo Trump em controvérsias.
Nesta semana a polêmica ganhou novo capítulo - na terça-feira, o ex-assessor sênior do presidente, Steve Bannon, foi ao Congresso para prestar depoimento. As duas casas legislativas fazem investigações sobre a suposta ligação da Rússia com a equipe que trabalhou na campanha de Trump para as eleições americanas de 2016.
A força-tarefa do Departamento de Justiça que conduz a principal investigação sobre o caso também o convocou para depor diante de um grande júri - procedimento que seria substituído, depois de um acordo feito por Bannon, por um interrogatório conduzido pelo líder da operação, Robert Mueller, informou nesta quarta a rede de TV CNN.
Mas qual é, afinal, a ligação entre Trump e a Rússia? Como começou? No que vai dar?
Steve Bannon chegando ao Congresso para prestar depoimentoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionSteve Bannon (ao centro) foi ouvido por uma comissão do Congresso americano na terça-feira (16)
Quatro pessoas ligadas à campanha eleitoral e ao governo de Trump já foram acusadas formalmente. O presidente nega qualquer irregularidade e diz que não há nenhuma evidência concreta contra ele.
A BBC reuniu o que se sabe de mais importante sobre o caso e as perguntas que ainda precisam ser respondidas.

Quem investiga o caso?

Robert Mueller, um respeitado ex-diretor do FBI, foi escolhido pelo Departamento de Justiça para comandar uma força-tarefa sob supervisão do órgão. O objetivo é investigar uma possível influência russa nas eleições – uma das suspeitas mais sérias da história dos EUA envolvendo o alto escalão da política.
A operação inclui advogados renomados que atuam no setor privado, advogados do Departamento de Justiça e agentes do FBI.
Donald Trump e Michael Flynn em 2016Direito de imagemREUTERS
Image captionMichael Flynn foi demitido por Trump em fevereiro de 2017
Além da força tarefa, o caso também está sendo investigado por quatro comissões diferentes do Congresso americano – as comissões de Inteligência da Câmara e do Senado, a comissão de Justiça do Senado e a comissão de supervisão da Câmara.

Quais as suspeitas contra Trump envolvendo a Rússia?

As equipes responsáveis pela campanha eleitoral de Trump e pela transição de governo foram acusadas de conspirar com agentes russos para influenciar as eleições americanas em prol do candidato republicano.
Agências de inteligências dos EUA, como a CIA e a NSA, chegaram "com grande confiança" à conclusão de que a Rússia estava por trás de um esforço para favorecer Trump nas eleições de 2016.
Tanto o presidente americano quando Vladimir Putin menosprezaram as acusações. Trump disse que estava sendo vítima da "maior caça às bruxas política da história".

Quais as evidências?

Pelo menos 12 assessores de Trump tiveram contato com agentes russos durante a campanha e a transição, de acordo com uma análise de dados públicos feita pela CNN. Eles se encontraram pessoalmente com pessoas ligadas ao governo russo pelo menos 19 vezes e se comunicaram pelo menos 51 vezes.
O grupo inclui o cunhado e conselheiro de Trump Jared Kushner, seu filho Donald Trump Jr., seu ex-assessor de Segurança Nacional, Michael Flynn, e o secretário de Justiça, Jeff Sessions.
Michael Flynn em 2017Direito de imagemREUTERS
Image captionEx-assessor de Segurança Nacional de Trump, Michael Flynn é uma das pessoas envolvidas no escândalo
Trump Jr. e Jared Kushner se encontraram com um grupo de russos, incluindo a influente advogada russa Natalia Veselnitskaya, em 2016. A reunião foi na Trump Tower, em Nova York, e aconteceu após um articulador russo contatar Trump Jr. dizendo que tinha material que incriminaria a candidata democrata, Hillary Clinton.
O filho do presidente admitiu o encontro, mas se defendeu das acusações – embora tenha dito que a advogada tinha oferecido apenas "disparates" e que "provavelmente deveria ter agido um pouco diferente".
Partidários de Trump afirmam que interações com estrangeiros são rotina em qualquer campanha para a Casa Branca, mas dois dos assessores de Trump já admitiram ter mentido sobre os encontros.

