domingo, 14 de janeiro de 2018

Educação:Quatro ideias de brasileiro em prêmio global para recuperar escola dominada por violência

Diego Mahfouz Faria Lima
Image caption'É um projeto que dá resultado se o gestor se abrir à gestão democrática', afirma o diretor Diego Mahfouz Faria Lima | Foto: Divulgação
A Escola Municipal Darcy Ribeiro costumava aparecer no noticiário de São José do Rio Preto (interior de São Paulo), mas não por motivos bons.
Em 2012, um adolescente foi flagrado em sala de aula com uma pistola semiautomática; em 2014, uma discussão entre dois alunos de 14 e 15 anos escalonou para agressões e virou caso de polícia. Salas e banheiros eram frequentemente depredados pelos próprios alunos.
Esse foi o cenário que Diego Mahfouz Faria Lima encontrou ao assumir, três anos atrás, a direção da Darcy Ribeiro, escola do ensino fundamental com mais de 800 estudantes. "Era uma das escolas mais violentas da região. Quando vim conhecê-la, não só achei a fachada feia, como vi que o muro era cheio de buracos, onde (usuários) guardavam suas drogas. Os banheiros não tinham nem vaso sanitário", conta ele à BBC Brasil.
Como reverter o ciclo de violência, desmotivação e baixas notas de escolas?
Lima adotou estratégias baseadas, sobretudo, em recuperação do espaço físico e no engajamento dos alunos e da comunidade.
Os resultados, diz ele, começaram a surgir no intervalo de um ano, a começar pelos altos índices de evasão: 212 alunos haviam abandonado a escola em 2013; o número baixou para dois no ano seguinte.
Alunos do Darcy Ribeiro
Image captionEscola conseguiu reduzir a evasão escolar | Foto: Divulgação
O desempenho dos estudantes melhorou, embora ainda permaneça bastante abaixo do ideal: em 2011, apenas 11% dos alunos do 9º ano tinham conhecimentos adequados em português e 6% em matemática; esses índices subiram, respectivamente, para 30% e 12% em 2015 (últimos dados oficiais disponíveis).
A reversão da espiral de violência e maus resultados trouxe reconhecimento internacional: Lima é hoje uns dos 50 finalistas do Global Teacher Prize, uma das mais importantes premiações de docentes do mundo e cujo vencedor será anunciado em março.
Antes e depois, uma sala de aula da Darcy Ribeiro
Image captionAntes e depois, uma sala de aula da Darcy Ribeiro: escola ganhou doações de materiais e foi revitalizada pela própria comunidade | Foto: arquivo pessoal
A avaliação da Varkey Foundation, responsável pelo prêmio, é de que "acima de tudo, a escola atualmente tem um lugar na comunidade, e todos sabem que são bem-vindos ali".
A seguir, quatro iniciativas que Lima aplicou na recuperação da Darcy Ribeiro:

1 - Dar voz aos alunos

Lima diz que, ao assumir a direção da escola, foi recebido com uma "rebelião" por alguns alunos, que atearam fogo aos banheiros.
"Peguei um microfone para dizer a eles que eu não iria embora e que estava disposto a escutá-los", recorda o diretor.
Ouviu de volta que os alunos achavam a escola feia e excessivamente punitiva - ou seja, que qualquer coisa era motivo para suspensão.
"Tudo começou a mudar quando dei voz a eles", diz Lima.
Foi criado um mural onde os alunos deixam seus elogios, críticas e sugestões, para serem lidos pelos professores em sala. As sugestões coletivas são levadas à direção. Além disso, assembleias e o grêmio estudantil foram fortalecidos.
Com a Câmara Municipal de Rio Preto, foi lançado o projeto "vereadores mirins": alunos escolhidos pela classe elaboram projetos levados a votação pelos vereadores "reais". A partir disso, diz Lima, foi aprovado um projeto de lei para a criação de laboratórios de informática nas escolas da cidade.
Clube de astronomia da escola
Image captionClube de astronomia foi uma das iniciativas para engajar alunos | Foto: arquivo pessoal
Outro ponto-chave é a mediação de conflitos: alguns dos próprios alunos do 9º ano foram treinados por Lima para identificar e mediar a resolução de casos de bullying e conflitos. Lima também atua como mediador atualmente.
"É ensinar a ouvir o outro, a se colocar no lugar do outro", afirma. "Buscamos os alunos mais indisciplinados para (comandar) a mediação, porque daí sua liderança negativa se torna positiva."

