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segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Modernidade: descuidos, repetições, impasses


Por Antônio Rezende
Revendo o cotidiano e batendo nas teclas da mesmice, mas lembrando  que o tempo passa e o cinismo parece servir de moldura para esconder projetos que anunciavam otimismos, nada como conversar com o mundo e traçar palavras. Nem sempre, as mudanças se soltam. Há muitas cenas que se repetem e criam tensões. Os impasses não se desmancham.  Acumulam-se contradições. Apontam-se, com vacilações. conquistas que não podem ocorrer magicamente. As repetições se estendem, consolidam tédios, desesperanças, carências. São problemas antigos. Não adianta numerar culpados. É a pressão que coloca o fluir da política em andamentos urgentes.
Se o coletivo não atiça sua inquietude, se a pressão não se fixa, se  as notícias não assanham desejos, não se visualizam renovações. Os sentimentos democráticos  exercem um equilíbrio instável que abala muitos. Abrem-se brechas, também, para se quebrar o conformismo e, ao mesmo tempo, manobras são  reinventadas para silenciar ousadias. Nesse vaivém há sempre especulações e estranhamentos.Numa sociedade onde ocorrem descuidos contínuos os desacertos permanecem atuando.  Não é surpresa o descontentamento, nem a sociedade se redefinirá enquanto o desprezo pela melhoria das relações básicas for mantido.
As soluções se situam no mundo das coisas e das máquinas. Quem controla a dominação rabisca sinais de confusão que esvaziam as possibilidades de autonomia. A democracia apresenta, muitas vezes, ares de utopia ou se mostra como a mais perfeita ilusão. Ela morre no papel, pois seu aparente feitiço beneficia aventuras suspeitas. Obama ritma a dança da paz e da guerra com acrobacias invejáveis. Não é à toa que o debate sobre a modernidade deixa de valorizar a extinção de paradigmas tradicionais. Há  encenações. As constantes disputas corporativas não perdem seus atores. Os suspiros do Iluminismo não ultrapassam seu tempo. Estão presos em pesadelos esfarrapados.
A sociedade não tem uma trilha comum. Tudo isso, não é mecânico, requer reflexão. É difícil dialogar escondendo objetivos, vigiando lucros, alimentando intrigas. A violência existe, não se findará, enquanto desigualdades marcarem as relações sociais. Há os que dela se aproveitam. Não se trata de algo restrito ao mundo das mercadorias. A questão não é só da grana. O sistema vai além.  Adia compromissos, formaliza pactos, desmonta projetos coletivos. Seu poder de envolvimento nunca é transparente.Os privilégios têm senhores e o diálogo reconfigura os limites das agressividades.
A relatividade dos valores é enaltecida, para consagrar negócios que servem às minorias. Falar de repetições cria desânimos, contudo lembra que o fôlego sofre desgastes.  Há uma fabricação de eventos selecionados. O poder da mídia distrai.  Portanto, os caminhos ganham tamanhos sem medida. A história busca sentido nas narrativas que surgem nos mais diferentes lugares. No entanto, as sombras intimidam as luzes, a convivência com fantasmas não é incomum. Não é à toa que os espelhos se redimensionam, cortejando identidades soltas. A modernidade quebrada se mantém nas teorias dos que defendem que existem desvios. O desgaste é cortante, pede refundações e não retornos mesquinhos.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Darwin e Deus: DNA desmonta tese de que houve 'mestiçagem pacífica' no Brasil.


