terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Estudantes buscam prestar concursos



Estabilidade e independência financeira são fatores que pesam na decisão. 
Ingresso no serviço público ajuda estudantes a pagar depois os estudos.

Marta CavalliniCom Informações do G1
Enquanto os estudantes aprovados para as 129.319 vagas do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) fazem a matrícula nas instituições federais de ensino superior, alguns alunos que estão cursando o ensino médio preferem investir na preparação para as vagas do serviço público antes de fazer vestibular. Eles dizem que só vão tentar entrar em uma universidade depois de obter estabilidade no emprego. Apesar de ser permitido assumir o cargo só aos 18 anos e apenas disputar cargos de nível fundamental ou médio, para esses jovens, o que importa é conseguir a tão sonhada independência financeira o mais cedo possível.
Isaura da Silva Pinto quer ser escritora e passar em concurso público (Foto: Claudia Jones/Academia do Concurso)Isaura da Silva Pinto quer ser escritora e passar em concurso público (Foto: Claudia Jones/Academia do Concurso)
Aos 16 anos, Isaura da Silva Pinto já tem duas certezas: quer ser escritora e passar em concurso público. Cursar universidade nem passa pela sua cabeça, apesar de estar no último ano do ensino médio. Como ela, Thalita Dall’Armi e Nataly Miranda, ambas com 19 anos, decidiram prestar concurso público antes de fazer faculdade. Para as três jovens, o serviço público é o passaporte que viabilizará a realização de seus sonhos. “Descobri que posso, só com o nível médio, ter minha independência financeira”, diz Isaura.
Quando Isaura tinha 14 anos, no último ano do ensino fundamental, sua mãe encontrou uma maneira de ajudá-la a incrementar seus estudos em matemática e português – a colocou para assistir às aulas das duas matérias no curso preparatório Academia do Concurso, no Rio. “E lá estava eu estudando com um monte de gente que tinha um objetivo diferente do meu. Enquanto eu estava acrescentando conteúdo à minha formação escolar, eles estavam em busca de emprego com estabilidade”, conta.

A jovem afirma que o que mais a influenciou a optar por concurso foi ver sua mãe sempre trabalhando muito, sem tempo para descansar. “Ela falava muito que não queria que fosse assim comigo. O que também me influencia, e muito, é saber que terei dinheiro para realizar meus sonhos e poder ajudar minha mãe e minha irmã”, diz. 
“Descobri que posso, só com o nível médio, ter minha independência financeira”
Isaura da Silva Pinto
Além de estudar português e matemática, Isaura acrescentou à sua rotina informática, atualidades e direito constitucional. “O legal é que muita coisa que meus professores ensinam na minha escola eu já sei e acabo ensinando para meus amigos. Quando eu terminar a escola, aí sim vou pegar mais disciplinas e focar mesmo”, garante.

A rotina de Isaura é puxada: vai à escola pela manhã, ao curso preparatório para concursos à noite e, à tarde, faz o dever de casa e a revisão dos estudos da aula do curso da noite anterior. “Ainda não entrei no ritmo de fazer exercícios do curso em casa, o que é o certo, porque só vou fazer isso quando eu terminar o ensino médio. Mas frequentar a sala de aula do curso já me deixa à frente de muita gente.”

Isaura ainda não prestou nenhum concurso, mas seu foco é o BNDES. “Acho que é o que mais se aproxima de mim. Adoro inglês e tem conteúdo do idioma na prova.” Ela tem esperança de ser um dos últimos classificados da lista e, assim, ser chamada quando já tiver 18 anos.

“Tenho sonhos, um deles, por exemplo, é ser escritora. Mas preciso de dinheiro para bancá-los e é no serviço público que terei condições financeiras para poder pagar meus gastos”.

