domingo, 22 de abril de 2018

A ligação no BBB



Todo ano o espetáculo invade casas, mentes, sonhos. Não há como deixar de lado. A população gosta de saber da vida privada. Os boatos circulam, pois a sociedade não consegue superar seus vazios. Portanto, o negócio é viver a vida dos outros, soltar-se de si e tentar consagrar afetos alheios. Torna-se uma necessidade. A televisão fatura, as leituras são abandonadas e a espionagem sentimental se propaga. Quem ganha, quem vai para o paredão, quem brinca de amar? O sossego é coisa inexistente.

Mesmo que a política ferva, não custa sair do cotidiano tenso, para observar os anseios dos dramas BBB.  Isso acontece nos berços da globalização. Não é o Brasil, apenas, que alimenta o olhar curioso. Talvez, aqui, a torcida seja mais organizada. É um alívio, para muitos,  a garantia de que a aventura do outro tem estilo que cabe nas suas neuroses. Quem assiste se foca em desprezos, prazeres, futuros. É um intervalo na mediocridade do dia, no trabalho sem graça, nas aulas repetitivas, nos namoros perdidos.

A sociedade não perde suas caminhadas de consumo. Se tudo virou mercadoria, os sentimentos conseguem suas vitrines. Deixa Aécio no Supremo, ele se resolve, tem bons amigos, está cansado, sem o charme dos atores do BBB. A  disputa política é repleta de misturas e partidos sem expressão. Os deputados pensam nas eleições, não querem reformas, muitos deles são estimuladas pelas grandes empresas. Não esqueça que a democracia está no céu,

A história é uma campo de pecado segundo dizem as religiões. O BBB traz uma transcendência especial, reúne dispersões, ajudar a saborear cervejas e cortar insônias. O divertimento não abandona a vida. O pior é que eles trazem raras sabedorias, idiotizam, provocam delírios. O tempo passa, as estratégias de persuasão se renovam. as aflições consolidam hábitos. Há um relógio que dispara desejos. Nem percebemos que a programação possui interesses e jogam om os corações. Traz assuntos para as redes sociais e notícias para os jornais.

A vida não deve ser um calvário. Basta os desacertos dos governos, os crimes encomendados, a saúde arruinado. O que temo é a escassez progressiva de reflexão. Há uma falta de vontade que corta até as saídas de casa. O que se deve buscar? Por que tantas cores e excesso de melancolias? Muita gente recusa sorrir, constrói um mundo artificial. A comunicação é mínima, apesar de tantos celulares. A rede do absurdo está estendida sem metafísica. O corpo nu não saber o que pedir, prefere se fixar no espelhos da imagens noturnas. o final é sempre desmontante.

Por Antônio Rezende

Professor Edgar Bom Jardim - PE

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