Representação idealizada do quilombo dos Palmares
As comunidades quilombolas são, por bons motivos, locais simbólicos para o movimento negro brasileiro. A transformação cultural sofrida pela figura de Zumbi — de inimigo público número 1 do século 17 a herói mítico no Brasil do século 21 — é algo a ser comemorado, creio. O que significa para esse caldeirão histórico e político complicado, então, descobrir que, do ponto de vista genômico, os atuais quilombolas são quase tão europeus quanto africanos, além de terem relevante contribuição indígena em seu DNA?
Vestindo o meu “chapéu” de repórter, não pude explorar diretamente essa questão na reportagem que fiz sobre o tema recentemente nesta Folha. Por isso, decidi voltar ao tema por aqui, ainda que de modo breve.
Deu pra sentir, ao conversar com as pesquisadoras que assinam o estudo com esses resultados (média de 40% de ascendência africana, 40% de ascendência europeia e 20% de ascendência indígena em quilombolas do Estado de São Paulo), que a coisa é algo tensa do ponto de vista político por natureza. Ambas se mostraram preocupadas que eu usasse os resultados para dar a entender que os quilombolas “não eram negros” ou que, dependendo da maneira que eu abordasse a pesquisa, os membros dessas comunidades ficassem chateados e não quisessem mais trabalhar com elas. (Sinceramente torço para que isso não aconteça.)
Minha primeira observação, ainda que um tanto óbvia, é que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. A posse de um pedaço de terra tradicional não deveria estar atrelada a um fenótipo, a uma aparência “padrão”, e muito menos a um “RG genético”, um certificado genômico de negritude (ou de “indianidade”).
Coisas como a posse da terra são essencialmente fenômenos históricos — quando se consegue comprovar a continuidade de dada população num local por muito tempo, e a chegada posterior de outros grupos, a lógica (e a decência, em especial) ditam que o grupo que chegou depois não pode simplesmente tomar as terras do que chegou primeiro. Isso vale para indígenas, para ribeirinhos e para quilombolas, por mais casamentos mistos que tenham acontecido no passado remoto ou recente.
Beleza. Mas é preciso ressaltar que os dados genéticos também indicam que as porcentagens que eu citei acima não foram parar no núcleo das células dos quilombolas de forma fofinha, romântica, igualitária. Quando se olha não para o total do genoma, mas para o mtDNA (DNA mitocondrial), só transmitido pelo lado materno, e para o cromossomo Y, só transmitido pelo lado paterno, o que fica claro é uma assimetria fundamental, indiscutível.
Vejamos: de um lado, do lado materno, cerca metade dos quilombolas tem mtDNA tipicamente africano, e a outra metade, mtDNA “ameríndio” (o de origem europeia gira em torno de 1% a 2%). Do paterno, o cromossomo Y dos homens dessas comunidades é, em sua maioria (61%) europeu, 30% africano e 9% indígena.
O problema aí, claro, é o seguinte: em populações humanas naturais, cada sexo corresponde a mais ou menos 50% da população (embora nasçam e morram mais homens, um tiquinho a mais). Essa desigualdade, em termos chãos e despidos dos adornos da retórica, só pode significar uma coisa: homens negros e, principalmente, indígenas, estavam sendo direta ou indiretamente impedidos de se reproduzir pelos homens europeus quando os quilombos se formaram, seja por regimes de trabalho desumanos, seja por serem segregados das mulheres de sua etnia (e, com certeza, das mulheres de origem europeia!).
É absurdamente significativo que mais da metade dos escravos fugidos ou abandonados que formaram o quilombo provavelmente tivessem pai branco — embora, é claro, outros brancos possam ter se incorporado às comunidades quilombolas ao longo dos séculos. E a situação indígena, claro, é ainda mais severa.
É por isso, em resumo, que não cola o uso dos dados genéticos para pintar um Brasil “mestiço”, “igualitário”.
——
Um rápido adendo. Nos comentários e no Facebook, alguns leitores me questionaram sobre a proporção original de homens e mulheres nas populações originais (um geneticista diria “populações parentais”) do Brasil colonial. Sabemos que relativamente poucas mulheres de origem europeia aportaram por aqui nos primeiros séculos de colonização. Isso não desmontaria o meu raciocínio?
Nope, não desmonta. Pro resultado final a proporção de mulheres europeias é irrelevante. Ela pode ajudar a explicar a baixa presença de mtDNA europeu, mas não explica a baixa presença de Y ameríndio e africano. A lógica diz, que no caso dos indígenas, não havia assimetria entre os sexos, enquanto no caso dos africanos deveria haver mais homens do que mulheres (mais braços pra lavoura). Ou seja, a conta continua não batendo. Tem Y de negro e índio faltando aí, e muito. Se alguém acha que tem outra explicação pra isso sem postular o monopólio sexual de toda a mulherada pelos europeus, sou todo ouvidos. De uol.   http://professoredgarbomjardim-pe.blogspot.com.br/

Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Perícia para "desvendar" a morte de Juscelino Kubitschek

Perícia de 1996 apontou um fragmento metálico no crânio do motorista.
Comissão da Verdade quer saber se objeto de metal seria projétil.

Com informações do G1.

O governo de Minas Gerais informou, nesta segunda-feira (23), que vai realizar uma nova perícia para tentar esclarecer as circunstâncias da morte do ex-presidente Juscelino Kubitschek. O político morreu em um acidente de carro, em 1976, na Via Dutra, no Rio de Janeiro. O motorista de JK, Geraldo Ribeiro, também morreu na batida.
1959 - A fábrica é inaugurada pelo presidente Juscelino Kubitschek, em março, produzindo motores. (Foto: Divulgação/ General Motors do Brasil)Ex-presidente Juscelino Kubitschek, em março de
1959. (Foto: Divulgação/ General Motors do Brasil)
O acordo foi feito após uma reunião, na manhã desta segunda, entre o presidente da Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo, vereador Gilberto Natalini (PV), o secretário de Estado de Defesa Social, Rômulo Ferraz, e o chefe da Polícia Civil, delegado-geral Cylton Brandão da Matta.

Segundo a Secretaria de Defesa Social (Seds), o governo vai reavaliar a perícia realizada em 1996 que apontou um fragmento metálico no crânio do motorista que dirigia o carro em que estava JK. O novo estudo pretende avaliar se o fragmento era mesmo um prego ou se poderia ser uma bala de revólver.

De acordo com Natalini, existe uma “suspeita fundamentada” que o objeto de metal encontrado no crânio de Geraldo Ribeiro era “um projetil de arma de fogo”. “Nós estamos atrás de esclarecer esse fragmento de metal. Nós queremos saber se aquilo foi um atentado ou não”, afimou o vereador.