Isaura conta que é a única na sua sala de aula do ensino médio que não tem planos para a faculdade. “Quando meus amigos me perguntam o que vou fazer, eu digo: concurso público. No começo eles estranhavam, mas com o tempo eles se acostumaram e acham legal minha decisão”, diz.
Ministra do STF
Os colegas de Nataly Miranda também achavam “estranho" ela não ter em seus planos a faculdade logo após terminar o ensino médio. “Eles me achavam maluca por não fazer vestibular”, lembra. Nataly terminou o ensino médio em 2011 e já passou a estudar para oconcurso da Ancine, que ofereceu no ano passado 82 vagas de nível médio e salário de R$ 4,8 mil. Apesar de estudar 6 horas diariamente por 5 meses, não conseguiu vencer a concorrência de mais de 500 candidatos por vaga.
Nataly Miranda vai disputar vaga no TRT do RJ com 1.709 candidatos (Foto: Claudia Jones/Academia do Concurso)Nataly Miranda vai disputar vaga no TRT do RJ com 1.709 candidatos (Foto: Claudia Jones/Academia do Concurso)
Atualmente, ela está estudando para o concurso do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) do Rio de Janeiro, cuja prova é dia 27 de janeiro. A concorrência também é alta: 1.709 candidatos por vaga - 64.949 inscritos para 38 vagas de técnico judiciário - área administrativa.
“Quero ser ministra do STF. O Joaquim Barbosa é meu ídolo”
Nataly Miranda
Nataly trabalha como vendedora 6 horas por dia em um shopping do Rio de Janeiro no período da tarde. De manhã ela faz cursinho preparatório e na hora do almoço e depois do trabalho ela se debruça sobre as apostilas.
A decisão de tentar o serviço público teve influência direta dos pais, que são concursados – a mãe trabalha na prefeitura e o pai, no governo do estado, ambos como assistentes administrativos.
“Eles trabalham bem menos e ganham bem mais que eu. Além disso, não trabalham em fim de semana nem em feriado. Eu não tenho folga”, lamenta.
Nataly não abandonou o desejo de fazer faculdade. No futuro ela pretende fazer direito - ela tem vontade de ser juíza, e seu grande sonho é trabalhar no Supremo Tribunal Federal (STF). “Quero ser ministra. O Joaquim Barbosa é meu ídolo”, diz.
Por enquanto, ela pretende conseguir a vaga de técnica no TRT e trabalhar com o que gosta: mexer com processos. “Aí vou poder fazer uma boa faculdade, depois prestar outros concursos para nível superior, inclusive para delegada. Gosto muito de estudar direito”, diz.
Meta é passar em concurso até 21 anos
Thalita Dall’Armi também disputará uma vaga no TRT do RJ. Ela chegou a passar em psicologia na UFRJ e desistiu porque decidiu prestar concurso. Thalita prestou o Enem em 2011.
Thalita Dall’Armi pretende prestar o Enem no ano que vem  (Foto: Claudia Jones/Academia do Concurso)Thalita Dall’Armi pretende prestar o Enem no ano que vem (Foto: Claudia Jones/Academia do Concurso)
“Acho muito importante ter meu dinheiro próprio, estabilidade, para depois fazer a faculdade que tenha a ver com o cargo que escolhi, que no caso é de direito”, diz.
“Vou fazer 20 anos em maio, até os 21 tenho que passar, essa é minha meta”
Thalita Dall’Armi
A jovem pretende prestar o Enem no ano que vem para “usar” a graduação para participar de concursos públicos para cargos de nível superior.
A estudante faz curso preparatório pela manhã, trabalha à tarde em uma editora de livros para concursos como atendente e à noite descansa. Os sábados e domingos ela passa estudando e fazendo revisão.
Apesar de preferir trabalhar em tribunal, ela pretende fazer também concurso para o Banco do Brasil e Banco Central.  “Vou fazer 20 anos em maio, até os 21 tenho que passar, essa é minha meta.”
O interesse por concursos surgiu bem antes de trabalhar na editora – ela começou a estudar há mais de um ano. Em agosto do ano passado, prestou o concurso do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) e passou na 1.000ª posição – em disputa estavam 9 vagas. “Mas pra mim foi uma vitória, pois foram 32 mil concorrentes e eu estudei por apenas 8 meses”, afirma.
Estabilidade antes do diploma
Amábile Lucy de Souza Gomes, de 22 anos, trancou a faculdade no ano passado para investir nos estudos para concurso. Com formação de professora primária, ela foi demitida da escola na qual trabalhava. Era seu primeiro emprego. Foi o incentivo para decidir tentar uma vaga no serviço público. “Me dei conta de que não podia fazer planos a não ser que entrasse na área pública. Até pode ganhar menos, mas você sabe que não vai ser mandada embora”, diz.
Amábile Lucy trancou a faculdade no ano passado para investir nos estudos para concurso (Foto: Claudia Jones/Academia do Concurso)Amábile Lucy trancou a faculdade no ano passado para investir nos estudos para concurso (Foto: Claudia Jones/Academia do Concurso)
Amábile terminou o ensino médio em 2009 e em 2010 passou no curso de serviço social da UFF. Quando estava no 5º semestre decidiu trancar o curso. Em 2011, começou a estudar para concurso. Já fez a prova do Banco do Brasil, na qual ficou na 4.000ª colocação entre 90 mil concorrentes.
Na faculdade você ainda é preparado para o mercado de trabalho privado. Emprego público é para a vida inteira"
Amábile Lucy
Seu foco agora é a área bancária. Está esperando o próximo concurso do BB. “Não me  identifico mais com serviço social, mas pretendo me formar para poder ter o nível superior e tentar concursos para cargos com essa escolaridade”. Para isso, Amábile diz que precisa de estabilidade para então estudar na universidade. “Aí então eu pretendo tentar Banco Central e BNDES”, planeja.
Ao comparar com os estudos para vestibular, Amábile acha que a preparação para concursos exige mais seriedade e dedicação. “Vestibular você faz por obrigação, concurso é por determinação, por vontade de crescer, de ter um emprego público, ter a vida inteira estabilizada.” Além disso, para ela, a competitividade é maior em concursos. “Mas é uma competitividade saudável. Você torce para as outras pessoas passarem e um ajuda o outro. Quando alguém passa revigora as forças dos demais”, diz.
“Em 4 anos você termina a faculdade. Emprego público é para a vida inteira. O concurso é mais importante que a faculdade. Você passa por mérito, tem estabilidade. Na faculdade você ainda é preparado para o mercado de trabalho privado”, argumenta.
A jovem diz que os editais de concursos pedem matérias que os estudantes nunca viram na vida. Por isso, ela até dá dicas para quem está começando: primeiro fazer um concurso mais fácil e depois partir para outros concursos mais disputados. “Quando você define uma área já sabe o que tem que estudar, o conteúdo muda pouco de um concurso para o outro. E todo o ano tem concurso da Caixa ou do BB, e BNDES tem quase todos os anos. Mas tem que estudar com antecedência, não com a saída do edital”, aconselha
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Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Lixões tomam contas das rodovias brasileiras. Eita povo mal educado, mal governado !



