segunda-feira, 21 de agosto de 2017

A esquina do desemprego: os pedreiros que esperam por trabalho todos os dias no centro de SP

Pedreiros desempregados se reúnem em esquina do centro de SPDireito de imagemLEANDRO MACHADO/BBC BRASIL
Image captionSegundo o IBGE, apenas no 2º trimestre deste ano a construção civil cortou 683 mil vagas
Um pedreiro resume o que pensa sobre a esquina do desemprego no centro de São Paulo: "Olho para nós, para cada um esperando por uma obra, e lembro daquela letra dos Racionais: 'Aqui tem um coração ferido por metro quadrado'".
O trecho da música fala do Capão Redondo, na zona sul da cidade, mas a vida pode ser igualmente louca na esquina das ruas Barão de Itapetininga e Dom José de Barros. Toda manhã, dezenas de desempregados da construção civil se reúnem ali: estão famintos de alguma obra que pague as contas do mês.
Em outros tempos a vida era melhor. O fã dos Racionais MC's explica: "Uns anos atrás, a gente vinha aqui e não demorava em conseguir emprego, patrão buscava pedreiro nessa rua. Parava ônibus para levar peão".
Na semana passada, o IBGE enumerou essa queda do trabalho sentida pelos pedreiros: no segundo trimestre de 2017, a construção civil cortou 683 mil vagas no Brasil em relação às que existiam no mesmo período do passado - nos primeiros três meses, foram fechadas outras 719 mil. Hoje, o setor tem 6,7 milhões de trabalhadores - no final de 2013, eram 8,1 milhões. No total, o Brasil tem cerca de 14 milhões de desempregados.
"Os empregos saíram daqui e fugiram para longe", diz o pintor Aristides dos Santos, de 42 anos, parado desde 2016 e saudoso do tempo em que conseguia obra facilmente. "Eles não foram para longe, não, foram é para lugar nenhum", corrige.
Os peões da esquina, com mais de 40 anos, têm pouca qualificação formal: a maioria que conversou com a BBC Brasil não terminou o ensino fundamental. Grande parte saiu há décadas de cidades de Minas Gerais, do Norte e do Nordeste. Buscavam uma vida boa em São Paulo, mas às vezes ela pode virar uma decepção.
O pedreiro fã dos Racionais até conseguiu se dar bem por anos, mas tem uma visão crítica de sua trajetória. Saiu do norte de Minas, onde deixou dois filhos, viveu de bicos, por uns tempos caiu no excesso de bebida e, agora, despencou na crise econômica. Hoje, vai diariamente à esquina do centro, esperando que apareça alguma sorte.
Ele prefere não revelar seu nome nesta reportagem, por medo de ser reconhecido pelos parentes. "Meu irmão, eu moro num albergue, almoço no Bom Prato (restaurante popular que cobra R$ 1 por refeição). O trem está ruim para qualquer lado que eu pego", diz, emocionado. "Você quer que minha filha me veja assim, fodido e mal pago?"
Trabalhadores na esquena das ruas Dom José de Barros e Barão de ItapetiningaDireito de imagemLEANDRO MACHADO/BBC BRASIL
Image captionOs trabalhadores desempregados esperam na esquina por alguma oportunidade
Ninguém sabe como esse ponto de encontro surgiu. Os mais velhos dizem que ele existe desde a década de 1970, mas que já foi em outros locais do centro de São Paulo, como o Brás e a Luz. Um dia, ninguém lembra quando, ele se mudou para o cruzamento da Barão com a Dom José de Barros, um calçadão.
Essa região é cheia de agências de empregos temporários, subempregos, pequenos bicos. Toda manhã, na frente de alguns prédios, formam-se filas com pessoas de envelope na mão.
Na área dos pedreiros, porém, pouca gente leva o currículo. A experiência está nas mãos calejadas, nas botinas sujas de tinta e nas conversas que revelam a construção de um grande prédio.