O corpo do motorista está enterrado em um cemitério em Belo Horizonte. Entretanto, é necessário uma ordem judicial para que o Geraldo Ribeiro seja exumado. O vereador Gilberto Natalini informou que já esta providenciando o pedido na Justiça.

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Professor Edgar Bom Jardim - PE

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Jornal na escola

Projeto Diário da História


Estudantes são estimulados ao hábito da leitura, escrita, reflexão e registro dos fatos da atualidade ao produzirem jornais na EREM Justulino Ferreira Gomes.




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Professor Edgar Bom Jardim - PE

terça-feira, 17 de setembro de 2013

A grana ornamenta as armas e agita o mundo


 Por Antônio Rezende
A violência não se esgota na forma como a sociedade se organiza para a exploração. Havia esperança de que as mudanças trazidas pela modernidade estimulassem sociabilidades generosas e desativassem conflitos. Nem tudo está perdido, mas as desigualdades correm soltas. O medo é permanente e se intromete pelos centros urbanos. Há perigos que se expandem ameaçando as relações e desfazendo os afetos. As utopias perdem fôlego. A desconfiança alimenta tensões que estão espalhadas. Os lugares de conflitos apresentam uma multiplicidade surpreendente. O capitalismo não se cansa de criar formas de fazer a grana circular.
As guerras continuam e  o uso de armas poderosas provoca genocídios, justifica crenças e governos autoritários. Na Síria, faz tempo, que não há paz e os negócios da diplomacia fortalecem cinismos. Os Estados Unidos exercitam seu desejo de atiçar divergências, lembram comportamentos recentes. O mercado de armas movimenta-se. Ele assegura lucros extraordinários. Não é toa que os cenários de violência ganham sofisticadas ações. O terreno da dubiedade ritma as conversas entre as nações. A Rússia vacila e simula,, também não abandona as suas ambições. As soluções parecem um jogo de xadrez interminável. E Dilma se atormenta com as espionagens de Obama, seu parceiro de conversações.
As reuniões se sucedem. O circo se articula com a ajuda da mídia. As notícias confundem, contudo compõem expectativas, perturbam, montam versões contraditórias. As pessoas morrem, a contabilidade é fria e as religiões traçam justificativas cercadas pelo fanatismo. A famosa globalização aproxima e desfaz culturas. Na velocidade pós-moderna, a vida perde a trilha da solidariedade. A história parece contemplar destinos e confirmar fatalidades. Como, então, construir possibilidades, não transformar as diferenças em certezas de agressividade? Os poderosos cumprem rituais e não se cansam de inventar armadilhas.
A insegurança e a dúvida invadem o mundo. Há um pesadelo que não se desmancha, empurrando os sonhos para o abismo. Naturalizam-se descasos, com se houvesse como intimidar o fetiche da mercadoria. Muita uniformidade na ornamentação das vitrines consagram aventuras que não revelam magias, mas arquitetam tragédias. Freud abalou-se com a Primeira Guerra Mundial, reviu conceitos e sentimentos. As teorias surgem cheias de cantos de liberdade e terminam despedaçadas. As articulações de poder mudam, superficialmente, como se a política se completasse com estratégias de espetáculos vazios, garantindo o individualismo e o privilégio das hierarquias. Os silêncios disfarçam ruídos nas tramas mais escondidas.
Não se trata de afirmar que os labirintos estão abertas para a vivência do terror. Não custa, contudo, observar e denunciar. Muitas vezes, a insensibilidade ocupa-se da maioria. As dominações sabem distrair, são sutis, divulgam salvações. A crítica sacode o desejo, recorda outros tempos, tira a história de linearidade. Não cabe promover julgamentos definitivos. A memória descobre afetos, dialoga com o que parecia perdido. O presente não é único, nem esquisito. Movimenta-se, arrasta mantos do passado, não despreza manipulações. Os mantos escondem perdas e indicam contrapontos. É preciso lê-los com paciência e sem ingenuidade. Há responsabilidades e covardias, ilusões e juízos finais. As vestes da história parecem farrapos descoloridos.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Refugiados da Síria na Jordânia


O campo Zaatari abriga os mais de 230 mil refugiados que cruzaram a fronteira, a maioria ilegalmente. Pelo menos 60 mil são crianças.