Gestores dizem estar preocupados com situação e buscam saída coletiva.
Resíduos domésticos aglomeram sem nenhuma forma de tratamento.

Waldson CostaCom informações do G1 AL
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Lixão de Japaratinga, município turístico, fica às margens da rodovia AL-465  (Foto: Waldson Costa/ G1)Lixão de Japaratinga, município turístico, fica às margens da rodovia AL-465 (Foto: Waldson Costa/ G1)
Com a capacidade esgotada e ainda recebendo regulamente resíduos, os lixões dos municípios de Porto Calvo e Japaratinga estão invadindo trechos da rodovia AL-465. Expostos a “céu aberto” e localizados em lugares impróprios, os lixões, que aglomeram todo o resíduo doméstico das duas cidades sem nenhuma forma tratamento, podem ser avistados a distância por quem tráfega pela principal via do Litoral Norte de Alagoas.
Em Porto Calvo, município de médio porte, que que fica a 96 km de Maceió, e possui  mais de 25 mil habitantes, em menos de uma década a gestão municipal fez uso de duas áreas para armazenar o lixo da cidade. Neste segundo local, que fica em uma área acidentada, que divide espaço com a vegetação e plantação de cana, os resíduos podem ser avistados a quilômetros de distância por quem passa na rodovia. Devido a quantidade, o lixo, que é lançado em uma área rural, chega até o acostamento da rodovia.

