terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Relembre os grandes momentos da rainha do rock brasileiro

A rainha do rock brasileiro chega aos 70 anos: "É uma força-tarefa" (Foto: Guilherme Samora)
Eternizada por Caetano Veloso como “a mais completa tradução” de São Paulo, na música “Sampa”, Rita Lee Jones nasceu na capital paulista em 31 de dezembro de 1947. Considerada uma das maiores artistas brasileiras de todos os tempos – recordista em vendas de discos –, a cantora que acumula 50 anos de carreira também se mostrou, no ano passado, uma escritora best-seller, com o lançamento de sua autobiografia: o livro se manteve no ranking dos mais lidos durante meses. 
Na publicação, Rita passou toda sua vida a limpo, desde a infância, passando pela formação dos Mutantes, as aventuras psicodélicas, prisão, casamento e parceria com Roberto de Carvalho, o sucesso estrondoso e a relação com os três filhos – Beto, João e Antonio –, sem deixar de se autocriticar e de também revelar seus reveses. Ela contou com a ajuda do jornalista e grande amigo Guilherme Samora para localizar na linha do tempo acontecimentos importantes de sua trajetória. 
“Fazer 70 anos não é um privilégio, é uma força-tarefa. Haja inteligência emocional”, resume Rita à coluna, em uma balanço sobre a data. Aposentada da música desde 2012, quando lançou o álbum Reza e se despediu dos palcos, hoje a cantora vive rodeada por seus bichos – ela é uma grande ativista contra os maus-tratos aos animais – e se dedica mais à escrita. 
Rita Lee, cantora (Foto: IVO BARRETI/ESTADÃO CONTEÚDO)

Em 2017, ela lançou um novo livro, Dropz, com contos de ficção, retornando mais uma vez à lista dos mais vendidos. Entre 1986 e 1992, publicou quatro livros infantis, tendo como protagonista o rato cientista Dr. Alex. Em 2013, também publicou o livro Storynhas, ilustrado por Laerte.
Plural, Rita também fez as vezes de atriz nos filmes As amorosas (1968), Fogo e paixão (1988), Dias melhores virão (1989), Tanta estrela por aí..., em que encarnou Raul Seixas, e Durval Discos (2003), além de dublar a personagem dos quadrinhos Rê Bordosa, para a animação Wood & Stock: sexo, orégano e rock 'n' roll. Na TV, participou das novelas Top modelVamp Celebridade
Dos 35 álbuns que lançou, a estreia veio com o primeiro disco dos Mutantes, chamado apenas de Os mutantes (1968), do grupo que formou com os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias, seguido pelo LP-manifesto Tropicália - Ou panis et circenses, ao lado de Caetano VelosoGilberto GilNara LeãoGal CostaRogério DupratTom Zé e Torquato Neto.   
O encontro com os baianos levou Rita ao III Festival de Música Popular, em 1967, para defender com a banda e Gilberto Gil a canção “Domingo no parque”, executada debaixo de vaias por causa da introdução da guitarra elétrica. No ano seguinte, a irreverência da cantora fez história. Ela surgiu vestida de noiva para cantar “Caminhante noturno”. O vestido tinha sido emprestado por Leila Diniz e nunca foi devolvido.  
Rita com Arnaldo e Sérgio na capa do álbum Mutantes (1969): vestido de noiva foi emprestado por Leila Diniz  (Foto: Reprodução)
Depois de seis discos lançados com os Mutantes e dois que assinou solo, mas que tinham a mão dos músicos, Rita foi expulsa da banda. “Uma escarrada na cara seria menos humilhante. Em vez de me atirar de joelhos chorando e pedindo perdão por ter nascido mulher, fiz a silenciosa elegante. Me retirei da sala em clima dramático, fiz a mala, peguei Danny (a cadela) e adiós. No meio da estradinha da Cantareira, parei no acostamento e chorei, gritei, descabelei, xinguei feito louca abraçada a Danny, que colaborava com uivos e latidos”, descreve a cantora em sua autobiografia.
A cantora em foto da capa do disco Fruto proibido, divisor de águas em sua carreira  (Foto: Reprodução)
Passado o episódio, Rita formou com Lúcia Turnbull a dupla Cilibrinas do Éden, que logo evoluiu para o grupo Tutti Frutti. O primeiro disco com eles, Atrás do porto tem uma cidade, foi lançado em 1974, puxado já por três hits: “Mamãe natureza”, primeira música inteiramente feita por Rita, “Ando jururu” e “Menino bonito”. 
Em 1975, com o lançamento do álbum Fruto proibido, divisor de águas de sua carreira, Rita deixou sua marca na história do rock nacional, influenciando diversas gerações. A música “Ovelha negra” logo se tornou onipresente nas rádios e é até hoje um hino da rebeldia. 
Rita conheceu Roberto de Carvalho durante as gravações do disco. “Um amigo que me levou. Mas o encontro em que rolou um clima foi no MAM do Rio. Ia ter show do Ney Matogrosso, mas foi cancelado por causa de uma tempestade. Eu estava no bar, a Rita chegou e alguma coisa começou a acontecer ali”, recorda o músico, casado com a cantora desde 1976. 
Com o fim do Tutti Frutti, os dois iniciaram uma bem-sucedida parceria em discos antológicos como Rita Lee (1979), Rita Lee (Lança Perfurme) (1980), Saúde (1981) e Rita Lee e Roberto de Carvalho (1982). Em 1983, a dupla caiu na estrada com uma turnê que passou por diversos estádios brasileiros, tamanho o sucesso de músicas como “Baila comigo”, “Mania de você”, “Doce vampiro”, “Saúde” e “Flagra”, entre muitas outras. Os discos dessa fase venderam milhões e milhões de cópias.  
Rita e Roberto: milhões e milhões de cópias vendidas dos discos da dupla recheados de hits  (Foto: Reprodução)
No início dos anos 1990, Rita também foi precursora do formato acústico, com o show Bossa 'n' roll, que também virou disco. Apesar de bem-sucedida, a fase foi marcada por uma breve separação do casal, problemas com drogas e bebida alcoólica. Em seu livro, Rita diz que nesta época a ajuda do filho mais velho, Beto, com quem morava, foi essencial para a sua sobrevivência.  
Embora esteja longe da bebida e das drogas há mais de dez anos, Rita reconhece que deve a elas grandes momentos de sua obra. “As melhores músicas eu fiz alterada, e as piores também", conta a avó de Izabela, de 11 anos, e de Arthur, nascido neste ano.
Por causa do aniversário de 70 anos, a cantora ganhou uma homenagem de Lulu Santos com o álbum Baby baby, em que o cantor dá nova roupagem a diversos sucessos da Rainha do Rock. “Ao ler a biografia dela, percebi quanto aquilo também era minha própria história. Rita é a artista brasileira de quem sou mais fã, estrela dos shows que mais vi e cujas letras sei, a grande maioria, de cor”, derrete-se Lulu. 
Revista Época/Bruno Astuto
Professor Edgar Bom Jardim - PE

0 >-->Escreva seu comentários >-->:

Postar um comentário

Amigos (as) poste seus comentarios no Blog