O número de refugiados da guerra na Síria chegou a dois milhões. Os correspondentes Rodrigo Alvarez e Jeremy Portnoi visitaram Zaatari, um campo de refugiados do tamanho de uma cidade.
Depois de receber autorização, passar por duas barreiras policiais, e finalmente entrar no maior dos campos de refugiados da Síria, você logo descobre que, apesar de transitarem livremente lá dentro, os refugiados não podem sair. Vivem cercados, como se estivessem em uma prisão.
E, de certa forma, é isso mesmo. Eles só chegaram ao campo porque enfrentaram dias de caminhada para fugir da guerra civil na Síria e, quando cruzaram a fronteira, a maioria ilegalmente, foram detidos pelo exército da Jordânia e levados para o local.
Só pode sair quem tiver alguém na Jordânia que ofereça garantias financeiras, ou quem quiser voltar para a Síria.
O campo Zaatari fica perto da cidade jordaniana de Al-Mafraq, a 15 quilômetros da Síria, muito perto de Deera, onde os primeiros combates começaram, há mais de dois anos.
A vida no campo depende da água oferecida pelo governo da Jordânia, e da comida distribuída de graça pelo Programa Mundial de Alimentos da ONU. Depois que recebem os alimentos, a tarefa é levar para as tendas. Alguns caminhõezinhos fazem a distribuição. São muitas tendas e o campo é muito grande. São mais de 230 mil pessoas, e aí é uma disputa por espaço no caminhão.
Depois de dois dias, você não tem mais dúvida de que a cidade é dos meninos e das meninas. Entre os dois milhões de pessoas que fugiram da Síria, mais de um milhão são crianças. E só nesse campo, são pelo menos 60 mil.
A maioria passa os dias brincando pelo campo. E como eles gostam de uma câmera. Quando a gente gravava, não teve um momento em que não aparecesse um menino posando, querendo aparecer na fotografia.
Entre os milhares de meninos, encontramos o pequeno Ahmed, de 13 anos. Ele impressiona pelo inglês fluente e pelo discurso, contra o ditador sírio Bashar al-Assad. "Ele mata mulheres, crianças, ele mata todas as pessoas", diz Ahmed.
Enquanto a guerra civil se prolonga muito além do que qualquer um imaginava, e vira cada vez mais um problema mundial, o campo Zaatari vai ficando cada vez mais parecido com uma cidade.
Loja de verduras, casa de câmbio, comércio de roupas… tem quase tudo. O que anda em falta, ultimamente, é a esperança de um dia voltar para casa. G1
Professor Edgar Bom Jardim - PE

domingo, 21 de julho de 2013

Discursos do papa vão refletir reformulação da Igreja, avalia o teólogo Leonardo Boff

21/07/2013.
Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil.
Rio de Janeiro – Os discursos que o papa Francisco vai fazer durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) devem tratar de temas como dignidade, justiça social, solidariedade, direitos humanos, combate à pobreza e à corrupção, ecologia e consumismo. A avaliação é do teólogo e professor Leonardo Boff, para quem os tópicos representam a linha que o papa pretende seguir para transformar a Igreja Católica.
"Creio que ele vai prolongar o discurso que já era característico dele como cardeal em Buenos Aires, dizendo que a pobreza não se combate com a filantropia, se combate com justiça social. E ele disse mais, disse que nenhuma solução é eficaz para os pobres se ela não incluir os próprios pobres", disse em entrevista à Agência Brasil.
Para o teólogo, nessa que será a primeira viagem internacional do papa Francisco, o pontífice deve abordar nos pronunciamentos atitudes concretas para a reformulação da Igreja, como apuração das denúncias de irregularidades no Banco do Vaticano e tolerância zero aos pedófilos. "É um crime que deve ter como punição pelo menos de oito a doze anos de prisão. O papa já depôs a diretoria do Banco do Vaticano e já está preso o tesoureiro que transportou, da Suíça para a Itália, em um aviãozinho, 20 milhões de euros. Então é um homem que não é só o franciscano, da ternura e fraterno com todo mundo, mas é também o jesuíta, que pode ter a mão forte”.
Leonardo Boff assinala que Francisco não deve propor mudanças de forma autoritária. “Ele sabe que pode ter muita resistência na Cúria, por isso convocou oito cardeais vindos do mundo inteiro para juntos, de forma colegiada – e não monárquica e solitariamente – dirigir a Igreja e encabeçar a reforma. Ele se armou de uma estratégia poderosa para que se sinta apoiado. Seguramente ele vai limpar a Cúria Romana dos malfeitos que havia lá dentro de crimes de desvio de dinheiro", explicou.
Na avaliação do professor, o papa vai usar o exemplo pessoal ao pregar apoio aos pobres, tema que, na opinião de Boff, será mais um ponto forte nos discursos da Jornada. "Creio que vamos ter uma Igreja mais simples, mais na linha da espiritualidade franciscana, longe dos palácios. Ele não mora no Palácio do Vaticano, mora na casa dos hóspedes, come com todo mundo, renunciou a todos os títulos de poder”.
O professor acredita que a origem latino-americana do papa Francisco também é um sinal de mudanças que devem ocorrer na Igreja. “É o primeiro papa do terceiro mundo e seguramente vai inaugurar uma dinastia de papas que virão da África da Ásia e da América latina, onde vivem 60% dos católicos. Acho que começa uma nova história da Igreja, com um novo estilo de papado: não mais imperial, monárquico, mas sim pastoral. Ele está mostrando isso. O tempo é curto para ver as consequências, mas todo mundo está se realinhando à forma mais comedida e simples que ele está inaugurando", disse.
Sobre as recentes manifestações populares no país, Leonardo Boff destacou que o papa deve manifestar o desejo de que as autoridades brasileiras ouçam as demandas dos jovens, que pedem melhor qualidade de vida para o povo. "A causa deles é justa e está conforme o Evangelho. (…) Creio que o papa vai fazer um apelo também às autoridades para que escute os cidadãos e não governe de costas para o povo. Acho que ele é um homem corajoso, que fala a verdade. Não usa metáforas e nem discursos vaporizados, que vão escondendo as contradições. Ele fala sobre as contradições e sobre a nossa responsabilidade em resolvê-las", analisou.
O teólogo não acredita que a vinda do papa possa despertar protestos ou manifestações. "Os jovens já entenderam que ele [o papa] está do lado deles e não contra eles. O povo brasileiro é acolhedor e hospitaleiro, não fará manifestações contra o papa. Haverá manifestações ao estilo do que houve até agora, sem auxílio de partido e sem movimentos identificados. É o povo que está na rua reclamando outro tipo de governo, outro tipo de democracia, outro tipo de relação para com a população, que não seja esta autoritária, mediada por políticos corruptos. Essas manifestações poderão continuar e o papa seguramente vai entender e apoiar isso. Seguramente vão abrir ala e aplaudir o papa. (…) Não temo que haja distúrbios, pelo contrário: será muito emblemática a presença dele. Ele é Francisco. Francisco não é um nome. É um projeto de Igreja: diferente, unida, popular, pobre e amante da natureza, chamando todos os seres, como chamava São Francisco, de irmãos e irmãs. Irmãos e irmãs a gente trata bem, cuida e não entra em conflito com eles", concluiu.
Edição: Denise Griesinger
 Crédito: Agência Brasil

