sábado, 14 de dezembro de 2019

A história é impaciente



Construir um calendário para disciplinar a história é impossível. Há datas que ganham significados e memórias que lembram desfazeres.Nada é limpo, sem mistura. O reino da confusão sempre se alastra. Os europeus invadiram a América. Massacraram culturas, inventaram colonizações, impuseram valores em nome de divindades poderosas. A sociedade continua girando nas rodas da opressão. Há devaneios, resistências, estranhamentos, desejo de superar as violências. Tudo cercado por interesses conflitantes e dificuldades mascaradas, A humanidade não consegue se articular para firmar afetos que expulsem arrogâncias.
O inesperado inunda. As perplexidades não se ausentam. De repente, epidemias avançam exterminando povos e guerras mostram a força de preconceitos. Engana-se quem aposta numa programação. Nem todos são iguais e isso produz a propagação de dúvidas e impaciências. Talvez, exitam soluções para amenizar as ambições, elas teoricamente buscam espaços, levantam esperanças, mas as relações de poder manipulam concentrações de riqueza e não temem assumir perversidades.
Os olhares mudam, porque há horizontes de cores diferentes. Minorias pedem socorros, minorias celebram narcisismos. A inquietude não deixa de seguir os caminhos da história. Lamenta-se a perda de passados, se idealizam tecnologias, no entanto os impasses desenham abismos e amedrontam. A coragem e o medo estão na crista da onda, travam passos, derrubam agilidades. Os calendários terminam cheios de datas decepcionantes e nada promissoras. Trazem a nostalgia e o desencanto.
A impaciência história é tradução da nossa incompletude. Somos animais sociais que teimam em incentivar a competição. Daí as misérias, as utopias enfraquecidas, os governantes descompromissados com a maioria. O mundo não é o paraíso e parece que nunca será. Essa impaciência nos persegue e nos agonia, porém não perdemos a invenção e há toques de leveza que nos fazem respirar. Testemunhamos frustrações, sem contudo assinalar que há brechas e alívios. Quem sabe se o tempo não abrace reviravoltas? Resta respirar, minando os pesadelos.
 Por Paulo Rezende

Professor Edgar Bom Jardim - PE

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