Quem foi formalmente acusado?

Quatro pessoas foram denunciadas oficialmente pela força-tarefa que investiga o caso: ex-dirigente da campanha de Trump Paul Manafort, um antigo sócio dele chamado Rick Gates, um conselheiro de campanha de Trump chamado George Papadopoulos e Michael Flynn.
Tanto Gates quanto Manafort se declararam inocentes em 12 acusações, incluindo a de conspirar contra os Estados Unidos.
Papadopoulos, que é acusado de tentar marcar encontros entre Trump e representantes russos, admitiu ter mentido ao FBI sobre o caso.
Membro mais sênior ligado a Trump a ser indiciado, Flynn também admitiu ter mentido ao FBI sobre encontros que ele teve com o embaixador russo, Sergei Kislyak.

Trump sabia?

A confissão de Flynn de ter mentido em juízo sobre os encontros faz parte de um acordo que ele fez com a promotoria. Ele receberá penas bem mais leves do que as que teria enfrentado sem o acordo, como, por exemplo, por fazer negócios privados com um país estrangeiro enquanto ocupava um cargo público.
Especialistas em legislação dizem que esse tipo de acordo só costuma se oferecido quando um acusado tem evidências que incriminem alguém de um cargo superior.
Trump demitiu Flynn em fevereiro, dizendo que ele tinha mentido para o vice-president Mike Pence sobre seu encontro com o diplomata russo.
Críticos questionam se o presidente sabia da relação de Flynn com o embaixador. Os jornais americanos têm dito que resposta para essa pergunta pode fazer parte do acordo do ex-assessor de Segurança Nacional com a Justiça.

Qual a importância de Steve Bannon?

Um dos articuladores da ideia "A América em primeiro lugar" como tema da campanha de Trump, Bannon era um dos assessores mais próximos do presidente antes de ser demitido em agosto.
Nas últimas semanas ele entrou publicamente em conflito com o presidente, depois de fazer comentários negativos sobre Trump e sua família no livro Fire and Fury (Fogo e Fúria), de Michael Wolff. Recém-publicado nos EUA, o livro chega ao Brasil em março.
Bannon chamou a reunião do filho do presidente com os russos de "antipatriótica" e "traiçoeira" e disse que o Departamento de Justiça iria "desmascarar Trump Jr. em rede nacional".
Trump respondeu dizendo que seu ex-assessor "estava louco".

Como a Rússia interferiu nas eleições?

Adulterar urnas de votação, por exemplo, é algo que difícil nos Estados Unidos. Mas é possível interferir nas eleições de outras formas – através de pessoas.
Membros das agências de inteligência americanas dizem que a Rússia tinha uma operação nesse sentido em duas frentes.
A primeira supostamente envolvia mandar e-mails de "phishing" – uma técnica pouco sofisticada para tentar enganar as pessoas e conseguir suas senhas – para figuras do Partido Democrata.
A Catedral de São Basílio em 2009Direito de imagemGETTY IMAGES
Image captionAgências de inteligência americanas dizem que a Rússia atuava em duas frentes para tentar influênciar a eleição nos EUA | Foto: AFP/Getty Images
Hackers teriam conseguido invadir os sistemas do comitê do partido e vazar milhares de e-mails revelando o trabalho da campanha de Hillary Clinton, com comentários privados e embaraçosos.
A segunda frente supostamente envolvia um esquema para encher as redes sociais – e especialmente o Facebook – com notícias falsas contrárias ao partido democrata.
De acordo com o depoimento de representantes do Facebook para o Congresso, o conteúdo distribuído pelos russos impactou 126 milhões de americanos na rede social durante e depois da eleição.

Desde quando se sabe sobre a intervenção da Rússia?