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O Ecumenismo - Pluralidade e o diálogo entre as religiões





Pluralidade e o diálogo entre as religiões
Por Joachim Andrade. 

Percebe-se que nos últimos dez anos as grandes tradições religiosas vêm tomando consciência da necessidade de estabelecer relações mútuas que favoreçam a convivência harmoniosa entre elas. Os contextos de globalização, e de comunicação, bem como as relações internacionais promovem a imigração de pessoas qualificadas em diversas áreas, no Oriente e Ocidente, e facilitam a integração de etnias e religiões.
Esta realidade trouxe um novo tema à Sociologia, à Antropologia e às Ciências da Religião: a coexistência cultural que, por sua vez, requer a prática do diálogo inter-religioso, introduzindo um cenário de diálogo entre as diferentes religiões no espaço brasileiro, tanto no âmbito do ensino religioso como na convivência social.
Estabelecer a “unidade na diversidade e diversidade na unidade” era uma perene inquietação dos filósofos indianos desde os tempos antigos. Devido às invasões estrangeiras, desde os arianos até a colonização inglesa, os indianos aprenderam a conviver com o diferente e essa convivência se reflete na arte, música, dança e na comida[1]. O Egito antigo e o mundo hebraico do Antigo Testamento também experimentaram essa realidade religiosa diversificada, mas não tiveram a mesma sorte da convivência pacífica. A história medieval também nos mostrou as guerras e a tendência de estabelecer a supremacia de uma religião sobre a outra. A atitude de subjugação de uma crença gerou desconfiança entre povos de diferentes culturas e possibilitou as atividades missionárias incessantes a fim de converter as pessoas para uma outra religião. O ‘diverso’ foi esquecido e a reflexão atual nos leva a lançar o olhar para este diverso, conferindo-lhe importância e integrando-o dentro das múltiplas dimensões da vida humana.
Apresentaremos neste artigo brevemente as causas básicas dessa pluralidade religiosa, e como essas causas construíram universos religiosos diferentes e por fim veremos de que forma essa diversidade seria uma riqueza para construir as novas perspectivas para uma vivência harmônica na diversidade existente entre as etnias e culturas.
Pluralidade, condição do saber humano
O fator geográfico é a leitura chave para o entendimento da pluralidade encontrada nas culturas, etnias e religiões. A própria terra apresenta as regiões de maneira diversa, como por exemplo: floresta, terra fértil, litoral, deserto e montanha. Cada uma proporcionando maneiras de ver, sentir e agir diferentes. Encontramos modos diversos de ver o mundo, de significar a vida e de formar comunidades. A diversidade cultural pode ser analisada sob o viés antropológico, devido a própria condição humana, que varia conforme o meio geográfico onde se encontra. O habitante do deserto, por exemplo, adquire características diferentes de quem vive em terra fértil. Cada povo se adapta à sua realidade e essa construção em múltiplas dimensões chama-se cultura e, por sua vez, encerra a religião.
Dentre as inúmeras definições de cultura, recorremos à do antropólogo E.B. Tylor, no livro Primitive Culture, citado por Thomas H. Eriksen e Finn S. Nilson (2007, p. 35): “Cultura, ou civilização, tomada no sentido amplo, etnográfico, é o complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade” (TYLOR 1958 [1871], p. 1).
Ver e ouvir a presença do divino
Se as condições geográficas inspiraram as culturas, também os universos religiosos surgiram da experiência empírica dos povos, influenciados pela natureza. As experiências empíricas do universo religioso das regiões do deserto e da terra fértil dominaram o mundo e constituíram seus próprios modos de construir a religião. Enquanto a terra fértil enfoca o ato de ‘ver’, o deserto afirma o ‘ouvir’.
No Oriente, por exemplo, a China e a Índia, situadas em regiões férteis, elaboraram a partir das experiências agrícolas os conceitos religiosos como a reencarnação e a teoria do carma do Hinduísmo; dukha e samsara do Budismo e o caminho natural das religiões chinesas.
