A vida corre. Não dá ficar na janela contando as flores ou estimulando a imaginação. Há pressa. O ritmo da grana puxa e excita. Muitos não conseguem se desligar da agitação dos mercados. Não há tempo para poesia, diz alguém. Portanto, se produz um solidão em cada corpo de forma paralisante. Olhar o outro tornou-se um execício raro, pois a sociabilidades está marcada pelas regras da mais-valia. Se a quantidade toma conta da sociedade, quase nada sobra para a afetividade. Brinca-se de amigo secreto.As carências são materiais, mesmo que a depressão se estenda e escravize os desejo. Os olhos se fecham para as famosas dores da alma.
Quando os apertos emocionais se agudizam ,transformações são pensadas. As reações se estruturam buscando refazer afetos. As nostalgias mostram tempos que lembram paraísos. Muitos esquecem que as degradações são constantes e Jair não contém todos os males do mundo. Localizar as exclusões dentro de uma dimensão histórica é fundamental. Há brechas, porém elas exigem leituras para além da mesmice do cotidiano. O ressentimento se espalha. Como recuperar o afeto se ele foi desprezado de forma sistemática? Se antes a competição predominava, como ela se apresenta, hoje, num mundo de violências contínuas e transparentes? Há ganhos para ultrapassar os limites?
Pede-se perdão pelos pecados, no entanto se busca lideranças paternais. O peso da infantilização é visível. Surge a oportunidade para um messianismo tosco mais eficiente.Estão aí Moro, Damares, a família Bolsonaro. Criam-se fanatismos junto com deboches renovados. Em quem acreditar? O que vai ser destruído? A política não é uma sequência de desenganos? Quem votou com a fúria de detonar o PT procura sua razões outra vez e analisar até a cor da sua raiva. Questões afetivas voltam a encenar empurrões para abismos nunca vistos. Pior do que a crise é a confusão provocada e a falta de lucidez para abrir a porta.
Os anarquistas sempre ressaltaram a igualdade, quebraram hierarquias, se engalhavam com as questões do poder. No capitalismo, é preciso que haja exploração e desconfiança. É um outro lado como uma sedução avassaladora, envolvida por imagens. A afetividade só existe, se toco nos outros e consigo caminhar na mesma estrada. A sociedade contemporânea se sente atraída pelos vazio das vitrines.As coisas representam as pessoas. O avesso se firma. Com a permanência da exclusão não há como se desfazer dos pântanos profundos. O conforto fácil nada garante para se largar numa aventura coletiva. Não basta gritar. O sufoco exige outros valores, leituras que provoquem a sensibilidade. Excluir e não escutar se significam o fim das cores e a vitória da monotonia.
Por Paulo Rezende
Professor Edgar Bom Jardim - PE
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