De acordo com o Washington Post, a CIA mandou um relatório para a Casa Branca em agosto de 2016 dizendo que Vladimir Putin estava por trás de uma tentativa de interferir nas eleições.
Segundo os jornais americanos, o governo de Barack Obama ficou receoso de divulgar a suspeita – o medo supostamente seria de a revelação ser interpretada como uma tentativa de interferir no pleito. A administração então teve uma resposta relativamente discreta.
Outras agências de inteligência chegaram separadamente à mesma conclusão, e os republicanos no Congresso estavam relutantes em apoiar uma crítica pública à Moscou.
Diplomatas russos foram notificados, mas um pronunciamento público do governo sobre o caso só foi feito no fim de setembro de 2016, quando todas as principais agências de segurança concordaram. Para evitar parecer partidário, o documento não foi assinado pelo então presidente.

Trump pode interferir na investigação?

No fim do ano passado surgiram rumores de que o presidente poderia demitir Mueller, o chefe da força-tarefa, e conferir perdão presidencial a Flynn, na tentativa de barrar a investigação.
Os rumores começaram depois de um dos advogados do líder americano ter acusado a força-tarefa de obter e-mails ilegalmente. Os investigadores disseram que o material foi conseguido por meios legais.
A manobra seria vista por democratas como obstrução de justiça e poderia desencadear pedidos para pedir um impeachment do presidente. Por enquanto, no entanto, parece estar descartada – um advogado da Casa Branca disse que demitir o investigador estava fora de cogitação.
Em fevereiro de 2017, o FBI estava investigando Michael Flynn por causa de seus contatos com os membros do governo russo.
James ComeyDireito de imagemREUTERS
Image captionJames Comey foi removido do cargo de diretor do FBI quando a agência investigava Flynn
O então diretor do FBI, James Comey, esteve em uma reunião na Casa Branca com o presidente, o vice-presidente, Mike Pence, e o secretário de Justiça, Jeff Sessions. Segundo um relatório de Comey escrito logo após o encontro, o presidente teria pedido para Pence e Sessions saírem da sala e sugerido que o diretor do FBI parasse de investigar Flynn.
Alguns meses depois, em maio, o presidente demitiu James Comey, citando "aquela coisa da Rússia", em uma movimentação que chocou Washington e deu margem a rumores sobre uma tentativa de encobrir o caso.
A repercussão do caso levou o Departamento de Justiça a criar a força-tarefa e apontar Mueller para liderar a investigação.

O que vai acontecer agora?

Há muita especulação sobre Mueller estar considerando se é possível embasar uma acusação de obstrução de Justiça contra o presidente. É difícil dizer se a decisão de demitir Comey sozinha daria um caso - especialistas divergem sobre isso, pois é preciso provar que a intenção do presidente foi encobrir a investigação.
É praticamente impossível acusar o presidente em exercício de um crime – o caso teria que ser apresentado pelo Poder Executivo, do qual Trump é o chefe.
Seria possível apresentar acusações de obstrução de Justiça para um pedido de impeachment. Há implicações políticas suficientes para isso, principalmente diante de casos do passado, como a abertura de pedido de impeachment de Bill Clinton – que acabou inocentado durante o processo – e a resignação de Richard Nixon.
Mas um impeachment é algo improvável, já que o Partido Republicano tem maioria em ambas das casas do Congresso, onde o processo seria apresentado e julgado. É preciso que uma maioria simples na Câmara abra o processo e mais de dois terços do senado vote pelo impedimento.

O que os americanos pensam sobre o escândalo?

Pesquisas apontam que a maioria das pessoas leva o caso a sério.
Uma delas, feita pelo jornal Washington Post e pelo canal ABC News e publicada em novembro de 2017, mostra que 49% dos americanos acreditam que Trump provavelmente cometeu um crime. Mais da metade – 53% – afirma que as acusações contra as pessoas associadas ao presidente indicam que houve uma conspiração.
Uma pesquisa da rede CBS mostra que dois terços do eleitorado pensa que o acordo de cooperação e a declaração de culpa de Michael Flynn são um "problema sério" para o governo Trump.
Fonte:BBC.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Populares e autoridades do Agreste estiveram presentes no velório de Dr. Afrânio

Populares, familiares, colegas de profissão e autoridades das cidades de Bom Jardim, Orobó, João Alfredo, Nazaré da Mata, Limoeiro e outras cidades compareceram ao velório do Dr. Afrânio  Magalhães, no Club Colombo do Limoeiro - PE, nesta quarta-feira(17).