2 - Combater à evasão

Para enfrentar o alto número de desistências por parte dos alunos, a Darcy Ribeiro criou carteirinhas para seus estudantes, de forma a monitorar o número de faltas.
A cada três faltas consecutivas de um mesmo aluno, Lima ia ele próprio à casa do estudante descobrir o que estava acontecendo.
Outro problema é que a maioria dos alunos simplesmente não ia à escola nas sextas-feiras. Surgiu a ideia de tornar o ambiente escolar mais atrativo, com um show de talentos: pais e alunos passaram a realizar performances nesse dia da semana.
O distanciamento com as famílias também era um problema. Na primeira reunião de pais organizada por Lima, compareceram apenas nove familiares. Lima descobriu que muitos alunos não entregavam os comunicados das reuniões a seus responsáveis. A solução foi contratar um carro de som, que passa pelas comunidades próximas avisando as datas das reuniões escolares.

3 - Melhorar o desempenho e a relação entre alunos e a escola

Estudantes falam nas assembleias da Darcy Ribeiro
Image captionEscola passou a realizar assembleias para dar voz às insatisfações dos estudantes | Foto: arquivo pessoal
Desanimados com o mau comportamento das turmas, os professores da Darcy Ribeiro costumavam emitir cerca de 60 suspensões de alunos por semana. "Às vezes, quando o aluno era suspenso por sete dias, ele sequer voltava mais para a escola", conta Lima.
A maneira encontrada para aproximar docentes de estudantes foi criar um programa de tutoria, em que cada professor passou zelar pelo bem-estar e pelo desempenho de uma determinada turma.
Um questionário aplicado aos estudantes e à comunidade não apenas ajudou a identificar necessidades e sonhos dos alunos, como também despertou na equipe empatia por estudantes até então considerados "problemáticos" - e que, em alguns casos, enfrentavam grandes dificuldades pessoais até então desconhecidas dos docentes.
Um plantão de dúvidas no contraturno, em que alguns dos próprios alunos viraram ajudantes dos professores, ajuda a combater problemas de aprendizado. Para incentivar a leitura e enfrentar o alto índice de analfabetismo funcional entre os estudantes, foi criado o "Pare Para Ler" - intervalo diário de 15 minutos em que todos na escola - alunos e funcionários - se dedicam à leitura de textos escolhidos por eles próprios ou por professores.
E um clube de astronomia, que começou como uma forma de estimular o interesse pela pesquisa científica e pelas tarefas de casa, acabou virando um dos xodós da escola, levando inclusive à compra de um telescópio e ao disparo de uma sonda, acoplada a um balão de hélio, para captar imagens aéreas.
E o WhatsApp, antes proibido em classe, virou ferramenta para tirar dúvidas e discutir os projetos do clube.