Por outro lado, o Judaísmo, o Cristianismo e o Islã, originados no deserto, dão ênfase ao firmamento e localizam Deus nos céus distantes, diferente do Deus mais próximo e imanente encontrado nas religiões orientais. Isso se deve ao fato de que, como diz Gheorghiu: “os nômades do deserto vivem entre dois infinitos desertos. O infinito da areia, a seus pés, e sobre si o infinito azul do céu” (GHEORGHIU, 2002, p. 12). Essa experiência empírica deve ter influenciado fortemente a construção do conceito de ressurreição, que não existe nas religiões do Oriente.
É notável a diferença na linguagem do conteúdo religioso. As teologias oriundas da terra fértil se expressam mais pela imagem, que é elemento primordial da espiritualidade e constitui, talvez, a mais antiga simbolização humana da presença do divino. No ‘ver’ está compreendida uma expressão popular da terminologia hindi, a língua nacional da Índia: Darsan déna e darsan léna (ver a divindade e ser visto por ela).
A cosmovisão do deserto, por sua vez, firmou-se mais na palavra e na poesia, pois o deserto não oferece variedade de imagens, por isso toda a esperança de vida é investida no céu, seja ele azul ou estrelado. O ser divino é considerado como Palavra, portanto o desenvolvimento da espiritualidade dessas tradições religiosas parte do ato de ouvir.
Ao longo dos séculos, por meio das migrações, os universos cultural-religiosos se encontraram e confrontaram suas diferenças, o que provocou tensões e até conflitos. Cada religião pensava ser mais verdadeira do que a outra e tentava difundir sua mensagem em ambientes culturais diversos da própria origem. A observação do resultado dessa missionariedade leva a três conclusões:
a) uma crença original assume diferentes faces em função da cultura na qual é inserida;
b) em uma cultura religiosa dominante, a crença reveste-se das características da religião dominante;
c) em uma cultura submissa, a crença impõe as suas características (ANDRADE, 2007, p. 223).
Nova convivência religiosa
A atual coexistência pluralista oferece novas formas de compreensão das tradições religiosas. Portanto a experiência do pluralismo religioso se torna um apelo à descoberta e à afirmação da própria identidade. Diz Paul Knitter: “Para trilhar nosso próprio caminho de fé, precisamos caminhar com pessoas de diferentes caminhos” (KNITTER, 2002, p. xi). Dez anos antes de Knitter, Bede Griffiths já havia alertado para a dimensão plural do caminho religioso: “além de ser cristão, eu preciso ser um hindu, um budista, jainista, zoroastrista, sikh, muçulmano e judeu. Só assim poderei conhecer a Verdade e encontrar o ponto de reconciliação em todas as religiões” (GRIFFITHS, 1992, p. 83). Ou como Raimon Panikkar descreve sua trajetória, após sua formação acadêmica nas universidades indianas e americanas: “Eu ‘parti’ como cristão, ‘encontrei a mim mesmo como hindu, e ‘retornei’ como budista, sem nunca ter deixado de ser cristão” (KNITTER, 2002, p. 126).
Contexto atual: harmonia entre uno e diverso
O mundo contemporâneo enfrenta dificuldade em descobrir o significado do todo, devido à automatização e o individualismo da vida moderna. Temos muita pressa, e nossa vida gira na órbita do utilitarismo, o que nos faz pessoas fragmentadas, capazes de vivenciar apenas frações do universo em que nos inserimos.
A experiência do ‘nós’ fundamenta toda comunicação humana, pois aponta para um envolvimento em múltiplas dimensões: família, grupo étnico, cultura, religião, sociedade... Ao Ensino Religioso importa conhecer os mecanismos utilizados para obter uma visão do todo. Sabemos que nenhuma religião possui a visão total de Deus. A grandeza divina é revelada através de fragmentos. E quando um fragmento se encaixa com outro e unimos os nossos pontos de vista nos aproximamos do todo.
A abordagem proposta pelo Ensino Religioso é uma forma de unir diversos pontos de vista de uma única realidade. Cada parte dessa diversidade é completa em si e por si, no seu contexto. Mas quando confrontada com a totalidade, encontra-se como um fragmento. Justamente esse confronto possibilita a experiência do diálogo inter-religioso. Qualquer ensino, seja religioso, cultural ou individual, necessita de um movimento. No âmbito pessoal, sair de si em direção ao outro e no âmbito cultural sair de uma cultura em direção à outra.
Conclusão
Para concluir, gostaria de apresentar uma pequena fábula dos gurus indianos que trata do objetivo de todas as religiões.