Muita gente ficou impressionada com o número de capelas e mensagens expostas no ambiente. As pessoas lamentavam a perda do grande médico e ser humano que foi Afrânio.

O Padre Elias Roque, lembrou que a marca de vida de Afrânio, foi de  dedicação a sua profissão de médico, que consultava as pessoas simples  sem nenhuma burocracia, em qualquer lugar, até mesmo em um restaurante quando estava em horário de almoço, com uma alegria, característica bem peculiar de ser humano.
LEIA TAMBÉM: Povo de Bom Jardim de luto com a morte de Dr. Afrânio Magalhães. https://professoredgarbomjardim-pe.blogspot.com.br/2018/01/povo-de-bom-jardim-de-luto-com-morte-de.html
Professor Edgar Bom Jardim - PE

“O Brasil está experimentando uma das maiores desindustrializações da história da economia”



Você se considera de esquerda? Mesmo acostumado a dar entrevistas, essa pergunta ainda faz gaguejar Ha-Joon Chang, professor de economia da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, que se tornou conhecido por expor os problemas do capitalismo. “Bem...eu possivelmente sou”, respondeu um pouco reticente o acadêmico, como quem confessasse um pecado. Para ele, no mundo polarizado de hoje, admitir-se de qualquer tendência ideológica pode significar uma sentença de morte para um potencial diálogo. Além disso, em diferentes países, a percepção de direita e esquerda é diferente. “Na Coreia do Sul e Japão, por exemplo, o tipo de política industrial que defendo é considerada de direita. Já na Inglaterra, onde vivo hoje em dia, é uma política de esquerda”, afirmou o autor sul-coreano do best-seller Chutando a Escada: A Estratégia do Desenvolvimento em Perspectiva Histórica (Editora Unesp), que veio ao Brasil participar do Fórum de Desenvolvimento, em Belo Horizonte. Ha-Joon Chang conversou com o El PAÍS sobre polarização política, história econômica e o futuro do sistema econômico mundial, que, para ele, não é nem capitalista, nem socialista.
Pergunta. Como a polarização política afeta o desenvolvimento econômico?
Resposta. A polarização é a pior coisa que pode acontecer para a economia. Tudo se torna simbólico. Você começa a se opor a determinada política simplesmente porque ela está associada a um partido de esquerda ou direita. Os debates estão se tornando cada vez mais difíceis. Ambos os lados, ao invés de debater, gritam uns com os outros. Eu gosto de me descrever como um pragmatista. Não importa de onde vem determinada política para o desenvolvimento econômico, contanto que ela funcione.
P. Desde o Consenso de Washington, no final da década de 1980, muitos países pobres abraçaram as recomendações internacionais para propagar o livre comércio como uma das formas de combater a miséria e se desenvolver. Como você avalia o resultado dessa medida?
R: Hoje, quando olhamos para os países ricos, em sua maioria, eles praticam o livre comércio. Por isso, é comum pensarmos que foi com esta receita que eles se desenvolveram. Mas, na realidade, eles se tornaram ricos usando o protecionismo e as empresas estatais. Foi só quando eles enriqueceram é que adotaram o livre comércio para si e também como uma imposição a outros Estados. O nome do meu livro, Chutando a escada, faz referência a um livro de um economista alemão do século XIX, Friedrich List, que foi exilado político nos Estados Unidos em 1820. Ele critica a Inglaterra por querer impor aos EUA e à Alemanha o livre comércio. Afinal, quando você olha para a história inglesa, eles usaram todo o tipo de protecionismo para se tornar uma nação rica. A Inglaterra dizendo que países não podem usar o protecionismo é como alguém que após subir no topo de uma escada, chuta a escada para que outros não possam usá-la novamente.
“O Brasil está experimentando uma das maiores desindustrializações da história da economia”
P: Como se deu o desenvolvimento dos países ricos na prática?
R:Estes países cresceram com base no que Alexander Hamilton [1789-1795], primeiro secretário do Tesouro dos Estados Unidos [que estabeleceu os alicerces do capitalismo norte-americano], defendeu como o argumento da indústria nascente. Do mesmo jeito que mandamos nossas crianças para a escola ao invés do trabalho quando são pequenas, e as protegemos elas crescerem, os Governos de economias emergentes têm que proteger suas indústrias até que elas cresçam e possam competir com as indústrias de países ricos. Praticamente todos os países ricos, começando pela Inglaterra no século XVIII, Estados Unidos e Alemanha, no século XIX, Suécia no começo do século XX, além de Japão, Coreia do Sul e Taiwan...todos estes países se desenvolveram usando protecionismo, subsídios estatais, controle do investimento direto estrangeiro, e em alguns casos, até mesmo empresas estatais.