4 - Embelezar a escola e melhorar os laços com a comunidade

A péssima infraestrutura - espaços abandonados, salas e banheiros degradados - era uma das principais queixas dos alunos da Darcy Ribeiro.
Lima começou pedindo, a outras escolas da região, materiais de construção e tinta que tivessem sobrado de reformas anteriores. Seu objetivo era melhorar a aparência da escola durante as férias, "para receber os alunos de uma forma diferente quando as aulas recomeçassem".
Diego Lima pintando a escola
Image captionManutenção da escola é feita com a ajuda da comunidade; acima, Diego Lima pintando parede | Foto: arquivo pessoal
Uma aluna viu a sala sendo pintada e a notícia da reforma acabou se espalhando, o que gerou uma onda de apoio: pais e estudantes passaram a se oferecer para ajudar.
"Hoje, temos um grupo de mais de 30 pais voluntários para a manutenção da escola, varrendo ou trocando torneiras", diz Lima.
A biblioteca, que antes era um depósito de materiais, foi revitalizada, ganhou 7 mil livros doados e agora é gerida voluntariamente pela mãe de um aluno. O muro foi pintado e grafitado, e as salas ganharam novas carteiras.
O tráfico de drogas no ambiente escolar foi coibido com a revitalização, pelos próprios alunos, da área mais degradada da escola, transformada em uma praça de leitura.
"Quando uma mãe vem e reclama que o filho (está usando ou traficando drogas), chamamos o aluno e tentamos parcerias para conseguir emprego para ele, mostrar que ele não precisa das drogas (para se sustentar ou passar o tempo)", diz o diretor.
A escola também passou a abrir aos fins de semana, com um projeto de música clássica, hoje realizado pela prefeitura em outro espaço.
A fachada da escola, antes e depois
Image captionA fachada da escola, antes e depois: embelezamento fez parte da estratégia de recuperação | Foto: divulgação

O que ainda falta fazer?

A escola alcançou em 2015 a nota 4,7 no Ideb, indicador oficial usado como referência da educação básica, que varia de zero a 10. A nota superou a meta para aquele ano, mas ainda está distante dos 6,0 que o Brasil usa como referência de qualidade e almeja para suas escolas até 2021.
Lima tem como objetivo, agora, reduzir a defasagem de parte dos alunos em relação à série que cursam, coibir as faltas - ainda em nível acima do desejado - e melhorar o trabalho pedagógico.
O mais importante para revitalizar outras escolas em situação semelhante, opina ele, é "mudar o olhar" dos gestores.
"É um projeto que dá resultado se você se abrir à gestão democrática, dar voz em vez de concentrar as decisões, valorizar o protagonismo dos alunos e abrir a escola como se ela não tivesse muros", afirma.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 13 de janeiro de 2018

Quem está rebaixando o Brasil?

Os brasileiros também poderão dar sua nota para quem está rebaixando o Brasil.


Uma das agências de avaliação de risco rebaixou a “nota” do Brasil, numa escala que mede a capacidade do país em pagar sua dívida. O efeito político é dúbio: avalia a fraqueza do governo de Temer e mostra que suas medidas não surtiram os efeitos esperados, mas, ao mesmo tempo, dá força ao governo para “esticar a corda” e propor novas medidas no mesmo rumo das anteriores.
Diga-se, também, que a agência em questão também não tem uma boa nota: sua credibilidade foi questionada após classificar com notas altas os “títulos podres” que geraram a crise de insolvência de 2008, a maior crise econômica mundial na história recente. Mas suas avaliações ainda influenciam as decisões de investimento em todo mundo.
Sem tirar nem dar excessiva importância a mais esse episódio da crise brasileira, é importante ter clareza do que realmente tem trazido prejuízos ao país. A agência alega que o governo não está tendo apoio da sua base parlamentar para aprovar, no Congresso, as reformas que possam corrigir o desequilíbrio fiscal. Dessa forma, é como se o governo fosse o mocinho e o Congresso fica sendo o grande vilão.
Olhando bem: o governo não enfrentou pra valer os privilégios e gastos abusivos, fáceis de encontrar no Executivo, no Legislativo e no Judiciário. Os escandalosos super-salários, por exemplo. Seu esforço tem sido em outro sentido. Exemplos: tentar mudar a Constituição e acabar com a dita “regra de ouro”; aprovar medidas provisórias que favorecem os maus pagadores do Estado, perdoando multas e juros e dando parcelamentos a perder de vista; liberar emendas para livrar o presidente Temer das graves denúncias de corrupção feitas pelo Ministério Público; enfraquecer a Operação Lava Jato. A lista é grande.
Num ano eleitoral, como este, vai ficar cada vez mais difícil evitar o debate sobre as decisões políticas e econômicas tomadas sem a participação da sociedade. No final das contas, os brasileiros também darão a sua nota. E podem reprovar as pessoas, as propostas e as ações que estão, de fato, rebaixando o Brasil.
marinasilva.org.br
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Verdade de Levy Fidelix sobre pesquisas eleitorais