Clique aqui e veja galeria de imagem dos lixões de Japaratinga e Porto Calvo

Ao falar com a reportagem do G1, a procuradora da Prefeitura de Porto Calvo, Adriana Menezes, disse que as secretarias municipais de Agricultura e Meio Ambiente já estão trabalhando para buscar uma solução para a destinação do lixo. “Pegamos o município com muitos problemas. E um deles é essa questão do lixão. Sabemos que só teremos uma solução definitiva diante da formatação de um consórcio que envolverá outras prefeituras para substituir os lixões por aterro sanitário. Mesmo assim, já estamos trabalhando para amenizar o problema, até porque há diversas nascentes e rios que cruzam a região”, falou Menezes.
Lixão de Porto Calvo pode ser visto a quilômetros por quem tráfega na rodovia AL-465  (Foto: Waldson Costa/ G1)Lixão de Porto Calvo pode ser visto a quilômetros por quem tráfega na rodovia AL-465 (Foto: Waldson Costa/ G1
Já em Japaratinga, município turístico que possui pouco mais de 7 mil habitantes e que fica a 115 km da capital alagoana, o lixão ocupa a lateral da rodovia e também fica numa área acidentada. Outro problema, que também compromete a já esgotada capacidade é o aumento das toneladas de resíduos durante o verão, resultado do quantitativo de empreendimentos turísticos que há no município.

Na ocasião, o prefeito de Japaratinga, Newberto Neves, disse que já fez algumas intervenções para tentar melhorar a situação do lixão do município que não se encontra em local inadequado. “Assumi a prefeitura recentemente e encontrei o município uma bagunça. Temos conhecimento do problema do lixão e já fizemos alguns trabalhos para amenizar a situação e retirar o lixo que invadia a pista. O lixão não é o mais adequado, mas é o que temos de imediato”, expôs Neves.
Em Porto Calvo, resíduos do lixão que está abarrotado chega até a rodovia AL-465 (Foto: Waldson Costa/ G1)Em Porto Calvo, resíduos do lixão que está abarrotado
chega até a rodovia (Foto: Waldson Costa/ G1)
Consórcios
A contratação de consórcio entre prefeituras para implantação de aterros sanitários coletivos é uma das propostas para eliminar os lixões das cidades do interior. A mediada, discutida na esfera federal e estadual, com repercussão no âmbito municipal, pode reduzir os custos, já que aterros implicam em altos investimentos que não teriam como ser arcado por uma só administração municipal.

Atualmente em Alagoas apenas um consórcio, na região do Sertão, está em andamento para substituir lixões de municípios por aterros sanitários. A reportagem entrou em contato com a assessoria da Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), que informou que a discussão em torno dos consórcios de lixo deverá ser retomada a partir da próxima gestão, que deve entrar em vigor em fevereiro após as eleições da instituição.


Professor Edgar Bom Jardim - PE

Apartamento de idosa tem fogão ao lado de sanitário



Kong Kyung-soon, de 73 anos, mostrou seu minúsculo lar em Seocho-gu.
Cerca de 1,2 milhão de idosos vivem sozinhos na Coreia do Sul.

Com informações do G1
A sul-coreana Kong Kyung-soon, de 73 anos, mostrou o minúsculo apartamento onde vive sozinha em Seocho-gu, com apenas dois metros quadrados. O local é tão apertado que o fogão onde ela cozinha todos os dias fica logo ao lado do vaso sanitário.
A tradição familiar de reverenciar e cuidar dos pais e avós, que era muito forte no país de filosofia confuciana, tem sido deixada de lado nas novas gerações, apesar de a economia ter crescido. Cerca de 1,2 milhão de idosos vivem sozinhos na Coreia do Sul, o que representa mais de 20% da população de idosos do país.
Kong Kyung-soon, de 73 anos, vive sozinha no apartamento de 2 m² em Seocho-gu, na Coreia do Sul (Foto: Lee Jae-Won/Reuters)Kong Kyung-soon, de 73 anos, vive sozinha no apartamento de 2 m² em Seocho-gu, na Coreia do Sul (Foto: Lee Jae-Won/Reuters)
O fogão fica logo ao lado do vaso sanitário na casa da idosa sul-coreana (Foto: Lee Jae-Won/Reuters)O fogão fica logo ao lado do vaso sanitário na casa da idosa sul-coreana (Foto: Lee Jae-Won/Reuters)















domingo, 20 de janeiro de 2013

Sociedade brasileira é racista, afirma futuro presidente do Tribunal Superior do Trabalho



Para Carlos Alberto Reis de Paula, discriminação é 'uma questão cultural'.
Ministro assumirá em 5 de março o comando da Justiça Trabalhista.