P: Como esse passado dialoga com as medidas atuais de austeridade, que se tornaram fetiche em todo mundo como promessa de crescimento?
R: A receita de austeridade usada na Grécia é a mesma tentada na América Latina, na África e em alguns países da Ásia nas décadas de 1980 e 1990, e que criou desastrosos resultados econômicos. Investir em política de austeridade é contraproducente. As pessoas que defendem esse tipo de política entendem que, quando você tem uma grande dívida pública, um jeito de reduzir essa dívida é cortar os gastos do Governo a fim de reduzir o déficit fiscal. Mas um jeito melhor de reduzir o déficit é fazer a economia crescer mais rápido. Depois da Segunda Guerra Mundial, a Grã-Bretanha tinha uma dívida mais de 200% de seu PIB [Produto Interno Bruto], mas sua economia estava crescendo rápido. E depois de algumas décadas, isso deixou de ser um problema. Hoje, a Inglaterra tem tentado uma política de austeridade, mais amena que a da Grécia, é verdade, mas também sem sucesso em reduzir o déficit público proporcionalmente a renda nacional. Isso porque o PIB está crescendo muito lentamente. Se você corta os gastos, seu endividamento pode ficar um pouco menor, mas a renda precisa crescer.
P: O país corre o risco de ficar estagnado?
R: Exatamente. O que é incrível é que essa política vem sendo usada várias vezes, como no Brasil nas décadas de 1980 e 1990, e nunca funcionou. Albert Einsteinfalava que a definição de loucura é fazer a mesma coisa várias vezes e esperar resultados diferentes. O problema é que muitos economistas que defendem essas medidas, quando sua teoria não funciona, culpam a realidade. Como se a teoria nunca estivesse errada.
P: Você é bastante crítico da desindustrialização dos países emergentes. Por que é tão ruim ser dependente das commodities?
R: As pessoas têm que entender como é séria a redução da indústria de transformação no Brasil. Nos anos 80 e 90, no ponto mais alto da industrialização, esse setor representou 35% da produção nacional. Hoje não é nem 12% e está caindo. O Brasil está experimentando uma das maiores desindustrializações da história, em um período muito curto. O país tem que se preocupar. E eu não estou dizendo nada novo. Muitos economistas latino-americanos já levantavam o problema da dependência de commodities primárias na década de 1950 e 1960. Quando você é dependente de commodities primárias há uma tendência de que o preço dos produtos caia no longo prazo em comparação com os produtos manufaturados. Além disso, os países dependentes de commodities não conseguem controlar seu destino.
P: Por exemplo?
R: Quando alguém inventa uma alternativa para o seu produto, isso pode devastar o valor de sua economia. A indústria brasileira de borracha foi um grande hit até que os americanos e russos inventaram a borracha sintética nos anos 1930 e 1940. Quando os alemães inventaram a chamada síntese de Haber-Bosch para a produção de amônia, a ser usado na fabricação de fertilizantes, Chile e Peru, que costumavam ganhar muito dinheiro exportando o fertilizante natural guano, que foi o mais valioso fertilizante nos século XIX, tiveram anos de estagnação econômica. Isso sem contar o potencial lento de crescimento das commodities e relação a outras indústrias, como a de tecnologia.
P: Mas o caso do Brasil não seria diferente, já que o país investe em tecnologia na área agrícola, e não só extração de commodity?
R: Para ser justo, eu sei que o Brasil tem tido algum sucesso na área agrícola, como produzir soja no Cerrado, que é uma região muito árida, onde tradicionalmente esta espécie não cresceria. É realmente impressionante. Mas quando você se especializa em soja você não pode aumentar sua produtividade da mesma forma que um país especializado em alta tecnologia, que pode aumentar sua produtividade em 20%, 30% ao ano. Sinceramente, o Brasil é um dos países que parece estar voltando no tempo no seu desenvolvimento econômico.
P: Como você avalia o papel do Estado neste cenário?
R: Ao contrário de outros países em desenvolvido, o Brasil tem a habilidade de fazer as coisas acontecerem por meio da intervenção governamental. A Embraer, por exemplo, é uma empresa de economia mista. A agricultura no Cerrado é subsidiada com recursos do governo. Em vários setores, o país já mostrou que quando quer fazer uma coisa, ele consegue. Infelizmente, os responsáveis por fazerem as políticas públicas parecem que perderam o rumo. Eles basicamente desistiram do modelo de desenvolvimento econômico por meio de um upgradena economia, com investimento em indústrias de alta tecnologia.