Esperando Toninho

O ajudante Evaldo Gonçales, de 50 anos, conta que as últimas grandes construções das quais participou foram uma fábrica da Fiat em Betim (Minas Gerais) e um edifício da Monsanto em Campo Verde (Mato Grosso), em 2015. Nessa, ele era "fichado" - como os peões chamam as vagas com carteira assinada. Hoje, sobrevive de bicos esporádicos.
Ainda há agências de emprego que contratam a mão de obra na esquina - elas são chamadas de "tempero", por oferecerem vagas temporárias. Uma delas é de um empresário conhecido como "Alemão", um homem de cerca de 1,90 de altura e com cabelos um pouco grisalhos.
O problema é que Alemão não aparece com frequência: em quatro manhãs, ele passou duas vezes pelo cruzamento, gerando grande expectativa entre os peões, que se viravam para vê-lo. O "salvador" apenas acenava com a cabeça para conhecidos, trocava duas ou três palavras com alguém e ia embora.
Não é assim com Antonio Rodriguez Gonzalez, o Toninho, um espanhol de 66 anos, dono de outra agência. Ele passa parte da manhã entre os pedreiros, conversando, sondando-os.
Parece que todos esperam pela presença do homem baixinho, de bigode, e que sempre usa uma boina preta. Toninho, que trabalha no ramo desde 1975, quando fundou sua empresa, também é saudoso dos bons tempos em que eram abundantes os empregos na construção civil. "Diminuiu bastante, com certeza. Antigamente o sujeito chegava aqui e não saía sem uma obra", conta.
Ele diz que chegou a ter 300 peões empregados pelo Brasil no começo da década. Hoje, em meses bons, consegue colocar 80.
Em 2016, o piso salarial de um empregado da construção civil era R$ 1.362, segundo o sindicato da categoria em São Paulo.
O empresário Antonio Rodriguez Gonzalez, dono de agência de empregos temporáriosDireito de imagemLEANDRO MACHADO/BBC BRASIL
Image captionAntonio Rodriguez Gonzalez recruta pedreiros para trabalharem em obras Brasil afora

Barrigudinha

Até hoje, funciona assim: a agência recebe um pedido de "X" funcionários. Toninho, por exemplo, vai até a esquina e escolhe alguns. Na semana passada, ele estava selecionando trabalhadores para a construção de um supermercado em Aracaju. Os escolhidos devem viajar na segunda-feira.
Enquanto a BBC Brasil entrevistava os homens, rodinhas se formavam no entorno do repórter. Alguém sempre perguntava: "É boca?", como os trabalhadores apelidaram as vagas de emprego.
Toninho explica como recruta: "Converso, vejo como o sujeito está. Se eu te disser que, aqui, só dá para chamar uns 30% desses homens você acredita?", questiona. "Sim, tem um problema sério de alcoolismo: o homem até começa a trabalhar, mas no primeiro salário desaparece para beber", diz.
De fato, a bebida alcoólica é presença constante no ponto de encontro. Mas poucos são os que exageram - bebem pinga 51 ou uma cachaça mais barata, conhecida como "barrigudinha" por ter o frasco redondo e pequeno.
"O peão está desempregado, mora em albergue, não tem família, não tem perspectiva. Dá para entender porque muitos bebem tanto. Aqui tem mestre de obras que caiu em desgraça na bebida", diz Toninho. O ajudante Evaldo concorda. "Quando a turma não consegue nada, divide uma garrafa de 51 para espairecer", diz.
O ajudante de pedreiro Evaldo GonçalesDireito de imagemLEANDRO MACHADO/BBC BRASIL
Image captionAjudante de pedreiro Evaldo Gonçales participou de grandes obras, mas hoje sobrevive de bicos

'Pedreirão'

Apesar de tudo, há entre os pedreiros um clima de agradável amizade. Eles não vão ali apenas pela possibilidade de emprego, mas também porque existe um sentimento de pertencimento a um grupo. E a nostalgia: passam a manhã em rodinhas contando histórias de viagens pelo Brasil atrás das obras.
Um deles brincou com a operação que atingiu as maiores construtoras do país: "Essa Lava Lato acabou foi com tudo, não tem mais emprego nenhum. O único que tem dinheiro aqui é esse repórter aí".
Em outro grupo, Joselito Bispo dos Santos, de 52 anos, é um dos poucos que não dependem de um emprego para viver, pois recebe um benefício do governo. "Venho aqui mais é para passar o tempo com as amizades", diz.
Ele é orgulhoso da função que exerceu por décadas, desde que saiu de Madre de Deus (BA), para buscar a sorte em São Paulo. "Você sabe quanto de areia precisa para fazer um saco de cimento?", questiona ao repórter. "Meu irmão, ergui foi casa, prédio, ponte. Sou um pedreirão. Sou igual ao joão-de-barro, carrego tijolo no bico."
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 20 de agosto de 2017