"Ibope, Datafolha e outras pesquisas fajutas são feitas para induzir o eleitor e calibrar as urnas Fraudáveis"! "É preciso acabar com essa bandidagem no Brasil"!
facebook.com/levyfidelixpresidenteprtb
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Saúde:Fila no SUS para cirurgia na próstata como a de Temer tem mais de 8 mil pedidos

O aposentado Raimundo Oliveira, que esperou por dez anos para fazer cirurgia urológica
Image captionRaimundo Oliveira conta ter esperado dez anos e passado por quatro hospitais para conseguir fazer cirurgia urológica
O presidente Michel Temer voltou nesta quinta-feira ao Hospital Sírio-Libanês para passar por exames e consultas que avaliarão seu estado de saúde após duas cirurgias urológicas realizadas em 2017. Segundo seus médicos, os problemas de saúde pelo qual o presidente passou no ano passado são esperados em sua idade - ele tem 77 anos.
A hiperplasia prostática benigna (HPB) condição com a qual Temer foi diagnosticado em outubro, tem incidência de 90% entre homens com 85 anos, segundo a Associação Americana de Urologia - ainda que nem todos sofram com os sintomas tampouco com eventuais complicações do tratamento, que ocorreram no caso do titular do Planalto.
Mas, nas alas dos hospitais públicos brasileiros, tão comum quanto o diagnóstico da hiperplasia pode ser a dificuldade em obter o tratamento ideal em um prazo razoável. Que o diga o sergipano Raimundo Oliveira, de 69 anos, que conta ter esperado dez anos para se submeter à cirurgia que poderia resolver seu problema.
Em dezembro, ele finalmente deu fim à sua cruzada pela operação - que incluiu a passagem por quatro unidades de saúde e foi concluída no Centro de Referência para Saúde do Homem, abrigado no Hospital de Transplantes Dr. Euryclides de Jesus Zerbini, na capital paulista.
"Não desejo para ninguém este sofrimento. Somente em um hospital, fiquei cinco anos na fila de espera. E a cada dia que passa, piora", diz o sergipano, aposentado do setor metalúrgico e morador da capital paulista.
Michel Temer deixa hospital em Brasília após ser internadoDireito de imagemREUTERS
Image captionEm 2017, Temer foi internado pela primeira vez em outubro, por complicações urológicas
A situação vivida por Oliveira se repete entre milhares de brasileiros, segundo dados extraídos pela BBC Brasil de um levantamento divulgado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) em dezembro. O conselho solicitou, por meio da Lei de Acesso à Informação, o volume da fila de espera para cirurgias eletivas (aquelas agendadas e não urgentes) nas redes estaduais e municipais das capitais em junho de 2017.
Os dados repassados por 16 Estados e 10 capitais indicam que, no Brasil, estão à espera pelo menos 8,2 mil pedidos (7.465 nos Estados e 733 nas capitais) de realização do procedimento de ressecção endoscópica de próstata - tratamento cirúrgico tradicional para a hiperplasia e pela qual Temer passou em outubro.
O levantamento não considera o número de pacientes, mas as solicitações - ou seja, um mesmo paciente pode ter mais de um pedido de cirurgia nas redes municipal e estadual.