P: Onde você acha que a política pública falhou?
R: Eu conheci vários empresários irritados em São Paulo pois as pessoas no Governo não parecem estar preocupadas com o declínio da indústria manufatureira no país. Sei que muitos economistas defendem que não importa se você está exportando soja ou aviões, desde que esteja fazendo dinheiro. E, no curto prazo, isso pode até ser verdade. Mas no longo prazo, é muito ruim para a economia. Além disso, as políticas macroeconômicas têm sido muito ruins para o setor industrial, especialmente a alta taxa de juros, uma das maiores do mundo.
P: No Governo Dilma, vários setores receberam subsídio e mesmo assim, os empresários não pareciam estar satisfeitos. O que faltou?
R: O Governo de Dilma canalizou vários subsídios em alguns setores em particular. Mas isso só foi necessário por conta da política de alta taxa de juros, uma vez que as companhias brasileiras não conseguem competir no mercado global de outra forma. Não sei todos os detalhes. Mas sei que houve erros, corrupção. As metas governamentais também foram determinadas de forma equivocada...sempre privilegiando a estabilidade macroeconômica. Já o declínio da indústria não foi considerado um problema. Focou em ações como Bolsa Família, mas sem prestar atenção em dar um upgrade na economia.
P: A Coreia do Sul pode ser considerada um exemplo de economia que conseguiu dar esse upgrade?
R: Depende de qual Coreia do Sul que estamos falando. A Coreia do Sul depois da crise asiática de 1997 abraçou o neoliberalismo, não tanto como os países da América Latina, mas desregulamentou o mercado financeiro e alavancou políticas industriais. O resultado é que uma economia que costumava crescer 6%, 7%, 8% até 1990, agora está sofrendo para crescer 3%. Isso porque as mudanças que criaram líderes globais na área industrial, automotiva e eletrônica, também produziram baixo crescimento, falta de trabalho e não impediram que estas indústrias migrassem para outros países. E mesmo assim, não tivemos o colapso industrial que se vê no Brasil.
P: Qual foi o papel da educação no crescimento da Coreia do Sul?
R: No começo, a educação teve um papel muito importante. Até os anos 80, era possível alguém de uma família pobre se tornar juiz, governador ou cirurgião. Infelizmente, a partir dos anos 90, tivemos um sobreinvestimento em educação, com o crescimento dos negócios privados. Tínhamos o maior investimento em educação do mundo. Mas hoje, considerando o valor que estamos investindo, e o tempo que os estudantes estão gastando para conseguir suas qualificações...o sistema se tornou bem ineficiente. A mobilidade social caiu muito nos últimos anos, porque as políticas educacionais deixaram de ser coordenadas com políticas industriais.
P: Você comenta que estamos entrando no fim da abordagem neoliberal ao desenvolvimento. O Brexit seria um exemplo desse começo do fim?
R: Poderia ser. Mas temos que considerar que há três tipos de pessoas que  votaram pelo Brexit. Um deles são os liberais que votaram para se livrar das regulamentações impostas pela União Europeia. Há ainda o grupo anti-estrangeiros e anti-imigração. E um terceiro grupo, os trabalhadores no Norte da Inglaterra, que já foi o centro produtor do país, e que experimentou uma desindustrialização massiva. Estas pessoas perderam seus trabalhos, e agora culpam trabalhadores da PolôniaRomênia e Hungria pela sua sorte. Podemos dizer que é o começo do fim no sentido em que isso aconteceu com a insatisfação que muitas pessoas têm com a globalização e o livre comércio.
P: Há algum lugar onde estaria sendo gestada uma solução para o modelo de desenvolvimento econômico dos países?
R: Cingapura é hoje o exemplo mais bem sucedido de um país com desenvolvimento pragmático e não ideológico. Quando lemos sobre Cingapura nos jornais The Wall Street Journal e na revista The Economist sempre ouvimos falar da política de livre comércio e o acolhimento positivo que o país tem com o investidor estrangeiro. O que é verdade. Mas não se fala que 90% das terras do país são de propriedade do Governo; 85% das casas são de propriedade do governo; e 22% do PIB é produzido por empresas públicas. Eles têm um modelo pragmático de economia, que mistura elementos do capitalismo de livre mercado e do socialismo. Eles não são capitalistas, nem socialistas. São pragmatistas. Uma de minhas frases favoritas é de Deng Xiaoping, o ex-líder Chinês: “Eu não ligo se o gato é preto ou branco, contanto que seja bom em pegar ratos”. Isso é o pragmatismo.
El País.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Povo de Bom Jardim de luto com a morte de Dr Afrânio Magalhões