Temer e o ataque criminoso aos servidores e ao serviço público



Depois de uma semana de notícias acerca da mudança da meta fiscal para os anos de 2018 e 2019, Temer anuncia um pacote de redução de gastos no serviço público federal, atacando especialmente as condições de acesso, remuneração e carreira para os seus servidores. Nesse processo, mais uma vez, manipula números, omite até informações oficiais e joga a população comum contra o servidor público.
Qual o objetivo desse pacote agora anunciado? O que se pretende fazer com as eventuais economias a serem obtidas caso tais medidas sejam aprovadas? Se há déficit público e rombo fiscal, quais são as causas disso? Será que o pacote de Temer as enfrenta de forma concreta e contundente? Nada disso. Sejamos claros e diretos. As despesas de pessoal civil e militar, ativos e inativos da União, não são as causas do desequilíbrio entre receitas e despesas, muito menos do falado rombo.
Os números oficiais contidos no Boletim Estatístico de Pessoal do Ministério do Planejamento confirmam isso. Há necessidade de se intervir no serviço público? Há, é óbvio que há, mas com mais investimentos para melhorar sua qualidade e sua amplitude no universo de cidadãos atendidos. Porém, isso não ocorrerá com corte de verbas em salários, concursos e carreiras no serviço público.
O rombo tão debatido nos últimos dias precisa ser explicado. Sua alteração de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões, por si só, não explica sua natureza nem resolve a conta.  Apenas a agrava. Por que há esse rombo? Quais são as parcelas do gasto público que mais o provocam?  É importante esclarecer que esse rombo fiscal é exatamente o valor da conta que falta ser paga quando as receitas são insuficientes para o pagamento de toda a conta de juros da dívida pública a cada ano. Por isso o rombo também se chama déficit primário. Porque a primeira despesa em ordem de prioridade no gasto público desde 1999 é aquela.

Agência Brasil
"O rombo tão debatido nos últimos dias precisa ser explicado"
Para isso, se busca formar, ano a ano, uma economia específica, o superávit primário, para garantir que aquelas despesas, com juros, sejam pagas na frente de quaisquer outras. Assim, o peso da dívida pública como parte do PIB ficaria sempre estável ou declinante. Por isso Temer propôs a PEC 241, que virou Emenda Constitucional 95. Acontece que, ainda com essas medidas conservadoras, a conta da dívida pública pode seguir crescendo independente disso, quando a taxa básica de juros, a SELIC, sobe ou se mantém elevada em termos reais no processo de combate à inflação.
Esses gastos não são dissecados na mídia nem comparados com os demais, não se informa quem ganha com eles, não se admite sua revisão, mesmo sabendo que crescem ano após ano, retirando tantas receitas do tesouro e impondo, para seu pagamento regular, cortes no serviço público e no financiamento dos direitos sociais. Por isso vemos tanto interesse dos grupos econômico-financeiros que ganham com a dívida pública na aprovação desse novo pacote, bem como nas demais reformas que tiram receitas de outros fins públicos para serem aplicadas na redução da conta do rombo fiscal.
As causas reais do rombo, porém, são outras. Estão na mistura explosiva da elevada sonegação fiscal das grandes empresas com os ralos da corrupção, com as desonerações tributárias e da contribuição previdenciária, vindas desde FHC e ampliadas por Lula e Dilma, com os impactos da política monetária e suas ainda elevadas taxas de juros reais nas despesas do tesouro nacional.
Temer não mexe em nada disso. Mantém privilégios e age gastando dinheiro público para impedir investigações sobre suas relações com a corrupção, partindo agora para o ataque criminoso aos servidores e ao serviço público. Vamos, por isso, rejeitar esse pacote do mal e da manipulação, apontando outros caminhos para um serviço público de melhor qualidade para a população.
CongressoemFoco

Por Paulo Rubens Santiago
Publicado em 20/08/2017.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Meia Maratona do Rio é de Pernambuco em 2017.



O pernambucano da cidade de Brejão venceu a XXI Meia Maratona Internacional do Rio de Janeiro. Parabéns, José Márcio da Silva! Você fez meu coração bater mais forte com sua emoção na chegada
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 19 de agosto de 2017

Nossas manifestações da cultura popular, nosso patrimônio

Veja Exposição de fotos:
                                            Maracatu Águia da Paquevira no palco;

Cartaz com Catirinas de Freitas e Torto;

   
Maracatu Águia da Paquevira; 
                                              
                                                       
 Caboclinho Alto São José;
                                           Criança posa  para foto do Carnaval;

                                          Ornamentação do Palco Levino Ferreira;
                                       
Balé Popular desfila nas ruas. (Fotos:Edgar Santos).