Hiperplasia de próstata pode chegar aos rins

Ricardo Vita, chefe do Departamento de HPB da Sociedade Brasileira de Urologia, alerta que a realidade é muito mais grave do que a indicadas pelos números, uma vez que há subnotificação e descentralização nos dados sobre o que acontece nas unidades de saúde do país. E, segundo ele, a doença poderia ser controlável. Mas, sem o tratamento adequado, pode levar a problemas de saúde muito mais graves.
A hiperplasia prostática benigna (HPB) leva a um aumento benigno (sem células cancerígenas) da próstata que passa a obstruir a uretra. Assim, o homem pode ter, entre outros sintomas, dificuldade para urinar e infecções.
"A minoria vai para tratamento cirúrgico. Entre as alternativas iniciais, estão modificações comportamentais, como regulação na ingestão de líquidos, e o tratamento com medicamentos. Na outra ponta, em casos mais graves, a bexiga pode enrijecer e o quadro chegar à insuficiência renal", aponta Vita, destacando que a hiperplasia, ainda que tratada, é uma condição permanente.
Membro de equipe médica monitora cirurgia urológica
Image captionAlguns casos de hiperplasia de próstata exigem intervenção cirúrgica como a ressecção endoscópica | Foto: Science Photo Library
Foi o que aconteceu com Raimundo Oliveira: o aumento de sua próstata foi tal que passou a afetar a bexiga e o rim, tornando sua cirurgia, indicada inicialmente há uma década, uma emergência. Neste meio tempo, o sergipano precisou usar uma sonda quatro vezes e, sem muitas outras alternativas, conviver com a dor e os transtornos da doença.
"Tem hora que você odeia aquilo [a sonda]. Mas sem ela, talvez você não estivesse mais vivo", lembra o aposentado, referindo-se ao médico que coordenou sua operação como um "filho de Jesus" e o hospital onde ela ocorreu como "nota 1000". "É um desespero. Mas a gente tem que ser criativo em tudo na vida: eu comprava calças muito grandes e andava com a sonda para lá e para cá".
Oliveira relata também dificuldade no acesso às sondas - ele diz ter testemunhado outros pacientes que acabam ficando com elas por muito mais tempo do que o indicado e ter vivido na pele as dificuldades burocráticas para colocar e retirar, na rede pública, o dispositivo.
"A progressão da doença sem tratamento leva a muitas limitações ao paciente, afetando o bem-estar físico, mental, social e profissional", enumera Vita.
Sonda urináriaDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPacientes com hiperplasia de próstata, como o presidente Michel Temer, muitas vezes precisam recorrer a sondas urinárias

O histórico de saúde do presidente

No último dia 30, Michel Temer retirou uma sonda que foi utilizada por pouco mais de duas semanas. Mas ele segue em tratamento, com sessões semanais de dilatação da uretra e ingestão de medicamentos.
Os problemas relacionados à hiperplasia de próstata no presidente se intensificaram em outubro, quando ele passou por sangramentos e retenção urinária - sendo submetido à colocação de uma sonda e à cirurgia de ressecção de próstata, no Sírio-Libanês.
O aposentado Raimundo Oliveira, que esperou por dez anos para fazer cirurgia urológica
Image caption'É um desespero', resume Raimundo Oliveira sobre sua jornada para conseguir passar por uma cirurgia urológica
Complicações decorrentes da cirurgia de outubro levaram Temer novamente ao hospital em dezembro, com um quadro de estreitamento da uretra. Uma pequena cirurgia, de uretrotomia interna, foi feita.
"O presidente é uma pessoa extremamente saudável, são intercorrências que ocorrem com qualquer um de nós", assegurou na época o médico Roberto Kalil Filho.
Na rede pública, tais intercorrências esbarram em dificuldades no acesso à cirurgias para a hiperplasia que, de acordo com Ricardo Vita, têm como principais gargalos a falta de equipamentos, insumos e médicos especialistas.
O levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina, porém, mostra que a fila de espera por 904 mil cirurgias eletivas no país está concentrada em apenas cinco tipos de procedimentos: catarata (113.185); correção de hérnia (95.752); retirada da vesícula (90.275); varizes (77.854); e de amígdalas ou adenoide (37.776).
Michel Temer deixa hospital após cirurgia, em São PauloDireito de imagemREUTERS
Image captionTemer fez a segunda cirurgia após complicações decorrentes da ressecção de próstata
Para o tratamento da hiperplasia de próstata, o Ministério da Saúde escreveu em nota ter registrado, de janeiro a setembro de 2017, 8.984 procedimentos de ressecção endoscópica de próstata. Em 2016, foram 11.929 destas operações pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A pasta destacou, porém, que a gestão de filas de espera é de responsabilidade dos gestores locais, como as secretarias municipais e estaduais de saúde.
Consultada, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo admitiu, por meio de nota, que "a demanda reprimida por cirurgias eletivas (não urgentes) é uma realidade nacional, causada sobretudo pela defasagem na tabela de valores de procedimentos hospitalares do Ministério da Saúde, congelada há anos e que não cobre os reais valores dos atendimentos".
O órgão estadual ainda acusou o governo federal de deixar de repassar a São Paulo "R$ 1 bilhão de reais relativos a atendimentos feitos na rede pública. Por isso a conta não fecha e há espera de pacientes para cirurgias". E disse que, apesar disso, "nos últimos três anos, o Estado de São Paulo realizou mais de 11,2 mil procedimentos de ressecção endoscópica de próstata".
Da BBC Brasil em São Paulo
Mariana Alvim
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Lia de Itamaracá - Patrimônio Vivo