Em uma aldeia havia um mestre religioso, que falava sobre o propósito das religiões. Um dia uma grande multidão, formada por diversas tradições religiosas, reuniu-se para escutá-lo. Então um homem na multidão lhe perguntou. “Mestre, qual é o objetivo de todas as religiões?” O mestre lhe respondeu: “como a água tem sua fonte no topo da montanha e ela transforma-se em diversos rios fluindo até ao mar, da mesma forma o único Deus é visto por diversos ângulos pelas pessoas diferentes. Assim as diversas religiões são criadas ou fundadas pelos seres humanos, mas cada religião tem um propósito de chegar a um único Deus. Somente as regras é que são diferentes".




[1] Observe-se essa convivência na Índia na fusão da arte persa e hindu no monumento Taj Mahal; no nível da arte, no monumento Taj Mahal encontra-se a arte persa e ao mesmo tempo a arte hindu; na música, uma fusão entre hindu e árabe e, por fim, na comida, onde encontram-se todos os sabores em um prato só, apontando para uma integração de todas as culturas tanto as nativas como as invasoras. De: Mundo Jovem / professoredgar.com

O termo ecumenismo


No mundo grego, ecumenismo significava "terra habitada", e tinha o sentido de "povo civilizado", de cultura aberta, tanto com uma perspectiva geográfica, como de civilização. Com as conquistas do Império Romano, o termo ganha mais uma conotação, a conotação política. Já no cristianismo, a palavra é utilizada numa perspectiva espiritual: a "terra habitada" passa a ser considerada obra de Deus, tornada habitável pela colaboração humana. Assim, assume a conotação de uma tarefa a realizar3 .
Em 381, o Concílio de Constantinopla refere-se ao Concílio de Niceia como Concílio ecumênico. Neste contexto, a palavra ecumênico refere-se tanto à reunião de pessoas de distintos lugares, quanto à doutrina e costumes eclesiásticos aceitos como norma para toda a Igreja Católica. Após o Império Romano, o termo ecumenismo deixa de ter a conotação política e passa a ser utilizado na Igreja. Por exemplo, o Credo Niceno-Constantinopolitano é considerado ecumênico por ser a profissão de fé aceito por todos os cristãos3 .
A raiz do ecumenismo moderno data do final do século XVIII, com as missões protestantes. O grande impulsionador destas missões, William Carey propôs a cooperação entre os cristãos para fazer frente à evangelização de um mundo cada vez maior a ser cristianizado1 . Mas o termo ainda tem conotações geográficas, enquanto busca a unidade em vista da expansão do Evangelho.
A partir dos movimentos Fé , Constituição , Vida e Ação. O termo ecumenismo espalhou-se nos ambientes eclesiais como o relacionamento entre as igrejas cristãs divididas na direção de superar as divergências teológicas, de aproximar os cristãos das diversas denominações e cooperar com a paz mundial3 .

História do movimento ecumênico[editar]