Semana do Patrimônio Cultures
Manifestações da Cultura Popular - Carnaval Levino Ferreira, Bom Jardim - PE.
Encontro de Burrinhas, Caboclinhos,Catirinas e Maracatus de Pernambuco.
Fotografia:Edgar Santos
Manifestações:Passistas do Balé Popular,Caboclinhos, Burrinhas, Orquestras de Frevo, Maracatu, Catirinas, Boi, Blocos Carnavalescos, Músicas...
Fonte:https://www.facebook.com/estcebomjardimpe/

Professor Edgar Bom Jardim - PE

15 países condenaram a atitude da Assembleia chavista em assumir as funções do Legislativo eleito em 2015 que tinha maioria formada pela oposição


O Parlamento da Venezuela, de maioria opositora, organizou uma sessão neste sábado (19), depois que a Assembleia Constituinte do ditador Nicolás Maduroassumiu as funções de legislar no país. A nova composição, que retira os poderes do Legislativo eleito em 2015, provocou repúdio internacional.
“Esta fraudulenta decisão é nula, esta Constituinte é nula. Terão esta Assembleia Nacional com maior firmeza impedindo qualquer violação à Constituição”, disse o vice-presidente do Parlamento, Freddy Guevara, em uma entrevista coletiva antes da sessão.
Na sexta-feira, Assembleia Constituinte, que rege a Venezuela com poderes absolutos, acordou, por unanimidade, assumir as funções do Parlamento para legislar nas áreas de segurança, soberania, economia, finanças, bens do Estado, entre outros.
O deputado afirmou que o principal objetivo da Constituinte ao assumir as funções da Assembleia Nacional (Parlamento) é aprovar contratos e obter financiamentos de outros países, em meio à severa crise econômica da Venezuela, agravada pela queda dos preços do petróleo, fonte de 96% das divisas do país.
“Não vamos avalizar contratos que violem a Constituição”, advertiu Guevara. A parlamento, contudo, não tem poder de decisão desde que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) o declarou em situação de desacato.
Um dos líderes da oposição, Henrique Capriles, pediu à Organização dos Estados Americanos (OEA) e “demais instâncias internacionais (…) assumir que na Venezuela há um autogolpe continuado”. Ao mesmo tempo, o constituinte chavista Diosdado Cabello negou a dissolução do Parlamento.
A sessão deste sábado (19) tem a presença de representantes do corpo diplomático, a convite dos deputados opositores.
“O mundo com o povo e com a Assembleia (…). Hoje tomaremos várias decisões importantes, abrir uma investigação contra todas as pessoas que estão usurpando funções, além de estimular a pressão internacional em apoio à democracia”, disse Guevara.
A decisão da Constituinte provocou um forte repúdio internacional. O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, a considerou ilegítima e inconstitucional. Ele pediu uma reunião especial do organismo.
O chamado grupo de Lima – Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru – expressou em um comunicado a enérgica condenação à decisão da Constituinte de “usurpar as funções” do Parlamento. O Mercosul, Estados Unidos, Espanha e Inglaterra também criticaram a medida.
Ao mesmo tempo que a Constituinte anunciou sua polêmica decisão, a ex-procuradora-geral Luisa Ortega desembarcou em Bogotá, burlando a proibição de deixar o país, acompanhada de seu marido, o deputado Germán Ferrer, ambos chavistas dissidentes.
O novo procurador designado pela Constituinte, Tarek William Saab, abriu uma investigação contra Ferrer, que o governo acusa de integrar uma rede de extorsão.
Luisa Ortega se afastou de Maduro no fim março, ao classificar de ruptura da ordem constitucional decisões com as quais o TSJ despojou de competências o Parlamento.
(Com AFP)
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Lula declarou que investigações o 'infernizam'


No último dia da passagem de sua caravana pela Bahia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou de um evento com agricultores familiares e o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) em Feira de Santana (BA).
Na cidade, segundo maior colégio eleitoral baiano e governada por um prefeito do DEM (José Reinaldo), Lula não tratou diretamente das eleições de 2018, mas falou como candidato ao dizer que quer “consertar” um “país quebrado”. “Se tem uma coisa que eles sabem é que nós podemos consertar esse país”, declarou petista, em um palco montado na casa de shows Estação da Música.
Ao lado do governador da Bahia, Rui Costa (PT), e da senadora e presidente do PT, Gleisi Hoffmann, entre outros petistas, Lula lembrou os feitos de seu governo na área social, sobretudo no campo e na educação, e atacou o governo do presidente Michel Temer“Nós não temos governo. Esse governo não representa o povo, representa uma parte da imprensa e os deputados picaretas que votaram o impeachment da Dilma“, disse o ex-presidente.
Além de questionar a legitimidade de Temer, o petista criticou a reforma da previdência proposta pelo governo do peemedebista, que ele acusou de querer “acabar com a aposentadoria do trabalhador rural”. “Eles têm que saber que aposentadoria é um pagamento que a nação tem para com o povo que trabalhou e produziu a vida inteira nesse país”, discursou.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Falta abrigo noturno para moradores de rua no Recife


