O capital pede trabalho, mas tende a desqualificá-lo. Busca-se uma alternativa para que tudo funcione sem abalar a situação dos que ganham muito. Há planos, desmentidos, jogos de peças inesperadas. A sociedade pode ser vista com várias cores, não há como olhar o mundo e submetê-lo a restrições imutáveis. Um caminhada pelas ruas mostra que a diversidade é grande. Observe quem mora nas calçadas, o buzinar dos carros brilhantes, as idas e vindas das loucuras espertas. Não faltam linguagens diferentes, nem tensões misturadas com deboches. As crise nunca deixaram de existir, no entanto podem se aprofundar e inquietar de forma radical. Fragmentar e desesperar.
Nota-se que a solidão permanece incomodando, enchendo as farmácias em busca de alívios. Há muita gente e não se consegue diálogo. A solidão não é um mal. Ela é estigmatizada. Não se deve esquecer que é fundamental criar conversas com o subjetivo. Se tudo permanece vazio, algo merece atenção. Tenho que imaginar, refletir, criticar, conhecer. Se nada me estimula, a solidão pesa. Então, o abismo se amplia, o afeto se esfarrapa. O que se amplia é o desamparo. A sociedade dominante quer compras e não sacudir as crenças que idiotizam as relações. Portanto, a solidariedade se esconde ou vira filantropia. A violência sistêmica firma seus propósitos e expande seus poderes.
O mercado exige flutuações. Internacionaliza-se. Formam-se pactos com objetivos definidos e mesquinhos. Há quem festeje as mentiras de Trump ou fique distante de compromissos de cidadania. Espera que os chefes coordenem suas ações. Decreta-se a ansiedade pelas novidades, um cronograma de lazer nada emocionante, garantido pela banalização. Segura-se o emprego como um tesouro, pois a competição é feroz. Se portas se fecham para se desconfiar das manobras instituídas pelas instituições conservadoras, os valores tremem e a dificuldade de encontrar com sua imagem é um drama. As imperfeições circulam porque o desejo está sempre perdido quando se mira na ambição de quem se maltrata. O perigo é o outro e não a fome que o outro sente.
O tempo apressado do relógio dita o desempenho. Sobram minutos para sorrisos rápidos. A curtição é sacudir as redes sociais, colocar seus impasses, esperar possíveis celebrações, se tornar quase invisível. Isso fortalece o desamparo. Elejo quantias e desprezo sentimentos. Procuro medidas nos desenhos avulsos. Eles me atiçam, as mágoas aparecem e nem pergunto se elas afirmam carências. Exibir-se está na crista da onda. Os meios de comunicação se renovam para convencer e controlar quem não ousa. A história se compõe com ambiguidades. Mas não custa contemplá-las e alterar as apatias. Se o facebook possui armadilhas não significa que ele é o juízo final. Conhece a plenitude? Ela morou em alguma sociedade?
Paulo Rezende. A astúcia de Ulisses
Professor Edgar Bom Jardim - PE
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