A memória é construção. Todos sabem? Alguns não. Surge um espaço para as invenções que contaminam a história. Há quem proponha rever os acontecimentos,apagar os erros e salvar ordens opressivas. Querem celebrar 1964? Parece que sim ou Jair deixou de lado sua audaciosa ideia? O golpe trouxe prejuízos políticos imensos, desorganizou instituições, empurrou o país para a indignidade da tortura.Existem muitas provas, depoimentos, vítimas. De repente, valem o oportunismo, as fabricações de mentiras, o sensacionalismo de quem vende notícias e desmonta a credibilidade. A confusão inquieta, desqualifica, desvaloriza rebeldias.
A ditadura não foi fácil. Acusou, destruiu famílias, criou ondas de perseguições. Cantou o desenvolvimentismo apoiando um nacionalismo militarista. Empurrou intelectuais para o sombrio, desfez partidos, fechou sindicatos, impediu diálogos, beneficiou bajuladores. Não precisa muito esforço para buscar as histórias de tantas agressividades. Quem desconhece as repressões da época de Médici? Nunca ouviram falar das mortes de lideranças políticas, dos exílios? Basta ler os jornais da época para observar a sucessão de arbitrariedades. Será que tudo isso foi um nazismo de esquerda? As tolices desfilam na embriaguez do vazio político.
O governo de Jair que refundar conceitos, destroçando recordações dolorosas, elogiando os Estados Unidos que tramaram para que o golpe ocorresse. Nega que houve reações e respostas violentas. Não se viveu o sossego, nem uma aventura de sonhos. A ditadura se firmou por muitos anos, trazendo medos e fantasmas. Os fatos existiram,mas teimam em máscara-los. O jogo é de quem lança um silêncio desmobilizador, justifica revisões, inibe críticas, comete desmandos se utilizando da velocidade das redes sociais. Novas formas de dominação,nada saudáveis, com tecnologias espertas e abraçadas com um mercado cheio de disputas e traições. Impõe-se uma maneira predatória de dirigir o social.
A história tem idas e vindas. Quem consegue firmar interpretações se mostra vitorioso. As manipulações convencem, ajudam a se pensar no conservadorismo de uma sociedade pouco acostumada com a abertura para invenção. Há colonizados permanentes, entusiasmados com os bens materiais, sempre atentos às vantagens e aos lucros. Quem se importa com a desigualdade? Muitos apossam-se também dos saberes, consagram impunidades. O que mais estarrece é que as mentiras não andam sozinhas. Elas se fecham numa articulação para promover os enganos e possuem aliados e fanáticos pelo autoritarismo. São inocentes ou expulsaram a consciência para os pântanos? Não é sem razão que alguns exaltam a censura permanente.
A astúcia de Ulisses.
Professor Edgar Bom Jardim - PE
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