Fechar a porta pode ter vários significados. Quem quer ir embora procura outra moradia e aventura se despedir da melancolia. Mas há alternativas diferentes. O sonho está na rua e não conheço seus esconderijos. Ele não é tão visível. As esquinas são perigosas, pois revelam que há dobras e encruzilhadas. O sonho foge, lança perfumes, conquista os anjos. A porta fechada é uma segurança? Não acho. Prender alguma coisa é uma temeridade. Quem voa se encontra na vida. Solte os pés do chão e se aconchegue no tapete. Os duendes esperam pelo milagre das nuvens.
Quando o paraíso aparece em alguma história o azul escurece. A história não é só uma exclamação avulsa. Nada está definido.O amanhã segura memórias do ontem. Não julguemos com sentenças objetivas. Não há uma única possibilidade. As armadilhas existem nas ruas ou mesmo num escorregão inesperado. Há sempre o que fazer, porém há um mendigo que passa o dia no mesmo lugar, mudo e olhando para si mesmo. Será que espera um arcanjo que perdeu o caminho das estrelas ?
Não sei para onde as palavras me conduzem. Meu texto não se mostra pronto. Ele sai em busca de alguma verdade ou de algum diálogo. Escrever é dar forma a um sonho ou se meter em alguma maldição. Portanto, não despreze o imprevisível. A vida tem começo, anda, se levanta, dorme, chora, se distancia e sente dificuldade de firma-se em algum lugar. Os exílios vestem nossos corpos, desmancham os olhares mais sedentos. Parece, às vezes, que a linha da rede está envolvida por fios inacessíveis.
Desconsidere o absurdo. Cruze as páginas dos livros de Camus. Ele não está aflito, apenas chama a atenção para o acaso. O sonho cabe no pesadelo. A morte distrai a vida, o medo assombra as fadas. Tudo é possível. Quem não observa que o fantasma colorido da ficção persegue os que se restringem a desenhar números? Não se recuse a buscar a imaginação que inaugurou o mundo. As mentiras, nem sempre, são amigas da culpa. Deixe que os deuses acreditarem na onipotência. O sonho é frágil, dispensa eternidade, deseja o sossego de instantes. Por Paulo Rezende. A astúcia de Ulisses.
Professor Edgar Bom Jardim - PE
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