Vídeo:Professor Edgar entrevista Lia de Itamaracá em Bom Jardim -PE.
 Gravado em 2005.
https://www.youtube.com/watch?time_continue=143&v=-K3k2qupKMM
Conheça mais:
Lia de Itamaracá.


Maria Madalena Correia do Nascimento nasceu no dia 12 de janeiro de 1944, na ilha de Itamaracá, Pernambuco. 
Sempre morou na Ilha e começou a participar de rodas de ciranda desde os 12 anos de idade. Foi a única de 22 filhos a se dedicar à música. Segundo ela, trata-se de um dom de Deus e uma graça de Iemanjá.

Mulher simples, com 1,80m de altura, canta e compõe desde a infância e hoje é considerada a mais famosa "cirandeira" do Nordeste brasileiro.

Trabalha como merendeira numa escola pública da rede estadual de ensino e, nas horas vagas, dedica-se à musica e à 
ciranda, além de cantar e compor cocos de roda e maracatus

A compositora Teca Calazans foi uma das primeiras pessoas interessadas na cultura popular nordestina a descobrir o seu talento e acabaram fazendo alguns trabalhos em parceria, como o resgate de músicas em domínio público e composições.

Maria Madalena c
omeçou a ficar conhecida como Lia de Itamaracá, nos anos 1960 e é a fonte de um refrão famoso, recolhido pela compositora Teca Calazans: Oh cirandeiro/cirandeiro oh/ a pedra do teu anel brilha mais do que o sol. A estes versos Teca incorporou uma toada informativa, que também teve grande sucesso: "Esta ciranda quem me deu foi Lia/ que mora na ilha de Itamaracá".
Em 1977, Lia gravou seu 
primeiro disco, intitulado A rainha da ciranda,não recebendo, no entanto, nenhum pagamento pelo trabalho.
Mais de d
uas décadas depois foi redescoberta, quando o produtor musical Beto Hees a levou para participar do festival Abril Pro Rock, realizado no Recife e em Olinda, em 1998, onde fez grande sucesso e tornou-se conhecida em todo o Brasil. Antes ela só era famosa em Pernambuco e entre compositores e estudiosos da cultura popular nordestina.
Em 2000, saiu seu CD 
Eu Sou Lia, lançado pela Ciranda Records e reeditado pela Rob Digital, cujo repertorio incluía coco de raiz e loas de maracatu, além de cirandas acompanhadas por percussões e saxofone.
O CD acabou sendo 
distribuído na França por um selo de world music e a voz rascante de Lia chamou a atenção da imprensa internacional, que começou a batizar suas canções de trance music, numa tentativa de explicar o “transe” que o som causava no público.
Mesmo obtendo um sucesso tardio, fez turnês internacionais obtendo muitos elogios. O jornal 
The New York Times a chamou de “diva da música negra”.