Das 7h às 14h deste sábado (19), na Praça do Arsenal, no Bairro do Recife, um mutirão atendeu pessoas em situação de vulnerabilidade. A ação foi realizada para marcar o Dia Nacional de Luta do Povo da Rua. O evento organizado pelo coletivo Unificados pelas Pessoas em Situação de Rua, rede formada por 20 instituições que trabalham nesta mesma causa, ofereceu atendimento médico, odontológico e estético para a população de rua, além de um café da manhã. 

As defensorias públicas da União e do Estado também estiveram presentes com o objetivo de encaminhar essas pessoas para os órgãos responsáveis pela retirada e regularização de documentos. A ação destacou a necessidade de um abrigo noturno e expôs a alta demanda para auxílios deste tipo. 

De acordo com os organizadores do evento, o planejamento era receber 150 pessoas. A expectativa, porém, foi superada e mais de 250 foram atendidas. O que causou a desistência de alguns interessados no serviço. “Esse pessoal aqui é muito bom, mas isso é muito pouco, porque falta incentivo do governo. Nossos governantes deviam fazer mais coisas assim como a que esse pessoal fez. Ao invés de colocar polícia na rua para prender as pessoas, deviam colocar mais gente para cuidar das pessoas”, observou o morador de rua Arlindo Alves dos Santos, 51 anos. 

“Infelizmente para a quantidade de gente que tem na rua, isso é muito pouco. Não deveria ser uma vez ou outra, deveria ser algo constante, algo de verdade, não só para comemorar data. Porque alimentação mesmo, você come hoje, mas e amanhã como vai fazer para comer?”, completou o morador de rua. A preocupação dele é real. Segundo um levantamento dos abrigos da Prefeitura do Recife, de novembro de 2016, 1040 pessoas foram identificadas em situação de rua, destas, 10% vivem há mais de dez anos na rua. 

Arlindo mora na rua desde que foi expulso de sua casa por traficantes no meio do ano passado. Assim, ele foi ao mutirão em busca de receber a ajuda da defensoria pública, e conseguir reaver seu imóvel. Apesar de ter chegado no início do ato, ele não usufruiu de todos os serviços ofertados. “Desde manhã cedo estou aqui e não consegui tomar banho nem comer, porque tinha muita gente. Só consegui cortar meu cabelo, mas a barba eu mesmo que fiz. Vim aqui mais para receber um encaminhamento da defensoria pública, e consegui”, contou.

O intuito da ação foi também chamar atenção para a construção de um Abrigo Noturno, algo que não existe no Recife. “Hoje, a gente tem no Recife abrigos integrais, mas não atende a demanda, que é bem maior, inclusive, do que a prefeitura informa. Mas a demanda maior é mesmo para um abrigo só noturno. Porque muitas das pessoas que vivem na rua, durante o dia, têm ocupação. Ou seja, eles tem uns bicos ou trabalhos informais que deixam ocupados nesse turno. Assim eles não demandam um abrigo durante o dia”, explicou Rafael Araújo, coordenador do grupo Samaritanos, que participou da ação na Praça do Arsenal.

Apesar da cidade conter abrigos de média e longa permanência, o funcionamento ocorre só até o início da noite. Mas o período noturno é o mais perigoso para quem mora na rua, como explica Rafael Araújo. “Muitas das pessoas que vivem na rua, durante o dia, tem ocupação. Ou seja, eles tem uns bicos ou trabalhos informais que deixam ocupados nesse turno. Assim eles não demandam um abrigo durante o dia”. 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

A sexualidade feminina na terceira idade


Três britânicas que participaram do programa Daily, da rádio 5 Live da BBC
Image captionEssas três britânicas falaram com sinceridade sobre a sexualidade na terceira idade

Joyce, Shirley e Dee são três britânicas de 82, 61, 69 anos, respectivamente. Ao programa Daily, da rádio BBC 5 Live, elas falaram sobre um tema que é um tabu quase universal: a sexualidade na terceira idade.
Uma enquete realizada pelo próprio programa no Reino Unido sugere que pessoas entre os 60 e 70 anos têm relações sexuais várias vezes por mês.
Além disso, segundo o levantamento, esse número se mantém alto quando as pessoas envelhecem: uma em cada seis pessoas de mais de 70 anos diz que faz sexo várias vezes ao mês.
A seguir, a BBC reuniu alguns dos momentos mais interessantes do programa.