Mendonça1 situa as raízes do ecumenismo nas missões protestantes modernas e nos movimentos leigos de jovens. Segundo ele, à expansão colonial dos povos protestantes seguia-se a expansão religiosa. O enriquecimento destes povos gerou recursos capazes de prover a expansão missionária. Associada a estes dois fatores, a teologia de John Wesley (1703-1791) trouxe uma resposta à busca de salvação do homem em um mundo de profundas transformações. Sua teologia serviu para superar o divisionismo protestante ao nível das formas de crença e ajudou a uniformizar a mensagem missionária. A partir daí, foi possível o surgimento de um pan-protestantismo e o surgimento de diversas sociedades missionárias interdenominacionais: a Sociedade Missionária de Londres (1795), a Sociedade de Tratados Religiosos (1799), a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira (1804), a Sociedade Bíblica Americana (1816), a Sociedade Americana de Tratados (1825) e outras. Posteriormente algumas destas sociedades tornaram-se denominacionais. "As missões constituíram forte elemento de aproximação das igrejas pela necessidade de companheirismo e cooperação entre os agentes missionários, na maioria das vezes trabalhando em situações muito adversas"1 . Nesta colaboração, concentravam os esforços comuns na disseminação da Bíblia e a promoção da saúde através da fundação de hospitais. No campo da educação, as escolas eram denominacionais.
Em 1846, foi criada em Londres a Aliança Evangélica, com a finalidade de congregar as diversas igrejas diante da ameaça de fragmentação do Protestantismo. Esta aliança tinha como finalidade preparar um "concílio ecumênico evangélico universal" 4 . . Durante a primeira reunião da Aliança Evangélica em Londres, o pastor calvinista francês Adolphe Monod ressalta o "espírito ecumênico" demonstrado pelos organizadores do evento3 .
A partir da segunda metade do século XIX, surgiram as associações mundiais leigas de jovens, que foram fundamentais para o desenvolvimento do ecumenismo. A primeira destas associações de cunho ecumênico foi a Associação Cristã de Moços, criada em Londres em 1844, por George William, que se espalhou pelo mundo e organizou-se em uma Associação Mundial a partir de 1855. A Associação Cristã Feminina, também londrina, foi criada em 1855. Outras organizações também tiveram sua importância: Movimento de Estudantes Voluntários para as Missões Estrangeiras, de 1886, e a Federação Mundial de Estudantes Cristãos, de 1895, ambos organizados por John Raleigh Mott, que foi um grande líder das iniciativas ecumênicas1 .
No âmbito católico, o papa Leão XIII, ao promulgar a encíclica Provida Mater, em 1895, instituiu um tempo de novena pela reconciliação dos cristãos entre as festas da Ascensão e de Pentecostes, que foi constituído em um tempo perpétuo dois anos depois5 .
Em 1908, os anglicanos Spencer Jones e Lewis Thomas promoveram oito dias de oração pela unidade dos cristãos entre 18 de janeiro (Festa da cátedra de São Pedro) e 25 de janeiro (festa da conversão de São Paulo). Posteriormente, Watson converteu-se ao catolicismo e foi instituído na Igreja Católica a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãosneste mesmo período5 .
Em 1905, foi criado nos Estados Unidos o Conselho Nacional das Igrejas5 .
A Conferência Missionária Mundial, em Edimburgo, em 1910, é considerada o marco do ecumenismo1 como é entendido hoje: a busca da unidade entre as igrejas cristãs. Foi idealizado e realizado por John Mott. Ao convocar esta conferência, Mott conclamava os líderes do protestantismo para a necessidade de cooperação entre as igrejas no campo missionário, para além das diferenças confessionais. A Conferência resultou em dois congressos posteriores, em Estocolmo, em 1925 e Oxford em 1939. A partir de então floresceram diversas iniciativas ecumênicas: a criação do Conselho Internacional de Missões (1921), o Conselho Universal da Vida e do Trabalho (Estocolmo1925) e o Conselho Mundial Fé e Ordem (Lausanne1927), que estavam a gestar a criação de um organismo internacional das igrejas cristãs5 .
Entretanto, o papa Pio XI via com suspeita estes movimentos e publicou em 1928 a encíclica Mortalium animos, que afirmava que a única igreja verdadeira é a igreja romana e que a salvação só pode ser alcançada pelo regresso a ela5 . Apesar desta posição oficial, diversas iniciativas no âmbito católico foram efetuadas no sentido da aproximação e cooperação com outras denominações cristãs5 .
Em 1948, foi criado o Conselho Mundial das Igrejas - CMI, que reuniu inicialmente 197 denominações. No âmbito desta organização, o termo ecumenismo designa os esforços entre Igrejas com vista a uma reconciliação cristã que aceite a realidade da diversidade das diversas igrejas cristãs.
Numa edição especial, a revista Sem Fronteiras (As Grandes Religiões do Mundo, p. 36) descreve o ecumenismo como um movimento que se preocupa com as divisões entre as várias Igrejas cristãs. E explica: "Trabalha-se para que estas divisões sejam superadas de forma que se possa realizar o desejo de Jesus Cristo: de que todos os seus seguidores estivessem unidos, de assim como Ele e o Pai são um só."
A Igreja Católica incorpora-se oficialmente ao movimento ecumênico a partir de 1960, quando o papa João XXIII criou o Secretariado Romano para a Unidade dos Cristãos. Este organismo participou ativamente no assessoramento ao papa e aos bispos durante o Concílio Vaticano II, além de ajudar os padres conciliares na elaboração do decreto Unitatis Redintegratio de 1964, do Papa Paulo VI. Este decreto define o movimento ecumênico como uma graça do Espírito Santo, considera que o caráter ecumênico é essencialmente espiritual e estabelece que o olhar da Igreja Católica é dirigido às igrejas separadas do Catolicismo: as Igrejas Ortodoxas e as Igrejas Protestantes5 .
O Papa Paulo VI instituiu diversos grupos de trabalho na linha do diálogo inter-religioso: o Secretariado para os Não-Cristãos, a Comissão para o Diálogo com os Judeus e o Secretariado para os Não-Crentes5 .
Do ponto de vista institucional, o Secretariado para a Unidade dos Cristãos estabeleceu o diálogo sobre a doutrina com outras igrejas, assessorou as Conferências Episcopaispelo mundo no tema do ecumenismo. Foi responsável ainda pelos documentos Diretório Ecumênico (1967-1970) e A colaboração ecumênica em nível regional, nacional e local(1975). O Papa João Paulo II reafirmou o ecumenismo como essencial para a fé cristã na Encíclica Ut unum sint ("Que todos sejam um").
Algumas denominações protestantes participam do movimento ecumênico. Outras, entretanto, não só não o aceitam como creem que o ecumenismo cumpre perfeitamente as profecias bíblicas no livro do Apocalipse que prevê o seu líder - o falso profeta - que levará a humanidade a aceitar o Anticristo que está por vir (Apocalipse 13.11-12)6 . Esta visão é compartilhada sobretudo pelos pentecostais e neopentecostais7
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