Multiplicaram-se as culturas. As diferenças não cederam nem trouxeram possibilidades de trocas mais profundas.Há disputas frequentes, com violências doentias. Não se cura a inveja, tampouco se cuida de olhar os outros e verificar o aumento das suas necessidades. Não há negar que tecnologias ajudam a reinventar espaços e cortejar afetos. Mas as crueldades e os desprezos permanecem, apesar de todas as teorias salvadoras do mundo que teima em acumular lixos. A natureza mostra reações destruidoras, o terrorismo salta os territórios de calmarias, o narcisismo quebra saídas e expande religiões cobertas de vinganças.
Parece que a história está abusando de contrariar as sociabilidades. Por isso, o canto das utopias se desmancham. Lembro-me de Rousseau com seu romantismo. Acreditava que os homem nascia bom e a sociedade o corrompia. Via o avesso, mas nutria sonhos.Hoje, o desgoverno avança. A aridez seca, amplia desertos, fortalece trocas de espertezas indignas.É importante consultar memórias e não cair em armadilhas. Há continuidades. Insiste-se com tiranias, as celebrações fascistas não desapareceram e escravização não está morta. Celebra-se a escassez ousadias,
A história convive com permanências. Cultivar a ideologia do progresso é um engano tolo e assassino. Constrói vitrines que, apenas, iludem e empurram a sociedade de festividades fugazes. As relações de poder incentivam os privilégios. Exercitam manipulações, inquietam, desconfortam. Portanto, é preciso não menosprezar a complexidade. Os valores se fragmentam buscando consolidar as hierarquias. Elas favorecem monopólios, se valem de deboches e retomam acontecimentos do passado para revisitá-los de forma cruel. O oportunismo acompanha os desejo de sepultar as rebeldias. As censuras voltam como assombrações contínuas.
Não esqueça das invisibilidades, do que se esconde, dos discursos populistas, do controle constante. As redes sociais espalham notícias com rapidez, facilitam as comunicações, são válvulas de escape. No entanto, nem tudo ajuda a procurar quem atiça a luta e denuncia o cinismo das elites. A ambiguidade exige olhos abertos para se enxergar os abismos, se livrar das imagens falsificadas. A história não é a negação da carência ou um projeto para iluminar o mundo. Desde as suas lendas mais tradicionais, ela profetiza descontroles e impossibilidades. Qual é mesmo a novidade na atual desmontagem das ordens e dos afetos aconchegantes?
A astúcia de UlissesProfessor Edgar Bom Jardim - PE
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