Como são os orgasmos quando você é mais velho?

Essa foi uma das perguntas que a apresentadora do programa, Emma Barnett, fez às três britânicas. Elas se mostraram quase unânimes:
"Provavelmente melhor", respondeu Shirley. "Eu também acho", diz Dee. Melhor aos 80 que aos 20 anos de idade? Joyce respondeu, convicta: "Sim, acredito de verdade que é melhor".
Para elas, uma das razões que explicam o prazer maior na terceira idade é o conhecimento do próprio corpo. Segundo Dee, com a velhice, ela passou a se preocupar menos com a opinião dos outros. "Eu já cresci, já cometi meus erros e já aprendi as lições. Você se sente mais confortável com a pessoa que é. Antes eu não tinha tanta confiança em mim mesma", diz ela.
Com a idade, "você controla mais o que quer", diz Shirley.
As três concordaram: o conhecimento do próprio corpo ajuda na busca pelo prazer e a ter confiança de dizer e "mostrar-se" ao parceiro. Além disso, elas dizem que hoje são menos estressadas e não têm preocupações com a gravidez.

Idosos se beijandoDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionUma pesquisa da BBC no Reino Unido sugere que pessoas entre os 60 e 70 anos têm relações sexuais várias vezes por mês

Quais as diferenças com as relações sexuais de quando se foi mais jovem?

"Nós rimos muito. Há muito rangidos e gemidos, e também posições desconfortáveis. Mas nós tratamos com humor", diz Joyce, que vive com seu marido, também octogenário. Ela conta que os dois chegaram a fazer sexo duas vezes por dia.
"Não tem mais aquela ansiedade de se fazer um show", brinca ela. Segundo Joyce, os jovens enxergam o sexo como algo que gira em torno da beleza, do glamour, de barrigas definidas e pele perfeita. "Quando você fica mais velho, o que importa é o contato humano."
As três concordam quando falam sobre prazer e sensibilidade. "A sensualidade não muda com a idade. A excitação e o prazer são os mesmos. É bom da mesma forma, talvez com os níveis de hormônios mais baixos", diz Joyce. "Sem dúvida, a grande diferença é o tempo. Você tem mais tempo quando está aposentado".
Shirley não tem um parceiro desde o ano 2000, mas diz ter uma vida plena e feliz. "Eu me masturbo", afirma. Ela diz que não sente falta de um companheiro, porque não encontrou a pessoa certa.
"Posso dar prazer a mim mesma e não preciso fazer concessões", diz. Ela conta que chama a atenção dos homens, mas que não está interessada em sexo rápido e selvagem, como quando era jovem. "Não estou interessada em soluções rápidas. Quero uma vida plena", explica.

Dee, Shirley y Joyce falando co, Emma Barnett, a presentadora de BBC Radio 5 Life
Image captionAs três britânicas disseram ao programa Daily, da rádio 5 Live, que sexo depois dos sessenta é mais prazeroso

Como se sentiria ao ficar nua na frente de alguém pela primeira vez aos 70 anos?

"Talvez eu precise tomar um par de taças de vinho", brinca Dee. Depois, no entanto, ela conta que disse a si mesma "Quer saber, Dee? Está tudo bem. Não é perfeito, você tem sua barriga e suas rugas, mas está tudo bem."
Ela acrescenta: "E se a pessoa não pode ver o quanto sou boa, o problema é dela".
Shirley aponta que as mulheres jovens têm muitas inseguranças sobre sua aparência. "Isso melhora com os anos", diz.