Fabiano CostaDo G1, em Brasília
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Primeiro negro eleito para presidir o Tribunal Superior do Trabalho (TST), o ministro Carlos Alberto Reis de Paula qualifica a sociedade brasileira como "racista e discriminatória".
"É racista, discriminatória e usa de discriminação por um motivo muito simples: uma questão cultural", disse em entrevista ao G1.
Reis de Paula assumirá o comando da Justiça trabalhista no próximo dia 5 de março, em um momento em que, também pela primeira vez, outro negro, Joaquim Barbosa, chefia a mais alta corte do país, o Supremo Tribunal Federal (STF).
O ministro Carlos Alberto Reis de Paula, durante entrevista ao G1 em seu gabinete no TST (Foto: Fabiano Costa / G1)O ministro Carlos Alberto Reis de Paula, durante entrevista ao G1 em seu gabinete no TST (Foto: Fabiano Costa / G1)
Aos 68 anos – ele completa 69 anos em 26 de fevereiro –, o magistrado eleito por unanimidade para a presidência do TST revela que já foi alvo de racismo ao longo da vida, mas nunca foi discriminado no Judiciário. "Isso acontece, isso é o Brasil", disse.
O ministro se diz um defensor das políticas de cotas para o ingresso de negros nas universidades federais. Ele, no entanto, ressalta que é contra a implantação do sistema para o acesso ao serviço público. "O problema de cota não pode ser uma esmola. Cota é uma questão de justiça social", avalia.
Natural de Pedro Leopoldo (MG), município da regi ão metropolitana de Belo Horizonte, Reis de Paula foi o primeiro negro a ser indicado para um tribunal superior do país (o TST), em 1998. Mestre e doutor em direito constitucional pela Universidade Federal deMinas Gerais (UFMG), ele ingressou na magistratura, em 1979, como juiz do trabalho da 3ª Região (MG).

Casado pela segunda vez, Reis de Paula tem três filhas e cinco netos e é torcedor fanático do América mineiro. Atualmente, concilia as atribuições no tribunal trabalhista com o mandato de conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O ministro, porém, diz que deixará a vaga no CNJ assim que assumir a presidência do TST.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
G1 – Há um simbolismo no fato de um negro assumir pela primeira vez o comando do Tribunal Superior do Trabalho no mesmo momento em que o Supremo Tribunal Federal também é presidido por um magistrado negro?
Carlos Alberto Reis de Paula
 – É uma coincidência da história, mas é lógico que é um fato simbólico. Só se as pessoas não quiserem ler os fatos. Posso fazer várias leituras. Primeiro, posso olhar para os negros e dizer: é possível chegar lá à custa de trabalho individual, muito empenho e dedicação. Sempre que vou a algum lugar elegante, fico pensando: o negro é exceção. Quantos empresários negros existem no Brasil? Quantos homens de dinheiro e poder existem no país?
O fundamental é as pessoas tomarem consciência de que são racistas porque os fatos mostram isso. Espero que a minha gestão e a do Joaquim [Barbosa] mostrem que somos iguais aos demais e temos nossos valores."
Ministro Carlos Alberto Reis de Paula, do TST
G1 – O sr. acredita que os negros estão conseguindo conquistar mais espaço?
Reis de Paula
 – O Brasil ainda não teve um presidente da República negro. Tenho quase certeza de que vão cobrar muito mais do Joaquim [Barbosa, presidente do Supremo] e de mim do que dos outros. Terão muito menos benevolência nas críticas conosco. Não me assusto com isso. Vou viver minha vida com normalidade. Não quero fazer nada de extraordinário. Quero apenas fazer as coisas ordinárias de forma extraordinária.

G1 – O sr. já foi alvo de racismo?
Reis de Paula 
– Na minha carreira, não, mas na minha vida, sim. Isso acontece, isso é o Brasil. Mas aí você ascende ao cargo de ministro e ninguém mais o discrimina. Mas eu já fui sujeito de racismo.