No Brasil, Lia também conquistou mais espaço. Participou com uma faixa no CD Rádio Samba, do grupo Nação Zumbi, teve seu nome citado em versos dos compositores pernambucanos Lenine e Otto, e críticos de música a comparam a Clementina de Jesus.

As cirandas pernambucanas de Lia são cantadas por muitos.

Referencial da cultura pernambucana, Lia de Itamaracá, hoje, é uma das lendas vivas do Estado e continua morando na ilha de Itamaracá.


Lúcia Gaspar

Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Mais uma merda de Trump:Declaração do presidente chamando Haiti, El Salvador e africanos de "países de merda" é recebida com indignação em Washington e no meio diplomático

O presidente dos EUA, Donald Trump
O presidente dos EUA, Donald Trump, em reunião no Salão Oval com Mike Pence, a embaixadora dos Estados Unidos Nikki Haley e o Secretário do tesouro, Steven Mnuchin
Foi recebida com indignação nesta sexta-feira 12 a notícia de que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, chamou El Salvador, Haiti e nações africanas de "países de merda" (shithole countries) durante uma reunião com legisladores.
"Por que temos todas essas pessoas de países de merda vindo para cá?", disse Trump em reunião com congressistas na Casa Branca, segundo jornais americanos, como o jornal Washington Post. Ele teria dito preferir imigrantes de países como a Noruega