Uma mensagem para as jovens: 'o espírito segue com 18 anos'

"À medida que você envelhece, continua se sentindo jovem, muito jovem, isso não muda", diz Joyce. "Quando você tem 80 é como se tivesse 18, só que com mais rugas e peças raras no corpo. Mas você ainda é a mesma pessoa."
Ela dá uma dica sobre as rugas: "Eu diria às jovens que não se preocupem com as rugas. A atração está em como você é, no brilho dos olhos e na alegria de viver que você irradia. E isso dura até os 90".
"Talvez depois dos 90 você fique um pouco debilitada", afirma.
Shirley discorda: "Talvez não". Sorrindo, Joyce agora muda de opinião: "É, talvez não".
Professor Edgar Bom Jardim - PE

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

Crescer em São José do Egito: a trilha sonora poética de viver no Sertão pernambucano

Em São José do Egito, cidade conhecida como Berço Imortal da Poesia, tudo vira rima. E a vida do povo, desde muito cedo, ganha beleza e métrica - há um poeta em cada esquina. Nossa história é um bom exemplo, são matérias-primas, cultura e educação. Ela começa na Escola Técnica Estadual Professora Célia Siqueira, onde jovens querem fazer poesia e canção. Eles planejam ganhar a vida como engenheiros, médicos, advogados - mas a paixão pelos versos é a maior das certezas à qual têm chegado. Criaram, em 2016, o grupo Poesia Cantada: cantam e declamam músicas brasileiras de outras décadas, dizendo terem nascido na época errada.
“Nosso repertório é feito de clássicos da MPB, hits da Jovem Guarda, boleros, coisas mais antigas. Entre um trecho e outro das músicas, os meninos declamam poesia”, explica Larissa Gabrielly de Souza, 17 anos, a vocalista da banda. Ela canta desde os sete anos e começou bem cedo a fazer planos: quer ser médica e cantora – no destino, ela é quem manda. É o rosto do grupo de sete jovens do Sertão pernambucano, criado para um show de talentos da escola. Há pouco mais de dois anos, a estreia deu tão certo, que decidiram viajar Sertão afora. Articularam pequenos shows e caíram na estrada, levando os violões na sacola. Segredo (Herivelto Martins/Marino Pinto), Pense em mim (Douglas Maio/José Ribeiro/Mário Soares) e Linda flor (Henrique Vogeler/Luis Peixoto/Marques Porto) estão sempre entre as mais pedidas, seja qual for a cidade. A única composição autoral do grupo também ganha aplausos - e se chama Saudade.
Gestor Niedson Amaral é um grande incentivador do grupo. Foto: Rafael Martins/DP
Gestor Niedson Amaral é um grande incentivador do grupo. Foto: Rafael Martins/DP
Quem acompanha tudo de perto, desde o primeiro ato, é um atento gestor. Niedson Amaral, de 40 anos, chegou há dois no centro de ensino e se tornou grande incentivador. “O projeto começou despretensioso, espontâneo, mas tem mudado a perspectiva do grupo quanto ao futuro”, avalia o educador. Ele inscreve o grupo em eventos, dá carona para os shows, aconselha os meninos a continuarem a compor. “Eles se tornam seres humanos mais completos, porque a arte é fundamental para desenvolver a sensibilidade, o exercício de ver o outro”, diz o professor. Na Célia Siqueira, como em todas as escolas estaduais do município, poesia é disciplina da grade curricular. Os professores ensinam as métricas, citam poetas locais, fazem de tudo para estimular. Somente na ETE, são mais de 450 alunos pondo a tal veia poética para trabalhar.
Parentes e vizinhos também entram na roda. Aqui, todo mundo se chama de “poeta”, dizem que é costume secular que não sai de moda. Veja Gabriel Guilherme de Souza, 17, tocador de cajón da banda e filho de artista popular. O pai, Chiquinho do Egito, figura conhecida no município, foi quem lhe ensinou a rimar. “A poesia é uma tradição, isso une as pessoas aqui. Quando entrei no Poesia Cantada, fizemos vaquinha para comprar meu cajón”, lembra o rapaz. “Fomos para a beira da estrada cobrar 'pedágio', todo mundo ajudou”, completa, como quem diz e também faz. Ele quer ser psicólogo, mas não pensa em deixar de tocar. A saga do cajón, ele assegura, serviu para lhe ensinar: a poesia é força poderosa nessas bandas que não se pode ignorar.
Jovens servem como referência na escola para manter a poesia viva. Foto: Rafael Martins/DP
Jovens servem como referência na escola para manter a poesia viva. Foto: Rafael Martins/DP
Completam a tal banda Péryclys Pereira da Silva, 19, e Rodrigo Veras da Silva, 17, de quem não é irmão. Também Edvaldo da Silva Pereira Filho, 16, Mikael da Silva de Melo, 17, e Everson Heleno Aguiar, 17, são dos poetas a roubar a cena no Sertão – na tal banda, juntam-se aos vocais de Larissa e ao cajón de Guilherme, que já ganharam apresentação. Péryclys e Rodrigo, os trovadores do grupo, são quem improvisam os versos conforme o tema da canção. “Tentamos incentivar os mais novos a continuarem, criarem coisas parecidas que mantenham a poesia viva”, diz Péryclys, junto aos planos de gravar um disco até o próximo São João. 
Concluída a escola técnica, os meninos querem fazer faculdade, vão cada um pra uma cidade, sabem do risco de se separar. Larissa quer cursar medicina, Rodrigo, fisioterapia e Péryclys quer advogar. O sonho era viver de rima, mas se ser adulto e sonhar nem sempre combina, eles pretendem conciliar. “A música e a poesia que a gente faz nem sempre têm espaço no mercado, sobretudo fora de São José do Egito”, lamenta a menina que só quer cantar. “Hoje toca muito sertanejo, é muito difícil pra quem gosta de outras coisas”, pondera Larissa na escola, onde todo fim de semana vai ensaiar. Ela canta, sonha e estuda, lhe disseram que a poesia tudo muda e pode a sua sorte virar. Essa reportagem é para Larissa - e quem faz poesia com ela - nunca desanimar: a vida dá muitas voltas, é preciso colocar os sonhos nas costas e por eles querer lutar. Mas no fim tudo se ajeita, o percurso é o que mais se aproveita, só não vale deixar de rimar.
Diário de Pernambuco.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