G1 – Apesar da ascensão de negros a cargos importantes na estrutura da República, a sociedade brasileira ainda é racista?
Reis de Paula 
– É racista, discriminatória e usa de discriminação por um motivo muito simples: uma questão cultural. E o pior é que a sociedade não toma consciência porque isso está no seu subconsciente. A sociedade é racista. O fundamental é as pessoas tomarem consciência de que são racistas porque os fatos mostram isso. Espero que a minha gestão e a do Joaquim [Barbosa] mostrem que somos iguais aos demais e temos nossos valores.

G1 – Mesmo defensor das cotas raciais para acesso ao ensino superior, o sr. é contra as cotas para ingresso no serviço público. Por quê?
Reis de Paula
 – Sustento que devemos habilitar todos, sobretudo os negros, para que possam entrar na universidade, se qualificar e concorrer em igualdade com os outros. Mas essa visão não é apenas para negros, e sim para todos os que são discriminados. Pode ser também para índios e portadores de deficiências físicas. A partir do momento em que eu busco isso, não preciso mais reservar cotas. Não posso admitir cota para magistrado, por exemplo. A meu ver, essa é uma visão simplista. O problema de cota não pode ser uma esmola. Cota é uma questão de justiça social, é uma forma de reparar, mas não fazendo doações.
Pergunto: 44 horas semanais é uma jornada de trabalho pesada? São discursos, temas de passeata de rua. Não está nesse ponto a solução das questões trabalhistas, isso eu lhe garanto categoricamente. Acho razoável a jornada de 44 horas semanais. Eu, por exemplo, trabalho muito mais do que isso."
Ministro Carlos Alberto Reis de Paula, do TST
G1 – Empresários reclamam do suposto excesso de benefícios dos trabalhadores brasileiros. Segundo eles, esses direitos encarecem a mão de obra e, consequentemente, os produtos fabricados no país. Na sua avaliação, há exageros nas leis trabalhistas no Brasil?
Reis de Paula
 – Há um exagero na leitura dos fatos. Em cima do salário dos empregados, há várias incidências de tributos postas pelo governo. O empregado é que sai caro ou o governo é que faz o empregado sair caro? A primeira pergunta que temos de responder é essa. Um empregado brasileiro não é mais caro do que um empregado estrangeiro. O estrangeiro custa muito mais caro em poder de compra. Eu não trabalho com valores nominais. Quero saber é o que ele [empregado] compra com um salário mínimo de R$ 678. Esse é o raciocínio.

G1 – Durante seu mandato, a presidente Dilma Rousseff implementou políticas pontuais de desoneração da folha de pagamentos, que beneficiaram cerca de 40 segmentos da economia. Na sua avaliação, o governo federal deveria promover uma desoneração mais ampla nos encargos trabalhistas para estimular a economia?
Reis de Paula 
– Não sou eu que vou pensar sobre administração macroeconômica. Todas essas alterações tiveram uma conotação econômica, não foi trabalhista. Acho que as questões trabalhistas teriam de ser analisadas em primeiro lugar pelos governos. Essas questões pontuais resolvem conjuntura, não resolvem estrutura.
G1 – Justiça do Trabalho, Ministério Público e governo federal deveriam trabalhar articulados para tentar erradicar os trabalhos escravo e infantil?
Reis de Paula
 – Esse é um dos vexames do país. O índice [de trabalho escravo e infantil] reduziu por causa da influência da OIT [Organização Internacional do Trabalho], mas o patamar ainda é alto. Não sou eu quem fala. Consulte o Ministério do Trabalho. A OIT trabalha com um termo que eu considero muito digno, que é o de "trabalho decente". Esse termo envolve não só a segurança no trabalho, mas também o trabalho valorizado, devidamente remunerado, e em condições dignas e humanas, o que afasta o trabalho escravo e infantil. Devemos despertar a nossa consciência.
O ministro Carlos Alberto Reis de Paula, em seu gabinete no TST (Foto: Fabiano Costa / G1)O ministro Carlos Alberto Reis de Paula, em seu
gabinete no TST (Foto: Fabiano Costa / G1)
G1 – O sr. é a favor da redução da jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais sem diminuição de salário, bandeira histórica do movimento sindical?
Reis de Paula
 – Os sindicatos fazem muito charme com isso [a redução da jornada de trabalho], mas acho difícil passar no Congresso. Pergunto: 44 horas semanais é uma jornada de trabalho pesada? São discursos, temas de passeata de rua. Não está nesse ponto a solução das questões trabalhistas, isso eu lhe garanto categoricamente. Acho razoável a jornada de 44 horas semanais. Eu, por exemplo, trabalho muito mais do que isso.
G1 – O sr. pretende tomar alguma medida para acelerar a tramitação dos processos na Justiça trabalhista?
Reis de Paula
 – No Poder Judiciário, trabalhamos em cima de leis que não foram feitas por nós. Não sou legislador, não posso fazer nada contra a lei. Posso interpretá-la, de forma criativa, mas respeitando-a. Aí você me pergunta: demora? Demora. E por que demora? Porque a lei permite que demore. Eu sempre questiono: a quem interessa uma Justiça rápida no Brasil? Aos que não têm voz, costumo responder.
G1 – O sr. defende a regulamentação do direito de greve no serviço público?
Reis de Paula
 – A Constituição é de 5 de outubro de 1988. Ela já tem 24 anos. Direito de greve, para mim, decorre do trabalho. Vira e mexe, dizem: vamos regulamentar. Mas não passam de mobilizações. A vantagem de um direito sem regulamentação é que você faz o que quer. O problema é esse. A forma de descumprir a Constituição é se omitir.
G1 – Há carreiras públicas que estão extrapolando o direito de greve?
Reis de Paula
 – Os professores, por exemplo, têm direito de fazer greve, mas depois têm de compensar as aulas que não foram dadas. Por outro lado, o servidor público entra em greve e não compensa. Me conte um dia no Brasil que o Executivo tenha cortado o ponto de algum grevista ou servidor público.

