Por Antônio Rezende
Revendo o cotidiano e batendo nas teclas da mesmice, mas lembrando que o tempo passa e o cinismo parece servir de moldura para esconder projetos que anunciavam otimismos, nada como conversar com o mundo e traçar palavras. Nem sempre, as mudanças se soltam. Há muitas cenas que se repetem e criam tensões. Os impasses não se desmancham. Acumulam-se contradições. Apontam-se, com vacilações. conquistas que não podem ocorrer magicamente. As repetições se estendem, consolidam tédios, desesperanças, carências. São problemas antigos. Não adianta numerar culpados. É a pressão que coloca o fluir da política em andamentos urgentes.
Se o coletivo não atiça sua inquietude, se a pressão não se fixa, se as notícias não assanham desejos, não se visualizam renovações. Os sentimentos democráticos exercem um equilíbrio instável que abala muitos. Abrem-se brechas, também, para se quebrar o conformismo e, ao mesmo tempo, manobras são reinventadas para silenciar ousadias. Nesse vaivém há sempre especulações e estranhamentos.Numa sociedade onde ocorrem descuidos contínuos os desacertos permanecem atuando. Não é surpresa o descontentamento, nem a sociedade se redefinirá enquanto o desprezo pela melhoria das relações básicas for mantido.
As soluções se situam no mundo das coisas e das máquinas. Quem controla a dominação rabisca sinais de confusão que esvaziam as possibilidades de autonomia. A democracia apresenta, muitas vezes, ares de utopia ou se mostra como a mais perfeita ilusão. Ela morre no papel, pois seu aparente feitiço beneficia aventuras suspeitas. Obama ritma a dança da paz e da guerra com acrobacias invejáveis. Não é à toa que o debate sobre a modernidade deixa de valorizar a extinção de paradigmas tradicionais. Há encenações. As constantes disputas corporativas não perdem seus atores. Os suspiros do Iluminismo não ultrapassam seu tempo. Estão presos em pesadelos esfarrapados.
A sociedade não tem uma trilha comum. Tudo isso, não é mecânico, requer reflexão. É difícil dialogar escondendo objetivos, vigiando lucros, alimentando intrigas. A violência existe, não se findará, enquanto desigualdades marcarem as relações sociais. Há os que dela se aproveitam. Não se trata de algo restrito ao mundo das mercadorias. A questão não é só da grana. O sistema vai além. Adia compromissos, formaliza pactos, desmonta projetos coletivos. Seu poder de envolvimento nunca é transparente.Os privilégios têm senhores e o diálogo reconfigura os limites das agressividades.
A relatividade dos valores é enaltecida, para consagrar negócios que servem às minorias. Falar de repetições cria desânimos, contudo lembra que o fôlego sofre desgastes. Há uma fabricação de eventos selecionados. O poder da mídia distrai. Portanto, os caminhos ganham tamanhos sem medida. A história busca sentido nas narrativas que surgem nos mais diferentes lugares. No entanto, as sombras intimidam as luzes, a convivência com fantasmas não é incomum. Não é à toa que os espelhos se redimensionam, cortejando identidades soltas. A modernidade quebrada se mantém nas teorias dos que defendem que existem desvios. O desgaste é cortante, pede refundações e não retornos mesquinhos.
Professor Edgar Bom Jardim - PE
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