No Twitter, o presidente fez uma retratação vaga, com referência apenas ao Haiti, e sugeriu que as declarações foram inventadas. O senador democrata Richard J. Durbin, que esteve no encontro, confirmou que Trump falou repetidas vezes "países de merda" e usou um discurso "repugnante e racista".
Never said anything derogatory about Haitians other than Haiti is, obviously, a very poor and troubled country. Never said “take them out.” Made up by Dems. I have a wonderful relationship with Haitians. Probably should record future meetings - unfortunately, no trust!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) January 12, 2018
O ministro do Exterior de Botswana, Pelonomi Venson-Moitoi, escreveu no Twitter que o comentário de Trump é um "terrível golpe" nas relações diplomáticas com os EUA. O governo convocou o embaixador americano no país para esclarecimentos.
O ministro do Exterior de Uganda, Henry Okello Oryem, chamou as observações de Trump "infelizes e lamentáveis". "Oramos para que o Deus Todo-Poderoso lhe dê sabedoria para mudar de opinião sobre as pessoas que estão sofrendo e procurando segurança e refúgio na América", afirmou.
"Extremamente ofensiva"
"O nosso não é um país de merda", declarou o partido governista na África do Sul, que qualificou a afirmação de Trump como "extremamente ofensiva".
"Não é que os EUA não tenham dificuldades. Existem milhões de pessoas desempregadas nos EUA, milhões de pessoas que não têm serviços de saúde ou acesso à educação, e não gostaríamos de fazer comentários tão depreciativos como esse", alertou Jessie Duarte, vice-secretária-geral do Congresso Nacional Africano (ANC).
O proeminente comentarista queniano Patrick Gathara afirmou à agência de notícias AFP que não há novidade, em um governo "racista e ignorante".
"O que é ainda mais insultante é a hipocrisia de todos condenando Trump, e ele deve ser condenado, sem examinarem sua próprias linguagens e condutas ofensivas", disse. "Isso não é diferente do que Hollywood e os meios de comunicação ocidentais têm dito sobre a África há décadas. Nós somos constantemente retratados como pessoas de merda, de países de merda", concluiu.
Também foram ouvidos protestos do Sudão do Sul, país destruído pela guerra. O porta-voz do presidente Salva Kiir, Ateny Wek Ateny, afirmou que os comentários são "ultrajantes".
Os últimos comentários de Trump também forneceram material para anfitriões de talkshow. O comediante sul-africano Trevor Noah, que apresenta o The Daily Show, se descreveu como um cidadão ofendido e também acusou Trump de racismo, especialmente por dizer preferir imigrantes da Noruega.
"Ele não mencionou apenas um país branco, ele citou o mais branco deles – tão branco que eles usam protetor de pele contra raios da lua", ironizou.
Revolta no Haiti e nos EUA
O Haiti informou que ficou "profundamente chocado e indignado". Em comunicado, o governo observou que os comentários são "insultos” e "reprováveis”, que "não refletem de modo algum as virtudes da sabedoria, restrição e discernimento que devem ser cultivados por qualquer alta autoridade política".
Os comentários de Trump, afirmou o governo haitiano, "refletem uma visão totalmente errada e racista da comunidade haitiana e sua contribuição para os Estados Unidos".
Nos EUA, também foram ouvidas críticas das fileiras republicanas. A deputada conservadora Mia Love, filha de imigrantes haitianos, classificou os comentários de "pouco educados”, "divisórios” e os considerou um golpe para os valores do país. Ela exige que Trump peça desculpas ao povo americano e aos países afetados.
O senador republicano de Utah, Orrin Hatch, pediu uma explicação detalhada pela declaração. Ele escreveu no Twitter que imigrantes fazem dos EUA um país "especial”, seja qual for a origem deles. O senador democrata Richard Blumenthal definiu as palavras de Trump de "racismo flagrante” e "traição desavergonhada aos valores americanos".
Sarcasmo nas redes sociais
Nas redes sociais, muitos acusaram Trump de racismo e ignorância. Usuários em todo o continente africano publicaram imagens de modernos arranha-céus e belas paisagens naturais em seus países, tudo acompanhado do hashtag irônico "shithole".
"Eu sou um filho orgulhoso do continente brilhante chamado África. Minha herança está profundamente enraizada em minhas raízes do Quênia. África NÃO é #shithole Mr. Trump", escreveu no Twitter o corredor queniano detentor de recordes Bernard Lagat, que se tornou um cidadão dos EUA em 2004.
Outros ironizaram os comentários do presidente, dizendo que os noruegueses não têm motivos para querer imigrar para os Estados Unidos. Com informações de carta Capital/
MD/afp/ap
Deutsche-Welle
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Morre Dona Áurea, mãe do professor Zé Carlos Martins

Faleceu na manhã desta sexta-feira, 12/01/2018, aos 88 anos de idade a  Senhora Áurea Adelino Pereira de Santana, mãe do Professor e Ator José Carlos Martins de Santana, conhecida carinhosamente, como Dona Mimãe. O corpo de Dona Áurea está sendo velado no Alto São José. O sepultamento será neste sábado, às 15:00 horas, no Cemitério da cidade. 
A família enlutada agradece o comparecimento e a solidariedade de todos.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

CULTURA:Inscrições do 3º Prêmio Ariano Suassuna são prorrogadas até o final de janeiro


A Secult-PE/Fundarpe adiaram para o dia 31 de janeiro o término das inscrições do 3º Prêmio Ariano Suassuna de Cultura Popular e Dramaturgia, cujo edital foi lançado no último dia 3 de novembro de 2017. A premiação contemplará, na área de Dramaturgia, obras inéditas nas categorias: Teatro Adulto, Teatro de Animação e Teatro para Infância. Já no segmento de Cultura Popular, o prêmio será concedido a Mestres e Mestras, além de Grupos/Comunidade com experiência na transmissão dos saberes e fazeres, dedicadas às expressões artísticas ou culturais populares, com reconhecimento da comunidade onde vivem. Ao todo, serão distribuídos R$ 151.000 em prêmios nos dois segmentos. Para mais detalhes, acesse: goo.gl/3sYfEk.
Fonte: cultura.pe.gov.br
Professor Edgar Bom Jardim - PE