quarta-feira, 10 de maio de 2017

"Ainda não recebemos o salário de março, nem o décimo-terceiro", diz Ana Botafogo

Um dia após o protesto feito por artistas e funcionários do Theatro Municipal do Rio, nas escadarias do local nesta terça-feira (9), contra os atrasos de salários, Ana Botafogo lamenta a situação. "Estou muito preocupada com os rumos do balé. Aqui no Rio, estamos passando um momento difícil. Ainda não recebemos o salário de março, nem o décimo-terceiro", afirma a bailarina mais famosa do Municipal, que atualmente dirige o balé do teatro.
Bailarina se apresenta nas escadarias do Municipal no protesto feito por artistas e funcionários do teatro  (Foto: Agência O Globo)
Apesar da crise, Ana acaba de colocar o ponto final na autobiografia que vai comemorar seus 40 anos de carreira, relembrando triunfos e dores dentro e fora dos palcos. "Uma vez, tive uma grande distensão muscular durante o balé Dom Quixote, no Municipal do Rio, e não pude terminar o terceiro ato. Uma bailarina me substituiu”, conta ela, que completa 60 anos em julho. “Apesar de ter me despedido dos grandes clássicos há três anos, sigo perto da dança", diz ela, que bateu um papo com a coluna.
Segundo Ana, bailarinos e funcionários ainda não receberam o salário de março nem o décimo terceiro (Foto: Agência O Globo)
É dura a vida da bailarina?
É, sim. É uma vida de dedicação e muita disciplina. Os piores momentos se deram quando eu não estava dançando por estar machucada. Mas sou considerada uma sortuda pela minha longa carreira; tive poucos machucados sérios, nunca precisei operar nada. A dura rotina de ensaios, as dores, contraturas musculares e as cãibras são recompensadas quando estamos no palco.
Quem seria a nova Ana Botafogo?
Não gosto de apontar uma substituta, acho que isso não existe. Mas temos muitas bailarinas promissoras, muita gente nova surgindo. É uma geração de muita técnica, coloco muita fé nos nossos novos bailarinos clássicos.
Ana Botafogo é a bailarina mais famosa do teatro e atual diretora no balé do Municipal (Foto: Cris Gomes)
Você ficou viúva duas vezes. Como teve força para continuar?  
Foram períodos muito difíceis e usei a dança para me salvar, precisava trabalhar mais do que nunca. Talvez, se tivesse outra profissão, poderia me dar ao luxo de parar por um tempo. Mas uma bailarina depende da sua forma física e não podemos deixar de nos exercitar. Voltar a fazer aulas de balé e voltar a dançar nesses períodos foi uma questão de sobrevivência.
Os músicos da orquestra também participaram do protesto nas escadarias do teatro (Foto: Agência O Globo)
A crise chegou ao mundo do balé?
Infelizmente, sim. Estou muito preocupada com os rumos do balé. Aqui no Rio, estamos passando um momento difícil e isso também tem afetado os artistas e funcionários do Theatro Municipal. Acabamos de receber o salário de fevereiro, mas ainda não recebemos o de março nem o décimo-terceiro. Pelo fato de os nossos governantes fazerem pouco da nossa cultura, procurei sempre, eu mesma, democratizar e popularizar a dança, formando uma nova geração de plateias, barateando as entradas e fazendo espetáculos didáticos nas escolas. Tento fazer a minha parte como cidadã.
Professor Edgar Bom Jardim - PE

0 >-->Escreva seu comentários >-->:

Postar um comentário

Amigos (as) poste seus comentarios no Blog