domingo, 19 de maio de 2019

As utopias se arruínam ou se reinventam?

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A busca do progresso fermentou projetos  que prometiam felicidades eternizadas. Apostava, de forma articulada,  que a sociedade fugiria das desigualdades. Acreditava-se numa grande revolução tecnológica. Houve euforias. Mas a ideologia do progresso pareceu frágil. Um festival de ilusões passou a desfilar e as explorações continuaram acontecendo. As falsificações mantinham divulgações nada saudáveis. A sociedade  negava suas doenças mais agudas. As bombas atômicas alertaram para o peso de violência de uma crueldade assustadora. O stalinismo trouxe pânicos. Muitos marxistas ficaram perplexos com os crimes, as intolerância, a sede de poder. Muitos liberais acenaram para fim das utopias e cantaram o êxito da agilidade capitalista.Será que há lugar para mudanças bruscas, reformulação dos valores, paraísos de igualdades sublimes?
Dúvidas refizeram teorias, minaram partidos políticos, intimidaram rebeldes. Faltam olhares para o passado e muitas profecias que encenam um futuro.As tecnologias ajudam o crescimento das riquezas concentradas. Não significam o reino do mal. Seria um erro destruir conquistas científicas, porém é preciso cuidados. O progresso manteve  desgovernos. Arquitetou enganos num meio de um sociedade repleta de fundamentalismo. Foge-se para o delírio das drogas, o desamparo se amplia, o velório dos sonhos ganha espaço junto com apocalipses radicais.  Portanto, estamos na berlinda, atravessados síndromes  mortais. Não subestime o que parece mínimo. As ousadias surpreendem a  quem se entregava ao fogo dos infernos.
Navegamos num barco de ruínas, sem mares parceiros, com estragos perversos e sereias que se foram para outros lugares. Não há, contudo,a morte da fantasia. Elas continuam. Certas utopias se enfraqueceram. Voltam preconceitos, armadilhas danosas, governantes idiotizados pelo poder. Não analisar o passado e um escorregão que distorce alternativas A crise não  é uma cria da contemporaneidade. Visitaram as guerras religiosas na Europa? Lembram-se dos colonialismos modernos? O militarismo romano não dizimou culturas? O iluminismo sacudiu pensamentos, o romantismo tocou na sensibilidade, os anarquistas celebraram a força da autonomia. Houve agonias e respostas. Não cessaram as ambiguidades , nem os trapézios astuciosos.
As reinvenções não desapareceram. Não há história sem buscas, mesmo que as intrigas inibam convivências amistosas e o terrorismo invada cotidianos. Permanências e mudanças devem  ser avaliadas. A história  não é uma travessia linear. Quem não se dá conta dos labirintos? Pinochet abalou a política que defendia o socialismo e lutava pela divisão das conquistas materiais. Não esqueçam de Freud, Picasso, Chaplin, Mia Couto… Se as crises inquietam e destronam otimismos, a capacidade de transcendê-las não desapareceu. O astral se encontra sobrevivendo, penosamente, e pulando abismos. Há ruínas.Elas não se firmam como absolutas. Há insatisfações e desejos. O desafio é suportar as contradições e compreender  o saber da solidariedade que não se desfaz. Há ilhas e necessidade de ocupá-las, desde que a intolerância sucumba.

A astúcia de Ulisses
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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