G1 – O senhor vê restrições no meio jurídico aos magistrados da Justiça do Trabalho?
Reis de Paula
 – Quando eu estava na Faculdade de Direito da UFMG, dizia-se que a Justiça do Trabalho era uma justiça menor, de balcão de negócios. A verdade é que há maus olhares para a Justiça do Trabalho. O problema é que a Justiça do Trabalho não é conhecida. A sociedade não valoriza o trabalho. Se valorizasse, a Justiça do Trabalho seria extremamente valorizada no país. É um problema cultural.


Professor Edgar Bom Jardim - PE

sábado, 19 de janeiro de 2013

Obama culpa terrorista por mortes de reféns na Argélia



Presidente disse que ataque é lembrete de que Al-Qaeda ainda é ameaça.
Ele afirma que ajudará governo do país a evitar 'tragédias' do tipo no futuro.

Da France Presse
Comente agora
 O presidente Barack Obama culpou os terroristas pelas mortes dos reféns na Argélia, observando neste sábado que o ataque foi um lembrete de que a ameaça da Al-Qaeda continua.
"Nos próximos dias, estaremos em contato com o governo da Argélia para ter uma maior compreensão do que aconteceu para que possamos trabalhar juntos e evitar tragédias como essa", acrescentou Obama em um comunicado divulgado neste sábado (19).
Mais cedo, o presidente da França, François Hollande, disse que a abordagem da Argélia havia sido a mais adequada por não ser possível manter negociações com o tipo de pessoas envolvidas no sequestro.
O presidente dos EUA Barak Obama durante evento em escola de Washington (Foto: Jewel Samad/AFP Photo)Obama durante evento em escola neste sábado
on (Foto: Jewel Samad/AFP Photo)
A ocupação de uma usina de gás na Argélia terminou neste sábado com um ataque final por forças especiais. Segundo o balanço oficial provisório do Ministério do Interior argelino, 23 reféns e 32 sequestradores foram mortos nos quatro dias de sequestro.
Nesse ataque final, as forças argelinas libertaram "685 funcionários argelinos e 107 estrangeiros" e mataram "32 terroristas". Não foram divulgados os números de possíveis rebeldes sobreviventes - presos ou foragidos.
Entre os 32 sequestradores mortos estão três argelinos, os outros eram de diversas nacionalidades, não especificadas e entre eles havia especialistas em explosivos, acrescentou o comunicado.
O exército recuperou um arsenal considerável, segundo o Ministério: "seis submetralhadoras, 21 fuzis, dois fuzis com mira telescópica, dois morteiros de 60 mm com munição, seis mísseis com rampa de lançamento, dois RPG7 com oito foguetes, 10 granadas dispostas em cintos explosivos".
Foram encontradas, além disso, "uniformes militares estrangeiros, munições e explosivos", acrescentou a nota.
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Professor Edgar Bom Jardim - PE

