sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Quem escuta, quem disfarça


O poder se estende pelas relações sociais. Nem sempre usa coerção, mas gosta de convencer e arrumar argumentos sedutores. Existem os contrapontos, um conflito de afirmativas que desenham a política e o conhecimento. O importante é saber quem se interessa em disfarçar. Se o governo desmonta a educação, esconde seus planos de consolidar a mesmice e acabar com as possibilidades de crítica. Isso alimenta as jogadas de Jair e seu time. Não pense que há ruído constante. Muitos se divertem e acreditam que o messias conta com sagrações divinas.
Parece espantoso, Surgem desenganos, depressões, desistências. No entanto, o movimento da sociedade acolhe contradições. Há quem goste de servilismo, quem se negue a conviver com dúvidas e abasteça dogmas. Observe que o massacre dos desmanches é cotidiano. Não traz o homogêneo, irrita, cria contestações. Não deixe de registrar, porém, que certas plateias conseguem apoiar a sua própria destruição. Jair solta absurdos que atraem boa parte da população. Portanto, a polarização se amplia e garante lugar do capitão- presidente na tropa, apesar da lucidez e da indignação que sobrevivem e buscam problematizar o discurso da intolerância.
Tantas sofisticações tecnológicas, promessas de exterminar com as epidemias, planejamentos ditos científicos e a sociedade continua repleta de desigualdades. O que mais assusta é a propagação do desânimo. Analise a convivência cotidiana, a degradação do sonho, a queda dos valores mais solidários. A história nunca foi um paraíso. Houve desastres e descontroles. O tocante é que as lições não são aprendidas e a perplexidade mina utopias e favorece às minorias privilegiadas. O desencanto se globaliza, com estratégias multinacionais articuladas. Um terrorismo psicológico que adoece e inibe.
Não se acanhe. Decifre, mesmo que os erros apareçam. Quem se diz dono da verdade possui fortes ligações com o poder dominante. Há quem condene as violência e quem se choque com os desmantelos arquitetados pelo governo. O desprezo pelo coletivo é um caminho aberto para fazer crescer as ruínas e firmar o fogo que destrói. Não há destinos divinos programados. As manipulações existem para afundar quem luta contra a exploração. Há quem ganhe, quem acumule, quem invista na solidão milionária. A felicidade não tem lugar numa sociedade que estimula a disputa e coisifica os afetos. Amedronta com os abismos inesperados.
Por Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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