domingo, 5 de março de 2017

A vida dos outros, as aventuras não vividas

Ninguém nega que o individualismo cresce e se globaliza. Todo mundo adora uma contemplação no espelho. Os cremes de beleza atraem e custam caro, mas a classe média delira com a possibilidade de tê-lo. As cerimônias de higiene são complexas. Nada como um bom perfume, daquele que seduz. Portanto, o encontro matinal está repleto de fantasias. O bom dia é reforçado, com uma pergunta: estou bem alegre e simpático? O outro é quem julga. Temos preferências, precisamos de apoios. Assim, sobrevive a sociedade de consumo, sempre ligada numa fofoca e na vaidade atormentada.
A política continua desmantelada, Há ídolos. Moro possui fãs. Mas há divergências. Temer fica no canto, namorando com Marcela, sem saber o que significa sair do sufoco. As prisões estão tensas. No entanto, o mundo das fofocas provoca sensações. O que será que o Jornal Nacional apresentará como novidade? Lembra-se de Chico Anísio? E Regina Duarte é conservadora? O público gosta de casamentos desfeitos, de sexualidades mal resolvidas, de salários extraordinários. A vida ganha cores. Poucos se importam com as escolas decadentes, a droga nas praças, o trânsito infernizando.
Esse olhar se amplia. Cai a responsabilidade social. A corrida é pelo sucesso. Ninguém consegue esclarecer o apego pelas novelas mesquinhas e pelos maores fabricados. O mundo não se desfaz das sua esfinges, desde o tempos dos faraós. As famílias para pescar as imagens da TV. Não se discute, não se conhece, não admira. Há sempre exceções; As sociabilidades estão se complicando. É difícil compreender as inúmeras linguagens e as as tonturas das legalidades. É incrível como tudo muda, porém as curiosidades perversas se conservam. Já que a história não tem um sentido definido, há momentos crus e culpas pesadas.
A relação com o outros se torna-se uma aventura. Andamos, muitas vezes, de cabeça baixa, nem contemplamos as paisagens. O outro vira um número de celular. A paisagem se enche que concretos, desarmando a natureza. O alimento é a  manchete, o time de futebol, o discurso do Faustão. Vestimos a roupa de espectadores. Não importa que a revolução não venha, que os governos nos estraguem, que os milhões fiquem com Eike. A sociedade se afasta da solidariedade. Não está longe o dia em que alguém dirá que o homem não é uma animal.
Buscamos. Ninguém ficou mundo. Mas quem deseja ouvir o que o outro afirmou? Cada dia surge uma teoria sobre sentimento, o esticar do corpo, a depressão repentina.Muita informação custa muita confusão. Um gosto de amargura já poluiu a pasta de dente. O caminho não tem retas, nem asfaltos. Ficamos apontando para cada construção nova e nem observamos as ruínas. Sem adivinhar o futuro, solto na nostalgia, pouco aprendemos. O mundo deveria ser dos poetas, porém há uma fuga da beleza e uma mesmice que cansa a imaginação. Deixaram de inventar sonhos, para liquidar o vizinho incômdo. Por Paulo Rezende. 
Professor Edgar Bom Jardim - PE

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