Sesc Pernambuco abre inscrições para seleção de estágio

Oportunidade de Trabalho


Os 134 selecionados, além de cadastro de reserva, irão atuar nas unidades do Sesc no Recife e em outras 12 cidades (Divulgação)
Os 134 selecionados, além de cadastro de reserva, irão atuar nas unidades do Sesc no Recife e em outras 12 cidades
O Sesc Pernambuco está com inscrições abertas até 27 de janeiro para seu Programa de Incentivo à Formação Profissional 2013, com duração de 3 a 10 meses. A carga horária é de quatro horas diárias ou vinte horas semanais e é preciso estar matriculado numa instituição de ensino superior credenciada e reconhecida pelo MEC e/ou pelo Conselho Estadual de Educação. 

Os 134 selecionados, além de cadastro de reserva, irão atuar nas unidades do Sesc em Pernambuco distribuídas nas cidades do Recife, Jaboatão, São Lourenço da Mata, Caruaru, Garanhuns, Arcoverde, Petrolina, Araripina, Buíque, Surubim, Triunfo, Bodocó e Belo Jardim. Do total, 10% das vagas serão destinados a pessoas com deficiência.

O processo seletivo está dividido em três etapas: prova de conhecimentos, entrevista coletiva e prova prática de informática (apenas para candidatos de Arquitetura, Ciências Econômicas, Design e Psicologia).

Leia mais sobre estágios, cursos e concursos no Portal Admite-se

O público-alvo são estudantes nas áreas de humanas e saúde - graduandos dos últimos quatro períodos dos cursos de Administração, Biblioteconomia, Artes Cênicas - Teatro, Artes Plásticas/Artes Visuais, Arquitetura, Educação Física, Ciências Contábeis, Ciências Biológicas, Ciências Econômicas, Dança, Design, Jornalismo, Letras, Medicina, Música, Nutrição, Odontologia, Pedagogia, Psicologia, Química, Serviço Social e Turismo. A bolsa oferecida é de R$ 580 mensais, além de auxílio-transporte e recesso remunerado proporcional ao período de estágio.

Os interessados devem se cadastrar no site www.sescpe.com.br até o dia 27 de janeiro, escolhendo a unidade do Sesc em que deseja estagiar e o local de realização das provas. A taxa de inscrição é de R$ 20. O comprovante de inscrição deverá ser apresentado no dia da prova, 3 de fevereiro, das 9h às 12h. 

Calendário

Até 27/01 – Inscrição
Até 28/01 – Prazo final para pagamento do prazo de inscrição
Até 29/01 – Confirmação da inscrição
03/02 – Prova de conhecimentos (1ª etapa)
A partir de 14/02/2013 – Resultado da 1ª etapa e convocação da 2ª e 3ª etapas
26 a 28/02 - Resultado Final e convocação dos aprovados
11/03 – Início do estágio

Professor Edgar Bom Jardim - PE

Incêndios na Austrália



Mais de 125 incêndios florestais castigam o estado australiano de Nova Gales do Sul, 27 deles fora de controle, segundo a imprensa local.
Mas o tempo mais fresco neste sábado (19) trouxe alívio aos bombeiros que combatem as chamas na região sudeste do país.
As autoridades acreditam que raios de tempestades começaram muitos dos novos focos de incêndio, um deles no Parque Nacional Kuringai, na periferia norte de Sydney.
Helicópteros jogaram água nos incêndios, enquanto bombeiros em terra tentavam evitar que as chamas atingissem casas.
No estado de Victoria, um homem morreu queimado preso em seu carro.
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Bombeiro durante combate a incêndio em Pittwater, subúrbio de Sydney, neste sábado (19) (Foto: AP)Bombeiro durante combate a incêndio em Pittwater, subúrbio de Sydney, neste sábado (19) (Foto: AP)


Professor Edgar Bom Jardim - PE