quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Disfarces do consumo, afetos desfeitos



Os festejos trazem o gosto de amarguras escondidas. A sociedade se movimenta sem saber que perdeu solidariedades e estraga sua imaginação na busca de consumos. Simula confraternização, visita lojas, se distrai com fogos, inventa amigos, passeia por shoppings desenhando paraísos. Uma fábrica de disfarces multiplica as astúcias do final de ano. Há quem aposte que tudo será resolvido e sacode a sensatez na lata do lixo. Fica no delírio do espetáculo superficial, na sedução das propagandas, na embriaguez de uma grana passageira.
Nem todos curtem tanta ansiedade preparada para ampliar alegrias anunciadas pelo capitalismo que estende fantasias, mas não inibe as desigualdades, É esperto na produção de objetos, tergiversa para não se mostrar absoluto. A celebrações concentram grupos e aliciam privilégios. São duvidosos os perfis da felicidade, porém são insistentes os jogos das ilusões. Há quem não observe a força das fantasias entrincheiradas nas vitrine brilhantes.
São as acrobacias das relações sociais que não cansam de estimular culpas e pecados. Tudo possui significados. É a andança da cultura, com suas nostalgias, seus contos de fada, seus olhares iluministas. Assim passa o tempos, se acedem os afetos, se disfarçam as agonias. Para isso fomos feitos, sem selo de segurança, no meio de deuses que mudam de templos. As complexidades não se exaurem, os festejos não deixam de existir. A dúvida permanece ativa num turbilhão que não tem regras fixas e arquiteta moradias em todos territórios. Não se atormente. Há desertos e sedes. Converse com a solidão e sinta a sua escuta. Ela tem magia. Por Paulo Rezende.

Professor Edgar Bom Jardim - PE

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