Faleceu no Hospital Português( Recife), nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira 17/01/2018, o médico Dr. Afrânio Magalhães. O corpo será velado no Club Colombo em Limoeiro - PE. O sepultamento está previsto para às 17:00 horas.
Ex- Secretário de Saúde, Afrânio Magalhães, governou o município do Bom Jardim no período 1993 a 1996. Excelente médico, dedicado e atencioso com seus pacientes onde trabalhou nas cidades do Agreste. 

O Prefeito João Francisco de Lira decretou luto oficial por três dias pelo falecimento do EX-Prefeito Dr. Afrânio Jorge Costa Magalhães. 

A prefeitura de Orobó vai disponibilizar um ônibus para aqueles que quiserem ir até a cidade de Limoeiro, dar um ultimo adeus ao Dr. Afrânio. O transporte sairá às 15:00, da quadra de eventos da cidade.


MENSAGENS NAS REDES SOCIAIS:
"O sentimento é de tristeza! Nos deixa o médico, o amigo, e acima de tudo o ser humano cheio de boa vontade para com o próximo! Morrer não é o fim! Descanse em Paz! Bom Jardim de luto!!! Deus confortará os seus familiares!"   *Rosimere Santos e Família;

"Pessoa muito boa.prestativo e tratava a todos por igual.deus console os seus familiares e o coloque num lugar bom"  *Brazinete Souto Maior;

"Que Deus o tenha!"  *Maria Teresa Monteiro;

"Grande Homem, Vá Com Deus!"  * Samuel Alex;

" Meus sentimentos" * Ivonete Ivo;

"É com pesar que recebi a comunicação do falecimento do amigo Dr. Afranio Jorge...médico de todos e principalmente dos menos favorecidos! Usando uma expressão bíblica: este deixará saudades! Que Deus lhe dê o descanso merecido. E que o Espírito Santo conforte os familiares... "   *Dr. Hailton Gonçalves;

"Um ser humano do bem, médico de bom coração, amigo, parceiro e um grande guerreiro, perda irreparável." *Severino Souza;

Professor Edgar Bom Jardim - PE