sexta-feira, 31 de maio de 2019

O relativismo e as andanças da verdade


A modernidade  quebrou  tradições seculares. Aquelas hierarquias feudais se foram, para que a sociedade de classes se instalasse e as revoluções se tornassem animadores. Havia expectativas de transformações radicais. Não como há negar que a sociedade passou por mudanças importantes. Cada cultura incorporou valores com possibilidades de viver liberdades e duvidar de preconceitos. A história, porém, não é lugar de seguranças definitivas e de sonhos absolutos. As permanências incomodam, fazem frustrações, deixam de lado promessas, ameaçam congelar sentimentos.
O mundo atual vive contrapontos gigantescos. Há quem aposte na volta do fascismo. As teorias retomam princípios conservadores e os desenganos acontecem cotidianamente. A anunciada autonomia não se concretizou da forma esperada. Muitas culturas não fugiram de paradigmas passados e houve desconfianças com relação às provocações da modernidade. As verdades se multiplicaram, entrelaçando tempos, formalizando guerras. As religiões se abalaram, mas a morte de deus criou possibilidade para embates filosóficos que se arrastam pelas culturas. Nietzsche ainda é lembrado com irritações inimigas e elogios de seguidores fanáticos.
As homogeneidades não se fixaram. Não adiante buscar o fim do servilismo, se a verdade capitalista não se cansa de fazer vítimas. A queda das experiências socialistas inquietaram, pois parecia que um destino de exploração se sedimentava. Os debates continuam e as guerras não se ausentaram. Se a modernidade lançou agitações, rebeldias, discussões avassaladoras, o mais tradicionais não se intimidaram. Jogaram suas fichas na celebração da tecnologia, disfarçaram suas forças de dominação, derrubaram fantasias, festejam a quantidade de mercadorias luxuosas. a revolução se tornou um mito, o desamparo ganha espaço  e a instabilidade expulsa otimismos.
Quem está com a verdade?  Ela flutua perdida nos artigos e nas imagens fabricadas pelos meios de comunicação. É preciso não subestimar. As leituras da história são, muitas vezes, ingênuas. Valorizam conquistas, anulam ambiguidades que persistem e atiçam dúvidas. Construir a sociedade sem disputa é um desafio. Difícil acabar com as concepções que acendem o aumento dos privilégios para poucos. O silêncio é perigoso. Nada como renunciar ao desejo de relativizar, de reinventar cada ação e observar as traições das verdades ditas salvadores. Não fique estimulando juízos finais. Expulsar as discordâncias da convivência é uma armadilha que pode nos sacudir num apatia perversa. Suspeite, sem se desfazer da sua autonomia.
Por Paulo Rezende.
A astúcia de Ulisses
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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