quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Queda de meteoritos provoca 'corrida' por pedras no Sertão de Pernambuco




Primeiro, um rasgo de luz no céu como um cometa. Aí, de repente, caem rochas por tanto canto a ponto de encher a cidade de pedras. A maioria é pequena, mas algumas são grandes, do tamanho de um recém-nascido. A maior encontrada até agora pesa 38 quilos. Parece cena de filme, mas foi assim a queda de meteoritos em Santa Filomena, no Sertão do Araripe, município de 6.906 habitantes a 710 km do Recife.

A “chuva” propriamente dita foi registrada no dia 19 de agosto. Os fragmentos caíram muito rápido no solo. Segundo relatos, alguns atravessaram telhados e copas de árvore, mas ninguém se feriu. Esse foi o terceiro fenômeno desse tipo na região em pouco mais de um mês. O primeiro ocorreu em 16 de julho. O segundo, em 14 de agosto.
 
“É raro acontecer assim em lugares tão próximos e em tão pouco tempo, mas é coincidência”, diz o diretor técnico da Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (Bramon), Marcelo Zurita. Para ele, o caso de Santa Filomena chamou mais atenção por atingir uma área urbana. “Por exemplo, o de julho foi bem grande, mas a provável área de dispersão dele foi na zona rural, com menos gente”.

Os fragmentos vêm de asteroides que transitam no espaço e acabam colidindo com a atmosfera terrestre. “A atmosfera da Terra funciona como um escudo. A resistência do ar vai aquecendo o ar em volta e as pedras, desintegrando completamente essas rochas espaciais que atingem a Terra com frequência”, explica Zurita. Segundo Adalberto Tavares da Silva, técnico do Laboratório de Astronomia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), esses minerais são de valor inestimável para a ciência. “É através da coletiva e da análise que nós compreendemos o material que formou o Sistema Solar. E é importante também para entender o futuro e fazer algum tipo de previsão de onde ele pode cair”, afirma.

Por isso, desde que os relatos sobre a chuva de meteorito ganharam o mundo, pesquisadores e “caçadores de metais” passaram a circular pela cidade pouco acostumada a grandes movimentações. Enquanto alguns moradores doam pedras a estudiosos, outros guardam para vender. O prefeito de Santa Filomena, Cleomatson Vasconcelos, diz que o uso comercial de pedras de meteorito não é regulamentado por lei. 

“Algumas pessoas chegaram alguns dias depois do fato oferecendo dinheiro de uma forma aleatória. Criou-se até uma ‘corrida do ouro’”, descreve. “Somos um município pacato, que vive da agricultura familiar, então não tenho orçamento para fazer um investimento [em recolher os fragmentos]. Procuramos o Ministério de Ciência e Tecnologia, a Secretaria de Ciência e Tecnologia e pesquisadores que possam ajudar o município”.

Com informações de Folha de Pernambuco
Professor Edgar Bom Jardim - PE

0 >-->Escreva seu comentários >-->:

Postar um comentário

Amigos (as) poste seus comentarios no Blog