A população desonesta e a violência do cotidiano no Recife


Cerca de 180 mil pessoas embarcam sem pagar todos os dias nos ônibus do Recife e Região Metropolitana. O número é equivalente a 10% dos passageiros transportados. Com o intuito de combater fraudes nos coletivos, o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana/PE) lançou, nesta quinta-feira (17), a campanha "Faça Certo".

Por outro lado, os passageiros reclamam da falta de fiscalização e de pontos de recargas inativos, no caso dos BRTs. “Acho que a maneira de inibir isso aí com segurança é colocando orientadores nos pontos para instruir o povo", observou Emerson Silva, de 26 anos. " Fora isso, a maioria do pessoal que eu vejo reclamando é que os pontos de recarga estão quebrados. Eles tem que andar até outro terminal para poderem fazer a recarga", completou Emerson. 

Segundo o consultor da Urbana/PE, Bernardo Braga, o embarque irregular é um dos grandes problemas enfrentados diariamente. "Os embarques irregulares e fraudes no sistema são um dos principais problemas que o setor de transporte público enfrenta. Eles impactam diretamente na qualidade do serviço, no conforto dos usuários e também no custo do deslocamento, ou seja, no valor da passagem", disse.

Para ajudar no processo de conscientização da população, equipes de fiscalização e orientação estarão em todos os principais corredores dos coletivos da Região Metropolitana do Recife (RMR). "A situação é grave, cerca de 10% dos passageiros transportados embarcam de forma irregular, isso representa 180 mil pessoas diariamente sendo transportadas sem efetuarem o pagamento da tarifa", afirma Bernardo.

Aumento da passagem
Ainda de acordo com o consultor, a tarifa da passagem é calculada dividindo o custo da operação pela quantidade de passageiros pagantes. "Se essa quantidade é reduzida, a passagem fica mais cara. Se a gente conseguir reduzir o impacto das fraudes, através desse esforço, conseguiremos melhorar relação entre custo e arrecadação e isso certamente pode ser repassado para a o valor da tarifa", relata.
Foto: Rafael Furtado/Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

Hospital de Câncer promove simpósio


A terceira edição do Simpósio em Oncologia começa nesta sexta (18) terá mesas e conferências com especialistas renomados para discutir as perspectivas e o futuro do tratamento do câncer. O evento é promovido pelo Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP) até o sábado (19) e deve reunir mais de 200 estudantes de profissionais da área de saúde. A programação completa está disponível no site do HCP.

Um dos palestrantes é o médico Renato Martins, professor de Medicina e diretor da área de tumores sólidos do Seattle Cancer Care Alliance/Universidade de Washington. Vindo dos EUA, o professor abordará, ainda, a pesquisa clínica em Oncologia e o tratamento de cânceres de cabeça e pescoço metastáticos.

SERVIÇO
III Simpósio em Oncologia
Data: 18 e 19 de agosto
Local: Hotel Courtyard by Marriott, em Boa Viagem

Professor Edgar Bom Jardim - PE